Já nem mais se fala, e muitos nunca ouviram falar na Borregaard, uma empresa norueguesa que se instalou na cidade de Guaíba, vizinha a Porto Alegre, no início dos anos setenta, contando com generosos incentivos oficiais do governo brasileiro. Vista, de início, como um empreendimento capitalista benéfico para a economia gaúcha, saudada pela imprensa, a fábrica de celulose que veio da terra dos Vikings logo mostrou que não dava a mínima para os nativos e que, contando com apoios poderosos, faria o que queria e, de forma alguma, investiria em equipamentos contra a poluição horrorosa que logo passou a gerar - algoque fazia em terras do Primeiro Mundo.
O episódio da Borregarad, por outro lado, teve o mérito de motivar a consciência ecológica sulina e de mobilizar grandes nomes, como José Lutzenberger, presidente da Associação gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, entidade que liderou a luta contra a indústria que se tornou um verdadeiro acinte à população da Capital e imediações.
Durante anos, a Borregaard, com seu horrível fedor de ovo podre, foi um tormento sem fim que constrangeu autoridades e políticos de todos os partidos e mostrou que o regime militar da época tinha, sim, seus esquemas vergonhosos de proteção e acolhimento do grande capital. Mais tarde, quando foi "nacionalizada", a empresa nórdica foi comprada pelo Montepio da Família Militar, e presidida por um general - Breno Borges Fortes. Somente nos anos oitenta é que se conseguiu dar um fim à poluição olfativa e das águas do Guaíba e da Lagoa dos Patos.
O Correio do Povo, nos anos setenta, moveu uma campanha contra a Borregaard, como se vê em inúmeras notas e matérias publicadas no jornal, entre as quais esta que reproduzo, datada de agosto de 1978.
Meu pai venho de Otacílio Costa SC, em 1975 para trabalhar no departamento de engenharia no projeto de abatimento dos gases mal cheirosos...
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