Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
quarta-feira, junho 25, 2008
Inédito
Aguarde: nos próximos dias o Conselheiro X. publicará a história (inédita e exclusiva) do incêndio que parou Porto Alegre, 32 anos atrás.
Anote aí
* A PUCRS divulgou, hoje, quarta-feira, o listão dos aprovados do seu Vestibular de Inverno 2008. Para ver a lista, acesso o site www.pucrs.br/vestibular. 
* A Faculdade de Comunicação Social da PUCRS (Famecos) realiza, de 8 a 17 de julho, o curso de Extensão em Jornalismo Criminal (Policial). As aulas acontecerão de terça à quinta-feira, das 9 às 12 horas, abordando temas como A Evolução da Prática e das Técnicas do Jornalismo Policial, Os Principais Erros na Investigação Jornalística e Como Investigar e Informar com Correção e Ética sem Ferir a Privacidade. Exemplos práticos e teóricos de investigação jornalística, com os professores e jornalistas Adriana Irion, Humberto Trezzi (foto) e Renato Dorneles. Inscrições na Pró-Reitoria de Extensão - sala 201 do prédio 40, no campus central, na avenida Ipiranga, 6681 - Tel.: 3320-3680.
* Último dias para reingresso. Até o dia 30 de junho os alunos afastados da vida acadêmica podem requerer o reingresso na PUC-RS. O requerimento pode ser preenchido na Coordenadoria de Registro Acadêmico - sala 108 do Prédio 1, ou pelo site www.pucrs.br/cra, ou ainda pelo telefone 3320-3573. Para os reingressos no campus Viamão e Uruguaiana os estudantes devem procurar as respectivas secretarias.
* O Instituto de Bioética da PUC promove, dias 3 e 4 próximos, o Oitavo Curso de Inverno de Bioética. O tema central será O Início da Vida, com discussões sobre os aspectos técnicos, jurídicos e éticos a ele relacionados. As inscrições, com preços promocionais para estudantes, podem ser feitas na Pró-Reitoria de Extensão - sala 201 do prédio 40, no campus da avenida Ipiranga, ou pelo e-mail institutobioetica@pucrs.br
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* A Faculdade de Comunicação Social da PUCRS (Famecos) realiza, de 8 a 17 de julho, o curso de Extensão em Jornalismo Criminal (Policial). As aulas acontecerão de terça à quinta-feira, das 9 às 12 horas, abordando temas como A Evolução da Prática e das Técnicas do Jornalismo Policial, Os Principais Erros na Investigação Jornalística e Como Investigar e Informar com Correção e Ética sem Ferir a Privacidade. Exemplos práticos e teóricos de investigação jornalística, com os professores e jornalistas Adriana Irion, Humberto Trezzi (foto) e Renato Dorneles. Inscrições na Pró-Reitoria de Extensão - sala 201 do prédio 40, no campus central, na avenida Ipiranga, 6681 - Tel.: 3320-3680.
* Último dias para reingresso. Até o dia 30 de junho os alunos afastados da vida acadêmica podem requerer o reingresso na PUC-RS. O requerimento pode ser preenchido na Coordenadoria de Registro Acadêmico - sala 108 do Prédio 1, ou pelo site www.pucrs.br/cra, ou ainda pelo telefone 3320-3573. Para os reingressos no campus Viamão e Uruguaiana os estudantes devem procurar as respectivas secretarias.
* O Instituto de Bioética da PUC promove, dias 3 e 4 próximos, o Oitavo Curso de Inverno de Bioética. O tema central será O Início da Vida, com discussões sobre os aspectos técnicos, jurídicos e éticos a ele relacionados. As inscrições, com preços promocionais para estudantes, podem ser feitas na Pró-Reitoria de Extensão - sala 201 do prédio 40, no campus da avenida Ipiranga, ou pelo e-mail institutobioetica@pucrs.br
Você já foi ao Botânico? Pois vá e relaxe
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Entrar e permanecer lá é uma terapia: árvores e plantas por todos os lados, um laguinho onde se avistam grandes carpas e tartarugas nadando e mergulhando, sem nenhum receio de serem incomodadas. A quietude natural desse espaço verde só é quebrada pelo som dos passarinhos ou quando tartarugas saem do seu banho de sol e jogam-se novamente na água. Em volta, ouve-se o vento sacudir a copa das árvores e zunir entre as taquaras e os bambus. De vez em quando a voz de crianças, de casais de namorados, de colegiais em excursão.
Instituição que deu nome ao bairro, um dos cinco mais importantes do País, o Jardim Botânico é o refúgio perfeito para quem busca uma ilha de tranquilidade em meio à agitação urbana. Localizado junto à Terceira Perimetral, a história desse local confunde-se com a da comunidade à sua volta. Com 41 hectares de área total, perdeu muito da sua extensão original, que já foi de mais de 8O hectares. Parte de suas terras foi repassada à ESEF, outro tanto à PUC e ao Círculo Militar. Mesmo assim, abriga a mais completa coleção da fauna nativa do Rio Grande do Sul – e é esta, justamente, a filosofia da instituição.
“A idéia é representar o máximo possível a flora nativa do Estado”, informa Elisabete Martins da Silva, que dirige o setor de Comunicação Social e trabalha aqui há 30 anos. “Quando iniciei, era um descampado, não tinha quase nada”, recorda ela. “Mas o Jardim Botânico teve um salto de qualidade muito grande nos últimos anos”.
CAIXINHA DE SURPRESAS – No local funciona, além do Jardim, a administração central da Fundação Zoobotânica (que engloba o Zoológico de Sapucaia) e o Museu de Ciências Naturais. “O pessoal não sabe o que é isto aqui, nós somos uma caixinha de surpresa”, afirma Elisabete.
Poucas pessoas sabem, mas, além de local de visitação e lazer, há importantes trabalhos de pesquisa, de educação ambiental e até um serpentário (aberto à visitação pública) com mais de 400 cobras e serpentes, cujos venenos são extraídos e enviados para institutos fisioterápicos a fim de se produzir soros e medicamentos, trabalho executado pelo Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre, NOPA. A maior parte desses ofídios é capturada por pesquisadores, embora muitas pessoas disponham-se espontaneamente a trazer exemplares e doá-los à instituição.
São 11 mil metros quadrados de área construída e uma história com muitos altos e baixos. O prédio central, por exemplo, foi construído para servir como instalações da Televisão Educativa do Estado, a TVE, Canal 7 – que, aliás, nunca chegou a funcionar no Botânico. “Fizemos adaptações na estrutura, na qual estamos hoje”, diz a jornalista.
TRISTE MEMÓRIA - Idéias equivocadas por parte dos administradores públicos estaduais quase destruíram a concepção original do Jardim Botânico. Inaugurado em 10 de setembro de 1958, o período que vai de 1964 a 1974, especialmente, é de triste memória para os funcionários da casa. Esta ficou quase sem investimentos, desprestigiada, a área original foi repartida e pensou-se até em construir aqui um grande Centro de Convenções, come estacionamento para mais de mil veículos, o que seria o caos.
A partir de 1974, com a administração do professor Albano Backes, a situação melhorou, organizou-se novas coleções, retomou-se as expedições em busca de novas plantas e houve a definição – que vigora hoje – de se focar os trabalhos na flora nativa. Nos final dos anos 80 implantou-se um núcleo de educação e, em 1997, foram construídas as instalações para o Banco de Sementes e novas casas de vegetação, além de novos prédios, da compra de equipamentos modernos e contratação de mais funcionários (hoje são cerca de 100). Outra importante atividade são os estudos para licenciamento de empreendimentos de geração de energia eólica (ventos) no Estado, uma fonte de energia limpa em crescente valorização.
Em 2003, através de lei estadual, o Jardim Botânico foi declarado Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. O presidente da Fundação Zoobotânica é Carlos Rubem Schreiner. Ney Gastal é o diretor do Museu de Ciências Naturais e João Carlos Correa Jardim o diretor do Parque Zoológico.
Instituição que deu nome ao bairro, um dos cinco mais importantes do País, o Jardim Botânico é o refúgio perfeito para quem busca uma ilha de tranquilidade em meio à agitação urbana. Localizado junto à Terceira Perimetral, a história desse local confunde-se com a da comunidade à sua volta. Com 41 hectares de área total, perdeu muito da sua extensão original, que já foi de mais de 8O hectares. Parte de suas terras foi repassada à ESEF, outro tanto à PUC e ao Círculo Militar. Mesmo assim, abriga a mais completa coleção da fauna nativa do Rio Grande do Sul – e é esta, justamente, a filosofia da instituição.
“A idéia é representar o máximo possível a flora nativa do Estado”, informa Elisabete Martins da Silva, que dirige o setor de Comunicação Social e trabalha aqui há 30 anos. “Quando iniciei, era um descampado, não tinha quase nada”, recorda ela. “Mas o Jardim Botânico teve um salto de qualidade muito grande nos últimos anos”.
CAIXINHA DE SURPRESAS – No local funciona, além do Jardim, a administração central da Fundação Zoobotânica (que engloba o Zoológico de Sapucaia) e o Museu de Ciências Naturais. “O pessoal não sabe o que é isto aqui, nós somos uma caixinha de surpresa”, afirma Elisabete.
Poucas pessoas sabem, mas, além de local de visitação e lazer, há importantes trabalhos de pesquisa, de educação ambiental e até um serpentário (aberto à visitação pública) com mais de 400 cobras e serpentes, cujos venenos são extraídos e enviados para institutos fisioterápicos a fim de se produzir soros e medicamentos, trabalho executado pelo Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre, NOPA. A maior parte desses ofídios é capturada por pesquisadores, embora muitas pessoas disponham-se espontaneamente a trazer exemplares e doá-los à instituição.
São 11 mil metros quadrados de área construída e uma história com muitos altos e baixos. O prédio central, por exemplo, foi construído para servir como instalações da Televisão Educativa do Estado, a TVE, Canal 7 – que, aliás, nunca chegou a funcionar no Botânico. “Fizemos adaptações na estrutura, na qual estamos hoje”, diz a jornalista.
TRISTE MEMÓRIA - Idéias equivocadas por parte dos administradores públicos estaduais quase destruíram a concepção original do Jardim Botânico. Inaugurado em 10 de setembro de 1958, o período que vai de 1964 a 1974, especialmente, é de triste memória para os funcionários da casa. Esta ficou quase sem investimentos, desprestigiada, a área original foi repartida e pensou-se até em construir aqui um grande Centro de Convenções, come estacionamento para mais de mil veículos, o que seria o caos.
A partir de 1974, com a administração do professor Albano Backes, a situação melhorou, organizou-se novas coleções, retomou-se as expedições em busca de novas plantas e houve a definição – que vigora hoje – de se focar os trabalhos na flora nativa. Nos final dos anos 80 implantou-se um núcleo de educação e, em 1997, foram construídas as instalações para o Banco de Sementes e novas casas de vegetação, além de novos prédios, da compra de equipamentos modernos e contratação de mais funcionários (hoje são cerca de 100). Outra importante atividade são os estudos para licenciamento de empreendimentos de geração de energia eólica (ventos) no Estado, uma fonte de energia limpa em crescente valorização.
Em 2003, através de lei estadual, o Jardim Botânico foi declarado Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. O presidente da Fundação Zoobotânica é Carlos Rubem Schreiner. Ney Gastal é o diretor do Museu de Ciências Naturais e João Carlos Correa Jardim o diretor do Parque Zoológico.
Áreas temáticas, aves, anfiteatro, fauna e flora nativas. E muita pesquisa
Passear pelo Botânico é conhecer a flora nativa do Estado, embora existam espécies de muitas partes do mundo. A criação de “áreas temáticas” foi muito importante para a sistematização dos trabalhos. Hoje existem muitas delas, como a de plantas perfumadas, a de plantas medicinas, a das ameaçadas de extinção, etc. Biológos – e muitos fazem estágio aqui – partem para o interior, à cata de novas espécies, as chamadas “expedições”. Também merece destaque o trabalho com fósseis nativos.
Não só a flora como a fauna recebe atenção dos pesquisadores. “Nós temos o registro de 105 aves nossas e, inclusive, vamos fazer uma publicação destinada a elas”, conta Elisabete. Os biólogos e outros pesquisadores igualmente desenvolvem um trabalho de educação ambiental, proferindo palestras em colégios, para estudantes de todas as idades.
Outra coisa que pouca gente sabe é que o Museu tem um setor destinado à comercialização de mudas da flora nativa para qualquer pessoa interessada. Há também um anfiteatro, destinado a shows, concertos e apresentações musicais que já chegou a reunir 10 mil pessoas alguns anos atrás, conquanto hoje não esteja sendo muito usado.
Aberto ao público de terça a domingo, integrado à comunidade, tanto o Jardim Botânico quanto o Museu de Ciências Naturais (chamado Museu Padre Balduíno Rambo, em homenagem a um dos fundadores e primeiro diretor da Fundação Zoobotânica) recebe milhares de visitantes a cada mês. Mesmo assim, a segurança não chega a ser um problema (até porque é uma área policiada e cercada) e não se registram invasões de seus limites. A Vila Juliano Moreira, localizada nos seus fundos, com dois hectares, já foi desapropriada pelo Governo do Estado e deverá ser regularizada e entregue aos seus moradores atuais de forma legal. A idéia é urbanizá-la.
COLÔNIA AGRÍCOLA - Falar em Juliano Moreira é falar no passado do local, quando aqui funcionava a Colônia Agrícola do Hospital Psiquiátrico São Pedro, conhecida como “Casa de Passagem Juliano Moreira”. Destinada a pacientes com problemas mentais (que muitas vezes fugiam e vagavam pelas ruas do bairro), junto a ela foram construídas residências para os funcionários que trabalhavam no local. Com a desativação da estrutura maior, as casas foram passando dos pais para os filhos, originando a pequena vila em direção à avenida Cristiano Fischer.
JARDIM BOTÂNICO – Av. Salvador França, 1427. Tel.:3320.2024 – Email: jbotanico@fzb.rs.gov.br – Serpentário aberto de terça a domingo, das 10 às 16 horas.
Não só a flora como a fauna recebe atenção dos pesquisadores. “Nós temos o registro de 105 aves nossas e, inclusive, vamos fazer uma publicação destinada a elas”, conta Elisabete. Os biólogos e outros pesquisadores igualmente desenvolvem um trabalho de educação ambiental, proferindo palestras em colégios, para estudantes de todas as idades.
Outra coisa que pouca gente sabe é que o Museu tem um setor destinado à comercialização de mudas da flora nativa para qualquer pessoa interessada. Há também um anfiteatro, destinado a shows, concertos e apresentações musicais que já chegou a reunir 10 mil pessoas alguns anos atrás, conquanto hoje não esteja sendo muito usado.
Aberto ao público de terça a domingo, integrado à comunidade, tanto o Jardim Botânico quanto o Museu de Ciências Naturais (chamado Museu Padre Balduíno Rambo, em homenagem a um dos fundadores e primeiro diretor da Fundação Zoobotânica) recebe milhares de visitantes a cada mês. Mesmo assim, a segurança não chega a ser um problema (até porque é uma área policiada e cercada) e não se registram invasões de seus limites. A Vila Juliano Moreira, localizada nos seus fundos, com dois hectares, já foi desapropriada pelo Governo do Estado e deverá ser regularizada e entregue aos seus moradores atuais de forma legal. A idéia é urbanizá-la.
COLÔNIA AGRÍCOLA - Falar em Juliano Moreira é falar no passado do local, quando aqui funcionava a Colônia Agrícola do Hospital Psiquiátrico São Pedro, conhecida como “Casa de Passagem Juliano Moreira”. Destinada a pacientes com problemas mentais (que muitas vezes fugiam e vagavam pelas ruas do bairro), junto a ela foram construídas residências para os funcionários que trabalhavam no local. Com a desativação da estrutura maior, as casas foram passando dos pais para os filhos, originando a pequena vila em direção à avenida Cristiano Fischer.
JARDIM BOTÂNICO – Av. Salvador França, 1427. Tel.:3320.2024 – Email: jbotanico@fzb.rs.gov.br – Serpentário aberto de terça a domingo, das 10 às 16 horas.
Os famigerados manuais que nos "enervam"
Chacrinha: vim para confundir, não para explicar
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Migrar de uma máquina fotográfica mecânica, com toda regulagem manual - abertura, velocidade, foco - para uma dessas digitais tem lá suas grandes vantagens, reconheço. Logo eu, que sou conservador a esses respeitos e, sob certos aspectos, ainda acho o filme insubstituível.
Pois, para entrar na era do blog, tive de me render às maravilhas tecnológicas e comprei uma Sony digital, um modelo simples, básico, e nem por isso menos complicado. A máquina é excelente, faz tudo, tira fotos coloridas e em preto-e-branco e até filma! - ah, homens das cavernas, nosso tempo está passando...
O problema é que esta minúscula câmera, que cabe no bolso da calça, e, se facilitar, até no buraco do dente, tem recursos até demais, controles demais, ícones demais, funções demais. E tudo é pequenininho, cheio de atalhos e de luzinhas, aperta aqui faz assim, aperta ali, faz assado. Coisa de louco.
Como sou um sujeito de "poucas luzes" culturais (só li um livro na vida, O Pequeno Príncipe, e não entendi direito a história... ), me debrucei sobre o manual de funcionamento da minúscula Sony do sr. Akio Morita, imaginando que, com isso, dominaria o bicho. Ledo e ivo engano.
Folheando, lendo, relendo e trelendo o maldito manual, experimentando aquilo que eles mandavam, acionando comandos, botões e funções, fui, aos poucos, ficando - como dizia meu pai - "enervado", ou em "estado de nervos". Um comando eliminava outro, que por sua vez conduzia a um novo caminho, que parava logo adiante, para voltar atrás (volta pra frente é difícil) e, no fim, totalmente embananado, enervado, estressado, derrotado, humilhado, larguei tudo de mão e fiz como aquele careca que só tinha três fios de cabelo na cabeça e queria ir bem penteado a uma festa. Pois, penteando as melenas, caiu-lhe um fio. Penteou de novo, caiu o segundo - só restou o derradeiro. Irritado, o careca largou o pente de mão e disse pra sua imagem no espelho: "Dane-se! Vou descabelado mesmo."
Aconteceu o mesmo comigo. Gritei "danem-se os quiabos!" e larguei tudo de mão. Quem nasce pra tostão nunca chega ao milhão, quem é da idade da pedra jamais chegará à era digital. Essa é a constatação nua e crua.
O ruim mesmo é descobrir que nem tudo é culpa da nossa burrice. Garanto que isso já aconteceu e acontece com vocês: descobrir que esses irritantes manuais de aparelhos eletrônicos e digitais são a coisa mais inútil e mal escrita do mundo. Não orientam nada, são sintéticos demais, não têm a menor didática, foram feitos para complicar e confundir, não para simplificar e ensinar.
Ou os sujeitos que redigem esses manuais pensam que já sabemos tudo, ou acham que nem devemos saber nada - a coisa é por aí.
A verdade pura e simples é essa: os manuais são piores que bulas de remédio, foram feitos ou por gênios ou por idiotas, ou talvez pela mistura dos dois.
Façam o teste: peguem um manual, qualquer manual, pode até ser de liquidificador, e vejam se conseguem entender aqueles mandamentos, aquela linguagem ténica empolada. Pois eu, do alto da minha sapiência, não consigo entender nenhum deles. Se esses caras fizessem um manual ensinando como abrir um guarda-chuva, a gente não iria entender patavinas.
Tudo bem, sou da idade da pedra lascada, e, nessa condição, bem que gostaria de dar umas bordoadas com meu tacape de pedra no crânio genial nesses arrogantes-idiotas-geniais que escrevem os famigerados manuais, sejam os do sr. Morita ou do Zé da Esquina. Viva a velha máquina manual, viva a Kodak, viva o guarda-chuva, viva o fogão à lenha! Morte aos cientistas nipônicos e aos gênios da lâmpada! (Conselheiro X.)
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Migrar de uma máquina fotográfica mecânica, com toda regulagem manual - abertura, velocidade, foco - para uma dessas digitais tem lá suas grandes vantagens, reconheço. Logo eu, que sou conservador a esses respeitos e, sob certos aspectos, ainda acho o filme insubstituível.
Pois, para entrar na era do blog, tive de me render às maravilhas tecnológicas e comprei uma Sony digital, um modelo simples, básico, e nem por isso menos complicado. A máquina é excelente, faz tudo, tira fotos coloridas e em preto-e-branco e até filma! - ah, homens das cavernas, nosso tempo está passando...
O problema é que esta minúscula câmera, que cabe no bolso da calça, e, se facilitar, até no buraco do dente, tem recursos até demais, controles demais, ícones demais, funções demais. E tudo é pequenininho, cheio de atalhos e de luzinhas, aperta aqui faz assim, aperta ali, faz assado. Coisa de louco.
Como sou um sujeito de "poucas luzes" culturais (só li um livro na vida, O Pequeno Príncipe, e não entendi direito a história... ), me debrucei sobre o manual de funcionamento da minúscula Sony do sr. Akio Morita, imaginando que, com isso, dominaria o bicho. Ledo e ivo engano.
Folheando, lendo, relendo e trelendo o maldito manual, experimentando aquilo que eles mandavam, acionando comandos, botões e funções, fui, aos poucos, ficando - como dizia meu pai - "enervado", ou em "estado de nervos". Um comando eliminava outro, que por sua vez conduzia a um novo caminho, que parava logo adiante, para voltar atrás (volta pra frente é difícil) e, no fim, totalmente embananado, enervado, estressado, derrotado, humilhado, larguei tudo de mão e fiz como aquele careca que só tinha três fios de cabelo na cabeça e queria ir bem penteado a uma festa. Pois, penteando as melenas, caiu-lhe um fio. Penteou de novo, caiu o segundo - só restou o derradeiro. Irritado, o careca largou o pente de mão e disse pra sua imagem no espelho: "Dane-se! Vou descabelado mesmo."
Aconteceu o mesmo comigo. Gritei "danem-se os quiabos!" e larguei tudo de mão. Quem nasce pra tostão nunca chega ao milhão, quem é da idade da pedra jamais chegará à era digital. Essa é a constatação nua e crua.
O ruim mesmo é descobrir que nem tudo é culpa da nossa burrice. Garanto que isso já aconteceu e acontece com vocês: descobrir que esses irritantes manuais de aparelhos eletrônicos e digitais são a coisa mais inútil e mal escrita do mundo. Não orientam nada, são sintéticos demais, não têm a menor didática, foram feitos para complicar e confundir, não para simplificar e ensinar.
Ou os sujeitos que redigem esses manuais pensam que já sabemos tudo, ou acham que nem devemos saber nada - a coisa é por aí.
A verdade pura e simples é essa: os manuais são piores que bulas de remédio, foram feitos ou por gênios ou por idiotas, ou talvez pela mistura dos dois.
Façam o teste: peguem um manual, qualquer manual, pode até ser de liquidificador, e vejam se conseguem entender aqueles mandamentos, aquela linguagem ténica empolada. Pois eu, do alto da minha sapiência, não consigo entender nenhum deles. Se esses caras fizessem um manual ensinando como abrir um guarda-chuva, a gente não iria entender patavinas.
Tudo bem, sou da idade da pedra lascada, e, nessa condição, bem que gostaria de dar umas bordoadas com meu tacape de pedra no crânio genial nesses arrogantes-idiotas-geniais que escrevem os famigerados manuais, sejam os do sr. Morita ou do Zé da Esquina. Viva a velha máquina manual, viva a Kodak, viva o guarda-chuva, viva o fogão à lenha! Morte aos cientistas nipônicos e aos gênios da lâmpada! (Conselheiro X.)
Imagens do Botânico: no tempo das carroças
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*Para ver as imagens ampliadas, clique em cima delas.
O Jardim Botânico, no passado, era um bairro de chacareiros, de funcionários públicos, de plantações de agrião e flores e, naturalmente, de muitas carroças. Pois elas continuam em nossas ruas, e são um meio de sobrevivência para muita gente, especialmente catadores, como se vê nestas fotos feitas ontem - dia nublado e frio - na rua Itaboraí, perto do supermercado Gecepel.
terça-feira, junho 24, 2008
Zaffari Ipiranga irá completar 10 anos
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Ele foi, e é, o mais importante estabelecimento comercial do Botânico, o empreendimento que modificou as características do bairro e valorizou toda a região à sua volta.
Visto da Ipiranga, torna-se ainda mais grandioso – e quem não se lembra dos vários anos da sua construção, em um terreno que faz parte da história do JB, com dois campinhos de futebol varzeano? Pois ali (avenida Ipiranga, 5200), em 16 de novembro de 1998, implantou-se o Borbon Ipiranga, empreendimento do grupo Zaffari, empresa que fatura mais de 1,5 bilhão de reais por ano, emprega cerca de 8 mil pessoas e é a quarta maior receita do setor no Brasil e a única entre as quatro grandes redes de supermercados com capital cem por cento nacional.
Fazer compras ou simplesmente passear no shopping Ipiranga é um programa quase obrigatório para todos os moradores do Jardim Botânico e dos seus arredores. Pudera: de porte médio, acolhedor, com 70 mil metros quadrados de área construída, 52 pontos comerciais, vários quiosques de serviços, uma praça de alimentação com 700 lugares, o local conta ainda com um hipermercado aberto das 8 horas da manhã até à meia-noite e que também funciona aos domingos.
Ali é possível se assistir aos mais recentes lançamentos cinematográficos, para todas as idades, em algum dos oito cinemas da marca Cinemark, inclusive em horários matinais, a preços reduzidos. Nerão se encontra um bom chope, uma comida portuguesa (restaurante Calamares), café e música ao vivo, além de concertos comunitários e cantores e instrumentistas de qualidade que tocam na praça de alimentação, não só música popular brasileira, como pop, rock, baladas, bossa nova.
No interior do Ipiranga estão vários caixas eletrônicos, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma casa de jogos e uma banca de revistas extremamente sortida, com centenas de títulos em todas as áreas. Há, ainda, mais de uma dezena de telefones públicos, banheiros em perfeito estado de limpeza e fraldários. Externamento, no subsolo, o estacionamento abriga centenas de veículos.
GIGANTE – O grupo Zaffari é totalmente gaúcho, o único entre os quatro grandes com capital totalmente nacional e gestão familiar (apesar de muito assediado por grupos estrangeiros).
Os hipermercados Zaffari são voltados para um público classe A e B, que buscam variedades de produtos, atendimento especial e conforto na hora das compras.
Fazer compras ou simplesmente passear no shopping Ipiranga é um programa quase obrigatório para todos os moradores do Jardim Botânico e dos seus arredores. Pudera: de porte médio, acolhedor, com 70 mil metros quadrados de área construída, 52 pontos comerciais, vários quiosques de serviços, uma praça de alimentação com 700 lugares, o local conta ainda com um hipermercado aberto das 8 horas da manhã até à meia-noite e que também funciona aos domingos.
Ali é possível se assistir aos mais recentes lançamentos cinematográficos, para todas as idades, em algum dos oito cinemas da marca Cinemark, inclusive em horários matinais, a preços reduzidos. Nerão se encontra um bom chope, uma comida portuguesa (restaurante Calamares), café e música ao vivo, além de concertos comunitários e cantores e instrumentistas de qualidade que tocam na praça de alimentação, não só música popular brasileira, como pop, rock, baladas, bossa nova.
No interior do Ipiranga estão vários caixas eletrônicos, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma casa de jogos e uma banca de revistas extremamente sortida, com centenas de títulos em todas as áreas. Há, ainda, mais de uma dezena de telefones públicos, banheiros em perfeito estado de limpeza e fraldários. Externamento, no subsolo, o estacionamento abriga centenas de veículos.
GIGANTE – O grupo Zaffari é totalmente gaúcho, o único entre os quatro grandes com capital totalmente nacional e gestão familiar (apesar de muito assediado por grupos estrangeiros).
Os hipermercados Zaffari são voltados para um público classe A e B, que buscam variedades de produtos, atendimento especial e conforto na hora das compras.
Costuma-se dizer que o Zaffari não briga por preços pois disputa um segmento mais abastado. No ano de 2004 a rede faturou 1,3 bilhão de reais, com receita por metro quadrado de 11,2 mil reais – maior que o líder mundial norte-americano Wal-Mart. A empresa, no entanto, não costuma revelar os valores dos seus investimentos.
Além de, recentemente, ter comprado o estádio do tradicional clube de futebol Força e Luz, no vizinho bairro de Santa Cecília (negócio de 9,5 milhões de reais), investiu pesadamente em São Paulo, no bairro de Perdizes, área nobre da cidade. Lá, recentemente, abriu um Bourbon voltado para a classe, com 175 mil metros quadrados (quase três vezes maior do que o Ipiranga) de área construída, cerca de 200 lojas e 10 cinemas. A idéia é competir com o grupo Pão de Açúcar e suas lojas especiais – o investimento total não foi revelado.
Além de, recentemente, ter comprado o estádio do tradicional clube de futebol Força e Luz, no vizinho bairro de Santa Cecília (negócio de 9,5 milhões de reais), investiu pesadamente em São Paulo, no bairro de Perdizes, área nobre da cidade. Lá, recentemente, abriu um Bourbon voltado para a classe, com 175 mil metros quadrados (quase três vezes maior do que o Ipiranga) de área construída, cerca de 200 lojas e 10 cinemas. A idéia é competir com o grupo Pão de Açúcar e suas lojas especiais – o investimento total não foi revelado.
No Rio Grande do Sul, o Zaffari compete com o grupo Sonae (marcas Nacional, Big e Maxxi), que agora pertence a Wal-Mart.
Nada mau para uma empresa que iniciou em 1935, quando o fundador Francisco José Zaffari e sua esposa Santini de Carli montaram uma pequena loja de comércio na Vila Sete de Setembro, no interior de Erechim. Anos mais tarde a empresa expandiu-se para Herval Grande.
Nada mau para uma empresa que iniciou em 1935, quando o fundador Francisco José Zaffari e sua esposa Santini de Carli montaram uma pequena loja de comércio na Vila Sete de Setembro, no interior de Erechim. Anos mais tarde a empresa expandiu-se para Herval Grande.
Nos anos cinquenta os negócios iam tão bem que a família inaugurou as primeiras filiais nas localidades vizinhas e, em 1960, chegou a Porto Alegre, abrindo um atacado. O Zaffari atua, desde os anos 80, na industrialização e comercialização de alimentos e é dono, hoje, das marcas Café Haiti e biscoitos Plic-Plac.
* Zaffari Bourbon Ipiranga – Tel.: 3315.5111
* Zaffari Bourbon Ipiranga – Tel.: 3315.5111
Na inauguração, Arthur Moreira Lima
A inauguração do Bourbon foi uma solenidade e tanto: naquele dia 16 de novembro de 1998 mais de 2 mil pessoas se acotovelaram na esquina da Ipiranga com Guilherme Alves para assistir aos festejos e aos discursos. Primeiramente o consagrado pianista carioca Arthur Moreira Lima executou o hino nacional brasileiro. A orquestra e o coral da PUC também se apresentaram para o público e para uma comitiva de autoridades que incluía o prefeito em exercício de Porto Alegre, José Fortunatti. A matriarca da família Zaffari, dona Santina, viúva do fundador Francisco José, fez o corte da fita inaugural, tendo ao seu lado o diretor-superientende da Cia Zaffari, Marcelo Zaffari.
Disse Marcelo: “Este shopping é uma flor com pétalas de concreto e vidro que se abre no bairro Jardim Botânico para tornar Porto Alegre ainda mais bela e agradável”.
PRÉDIO INTELIGENTE – Concebido pelos mais modernos padrões arquitetônicos, tendo em vista a satisfação e o bem estar dos clientes e visitantes, o Bourbon ocupou 1350 empregados diretos na sua construção. O terreno tem 39 mil metros quadrados (dos quais o hipermercado ocupa 10,8).
Um sistema de última geração controla toda a infra-estrutura do prédio: climatização, segurança das portas, rede hidráulica e até a refrigeração automática dos alimentos. A energia elétrica é garantida por três subestações que atendem de forma independente os cinemas, o shopping e o hipermercado.
Disse Marcelo: “Este shopping é uma flor com pétalas de concreto e vidro que se abre no bairro Jardim Botânico para tornar Porto Alegre ainda mais bela e agradável”.
PRÉDIO INTELIGENTE – Concebido pelos mais modernos padrões arquitetônicos, tendo em vista a satisfação e o bem estar dos clientes e visitantes, o Bourbon ocupou 1350 empregados diretos na sua construção. O terreno tem 39 mil metros quadrados (dos quais o hipermercado ocupa 10,8).
Um sistema de última geração controla toda a infra-estrutura do prédio: climatização, segurança das portas, rede hidráulica e até a refrigeração automática dos alimentos. A energia elétrica é garantida por três subestações que atendem de forma independente os cinemas, o shopping e o hipermercado.
O Borbon faz parte dos chamados “prédio inteligentes”, tanto que, em caso de queda da energia elétrica, ela é automativamente ativada por um sistema automático que garante energia contínua por mais 24 horas, bem como a regulagem da temperatura do ar condicionado central.
A obra, que revolucionou a vida do Jardim Botânico, trouxe inúmeros benefícios para a comunidade. A ponte sobre o Dilúvio, na Guilherme, por exemplo, foi construída naquela ocasião, em uma parceria entre a empresa e a Prefeitura. Também foram asfaltadas as ruas em volta do complexo, foi aberta a 18 de Setembro para o tráfego e se investiu em iluminação pública e em obras do esgoto cloacal na Guilherme Alves, na 18 de Setembro e na avenida Ipiranga.
Por outro lado, a associação dos moradores acompanhou de perto todo o processo de instalação. Em reunião com representantes da Cia Zaffari, a AMAJB (conforme a então secretária Laura Ferreira) cadastrou cerca de 500 moradores do bairro e imediações que desejassem trabalhar ali, sujeitos posteriormente ao processo de triagem e seleção.
A obra, que revolucionou a vida do Jardim Botânico, trouxe inúmeros benefícios para a comunidade. A ponte sobre o Dilúvio, na Guilherme, por exemplo, foi construída naquela ocasião, em uma parceria entre a empresa e a Prefeitura. Também foram asfaltadas as ruas em volta do complexo, foi aberta a 18 de Setembro para o tráfego e se investiu em iluminação pública e em obras do esgoto cloacal na Guilherme Alves, na 18 de Setembro e na avenida Ipiranga.
Por outro lado, a associação dos moradores acompanhou de perto todo o processo de instalação. Em reunião com representantes da Cia Zaffari, a AMAJB (conforme a então secretária Laura Ferreira) cadastrou cerca de 500 moradores do bairro e imediações que desejassem trabalhar ali, sujeitos posteriormente ao processo de triagem e seleção.
Viver em condomínio, tema de palestra no CRFF
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* Para ver as imagens ampliadas clique em cima delas.
A psicóloga Maria Alice Lourenço (com consultório na Barão do Amazonas) fez ontem uma palestra no Condomínio Residencial Felizardo Furtado. Realizado no salão de festas do conjunto, das 19h30 às 20h30min, versou sobre o tema "Convivência em condomínios: as possibilidades de alternativas e convívio coletivo em nossos dias". O evento foi aberto a todos os moradores do maior condomínio do Jardim Botânico, com 944 apartamentos.
* Para conhecer a história do Condomínio Felizardo Furtado, inaugurado em 1976, pelo Presidente da República, clique nas postagens de "Abril" e "Maio", a esquerda.
segunda-feira, junho 23, 2008
Gente do Botânico (1)
Edson: cantor é o Julio Iglesias.
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Porteiro do condomínio Costa do Sol (72 apartamentos), na rua Guilherme Alves (junto ao Supermercado Gecepel), Edson Brandt da Rosa, 49 anos, é o entrevistado de hoje do Conselheiro X. Veja o ping-pong;
- Conselheiro: O que você mais gosta no Jardim Botânico?
- Edson - Gosto da Itaboraí, da Felizardo. O Jardim Botânico tem como característica especial a boa convivência, é parecido com uma colônia, uma cidade do interior.
- Conselheiro: E do quê você não gosta no JB?
- Edson: Do preço do metro quadrado da construção civil, que é muito caro. E da falta de policiamento.
- Conselheiro: Time?
- Edson: Internacional
- Conselheiro: Músicas preferidas?
- Edson: As do Júlio Iglesias. E também do Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso.
- Conselheiro: Quais são suas melhores recordações?
- Edson: De Porto Alegre, do Hospital Moinhos de Vento e, em criança, quando ganhei um carro do Batman.
- Conselheiro: Bebida?
- Edson: Cerveja.
- Conselheiro: Uma frase?
- Edson: "Faça o que tem que ser feito, não deixe para depois".
- Conselheiro: O que gostaria de ter feito na vida?
- Edson: Gostaria de ter uma casa própria.
- Conselheiro: Do que se arrepende?
- Edson: De nada.
- Conselheiro: O que é o futuro, pra você?
- Edson: Eu e minha esposa, envelhecendo juntos.
Rapidinhas
* FALECEU, no último sábado, Fernando - ou Fernandinho - morador de rua, conhecido pela honestidade e simpatia (embora, ultimamente, se tornasse um tanto agressivo). Fernandinho vivia há muito tempo no Jardim Botânico. Segundo informes ainda não confirmados, sofreu traumatismo ao bater com a cabeça na calçada.
* SEQUESTROS TELEFÔNICOS - A direção do Condomínio Residencial Felizardo Furtado colocou cartazes nos elevadores alertando sobre os falsos sequestros que buscam extorquir dinheiro das vítimas, mediante chamadas telefônicas. Golpe que já se tornou comum, consiste na voz de uma pessoa que, geralmente, diz estar com o filho da vítima em seu poder, exigindo dinheiro ou cartões telefônicos para libertá-la. Quase sempre a chamada parte de dentro de algum presídio, muitas vezes de outros Estados.
* SEQUESTROS TELEFÔNICOS - A direção do Condomínio Residencial Felizardo Furtado colocou cartazes nos elevadores alertando sobre os falsos sequestros que buscam extorquir dinheiro das vítimas, mediante chamadas telefônicas. Golpe que já se tornou comum, consiste na voz de uma pessoa que, geralmente, diz estar com o filho da vítima em seu poder, exigindo dinheiro ou cartões telefônicos para libertá-la. Quase sempre a chamada parte de dentro de algum presídio, muitas vezes de outros Estados.
JB: zona em crescente valorização
* Para ver o mapa ampliado, clique em cima dele.
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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, o Jardim Botânico contava (Censo do ano 2000), 11.494 habitantes, o que representava 0,84% da população do município. Destes, a maioria eram mulheres: 5.163 contra 6.331 homens, dos quais, no geral, 1,61% eram analfabetos.
Considerando a pequena área do bairro (2,03 kms quadrados, ou 0,43% da área de Porto Alegre), a densidade demográfica chegava a 5.662,07 habitantes por quilômetro quadrado. O JB integra a Região 16 do Orçamento Participativo.
Oito anos atrás, tínhamos aqui 4.171 domicílios, com um rendimento médio dos responsáveis de 12,32 salários mínimos mensais – menor do que Petrópolis e superior ao do Partenon.
CIDADE RADIOCÊNTRICA – O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, datado de 1999, divide o território de Porto Alegre em nove macrozonas. O Jardim Botânico faz parte da Macrozona 1, a chamada “Cidade Radiocêntrica”, englobando o território compreendido pelo centro histórico até a Terceira Perimetral.
Esta é considerada a zona mais bem estruturada do município, uma região mista, residencial, comercial, de prestação de serviços e até de pequenas indústrias, com proteção ao patrimônio cultural. Ou seja, pode-se fazer muitas coisas por aqui, mas sempre dentro de regras que não alterem o perfil do bairro, a chamada “miscigenação”, ou “mistura de atividades”.
A Cidade Radiocêntrica inicia junto ao Laçador e segue pelas avenidas D. Pedro II, Carlos Gomes, Senador Tarso Dutra, avenida Salvador França, Aparício Borges, seguindo por Teresópolis, avenida Campos Velho (faixa preta) e Icaraí.
Oficialmente, a Prefeitura Municipal estimula, nesta área, uma grande variedade de usos dos terrenos e atividades, como hospitais, shopping centers, universidades, parques, centros culturais, sempre com o objetivo de que a população local tenha como atender as suas necessidades sem fazer grandes deslocamentos. É o que a Secretaria de Planejamento chama de “Corredores de centralidade”. Já a região entre a avenida Protásio Alves e o Porto Seco, por exemplo, é chamada de “Corredor da Produção”. Lá, são estimuladas as atividades produtivas juntamente com as residenciais.
UMA DAS QUE MAIS CRESCEM – O Plano Diretor, que deverá ser modificado e adaptado em não muito tempo, permite que se construa, em certas partes do Botânico, edifícios com até 18 andares (altura de 52 metros máximos). É o caso, por exemplo, das margens da Salvador França e de alguns trechos de esquina da Ipiranga. Porém, para se fazer uma construção desse porte é preciso dispor de um espaço amplo – ou quatro lotes de 11 metros.
Conforme o arquiteto Hermes Puricelli, da Secretaria do Planejamento Urbano, o Jardim Botânico “é uma das zonas que mais está crescendo na cidade, embora ainda não tenha explodido. É uma zona em crescente valorização e daqui a algum tempo vai ser difícil, por exemplo, sobreviveram as velhas casas de madeira que sempre existiram no Botânico. O setor imobiliário está de olho nesta região da cidade”.
LIMITES OFICIAIS – Segundo a Prefeitura Municipal, o Jardim Botânico inicia no ponto de convergência da avenida Ipiranga (ponte do arroio Dilúvio), com a General Tibúrcio. Dali o limite segue pela Eça de Queiroz, Itaboraí e Machado de Assis. Da Machado vem até a Felizardo e encontra a Felizardo Furtado. Da Felizardo Furtado segue até o limite norte com o Jardim Botânico e, por este limite, sempre por uma linha reta e imaginária, na direção oeste/leste, até a avenida Cristiano Fischer. Da Cristiano segue até a Ipiranga (linha do arroio Dilúvio), até novamente o ponto de convergência do arroio Dilúvio.
Considerando a pequena área do bairro (2,03 kms quadrados, ou 0,43% da área de Porto Alegre), a densidade demográfica chegava a 5.662,07 habitantes por quilômetro quadrado. O JB integra a Região 16 do Orçamento Participativo.
Oito anos atrás, tínhamos aqui 4.171 domicílios, com um rendimento médio dos responsáveis de 12,32 salários mínimos mensais – menor do que Petrópolis e superior ao do Partenon.
CIDADE RADIOCÊNTRICA – O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, datado de 1999, divide o território de Porto Alegre em nove macrozonas. O Jardim Botânico faz parte da Macrozona 1, a chamada “Cidade Radiocêntrica”, englobando o território compreendido pelo centro histórico até a Terceira Perimetral.
Esta é considerada a zona mais bem estruturada do município, uma região mista, residencial, comercial, de prestação de serviços e até de pequenas indústrias, com proteção ao patrimônio cultural. Ou seja, pode-se fazer muitas coisas por aqui, mas sempre dentro de regras que não alterem o perfil do bairro, a chamada “miscigenação”, ou “mistura de atividades”.
A Cidade Radiocêntrica inicia junto ao Laçador e segue pelas avenidas D. Pedro II, Carlos Gomes, Senador Tarso Dutra, avenida Salvador França, Aparício Borges, seguindo por Teresópolis, avenida Campos Velho (faixa preta) e Icaraí.
Oficialmente, a Prefeitura Municipal estimula, nesta área, uma grande variedade de usos dos terrenos e atividades, como hospitais, shopping centers, universidades, parques, centros culturais, sempre com o objetivo de que a população local tenha como atender as suas necessidades sem fazer grandes deslocamentos. É o que a Secretaria de Planejamento chama de “Corredores de centralidade”. Já a região entre a avenida Protásio Alves e o Porto Seco, por exemplo, é chamada de “Corredor da Produção”. Lá, são estimuladas as atividades produtivas juntamente com as residenciais.
UMA DAS QUE MAIS CRESCEM – O Plano Diretor, que deverá ser modificado e adaptado em não muito tempo, permite que se construa, em certas partes do Botânico, edifícios com até 18 andares (altura de 52 metros máximos). É o caso, por exemplo, das margens da Salvador França e de alguns trechos de esquina da Ipiranga. Porém, para se fazer uma construção desse porte é preciso dispor de um espaço amplo – ou quatro lotes de 11 metros.
Conforme o arquiteto Hermes Puricelli, da Secretaria do Planejamento Urbano, o Jardim Botânico “é uma das zonas que mais está crescendo na cidade, embora ainda não tenha explodido. É uma zona em crescente valorização e daqui a algum tempo vai ser difícil, por exemplo, sobreviveram as velhas casas de madeira que sempre existiram no Botânico. O setor imobiliário está de olho nesta região da cidade”.
LIMITES OFICIAIS – Segundo a Prefeitura Municipal, o Jardim Botânico inicia no ponto de convergência da avenida Ipiranga (ponte do arroio Dilúvio), com a General Tibúrcio. Dali o limite segue pela Eça de Queiroz, Itaboraí e Machado de Assis. Da Machado vem até a Felizardo e encontra a Felizardo Furtado. Da Felizardo Furtado segue até o limite norte com o Jardim Botânico e, por este limite, sempre por uma linha reta e imaginária, na direção oeste/leste, até a avenida Cristiano Fischer. Da Cristiano segue até a Ipiranga (linha do arroio Dilúvio), até novamente o ponto de convergência do arroio Dilúvio.
Viagens do Conselheiro por terras brasileiras
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Estamos em 2008, se não me falha a memória. Pois fazem exatamente dez anos que fiz uma viagem inesquecível pelo Brasil, saindo de Floripa, onde morava, pegando carona com dois amigos que voltavam de carro para Brasília (lembro que era a época das eleições, aquelas em que Roriz ganhou de última hora do Cristóvão Buarque). Permaneci lá uma semana - não conhecia Brasília - e achei a cidade bem melhor do que imaginava, não pela arquitetura do Niemeyer e sim pelo clima e pela gente.
Como o ar do cerrado é extremamente seco, fiquei logo afônico, porém descobri um antídoto: comprei um descongestionante nasal Sorine, esvaziei e coloquei água lá dentro. De meia em meia hora, espirrava aquilo nas narinas, e assim consegui ao menos continuar falando. Falta de umidade no ar emudece o cara.
De Brasília segui, de ônibus (o melhor modo de conhecer o Brasil é viajando por terra, só que é cansativo), para Palmas, a Capital do Tocantins, uma cidade que nasceu no início dos anos noventa, toda planejada.
Bom, eu esperava encontrar algo tipo faroeste, como diziam as notícias sobre a região. Tocantins, desmembrada de Goiás, já está na região Norte, e tem alguns aspectos amazônicos. No ônibus vi uma índia, pura, falando no seu idioma com duas criancinhas, seus filhos. Lembrei dos tempos em que convivi com esse povo.
Palmas, com pouco mais de 200 mil habitantes, me surpreendeu e contrariou minhas expectativas, pra melhor: é uma cidade limpa, ordeira e funcional, com gente de todos os Estados, o povo é educado e eficiente, há um frenesi geral de ganhar dinheiro, o custo de vida é alto e o calor - ah, esse é infernal. A gente sua às bicas, o tempo todo. Mesmo assim, gozado, o povo de lá - talvez por ter muitos mineiros - prefere andar de calças em vez de bermudas, como nos demais estados com clima tórrido.
Hoje, se eu fosse um desses garotos de vinte e poucos anos, acho que arriscaria fazer a vida em uma terra dessas: há muitas coisas a se fazer, e a receptividade aos gaúchos, como mão-de-obra, é das melhores.
De Palmas segui para Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, às margens do rio Tocantins, na divisa entre os dois Estados. É a chamada região do Bico do Papagaio, terra de pistoleiros, de grilagem, quase sem lei, e lá o bicho pega. Imperatriz é - ou era - maior ainda do que Palmas, com edifícios altos e algo que muito me impressionou: o transporte é feito quase que exclusivavemente por moto-táxis. Há mais de 2 mil na cidade, uma verdadeira chuva deles é vista nas ruas, aliciando clientes. Se pagava, na época, um real, e ia-se assim a qualquer ponto da cidade.
De Brasília segui, de ônibus (o melhor modo de conhecer o Brasil é viajando por terra, só que é cansativo), para Palmas, a Capital do Tocantins, uma cidade que nasceu no início dos anos noventa, toda planejada.
Bom, eu esperava encontrar algo tipo faroeste, como diziam as notícias sobre a região. Tocantins, desmembrada de Goiás, já está na região Norte, e tem alguns aspectos amazônicos. No ônibus vi uma índia, pura, falando no seu idioma com duas criancinhas, seus filhos. Lembrei dos tempos em que convivi com esse povo.
Palmas, com pouco mais de 200 mil habitantes, me surpreendeu e contrariou minhas expectativas, pra melhor: é uma cidade limpa, ordeira e funcional, com gente de todos os Estados, o povo é educado e eficiente, há um frenesi geral de ganhar dinheiro, o custo de vida é alto e o calor - ah, esse é infernal. A gente sua às bicas, o tempo todo. Mesmo assim, gozado, o povo de lá - talvez por ter muitos mineiros - prefere andar de calças em vez de bermudas, como nos demais estados com clima tórrido.
Hoje, se eu fosse um desses garotos de vinte e poucos anos, acho que arriscaria fazer a vida em uma terra dessas: há muitas coisas a se fazer, e a receptividade aos gaúchos, como mão-de-obra, é das melhores.
De Palmas segui para Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, às margens do rio Tocantins, na divisa entre os dois Estados. É a chamada região do Bico do Papagaio, terra de pistoleiros, de grilagem, quase sem lei, e lá o bicho pega. Imperatriz é - ou era - maior ainda do que Palmas, com edifícios altos e algo que muito me impressionou: o transporte é feito quase que exclusivavemente por moto-táxis. Há mais de 2 mil na cidade, uma verdadeira chuva deles é vista nas ruas, aliciando clientes. Se pagava, na época, um real, e ia-se assim a qualquer ponto da cidade.
Ninguém era legalizado, nada - o sujeito comprava uma moto e saía atrás da clientela. Até mulher velha, lá, anda na garupa de moto. Algumas perdem a dentadura.
Imperatriz é outro mundo. Há riquezas ao lado de muita miséria - não à toa, é a cidade com maior número de leprosos do Brasil. O analfabetismo campeia e posso garantir que abrir uma banca de jornais naquele lugar não é nenhum bom negócio. Havia uma em que comprei um diário da Capital (da família Sarney, pra variar), e o dono quase me beijou a mão: acho que fui o único cliente daquele dia.
Me hospedei em um hotelzinho muquifa, ao lado da estação rodoviária, e dei uma boa risada ao ver, no quarto, um cartaz avisando: "É proibido cuspir nas paredes". Isso mesmo: cuspir nas paredes. Depois, circulando pela cidade, descobri que isso, tanto ali quanto em São Luís, é uma espécie de esporte, ou mania, ou tique, sei lá - cuspir no não, nas paredes, cuspir para o alto, para os lados. Talvez um ato de protesto, digamos.
O custo de vida era irrisório. Em um bar, uma garota de programa - por sinal, bem interessante - disse que o preço dela por eram cinco reais, com serviço completo. Como eu tinha cara de barão, quis me cobrar dez. Bebemos apenas uma cerveja juntos. Recordo que apareceu uma outra colega sua, que estava apaixonada por um cara e sofria de dor de cornos. Chorava muito, e também era bem bonitinha. "Dor de corno em mulher é pior do que em homem", explicou a minha acompanhante.
Na beira do rio Tocantins, onde há um balneário, sentei em uma barraca e pedi uma cerveja. Senti um gosto estranho no copo - ele, antes, havia servido cachaça e esquecera de lavar o recipiente. Mas não reclamei, só avisei para trocar - em Roma, como os romanos...
O povo maranhense é simpático e cordial, bom de conviver, e solidário. Em São Luis, na Capital, encontrei um pessoal assim, gente boa. São Luís não tem praias boas próximas ao centro, e tem-se que ir uns 10 ou 15 km para fora para encontrar a primeira delas. O mar, no centro, é escuro, cor de soja de lentilhas, quase mangue.
Imperatriz é outro mundo. Há riquezas ao lado de muita miséria - não à toa, é a cidade com maior número de leprosos do Brasil. O analfabetismo campeia e posso garantir que abrir uma banca de jornais naquele lugar não é nenhum bom negócio. Havia uma em que comprei um diário da Capital (da família Sarney, pra variar), e o dono quase me beijou a mão: acho que fui o único cliente daquele dia.
Me hospedei em um hotelzinho muquifa, ao lado da estação rodoviária, e dei uma boa risada ao ver, no quarto, um cartaz avisando: "É proibido cuspir nas paredes". Isso mesmo: cuspir nas paredes. Depois, circulando pela cidade, descobri que isso, tanto ali quanto em São Luís, é uma espécie de esporte, ou mania, ou tique, sei lá - cuspir no não, nas paredes, cuspir para o alto, para os lados. Talvez um ato de protesto, digamos.
O custo de vida era irrisório. Em um bar, uma garota de programa - por sinal, bem interessante - disse que o preço dela por eram cinco reais, com serviço completo. Como eu tinha cara de barão, quis me cobrar dez. Bebemos apenas uma cerveja juntos. Recordo que apareceu uma outra colega sua, que estava apaixonada por um cara e sofria de dor de cornos. Chorava muito, e também era bem bonitinha. "Dor de corno em mulher é pior do que em homem", explicou a minha acompanhante.
Na beira do rio Tocantins, onde há um balneário, sentei em uma barraca e pedi uma cerveja. Senti um gosto estranho no copo - ele, antes, havia servido cachaça e esquecera de lavar o recipiente. Mas não reclamei, só avisei para trocar - em Roma, como os romanos...
O povo maranhense é simpático e cordial, bom de conviver, e solidário. Em São Luis, na Capital, encontrei um pessoal assim, gente boa. São Luís não tem praias boas próximas ao centro, e tem-se que ir uns 10 ou 15 km para fora para encontrar a primeira delas. O mar, no centro, é escuro, cor de soja de lentilhas, quase mangue.
A vida também é muito barata por ali, e o dinheiro é escasso. Entrei em um restaurante, em bairro de "classe média", tomei uma cerveja e paguei com uma nota de cinco reais. O garçon me trouxe o troco em moedinhas de cinco centavos amarradas por um durex. A cena da falta de troco, ou dinheiro circulante, se repetiu em outros locais.
Achei o povo maranhense um tanto soturno e esmagado, sem esperanças, levando a vida como podem. Na divisa com a região Amazônica - meio Nordeste, meio Norte - o Estado é muito peculiar, até na música: coisas que tocavam aqui há trinta anos ainda fazem sucesso por lá, como a Jovem Guarda, Vanderlei Cardoso e Reginaldo Rossi.
Em São Luís, no centro, em uma parada de ônibus, vi uma mulher - que esperava o coletivo - baixar a calcinha na frente de todos e uninar ali mesmo. Ninguém disse nada ou achou muito estranho. Também notei que eles adoram uma sopa bem quente, de preferência ao meio-dia, a quase 40 graus de calor. E não morrem por causa disso.
Ao contrário de Palmas, São Luís não é abafada e seu calor não derrete as pessoas em razão da brisa oceânica - uma delícia que me lembrou a Bahia - que sopra de maneira quase incessante. Hospedei-me em uma pousada, uma casa muito antiga, um daqueles velhos sobrados recuperados do início do século XX ou talvez de antes, e sempre dormi bem. Os donos, um casal, tinham morado no Paraná e retornado não faz muito à sua terra. "É difícil a gente se acostumar em outros cantos", disse ele, um homem muito calmo e correto.
Em São Luís também tive uma outra experiência interessante: o golpe "Boa Noite, Cinderela". Será que caí? Bom, mas isso eu conto amanhã. (Conselheiro X.)
Achei o povo maranhense um tanto soturno e esmagado, sem esperanças, levando a vida como podem. Na divisa com a região Amazônica - meio Nordeste, meio Norte - o Estado é muito peculiar, até na música: coisas que tocavam aqui há trinta anos ainda fazem sucesso por lá, como a Jovem Guarda, Vanderlei Cardoso e Reginaldo Rossi.
Em São Luís, no centro, em uma parada de ônibus, vi uma mulher - que esperava o coletivo - baixar a calcinha na frente de todos e uninar ali mesmo. Ninguém disse nada ou achou muito estranho. Também notei que eles adoram uma sopa bem quente, de preferência ao meio-dia, a quase 40 graus de calor. E não morrem por causa disso.
Ao contrário de Palmas, São Luís não é abafada e seu calor não derrete as pessoas em razão da brisa oceânica - uma delícia que me lembrou a Bahia - que sopra de maneira quase incessante. Hospedei-me em uma pousada, uma casa muito antiga, um daqueles velhos sobrados recuperados do início do século XX ou talvez de antes, e sempre dormi bem. Os donos, um casal, tinham morado no Paraná e retornado não faz muito à sua terra. "É difícil a gente se acostumar em outros cantos", disse ele, um homem muito calmo e correto.
Em São Luís também tive uma outra experiência interessante: o golpe "Boa Noite, Cinderela". Será que caí? Bom, mas isso eu conto amanhã. (Conselheiro X.)
* O tempo está fechado e feio no Jardim Botânico. Além de úmido. A temperatura deve andar pelos 10, 11 graus. Este final de semana não foi bom para os bares e restaurantes - ainda não saiu o salário e o pessoal anda meio econômico. A maioria preferiu ficar em casa.
domingo, junho 22, 2008
Guga, o tenista grunge que renovou Roland Garros com saques, cores e comportamento
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1997. À exceção dos próprios tenistas profissionais, ninguém no Brasil tinha ouvido falar em Gustava Kuerten, o Guga. Porém, em junho daquele ano - lá se vão onze outonos - um rapaz de 20 anos (nasceu em 10 de setembro de 1976), 1,91 metro de altura, 76 quilos, cabelos longos, barba rala e um estilo "grunge" de se vestir, conquistava o primeiro e mais importante dos seus muitos títulos - o de campeão do torneio de Roland Garros, na França, um dos mais importantes do mundo do "grand slam" - as competições em Winbledon, na Inlalterra, os abertos dos Estados Unidos e da Austrália e, é claro, esse, na França. Guga havia se profissionalizado havia apenas dois anos.
Recentemente, Guga, hoje com 31 anos, despediu-se do tênis profissional, na mesma quadra que o viu vencer. Emocionou-se e até ganhou um pouco da terra e do saibro da quadra de seu técnico e "segundo pai", o gaúcho Larry Passos. A diferença é que, agora, o tenista catarinense, fanático torcedor do Avaí, tem algumas dezenas de milhões de dólares de patrimônio e um nome reconhecido no mundo todo. Ao lado de Maria Esther Bueno, tricampeã em Winbledon, Guga tornou-se o maior nome masculino do tênis brasileiro de todos os tempos. E um orgulho para a sua terra, Santa Catarina.
MULTICOLORIDO - Ao vencer o espanhol Sergi Bruguera, naquele torneio, Gustavo Kuerten - o azarão da disputa - ganhava o primeiro dos seus três títulos no "Maracanã do tênis".
Em sua edição de 11 de junho de 1997, ainda antes da final, a revista VEJA - que parecia acreditar que ele já tinha ido longe demais - escreveu: "Nunca o esporte nacional vira antes um azarão desse quilate. Guga chegou a Roland Garros há duas semanas como mais um entre as dezenas de tenistas anônimos que, todos os anos, inscrevem-se para a competição. E, para espanto da imprensa especializada internacional, e dos brasileiros, que nunca tinham ouvido falar no seu nome até segunda-feira, foi abatendo de forma implacável as celebridades que se apresentaram na sua frente. Na sexta-feira, quando venceu o belga Filip Dewulf na semifinal, já computava entre suas vítimas o russo Yegeni Kafelnikov e o austríaco Thomas Muster, respectivamente campeões do torneio em 1996 e 1995. O adversário seguinte, Bruguera, ganhou em 1993 e 1994."
E prosseguia: "Aos 20 anos, Gustavo Kuerten entrou em Roland Garros pela porta dos fundos. Antes de chegar ao torneio, ocupava apenas a 66 posição no ranking dos melhores tenistas do mundo e nunca havia vencido um torneio de primeira classe do circuito internacional. "Ainda não sei se sou uma estrela do tênis ou se continuo o mesmo", disse a VEJA um incrédulo Guga na quinta-feira enquanto brincava num flipperama ao lado do estádio."
Depois das vitórias de Roland Garros, os jornalistas internacionais passaram a chamá-lo de "surfista do saibro". Algo que também chamou a atenção, naquela ocasião, foram as roupas do tenista brasileiro. "Num esporte em que a tradição manda os atletas usar impecáveis roupas brancas, Guga apresentou-se com uniforme berrante, mais apropriado a um jogador de futebol: todo azul e amarelo, incluindo meias e sapatos. Surpresos, os organizadores do torneio procuraram os representantes do fabricante de roupas para pedir que moderassem na profusão de cores do uniforme. Não. Guga limitou-se a colocar na cabeça uma bandana com fundo branco, e manteve sua figura de surfista grunge. "Como pensaram que eu não iria longe no torneio, nem trataram do assunto diretamente comigo", conta o jogador" - escreveu VEJA em sua matéria (capa da edição de 11 de junho de 1997).
A revista dava mais detalhes do comportamento do catarinense: "Fora das quadras, mais surpresas. Enquanto a maioria dos jogadores do torneio se hospedava em hotéis caros e luxuosos de Paris, o brasileiro se escondia no modesto Mont Blanc, 70 dólares a diária. Foi nesse hotel que se hospedou quando esteve em Paris pela primeira vez, há cinco anos. Diz que foi bem tratado e não muda mais. Também costuma frequentar a mesma pizzaria, a Victoria, e se divertir no mesmo flipperama, ao lado do estádio de Roland Garros. Embora não aparente, Guga é sempre assim, metódico e disciplinado. Até hoje, quando joga nos Estados Unidos, dispensa os hotéis reservados pelos organizadores e vai para a casa de tia Vicky, uma inglesa que o recebeu quando lá esteve pela primeira vez para disputar um torneio juvenil. "Ele é uma pessoa de hábitos conservadores", diz João Carlos Diniz, promotor de eventos e amigo da família do jogador de Florianópolis."
Embora desconhecido do grande público, em 1997 Guga já era afamado no circuito do tênis brasileiro, por seu "jogo sólido", com bolas colocadas nos limites da quadra e muita velocidade. "Ele tem talento e personalidade para ficar no topo", afirmou então o americano John McEnroe, um dos maiores tenistas de todos os tempos. Como se vê, acertou: Guga ficou por mais de um ano como o tenista número 1 do mundo.
"Guga tem ainda uma arma poderosa em sua mão direita: o saque", escreveu VEJA. "Segundo o último número do Jornal do Tênis, órgão oficial da Associação do Tênis Profissional, Guga tem o décimo sétimo saque mais veloz do mundo. A bolinha arremessada por sua raquete chega a alcançar 206 km por hora. É uma velocidade tão grande que o adversário não tem tempo de reagir".
ORIGENS - De uma família de classe média, descendente de alemães, Guga tem um irmão mais velho, Rafael, formado em ciências da computação e professor de tênis - é ele quem cuida de seus negócios. O mais novo, Guilherme, sofria de paralisia cerebral e vivia sob os cuidados de uma babá. Comerciante de esquadrias de alumínio, o pai, Aldo, havia morrido de ataque cardíaco há 11 anos. Guga disse então: "A ele costumo dedicar cada momento de minha vida". A mãe, Alice, trabalhava como assistente social na Telesc, a empresa telefônica de Santa Catarina, à época, além de dirigir a Fundação de Educação Especial, do Governo do Estado. A avó, Olga, foi a primeira patrocinadora - os primeiros torneios foram bancados pelas Indústrias Schlösser, uma tecelagem da família, em Brusque.
"Ao despontar para o mundo do Tênis, Guga levava uma boa vida frequentando uma das 42 praias de Florianópolis. Para não ficar longe da família, nem das praias, recusou inúmeros convites de universidades americanas e de clubes alemães que o queriam para reforçar suas equipes. O mar e o surfe sempre foram duas grandes paixões fora da quadra", prosseguiu VEJA, concluindo: "O aparecimento da exótica figura multicolorida como uma pilha Rayovac em Roland Garros foi saudado como uma brisa de renovação num esporte em crise. Hoje, há centenas de torneios realizados no mundo a cada ano, rios de dinheiro correndo para os bolsos dos tenistas."
Sois hydrópico? Andaes triste?
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Oitenta e oito anos atrás, exatamente em maio de 1920, a Revista da Semana - uma das grandes publicações brasileiras da época - publicava muitos anúncios de remédios, tônicos, ungüentos, fortificantes, revigorantes etc - a maioria, como se pode imaginar, pura falcatrua. Entre os anunciantes mais tradicionais, estava a nascente indústria automobilística, com o Studebaker, marca que não mais existe no Brasil. (arquivo do Conselheiro X.)
TEMPO BOM - Depois de dias cinzentos, chuvosos e frio, o sol volta a brilhar sobre o bairro, mesmo que esteja entre muitas nuvens. A temperatura deste domingo é amena.
sábado, junho 21, 2008
Um atentado aos nossos ouvidos
Rodaika: que vozinha...
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Voz, na televisão, é tão importante quanto a imagem - mas parece que isso não vale no nosso Estado. Ligue a tevê e confira: no Jornal do Almoço tem aquela Rosana não sei do quê: a moça, além de não ser nenhuma miss, (até aí tudo bem) parece que fala pela barriga, ou que tem uma batata quente entalada na boca. Na TVCOM, Canal 36, a coisa é ainda pior: uma menina que tem o exótico nome de Rodaika (parece marca de pneu) apresenta uma voz tão esganiçada, tão aguda, que nem dá pra chamar de voz e sim de cacofonia. E um outro garoto, que apresenta o programa Patrola, na RBS, simplesmente agride os nossos ouvidos - na minha opinião, ele e essa Rodaika são as vozes mais belas da televisão brasileira. Eles e o Jerry Lewis.
Porém, o pior mesmo é quando a gente fala do tempo. Hoje, os meteorologistas estão com tudo, são quase astros da mídia. Pois tem um, de sobrenome Kuhn (deveria ser proctologista), o "homem do tempo", que todo santo dia (deve acordar às 3 da manhã) está nas rádios da RBS, dando o boletim e apresentando suas previsões, sempre usando o "eu" para tudo. Bom, esse sujeito é o cúmulo, e a gente não sabe se dá risada ou desliga o rádio - comparativamente, o som que ele emite é parecido com os guinchos dos babuínos do Quênia quando estão melindrados ou ofendidos - vou usar essa figura na falta de outra pior.
Admiro dois tipos, nesses casos - os que têm bons dentes e os que têm boa voz. Acho, entretanto, que esse pessoal de televisão e do rádio deveria passar antes pelo consultório de uma fonoaudióloga, para educar a voz e não agredirem tanto os telespectadores. No meu tempo de guri, diziam que, pra engrossar a fala, a gente deveria comer giz. Demóstenes, o grego, o falastrão, um tribuno do porte do Pedro Simon (verdade!), era gago de nascença, mas aprendeu a falar direitinho colocando pedrinhas na ponta da língua e fazendo discursos para as ondas do mar:"Trabalhadores atenienses!". Fácil assim. (Conselheiro X.)
O cinzento do primeiro dia de inverno
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Foi um sábado cinzento, com cores cinza, céu fechado, e um vento que tornou a sensação de frio - em torno de 10 graus - ainda mais intensa. O primeiro dia de inverno realmente teve a cara da estação. Poucas pessoas saíram às ruas - a maioria preferiu ficar em casa. Veja nestes flagrantes como estava o Jardim Botânico na tarde de hoje.
Agenda
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* O Museu de Ciências e Tecnologia da PUC está abrindo espaço para a realização de festas de aniversário onde será possível apreender brincando. O Aniversário Genial, como está sendo chamado, conta com uma equipe especializada, composta por monitores que acompanharão o grupo nessa aventura de descobrimentos. São oferecidos convites personalizados para os convidados, um cartão especial parabenizando o aniversariante, espaço para a realização dos lanches e shows em horários alternativos, de acordo com a necessidade do grupo. O agendamento é feito com antecedência, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18 horas, pelo e-mail relacionamento.mct@pucrs.br ou pelo tel.: 3320-3521.
A festa pode ser realizada de terças a domingos, das 9 horas às 17, dias e horários de funcionamento da exposição do Museu.
* O Programa de Pós-graduação em Zoologia da Faculdade de Biociências da PUC-RS recebe inscrições, até 27 de junho, para o processo de seleção para os cursos de Mestrado e Doutorado.
O edital e o formulário de inscrição estão disponíveis napáginaww.pucrs.br/pos/zoo. Informações no segundo andar do prédio 12, ou tel.: 3320-3568, ou zoologia-pg@pucrs.br
* Seminário Economia às 5 e meia. Com André Cunha, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS. Tema: A Crise nos EUAe Suas Repercussões na Economia Mundial. Nesta segunda-feira, 23, às 17h30min, na sala 814 do prédio 50 da PUC (avenida Ipiranga). Entrada franca. Informações: 3320-3524.
* Ciclo de Palestras História e Historiografia: Breves Reflexões. Palestra "O Mundo às Vésperas da Grande Guerra (1850-1914)", com o professor Helder Gordim da Silveira, coordenador do Programa de Pós-Graduação em História. Dia 24, terça-feira, das 17h45min às 19 horas, no auditório do Prédio 5. Será arrecadado 1 kg de alimento não-perecível.
* Extrato da Biblioteca por E-mail. Desde o último dia 16 as bibliotecas da PUC-RS oferecem o novo serviço de extrato por e-mail. Sempre que forem feitos empréstimos no balcão de atendimento, o extrato do usuário será enviado por e-mail para o endereço registrado previamente, relacionando todos os empréstimos em poder da pessoa e suas respectivas datas de devolução. Os empréstimos e datas de devolução também podem ser acompanhados pelo site http://verum.pucrs.br/ALEPH, clicando na opção usuário.
* Viagem ao Chile. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC promove a viagem de estudos "Arquitetura Contemporânea Chilena". A atividade inclui visitas a obras de arquitetura nas cidades de Santiago e Viña del Mar. A arquitetura recente do país é considerada uma das melhores do mundo. Podem participar estudantes e professores de arquitetura e arquitetos em geral. As inscrições podem ser feitas até o dia 26 (Quinta-feira), na Pró-Reitoria de Extensão (prédio 40). A viagem ocorrerá de 10 a 16 de outubro. Informações pelo Tel.: 33203680 ou proex@pucrs.br
A festa pode ser realizada de terças a domingos, das 9 horas às 17, dias e horários de funcionamento da exposição do Museu.
* O Programa de Pós-graduação em Zoologia da Faculdade de Biociências da PUC-RS recebe inscrições, até 27 de junho, para o processo de seleção para os cursos de Mestrado e Doutorado.
O edital e o formulário de inscrição estão disponíveis napáginaww.pucrs.br/pos/zoo. Informações no segundo andar do prédio 12, ou tel.: 3320-3568, ou zoologia-pg@pucrs.br
* Seminário Economia às 5 e meia. Com André Cunha, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS. Tema: A Crise nos EUAe Suas Repercussões na Economia Mundial. Nesta segunda-feira, 23, às 17h30min, na sala 814 do prédio 50 da PUC (avenida Ipiranga). Entrada franca. Informações: 3320-3524.
* Ciclo de Palestras História e Historiografia: Breves Reflexões. Palestra "O Mundo às Vésperas da Grande Guerra (1850-1914)", com o professor Helder Gordim da Silveira, coordenador do Programa de Pós-Graduação em História. Dia 24, terça-feira, das 17h45min às 19 horas, no auditório do Prédio 5. Será arrecadado 1 kg de alimento não-perecível.
* Extrato da Biblioteca por E-mail. Desde o último dia 16 as bibliotecas da PUC-RS oferecem o novo serviço de extrato por e-mail. Sempre que forem feitos empréstimos no balcão de atendimento, o extrato do usuário será enviado por e-mail para o endereço registrado previamente, relacionando todos os empréstimos em poder da pessoa e suas respectivas datas de devolução. Os empréstimos e datas de devolução também podem ser acompanhados pelo site http://verum.pucrs.br/ALEPH, clicando na opção usuário.
* Viagem ao Chile. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC promove a viagem de estudos "Arquitetura Contemporânea Chilena". A atividade inclui visitas a obras de arquitetura nas cidades de Santiago e Viña del Mar. A arquitetura recente do país é considerada uma das melhores do mundo. Podem participar estudantes e professores de arquitetura e arquitetos em geral. As inscrições podem ser feitas até o dia 26 (Quinta-feira), na Pró-Reitoria de Extensão (prédio 40). A viagem ocorrerá de 10 a 16 de outubro. Informações pelo Tel.: 33203680 ou proex@pucrs.br
Baú do Conselheiro: Camila Pitanga aos 16 anos
* Para ver a imagem ampliada, clique em cima dela.
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Camila Pintanga, hoje com 30 anos, e mãe de um filho, já parava o trânsito aos 16. Na edição de 26 de janeiro de 1994 da revista Veja - há 14 anos, portanto - a filha de Antonio Pitanga aparecia em uma pose sensual e já prometia ser o que é: a gostosona não-burra, bem estilo brasileiro, que faz todo homem babar. O título já diz tudo: De dar água na boca. (Arquivo do Conselheiro X.)
sexta-feira, junho 20, 2008
"Muitas Ondas": local de livros, café e cultura
Mara: "A cultura é a minha área".
Livros e revistas para alugar. Brinquedos e jogos para crianças e adultos. Café capuccino, refrigerantes, cerveja, suco, crespes, doces e salgadinhos - além de um karaokê e, na área externa, um mini-golf. E, sobretudo, um ambiente agradável e aconchegante, com segurança, e extremamente bem localizado: está ali, na rua Felizardo, 351, entre a Guilherme Alves e a Barão do Amazonas.
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Este é o "Muitas Ondas", uma locadora de livros e revistas (além de jogos) que funciona há três anos no Jardim Botânico e já tem um cartel de mais de 200 clientes - muitos deles fixos e, a maioria, moradores do próprio bairro. "O pessoal do livro é muito fiel", explica a proprietária, a professora Nilta Mara Severo Freitas - que, entre outras coisas, também é autora de um livro infantil.
Trabalhando a portas fechadas (é preciso apertar a campainha na calçada), o Muitas Ondas é a única locadora de livros e revistas do Jardim Botânico. Pequeno - não mais que 8o metros quadrados - com banheiro, atrai pessoas interessadas em cultura ou que simplesmente vão ali para conversar e trocar idéias - o que pode ser temperado por um bom café. São quase três mil títulos - a maioria de literatura (há também obras espíritas, técnicas, educativas), com destaque para os lançamentos e os best-sellers do momento. "Tenho a lista dos dez mais vendidos da Veja, e compro todos os lançamentos", informa Mara, uma professora de Artes aposentada do Estado (mas trabalhando pela Prefeitura). "A cultura é minha área, e gosto porque aqui convivo c om gente interessante", diz ela.
LIVROS PRÓPRIOS - Mara iniciou o sue negócio com os próprios livros de sua biblioteca, mais os de sua mãe - e, aos poucos, foi comprando mais e mais, e também ganhando doações. Sem fazer muito alarde do negócio - a coisa funciona mais na propaganda boca-a-boca - ela montou a sua locadora, que, conforme diz, "funciona em horário emocional", muito embora esteja quase sempre aberta - o horário vai das 10 horas às 22 horas, de segunda a sábado.
Gradualmente foi conquistando o seu público - que só não é maior pois tanto ela quanto o marido, o corretor de imóveis Ângelo - fazem questão de manter a segurança em um bairro (assim como todos os demais) de crescente violência.
"A segurança é fundamental, e muitas mães deixam os filhos aqui, brincando e lendo, enquanto fazem outras coisas", afirma. Se trabalhasse sem grades, de portas abertas, a freguesia certamente iria aumentar.
O "Muitas Ondas" não tem somente livros, café, jogos, ou lanches: há muitas peças de artesanato nas prateleiras, todas à venda, o que dá ao ambiente um toque especial. No verão, muitas pessoas - especialmente mulheres e casais - sentam-se nas mesas do pequeno pátio para saborear algum suco ou uma cervejinha, degustar doces ou salgadinhos e, é claro, jogar uma conversinha fora - se for sobre livros, melhor ainda.
"Tenho muitos clientes no Conjunto da Felizardo, e isso que não fiz propaganda por lá ainda", garante ela. No inverno, que hoje inicia, o "Muitas Ondas" (que ganhou esse nome em homenagem ao mar de Cidreira) se torna ainda mais agradável e aconchegante, e é uma boa pedida para a época de frio. O público é de todas as idades - há senhoras de mais de 70 anos, em busca de um determinado livro, e crianças de seis ou sete anos divertindo-se com jogos ou procurando obras infantis, inclusive gibis.
SERVIÇO:
Muitas Ondas - Rua Felizardo, 351
Tel.: 3061.4753 - 9153.6293
Horário: 10 hs às 20 horas, de segunda a sabado.
Preço da locação do livro: R$ 0,40 (diária)
Requisitos para locação: documento de identidade, CPF e comprovante de residência (contas de luz, telefone, água, carnês)
Apesar do tempo, será noite de sexta-feira
Para ver a imagem ampliada, clique em cima dela.
A sexta-feira é de chuva fina e tempo totalmente fechado no Botânico - aliás, em toda a Porto Alegre. Não dá pra dizer que é um daqueles belos dias de outono, como se vê - a umidade faz o frio se tornar mais intenso.
É o tipo de clima que os motoqueiros de tele-entrega adoram: um vacilo no asfalto e créu. Pelo visto, vai continuar assim nos próximos dias.
É, mas é sexta-feira (o Inverno entra oficialmente esta noite), e o pessoal vai cair na gandaia. Com um tempo desses, o bom mesmo é pegar um barzinho com ambiente intimista - se tiver lareira, melhor ainda.
Pouco tempo atrás o Jardim Botânico era totalmente carente nessa área. Mas, agora, com o progresso (sempre ele), temos algumas boas opções: dois pubs - aquele da Serafim Terra, bem aconchegante, e o da Felizardo, mais amplo, recentemente reinaugurado, com música ao vivo para quem gosta, e dois ambientes.
A garotada prefere o Cavanhas, na Barão do Amazonas, e outros o treiller da Tia Zefa, ali perto. Mais popular, o Bora-Bora continua com a sua clientela, até altas horas da noite. Mais caro e família, o Bambino, na Terceira Perimetral, é outra boa pedida, assim como a churrascaria do 35 CTG, ao lado do Bourbon, com suas simpáticas mesas de madeira e shows de dança e música.
Falando em Bourbon, tem lá o restaurante Calamares e o Doce Pecado (será que não errei o nome?), bem ali na entrada, além das opções da praça de alimentação. Noite boa, aliás, para pegar um cineminha. Ah, e tem o Stúdio, na rua Itaboraí, número mil e poucos, além dos lanches do Cláudio Lanches. Na Salvador França, está o André, com o seu Fome Zero.
Como hoje é dia 20, e ainda restam dez ou onze dias para o final do mês, o pessoal deve estar meio encolhido nos gastos, esperando sair o pagamento. Mesmo assim, sempre dá para se fazer alguma coisa. Nem que seja no motel Sherwood ou no A2, do outro lado da Ipiranga, entre a Barão do Amazonas e a Guilherme Alves.
E, para colocar alguma coisa bonita e sensual ilustrando essa matéria, vamos entrar no túnel do tempo e voltar ao mês de novembro de 1992 - quase 16 anos atrás, tempo em que Collor ainda era o presidente do Brasil. Quem encontramos? Luana Piovani, uma garotinha de 16 aninhos, que mal despontava para ser musa (estreava na tevê) e ainda não era tão metidinha como hoje (chamou caetano Veloso de "banana de pijama"...). A matéria é da revista Veja de 25 de novembro daquele ano, cuja capa era uma entrevista exclusiva com Madonna, então vivendo o seu auge e dizendo que gostava "de apanhar e levar tapas" - na cama.
Bom final de semana a todos.
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A sexta-feira é de chuva fina e tempo totalmente fechado no Botânico - aliás, em toda a Porto Alegre. Não dá pra dizer que é um daqueles belos dias de outono, como se vê - a umidade faz o frio se tornar mais intenso.
É o tipo de clima que os motoqueiros de tele-entrega adoram: um vacilo no asfalto e créu. Pelo visto, vai continuar assim nos próximos dias.
É, mas é sexta-feira (o Inverno entra oficialmente esta noite), e o pessoal vai cair na gandaia. Com um tempo desses, o bom mesmo é pegar um barzinho com ambiente intimista - se tiver lareira, melhor ainda.
Pouco tempo atrás o Jardim Botânico era totalmente carente nessa área. Mas, agora, com o progresso (sempre ele), temos algumas boas opções: dois pubs - aquele da Serafim Terra, bem aconchegante, e o da Felizardo, mais amplo, recentemente reinaugurado, com música ao vivo para quem gosta, e dois ambientes.
A garotada prefere o Cavanhas, na Barão do Amazonas, e outros o treiller da Tia Zefa, ali perto. Mais popular, o Bora-Bora continua com a sua clientela, até altas horas da noite. Mais caro e família, o Bambino, na Terceira Perimetral, é outra boa pedida, assim como a churrascaria do 35 CTG, ao lado do Bourbon, com suas simpáticas mesas de madeira e shows de dança e música.
Falando em Bourbon, tem lá o restaurante Calamares e o Doce Pecado (será que não errei o nome?), bem ali na entrada, além das opções da praça de alimentação. Noite boa, aliás, para pegar um cineminha. Ah, e tem o Stúdio, na rua Itaboraí, número mil e poucos, além dos lanches do Cláudio Lanches. Na Salvador França, está o André, com o seu Fome Zero.
Como hoje é dia 20, e ainda restam dez ou onze dias para o final do mês, o pessoal deve estar meio encolhido nos gastos, esperando sair o pagamento. Mesmo assim, sempre dá para se fazer alguma coisa. Nem que seja no motel Sherwood ou no A2, do outro lado da Ipiranga, entre a Barão do Amazonas e a Guilherme Alves.
E, para colocar alguma coisa bonita e sensual ilustrando essa matéria, vamos entrar no túnel do tempo e voltar ao mês de novembro de 1992 - quase 16 anos atrás, tempo em que Collor ainda era o presidente do Brasil. Quem encontramos? Luana Piovani, uma garotinha de 16 aninhos, que mal despontava para ser musa (estreava na tevê) e ainda não era tão metidinha como hoje (chamou caetano Veloso de "banana de pijama"...). A matéria é da revista Veja de 25 de novembro daquele ano, cuja capa era uma entrevista exclusiva com Madonna, então vivendo o seu auge e dizendo que gostava "de apanhar e levar tapas" - na cama.
Bom final de semana a todos.
* Atualizando: agora, no início da noite, o céu abriu quase completamente, o vento castiga a todos e o frio se faz mais intenso. Duvido que chova amanhã - se é que é possível prever alguma coisa nesse nosso clima.
quinta-feira, junho 19, 2008
Fome Zero: ponto de referência
Trabalhar na Terceira Perimetral, à noite, não é para qualquer um. Com o aumento da violência, os comerciantes da avenida Salvador França andam precavidos e fechando cada dia mais cedo.
Inaugurado em 9 de abril de 2003, a lanchonete e restaurante Fome Zero - ali, perto da rua Surupá - é um dos pontos de referência no comércio do local.
O proprietário do Fome Zero é uma figura conhecida do bairro, onde está há 30 anos - André Notti Miranda. Comerciante por vocação - está nesse ramo desde os 18 anos - André não reclama do movimento (vende, em média, cerca de 100 almoços diários). Aberto de segundas aos sábados, das 10 às 24 horas, ele trabalha ao lado da esposa e tem mais três funcionários para auxiliá-lo. O público que frequenta o Fome Zero é formado, basicamente, por trabalhadores de empresas das redondezas e moradores do bairro.
"Ter um comércio na Terceira Perimetral tem vantagens e desvantagens", diz. "A vantagem maior é o movimento. Por outro lado tem o barulho, a falta de acesso para os carros, que passam batidos, e a violência". A respeito dessa última, André confirma: "A chinelagem aumentou em 100%, todo dia dá alguma coisa, ontem mesmo deu tiros aqui perto".
Antes de abrir o Fome Zero, ele teve uma choperia em Rondônio, Estado onde viveu por cinco anos.
Para rodar o filme, clique na seta à esquerda do vídeo
Inaugurado em 9 de abril de 2003, a lanchonete e restaurante Fome Zero - ali, perto da rua Surupá - é um dos pontos de referência no comércio do local.
O proprietário do Fome Zero é uma figura conhecida do bairro, onde está há 30 anos - André Notti Miranda. Comerciante por vocação - está nesse ramo desde os 18 anos - André não reclama do movimento (vende, em média, cerca de 100 almoços diários). Aberto de segundas aos sábados, das 10 às 24 horas, ele trabalha ao lado da esposa e tem mais três funcionários para auxiliá-lo. O público que frequenta o Fome Zero é formado, basicamente, por trabalhadores de empresas das redondezas e moradores do bairro.
"Ter um comércio na Terceira Perimetral tem vantagens e desvantagens", diz. "A vantagem maior é o movimento. Por outro lado tem o barulho, a falta de acesso para os carros, que passam batidos, e a violência". A respeito dessa última, André confirma: "A chinelagem aumentou em 100%, todo dia dá alguma coisa, ontem mesmo deu tiros aqui perto".
Antes de abrir o Fome Zero, ele teve uma choperia em Rondônio, Estado onde viveu por cinco anos.
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O velho cinema Pirajá: casa de tintas
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Na época área dos cinemas de bairro - que foi dos anos trinta aos meados dos anos setenta - o cinema Pirajá, na avenida Bento Gonçalves, um pouco adiante da rua Luis de Camões (ao lado do atual Arquivo Histórico Municipal), foi um dos preferidos dos moradores do Jardim Botânico, assim como o cinema Miramar.
Ao contrário de tantas outras casas de exibição, o cine Pirajá mantém a sua fachada - ou seja, ao menos existe fisicamente. Lá, agora, funciona um comércio de venda de tintas e material de construção.
O Botânico nos anos 60: quase rural
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“A Guilherme Alves não tinha nem saída, ia-se até a Valparaíso e do outro lado era um banhadal. Em volta do riacho havia um monte de malocas e uma ponte de madeira que dava passagem para o Campo de São Pedro, que é hoje a Vila Cachorro Sentado”, conta ele, recordando que ainda se tomava banho e se pescava no Arroio Dilúvio, especialmente a montante, nas alturas de onde hoje é a PUC. “Lá existia uma ponte de madeira e famílias inteiras iam lá, passar o dia, tomar banho, tinha muita areia ali”.
Por essa época o local onde hoje está o Conjunto Residencial Felizardo Furtado existia a Chácara Nossa Senhora do Caravaggio, provida de uma pequena vertente, o chamado “parquinho”. Seu Rui recorda de muitas outras do mesmo tipo – a chácara do seu Zé, dos Pieretti, das Camélias. Acima, mais adiante havia o campo do Sul Brasil. Diferentemente de hoje, as ruas nem sempre levavam a outras ruas. “A Salvador França, por exemplo, só ia até a Felizardo, depois era mato, para se ir à Protásio se seguia pela Tibiriçá, onde hoje está o posto de gasolina do Darci”, afirma ele.
Em meados dos anos setenta, quando se iniciou a construção dos blocos residenciais, vieram milhares de trabalhadores, muitos deles provenientes do interior do Estado – e isso modificou totalmente a paisagem do bairro. “Antes todo mundo se conhecia e se cumprimentava, quando chegou essa turma mudou tudo, a rua Felizardo encheu de gente indo e vindo, virou quase uma rua da Praia”, rememora Rui.
Desse período merece destaque o bar da Dona Tida (da família dos “Bravos”), uma antiga moradora, já falecida, que adaptou a sua casa de madeira, na Felizardo (onde hoje está uma creche), e a transformou em bar e restaurante, com mesas de sinuca, venda de bebidas e refeições disputadas pelos trabalhadores da obra. “De vez em quando dava confusão ali”, informa. Já havia, então, o armazém dos Mocelin e, mais adiante, na esquina com a Barão, o do seu Alécio. Para aumentar a renda, aproveitando a vastidão dos terrenos, algumas famílias faziam puxados e alugavam pequenas peças que serviam de moradia os trabalhadores.
ANOS SESSENTA – Quem viajasse no tempo e retornasse aos anos sessenta e início dos setenta no Jardim Botânico encontraria um bairro quase rural, com um reduzido número de prédios e estabelecimentos comerciais. Já havia, é certo, um posto de gasolina na Barão com a Valparaíso (continua a existir) e também uma padaria (Barão com Felizardo), no mesmo local e no mesmo prédio em que há uma hoje. “Do outro lado, na Felizardo, havia um campinho de futebol, muito usado pela turma dos Bancários”, recorda seu Rui. “Na esquina da Barão com a Itaboraí havia o comércio do seu Antonio, relativamente forte. Tinha também o seu Edu e dona Maria. E onde hoje está o Bora-Bora era um terreno, um comércio onde se fazia argamassa que muita gente vinha buscar de carroças. Do outro lado era um comércio forte, o armazém do seu Caboclo.
Uma curiosa indústria que existia na época tinha muito a ver com o bairro – uma fábrica de artefatos para cavalos e carroceiros localizada na Guilherme, defronte à atual igreja de São Luís, e que produzia não somente carroças como ferraduras. “Era do seu Lúcio. Ele era, por assim dizer, o industrial da ferradura e se dava bem porque aqui tinha muito carroceiro e muitos cavalos. Tinha vários empregados e foi a nossa primeira montadora, muito antes da GM”, recorda, divertido, seu Rui.
Nesse mundo tão pequeno, o lazer era igualmente simples. “Na Semana Santa se passava filmes em um bar da Valparaíso com a Salvador, se colocava um grande pano branco na parede e todo mundo se reunia para assistir filmes religiosos”. Os cinemas mais próximos eram o Ritz, o Miramar e o Brasil, este último próximo ao Partenon Tênis Clube, onde atualmente está um posto de gasolina.
Por essa época o local onde hoje está o Conjunto Residencial Felizardo Furtado existia a Chácara Nossa Senhora do Caravaggio, provida de uma pequena vertente, o chamado “parquinho”. Seu Rui recorda de muitas outras do mesmo tipo – a chácara do seu Zé, dos Pieretti, das Camélias. Acima, mais adiante havia o campo do Sul Brasil. Diferentemente de hoje, as ruas nem sempre levavam a outras ruas. “A Salvador França, por exemplo, só ia até a Felizardo, depois era mato, para se ir à Protásio se seguia pela Tibiriçá, onde hoje está o posto de gasolina do Darci”, afirma ele.
Em meados dos anos setenta, quando se iniciou a construção dos blocos residenciais, vieram milhares de trabalhadores, muitos deles provenientes do interior do Estado – e isso modificou totalmente a paisagem do bairro. “Antes todo mundo se conhecia e se cumprimentava, quando chegou essa turma mudou tudo, a rua Felizardo encheu de gente indo e vindo, virou quase uma rua da Praia”, rememora Rui.
Desse período merece destaque o bar da Dona Tida (da família dos “Bravos”), uma antiga moradora, já falecida, que adaptou a sua casa de madeira, na Felizardo (onde hoje está uma creche), e a transformou em bar e restaurante, com mesas de sinuca, venda de bebidas e refeições disputadas pelos trabalhadores da obra. “De vez em quando dava confusão ali”, informa. Já havia, então, o armazém dos Mocelin e, mais adiante, na esquina com a Barão, o do seu Alécio. Para aumentar a renda, aproveitando a vastidão dos terrenos, algumas famílias faziam puxados e alugavam pequenas peças que serviam de moradia os trabalhadores.
ANOS SESSENTA – Quem viajasse no tempo e retornasse aos anos sessenta e início dos setenta no Jardim Botânico encontraria um bairro quase rural, com um reduzido número de prédios e estabelecimentos comerciais. Já havia, é certo, um posto de gasolina na Barão com a Valparaíso (continua a existir) e também uma padaria (Barão com Felizardo), no mesmo local e no mesmo prédio em que há uma hoje. “Do outro lado, na Felizardo, havia um campinho de futebol, muito usado pela turma dos Bancários”, recorda seu Rui. “Na esquina da Barão com a Itaboraí havia o comércio do seu Antonio, relativamente forte. Tinha também o seu Edu e dona Maria. E onde hoje está o Bora-Bora era um terreno, um comércio onde se fazia argamassa que muita gente vinha buscar de carroças. Do outro lado era um comércio forte, o armazém do seu Caboclo.
Uma curiosa indústria que existia na época tinha muito a ver com o bairro – uma fábrica de artefatos para cavalos e carroceiros localizada na Guilherme, defronte à atual igreja de São Luís, e que produzia não somente carroças como ferraduras. “Era do seu Lúcio. Ele era, por assim dizer, o industrial da ferradura e se dava bem porque aqui tinha muito carroceiro e muitos cavalos. Tinha vários empregados e foi a nossa primeira montadora, muito antes da GM”, recorda, divertido, seu Rui.
Nesse mundo tão pequeno, o lazer era igualmente simples. “Na Semana Santa se passava filmes em um bar da Valparaíso com a Salvador, se colocava um grande pano branco na parede e todo mundo se reunia para assistir filmes religiosos”. Os cinemas mais próximos eram o Ritz, o Miramar e o Brasil, este último próximo ao Partenon Tênis Clube, onde atualmente está um posto de gasolina.
A vantagem de ser distraído
Se o sujeito é distraído, ele sofre muito - como todo distraído sabe muito bem, especialmente naquela hora da madrugada, quando se volta pra casa e se procura a chave da porta - cadê ela? Onde é que deixei?
Pois é, mas eu conheci uma pessoa - grande amigo, que, aliás, já se foi - cuja distração o salvou de uma grossa enrascada.
Pra começo, devo dizer que ele era, fisicamente, do tipo do Bill Gates: cabelinho eriçado para cima, um certo ar intelectual, calmo, simpático (isso o tornou um grande vendedor de anúncios) e, sobretudo, um óculos de grau 12 nos olhos, o tal "fundo de garrafa". Grau 12 é soda, é uma quase cegueira, se vê (imagino eu) tudo embaçado e fora de foco e até atravessar uma rua pode se transformar uma séria dificuldade.
Um dia esse meu amigo estava jantando em uma pizzaria ali perto do Hospital de Clínicas, na companhia do seu irmão. Era noite e a casa estava quase cheia - eles lá, em um canto, conversando e bebendo uma cerveja.
Acontecia da mesa deles estar localizada de frente para a porta de entrada. Uma hora, meio para o final da noite, entraram três sujeitos - e esse meu amigo, que chamávamos de Moquinho (diminutivo de Mocorongo) levantou os olhos, distraidamente, olhou o cidadão e, sabe-se lá porquê - no meu entender, por distração, ou porque pensou conhecer o sujeito ou ainda porque ele era gente boa - cumprimentou-o com um "e aí?", fazendo o gesto de positivo com o polegar.
A conversa deles continuou normalmente, regada por uma bebidinha, até que, uns quinze minutos depois, os três fregueses que haviam chegado sacaram as armas e anunciaram: era um assalto. Foram até o caixa, recolheram tudo o que havia para recolher e, depois, passaram a percorrer as mesas, de armas em punho, saqueando todos os pertences da clientela.
Nessa hora Moquinho e seu irmão se tocaram que estava acontecendo um assalto - e que todos, inclusive eles, teriam de entregar tudo para os bandidos. Calmamente, foram retirando carteira, relógio (celular não, porque isso aconteceu há mais de 10 anos), documentos, e colocando sobre a mesa, conforme os caras ordenaram.
Quando um dos assaltantes chegou à mesa dos dois, para pegar o que tinha, o outro - o que era o chefe e que meu amigo havia cumprimentado, sem nunca ter visto mais gordo - interveio e ordenou ao comparsa: "Esses aí não, esses tão liberados". Em seguida, deram no pé e nunca mais foram vistos - foi, como se vê, um assalto bem sucedido.
Penso nisso e dou risada toda vez que me lembro. E não deixo de considerar que aqueles bandidos foram gentlemans, verdadeiros cavalheiros da ordem da bandidagem, agiram como profissionais no sentido mais lato da palavra. Provavelmente o chefão deles considerou que aquele gesto com o polegar, de positivo, lhe trouxe sorte (e acho que trouxe mesmo) e que meu amigo, no fundo, era mesmo um cara simpático - e era. Quer dizer, por causa de um simples cumprimento, de um gesto civilizado, Moquinho e seu irmão foram os únicos a escapar da pilhagem, os únicos que não perderam nada. Vejam só como a distração às vezes pode ser uma grande qualidade.
Já a direção da pizzaria, imagino, ficou com a pulga atrás da orelha em relação aos seus dois fregueses. Quem sabe lá não estavam coniventes com os assaltantes e foram ali para sacar qual era a do ambiente? Bom, o certo é que os dois irmãos nunca mais voltaram lá. A sorte dificilmente bate duas vezes à mesma porta. (Conselheiro X.)
Pois é, mas eu conheci uma pessoa - grande amigo, que, aliás, já se foi - cuja distração o salvou de uma grossa enrascada.
Pra começo, devo dizer que ele era, fisicamente, do tipo do Bill Gates: cabelinho eriçado para cima, um certo ar intelectual, calmo, simpático (isso o tornou um grande vendedor de anúncios) e, sobretudo, um óculos de grau 12 nos olhos, o tal "fundo de garrafa". Grau 12 é soda, é uma quase cegueira, se vê (imagino eu) tudo embaçado e fora de foco e até atravessar uma rua pode se transformar uma séria dificuldade.
Um dia esse meu amigo estava jantando em uma pizzaria ali perto do Hospital de Clínicas, na companhia do seu irmão. Era noite e a casa estava quase cheia - eles lá, em um canto, conversando e bebendo uma cerveja.
Acontecia da mesa deles estar localizada de frente para a porta de entrada. Uma hora, meio para o final da noite, entraram três sujeitos - e esse meu amigo, que chamávamos de Moquinho (diminutivo de Mocorongo) levantou os olhos, distraidamente, olhou o cidadão e, sabe-se lá porquê - no meu entender, por distração, ou porque pensou conhecer o sujeito ou ainda porque ele era gente boa - cumprimentou-o com um "e aí?", fazendo o gesto de positivo com o polegar.
A conversa deles continuou normalmente, regada por uma bebidinha, até que, uns quinze minutos depois, os três fregueses que haviam chegado sacaram as armas e anunciaram: era um assalto. Foram até o caixa, recolheram tudo o que havia para recolher e, depois, passaram a percorrer as mesas, de armas em punho, saqueando todos os pertences da clientela.
Nessa hora Moquinho e seu irmão se tocaram que estava acontecendo um assalto - e que todos, inclusive eles, teriam de entregar tudo para os bandidos. Calmamente, foram retirando carteira, relógio (celular não, porque isso aconteceu há mais de 10 anos), documentos, e colocando sobre a mesa, conforme os caras ordenaram.
Quando um dos assaltantes chegou à mesa dos dois, para pegar o que tinha, o outro - o que era o chefe e que meu amigo havia cumprimentado, sem nunca ter visto mais gordo - interveio e ordenou ao comparsa: "Esses aí não, esses tão liberados". Em seguida, deram no pé e nunca mais foram vistos - foi, como se vê, um assalto bem sucedido.
Penso nisso e dou risada toda vez que me lembro. E não deixo de considerar que aqueles bandidos foram gentlemans, verdadeiros cavalheiros da ordem da bandidagem, agiram como profissionais no sentido mais lato da palavra. Provavelmente o chefão deles considerou que aquele gesto com o polegar, de positivo, lhe trouxe sorte (e acho que trouxe mesmo) e que meu amigo, no fundo, era mesmo um cara simpático - e era. Quer dizer, por causa de um simples cumprimento, de um gesto civilizado, Moquinho e seu irmão foram os únicos a escapar da pilhagem, os únicos que não perderam nada. Vejam só como a distração às vezes pode ser uma grande qualidade.
Já a direção da pizzaria, imagino, ficou com a pulga atrás da orelha em relação aos seus dois fregueses. Quem sabe lá não estavam coniventes com os assaltantes e foram ali para sacar qual era a do ambiente? Bom, o certo é que os dois irmãos nunca mais voltaram lá. A sorte dificilmente bate duas vezes à mesma porta. (Conselheiro X.)
quarta-feira, junho 18, 2008
A Pré-História do E-mail
* Para ver a imagem ampliada, clique em cima dela
"Através de uma rede de correio eletrônico, cientistas , cientistas brasileiros trocam informações com colegas no exterior"
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O e-mail - ou correio eletrônico - praticamente substituiu as cartas comuns que todos nós, uns tempos atrás, mandávamos para os mais variados cantos do país e do Mundo - e que, além de exigir selo (e dinheiro), demoravam um bocado para chegar.
É, mas a gente não lembra direito de como tudo isso começou. Simplesmente parece algo normal, como beber um copo de água, só que não é bem assim.
Vejam nesta matéria que o Conselheiro X. descobriu em seus alfarrábios, datada de 17 de fevereiro de 1993 (pouco depois do impechment de Collor), na revista Veja - quinze anos atrás, portanto. Não faz muito tempo - e tudo mudou tão radicalmente que a gente nem consegue imaginar como era a coisa em seu início, e tinha apenas 2 mil usuários. Digamos que era algo exclusivo do meio universitário - dos professores e pesquisadores de universidades - e havia custos, sim. A Internet engatinhava, àquela época - sabem o que é Brasnet? Acompanhem.
"Conversa Digital
"Através de uma rede de correio eletrônico, cientistas , cientistas brasileiros trocam informações com colegas no exterior"
"Uma nova forma de comunicação está ganhando espaço entre os acadêmicos brasileiros conectados com a era da informática. Mais veloz que o telex, mais confiável que o fax e tão fácil de usar quanto o telefone, em todo o mundo esta nova mania se chama correio eletrônico. Ela permite o intercâmbio de correspondência digital e informações entre pesquisadores. No ano passado, a Brasnet, o braço brasileiro da Internet, a maior rede mundial de computadores, cresceu quase 500%, elevando a 2 000 o número de computadores nacionais ligados ao sistema. Na Internet, há mais de 1,3 milhão de computadores conectados. Eles trocam mensagens e programas entre si utilizando canais de transmissão de dados e via satélite. Todas as universidades americanas fazem parte do sistema, bem como a maioria dos centros de pesquisa europeus. Cada máquina possui um endereço eletrônico, para o qual são enviadas cartas e mensagens.
"A vantagem para os pesquisadores brasileiros conectados ao correio eletrônico é que o computador se transforma numa ágil ferramenta de comunicação com o mundo e deixa de ser apenas uma máquina eficiente mas isolada. "Antes eu era obrigado a esperar mais de um mês para obter uma resposta por escrito de um pesquisador do exterior a fim de tirar uma dúvida", diz o professor Imre Simom, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, um usuário frequente da Internet. "Com o correio eletrônico, me comunico rapidamente com o exterior e, em um dia ou dois, alguém me manda uma carta digital com a solução do problema". Um dos mais assíduos correspondentes eletrônicos de Simon é o francês Christian Choffrut, professor do Laboratório de Informática Teórica e Programação da Universidade Paris VII. "Através do correio eletrônico, trabalhamos como se estivéssemos um ao lado do outro", disse Choffrut a Fábio Altman, correspondente da VEJA em Paris.
"A primeira providência de Choffrut quando entra na sua sala na universidade é verificar se há alguma correspondência eletrônica em seu computador. "É como se estivesse consultando minha secretária eletrônica", diz o francês. Mesmo de casa, Choffrut consegue ter acesso às mensagens enviadas a seu computador instalado na universidade. Ele aciona o seu Minitel, o serviço de videotexto francês, que funciona através da linha telefônica convencional, e "entra" em seu micro na escola em busca de alguma carta digital.
"Além de mandar mensagens individuais, o sistema também permite o envio de correspondências coletivas. Os bolsistas brasileiros no exterior se comunicam através do Brasnet. Eles escrevem uma mensagem e, em vez de endereçá-la para apenas um usuário, mandam a carta digital para a Brasnet, que envia uma cópia do texto para os cerca de 1 500 associados a essa pequena rede nacional.
IMPEACHMENT - Foi através do Brasnet que, no dia 29 de setembro do ano passado, esses mesmos bolsistas acompanharam a votação do impeachment do presidente Fernando Collor. Os resultados da votação do Congresso Nacional eram veiculados pela rede por pesquisadores brasileiros que acompanhavam o impeachment pela televisão. Além de tratar assuntos sérios, também há espaço para brincadeiras no Brasnet. O cearense Mauro Oliveira, de 38 anos, que faz doutorado na Universidade Paris VI sobre o ensino de rede de computadores, ficou conhecido na rede nacional como "Mauro Pacatuba". O brasileiro difundiu pela Brasnet durante 55 semanas seguidas, sempre às sextas-feiras, a "Rádio Uirapuru de Itapipoca", um programa escrito de humor. A rádio só teve 55 emissões porque Mauro Pacatuba, em certo momento, verificou que o uso lúdico do Brasnet tinha se transformado num vício. "Resolvi parar para me dedicar à minha tese", diz o brasileiro.
"Além da rapidez e da eficiência desse sistema, os especialistas em computação apontam outra vantagem no uso do correio eletrônico. Segundo um estudo da empresa Hewlett-Packard, uma mensagem eletrônica custa bem menos que uma carta ou um fax. A empresa gasta 22 centavos de dólar para mandar uma mensagem de duas páginas pelo correio eletrônico para uma de suas subsidiárias espalhadas pelo mundo. Isso é metade do preço de uma carta internacional e quase oito vezes mais barato que um fax."
Uma do Macanudo Taurino.
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Um dos maiores chargistas e cartunistas brasileiros, cheio de prêmios nacionais e internacionais (ganhou até na Bulgária!), Santiago - batizado com o incrível nome de Neltair - fez muito sucesso, tempos atrás, com o seu personagem bagual, o Macanudo Taurino. Republicamos uma dele, sem autorização do autor, é claro.
* Para ver a charge ampliada, clique em cima dela.
Qual o barato dos pichadores?
Pois é. Manhã de um belo sol, poucas nuvens, um frio que está bem melhor do que ontem. E o Jardim Botânico segue no seu ritmo: novos edifícios sendo erguidos, gente que chega, gente que sai, um assalto aqui, um arrombamento ali, um ciclista atropelado, Salvador França a mil - assim caminha a humanidade botaniquense.
Palavrinha estranha essa - botaniquense. Não deve constar em nenhum dicionário, mas é assim que nosso povo - os mais antigos - se chama. Se ainda fosse Vila Russa o nome do bairro, como é que nos chamaríamos? Russos, quem sabe. Ou cossacos.
Caminhando pelas ruas do Botânico - nem todos têm carro, ainda (segundo as estatísticas, dois em cada três porto-alegrenses têm, embora não seja o nosso caso) - constatei um fenômeno (nem tão fenômeno assim) que já havia visto no Partenon: a pichação. Lá, no nosso vizinho, não escapa nenhum prédio. É realmente incrível como esses pichadores são ágeis e onipresentes - e como se arriscam, inclusive a caírem de um segundo ou terceiro andar e quebrarem os cornos na calçada. Mas como são obstinados - esse mérito não podemos lhes negar - conseguem fazer aqueles arabescos imcompreensíveis em toda parte. Nenhum prédio, muro, casa - nada é poupado. Não sei o que essa garotada (imagino que sejam garotos, ou será que não?) pretendem com essa estranha ocupação, o que lhes dá de proveito, qual o barato da coisa. Deve ser como cheirar cocaína, adrenalina a mil (ou naftalina, como disse o Jardel), emoções à flor da pele, sensação de risco, essas coisas bem humanas e idiotas.
Não é que agora eles - os hunos - chegaram com tudo ao Jardim Botânico e estão mandando ver. Na Terceira Perimetral, na Salvador França, ali perto do Fome Zero (um abraço ao nosso amigo André, uma das maiores fortunas do bairro!) está tudo pichado, inclusive os tapumes das obras. Ou seja - o comerciante, o empresário, o morador ou seja lá quem for, dá um duro danado, capricha na fachada da sua casa, empresa ou prédio, deixa tudo bonitinho, pintadinho, caprichado, e de repente, na calada da noite (desculpem o clichê mas não encontrei outra expressão no momento) uma milícia de hunos vai lá e mete spray em tudo, emporcalhando o que antes talvez fosse belo.
Vou perguntar de novo: qual o barato dessa gente? Qual será a grande emoção que dá sair por aí, à noite, nesse frio de congelar pinguim, munido de spray, talvez de escada, sei lá, para desenhar ou escrever aqueles sinais góticos que só eles entendem?
Tem coisas que ninguém explica. Dizem que o besouro, tecnicamente, não poderia voar, pois é muito pesado e tem asas curtas. Só que ele, como todos sabem, voa - meio desajeitado, aos trancos e barrancos, mas voa, contrariando a tese dos cientistas.
Pois os pichadores são parte desse fenômeno, contrariam a lógica. Ninguém consegue entender o porquê (talvez algum psicólogo saiba) da coisa, a razão, a motivação dessa gente, que bem poderia estar em casa, fazendo palavras cruzadas, torturando o gato ou passando a mão na bunda de empregada. Porém eles saem à noite, na surdina, para realizar uma obra de enfeiamento da cidade - talvez para eles seja de afirmação perante os colegas de ofício, a sua tribo, ou horda.
Cá prá nós: essa gente, quando a Brigada chega e lhes dá uma flagra, deve apanhar (merecidamente, na minha opinião) pra chuchu. Bom, talvez seja esse o grande barato da coisa; ser apanhado e apanhar do brigadiano. Êta gentinha masoquista, sô! (Conselheiro X.)
Palavrinha estranha essa - botaniquense. Não deve constar em nenhum dicionário, mas é assim que nosso povo - os mais antigos - se chama. Se ainda fosse Vila Russa o nome do bairro, como é que nos chamaríamos? Russos, quem sabe. Ou cossacos.
Caminhando pelas ruas do Botânico - nem todos têm carro, ainda (segundo as estatísticas, dois em cada três porto-alegrenses têm, embora não seja o nosso caso) - constatei um fenômeno (nem tão fenômeno assim) que já havia visto no Partenon: a pichação. Lá, no nosso vizinho, não escapa nenhum prédio. É realmente incrível como esses pichadores são ágeis e onipresentes - e como se arriscam, inclusive a caírem de um segundo ou terceiro andar e quebrarem os cornos na calçada. Mas como são obstinados - esse mérito não podemos lhes negar - conseguem fazer aqueles arabescos imcompreensíveis em toda parte. Nenhum prédio, muro, casa - nada é poupado. Não sei o que essa garotada (imagino que sejam garotos, ou será que não?) pretendem com essa estranha ocupação, o que lhes dá de proveito, qual o barato da coisa. Deve ser como cheirar cocaína, adrenalina a mil (ou naftalina, como disse o Jardel), emoções à flor da pele, sensação de risco, essas coisas bem humanas e idiotas.
Não é que agora eles - os hunos - chegaram com tudo ao Jardim Botânico e estão mandando ver. Na Terceira Perimetral, na Salvador França, ali perto do Fome Zero (um abraço ao nosso amigo André, uma das maiores fortunas do bairro!) está tudo pichado, inclusive os tapumes das obras. Ou seja - o comerciante, o empresário, o morador ou seja lá quem for, dá um duro danado, capricha na fachada da sua casa, empresa ou prédio, deixa tudo bonitinho, pintadinho, caprichado, e de repente, na calada da noite (desculpem o clichê mas não encontrei outra expressão no momento) uma milícia de hunos vai lá e mete spray em tudo, emporcalhando o que antes talvez fosse belo.
Vou perguntar de novo: qual o barato dessa gente? Qual será a grande emoção que dá sair por aí, à noite, nesse frio de congelar pinguim, munido de spray, talvez de escada, sei lá, para desenhar ou escrever aqueles sinais góticos que só eles entendem?
Tem coisas que ninguém explica. Dizem que o besouro, tecnicamente, não poderia voar, pois é muito pesado e tem asas curtas. Só que ele, como todos sabem, voa - meio desajeitado, aos trancos e barrancos, mas voa, contrariando a tese dos cientistas.
Pois os pichadores são parte desse fenômeno, contrariam a lógica. Ninguém consegue entender o porquê (talvez algum psicólogo saiba) da coisa, a razão, a motivação dessa gente, que bem poderia estar em casa, fazendo palavras cruzadas, torturando o gato ou passando a mão na bunda de empregada. Porém eles saem à noite, na surdina, para realizar uma obra de enfeiamento da cidade - talvez para eles seja de afirmação perante os colegas de ofício, a sua tribo, ou horda.
Cá prá nós: essa gente, quando a Brigada chega e lhes dá uma flagra, deve apanhar (merecidamente, na minha opinião) pra chuchu. Bom, talvez seja esse o grande barato da coisa; ser apanhado e apanhar do brigadiano. Êta gentinha masoquista, sô! (Conselheiro X.)
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