terça-feira, outubro 21, 2008

Collie: inteligência, beleza, nobreza e dignidade

Uma de suas principais características é a inteligência, que, aliada ao seu dote físico, lhe permite desenvolver não só tarefas que lhe são próprias, isto é, as de cão pastor, mas também as de adestramento policial, guarda, caça e obediência. A estrutura física do Collie expressa força e agilidade. Conquista imediatamente como cão de grande beleza, demonstrando dignidade e nobreza, com cada zona do seu corpo bem proporcionada ao conjunto.
A altura varia de 56 cm. a 61 cm. para os machos; de 51 cm. a 56 cm. para as fêmeas, medidos na altura da cernelha. O peso pode variar de 18 a 29 kg. A pelagem confere harmonia à forma do cão. Na variedade de pêlo longo (Rough Collie), a pelagem é muito densa, tem cobertura áspera e subpêlo suave e compacto, quase ocultando a pele. A coloração admitida inclui três tons: marta e branco, tricolor e azul merle.

Os aniversariantes do dia 21 de Outubro

No dia de hoje nasceram o escritor russo Fiodor Dostoiewski (1821), a cantora Doris Monteiro (completa 74 anos), o trompetista norte-americano Dizzi Gillespie e o cineasta brasileiro Walter Hugo Khouri (1929-2003, na foto com Odete Lara). E faleceu o cineasta françês François Truffaut (1932-84);














Amador: resultados do último final de semana


Nesse final de semana aconteceu a terceira rodada da segunda fase do Campeonato Municipal de Futebol Amador, edição 2008. Os confrontos, decisivos, definiram os classificados para a próxima fase. Foram realizados oito jogos pela categoria veterano, no sábado, e 14 pela categoria livre, no domingo. Classificaram-se oito equipes na veterano e 16 na livre.
Na noite desta terça-feira, 21, na sede do futebol (Av. Erico Verissimo, 843), haverá reunião para sorteio dos grupos e definição da tabela de jogos das próximas fases. A reunião da categoria veterano está marcada para as 19h30 e a livre para 20h30.
O Campeonato Municipal de Futebol Amador 2008 divide-se em duas etapas: classificatória, que corresponde aos campeonatos eliminatórios realizados pelas ligas, e a etapa municipal, na qual participam as equipes classificadas nas ligas. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail futebol@sme.prefpoa.com.br, telefone 3232-4234 ou no site da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME).
Resultados de 18 e 19 de outubro
Categoria Veterano - sábado: Chave 9 - Campo do Parcão - Avenida Goethe - Moinhos de VentoPortuguesa* 0 x 0 Palmeiras*Portelinha 1 x 4 Ninguém Ké. Chave 10 - Campo do Ararigbóia - Rua Saicã, 6 - Jardim Botânico:Comerciário* 5 x 0 Agrosantos, Pantanal 3 x 8 Gaúcha*Chave 11 - Parque Tamandaré - Avenida Taquara, 609 - Petrópolis: Canarinho* 2 x 2 Lomba do Sabão*Martinica 6 x 2 AjuveChave 12 - Campo da Nova Gleba: Associação* 2 x 0 GuaraniUnidos/Flamengo 0 x 6 A.S.Roma*(*): classificados.
Categoria Livre - domingoChave 16 - Parque Gaelzer - Rua Armando Barbedo, s/nºF.M.Q.* 0 x 3 Planeta Mundial*Unidos da Martins B 1 x 1 VitóriaChave 17 - Campo da Nova Gleba: América (Tristezense) 2 x 5 PortoBanguzinho* 1 x 1 Barão Ciatron*Chave 18 - Parque Alim Pedro - Avenida dos Industriários - Bairro Iapi: Figueira* 6 x 0 Ajax/Pinheiro12 Horas/Paineira* 2 x 0 FuracãoChave 19 - Campo do Pinheirinho - Rua Humaitá, 21 - V. Panorama - Lomba do Pinheiro: Petrópolis 0 x 6 Ajax/Cruzeiro*Agrosantos* 3 x 1 São PedroChave 20 - Campo do Parcão - Avenida Goethe - Bairro Moinhos de Vento: A.S.Roma* 6 x 0 Valência, Camarões 1 x 2 Unidos/Flamengo*Chave 21 - Parque Ramiro Souto - Avenida Osvaldo Aranha, 969 - Bairro Bom FimUnião 0 x 2 Chácara/Sperb*O Treze foi o outro classificado.Chave 22 - Parque Tamandaré - Avenida Taquara, 609 - PetrópolisVila Real* 1 x 0 Nova GlebaAmérica (Liarb)* 2 x 1 União do Morro. Chave 23 - Campo do Ararigbóia - Rua Saicã, 6 - Jardim Botânico Barão de Bagé* 7 x 0 Cruz Alta. A Academia do Morro foi a outra equipe classificada nesta chave.(*): classificados.
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segunda-feira, outubro 20, 2008

Por telefone, policiais poderão tirar a sua ficha


Já em funcionamento desde a última quinta-feira (16/10), o Sistema de Consultas pelo telefone 0800 será lançado oficialmente nesta terça-feira (21/10), na Sala de Cenários, 6º andar do prédio da SSP, Rua Voluntários da Pátria, 1358, no centro de Porto Alegre. O evento reunirá a Imprensa em geral, quando serão apresentados todos os detalhes à respeito do sistema, sob a responsabilidade do capitão Adriano de Oliveira Bokerskis, chefe do Departamento de Tecnologia da Informação da SSP. O Sistema de Consultas pelo 0800 é uma ferramenta que permite averiguar, por meio de ligação de telefone fixo ou celular, a situação de cada cidadão no Sistema de Consultas Integradas da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Para a utilização da nova ferramenta , o servidor deve ligar o número0800-6420190 e digitar no telefone o número da própria carteira de identidade e uma senha. A seguir digita o número da identidade da pessoa abordada e recebe rapidamente qual é a situação do pesquisado no banco de dados da SSP.
O sistema de busca de informações sobre a pessoa abordada é todo automatizado por meio de um software, o que permite a redução de recursos humanos na atividade de suporte ao policial. Também desonera as consultas do sistema de radiocomunicação e ao número 190. Anteriormente, à cada abordagem, o agente ligava para o telefone 190 em busca de informações, o que, agora, deixará de ocorrer na maioria dos casos, deixando o serviço mais liberado para as chamadas de emergência da sociedade. Outras vantagens são a precisão, segurança de acesso e agilidade no atendimento. A Brigada Militar e a Polícia Civil definirão quais os servidores dos referidos órgãos que terão acesso ao novo serviço, sendo o critério principal para os que desenvolvem atividades operacionais. O sistema funcionará 24 horas, durante os sete dias da semana, ininterruptamente, em todo o Rio Grande do Sul (prefixos 51, 53, 54 e 55) e pode ser discado, inclusive, de outros estados do Brasil.
O projeto-piloto – em uso atualmente pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC) – permite o atendimento de até 60 chamadas por minuto. Na segunda fase será possível atender até 600 ligações telefônicas por minuto. A empresa Brasil Telecom foi a vencedora da licitação, iniciada em novembro de 2007, para o desenvolvimento do serviço de telefonia da Unidade Remota de Atendimento do projeto criado na SSP. Outros parceiros da SSP são o Detran, que disponibiliza o banco de dados, a Procergs, no auxílio ao desenvolvimento de ferramentas, e a empresa Toi, subcontratada da Brasil Telecom.



Burt Lancaster, falecido em 20 de outubro de 1994.
* O Projeto Sobremesa Musical desta quarta-feira, 22 de outubro, será diferente. Os cerca de 3 mil professores e técnicos-administrativos da PUCRS serão homenageados com a apresentação da Camerata da Orquestra Filarmônica da Universidade, das 13h às 13h30min no átrio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, prédio 9 do Campus Central (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). A homenagem também será transmitida, via EAD, para a comunidade do Campus Uruguaiana. Integram a programação musical as canções "Canto Alegretense", "Coração de Estudante", "Amigo", "Caçador de Mim", "Cordas de Espinhos" e "Emoções". Participam, ainda, os solistas Adriana de Almeida e Pedro Spohr, com a regência do maestro Frederico Gerling Junior. Os arranjos são de Davi Coelho. A entrada é franca.
*Informações sobre os cuidados com as árvores, os tipos de aves que rondam a cidade, como evitar de forma natural a fauna de caracóis e lesmas comuns nos jardins e a importância das borboletas e mariposas serão prestadas nos encontros "Vida com Ciência". A atividade, sediada na PUCRS, é voltada a pessoas com mais de 60 anos, com encontros sempre às quintas-feiras, das 14h30min às 16h, até 27 de novembro. "Caracóis e Lesmas dos nossos jardins: Quem são? Como controlar?" será o tema debatido nesta quinta-feira, 23 de outubro. Quem deseja participar pode se inscrever, por 20 reais, na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade, sala 201 do prédio 40, no Campus Central (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). A promoção é do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) em parceria com o Programa Geron.Segue abaixo a programação:23 de outubro
Tema: Caracóis e Lesmas dos nossos jardins: Quem são? Como controlar?
Resumo: Proporcionar o conhecimento da fauna de caracóis e lesmas comuns nos jardins e fornecer dicas de como evitá-las de forma natural.13 de novembro
Tema: Aves, conhecer para preservar
Resumo: Fornecer subsídios para um maior conhecimento das aves que rodeiam e da importância delas para a conservação do meio ambiente.27 de novembro
Tema: Borboletas do Meu Jardim
Resumo: Esclarecer dúvidas e curiosidades sobre as borboletas e mariposas bem como demonstrar a importância delas.
* O "15º Seminário de Direito Ambiental: O meio ambiente urbano" avaliará as relações entre o direito ambiental e o urbano, com especialistas no tema. A atividade será nesta terça-feira, 21 de outubro, a partir das 19h30min, no auditório do prédio 11 do Campus Central da PUCRS (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). A promoção é da Faculdade de Direito da Universidade. Outro ponto que será discuto é o papel das procuradorias municipais no controle das questões jurídico-ambientais-urbanísticas. Participa a procuradora da Capital Vanesca Buzelato Prestes. As inscrições para alunos da PUCRS custam 15 reais e para demais estudantes e profissionais, 25 reais. Podem ser feitas na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade, sala 201 do prédio 40. Organizam a atividade os professores Orci Bretanha e Cláudio Lopes Preza Junior. Informações complementares pelo telefone (51) 3320-3680.

Aniversariantes do dia 20 de Outubro

No dia de hoje o goleiro Clemer, do Internacional, está completando 40 anos, e a atriz Maria Zilda 55. E hoje Ayrton Senna estaria festejando o seu tri-campeonato mundial de Fórmula 1.





Fundação Zoobotânica com prêmio internacional

A primeira edição do Prêmio Fiema (Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente) já tem seus ganhadores. Entre os 74 projetos inscritos, a comissão julgadora apontou os 10 melhores, cinco na categoria educacional e cinco na tecnologia ambiental.
O Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do RS foi um dos cinco vencedores na categoria educacional concorrendo com o Projeto A Hora do Bicho. Este projeto, já em sua 4ª edição, é realizado através do Setor de Educação Ambiental do Parque Zoológico, sob a coordenação de Márcia Weber e visa divulgar as espécies da fauna ameaçadas de extinção, que fazem parte do acervo do Parque e apoiar a campanha de coleta seletiva do lixo realizada no Zoológico.
Os trabalhos vencedores serão apresentados durante a Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente - Fiema Brasil 2008, que estará acontecendo entre 29 de outubro e 1º de novembro, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves. A premiação será no dia 30 de outubro.
O Prêmio Fiema foi criado com o objetivo de reconhecer as melhores iniciativas visando à minimização dos impactos ambientais e a promoção da sustentabilidade.

domingo, outubro 19, 2008

28 de julho de 1950: o Constellation da Panair do Brasil cai com a elite da sociedade gaúcha

A beleza de Lígia Dorneles Franciosi

Morro do Chapéu: palco da tragédia que abalou o Rio grande, há 58 anos. Nas fotos abaixo, um modelo Constellation, igual ao que se acidentou em 28 de julho, e uma das vítimas: Lígia Dornelles Franciosi. . E Brasiliano de Moraes, uma das vítimas, hoje nome de avenida em Porto Alegre. E, no álbum familiar, a menina Nora Helena com uma irmã e a mãe - ela tinha um diário. O acidente foi a maior tragédia aérea brasileira na primeira metade do século XX, conforme noticiou o Correio do Povo. Acima, reproduções do Diário de Notícias.
O Constellation, com quatro motores, tinha forma de golfinho e era considerado o mais belo, elegante e seguro avião da época. Depois surgiram os Super Constellation, com mais de 100 lugares a bordo.

O jornalista Job, jovem de vinte e poucos anos, era o assessor de imprensa de Salgado Filho e filho de outro conhecido jornalista e homem do futebol, um dos organizadores da Copa de 1950.






Vitor Minas, exclusivo para o Conselheiro X.
* Fonte de pesquisa: Correio do Povo, Diário de Notícias, O Cruzeiro e Folha da Tarde.

No dia 28 de julho de 1950, uma sexta-feira chuvosa em Porto Alegre e região, um “pavoroso acidente” aéreo, como noticiaram os jornais, enlutaria a Capital gaúcha: a queda do Constellation da Panair do Brasil matou 51 pessoas, quase todas pertencentes à “nata da sociedade” porto-alegrense. Morreram nomes como Maisonave, Berta, Darrigo, Aita, Blessmann, Rothfuchs, Zaducliver, Dietrich, Fernandes, Frota. Morreram industriais, comerciantes do “alto comércio”, senhoras que freqüentavam colunas sociais, importantes funcionários públicos, políticos – alguns dos quais são hoje nome de ruas e avenidas. Menos de dois dias depois, na noite de domingo, outro desastre aéreo chocaria o Rio Grande do Sul e o Brasil: a morte do senador Salgado Filho, no domingo, matando outras dez pessoas. Salgado, candidato ao governo do Estado nas eleições que se avizinhavam, seguia para a fazenda do Itu, em Itaqui, onde se encontraria com Getúlio Vargas - que voltaria ao poder nas eleições daquele ano, desta vez pelo voto direto. As bruxas estavam soltas nos céus do Rio Grande.
A tragédia do Constellation – o mais luxuoso avião de carreira de então – consternou uma cidade de cerca de 400 mil habitantes cujo aeroporto de São João não passava de um simples campo de pouso que recebia, entre embarques e desembarques, 16 mil pessoas ao mês, com um movimento de menos de mil aeronaves. Mesmo assim era o terceiro aeroporto mais importante do país. O acidente da Panair mostrou a precariedade de suas instalações e tornou flagrante a necessidade de um novo “aeródromo”.
Foi a maior tragédia aérea daquela primeira metade do século XX no Brasil. Para nos situarmos no tempo: 1950 foi um ano agitado na política nacional, o ano das eleições que reconduziram Getúlio Vargas ao Catete, na então Capital Federal, a “Cidade Maravilhosa”, o Rio de Janeiro, onde o general Eurico Gaspar Dutra ainda governava. A campanha eleitoral estava iniciando naquele mês de julho e somente em agosto Gegê faria o seu primeiro comício em Porto Alegre, vindo da Fazendo do Itu, o seu retiro depois que fora apeado do poder. O governador gaúcho era Walter Jobim, cujas obras de eletrificação se tornaram vitais para a modernização do Estado. O prefeito, Ildo Meneghetti, mais tarde se tornaria governador. Em São Leopoldo, Mário Sperb comandava a municipalidade. Já o noticiário internacional descrevia o início da Guerra da Coréia, com o avanço dos coreanos do norte sobre o sul, derrotando as forças norte-americanas que apoiavam o regime sulista. A Guerra Fria estava no seu auge, e temia-se até mesmo um confronto nuclear com a Rússia.
Em julho, porém, o futebol era o principal assunto – a primeira Copa do Mundo depois do final da Segunda grande Guerra aconteceu no Brasil e, em junho, havia sido inaugurado o maior estádio do mundo, o Maracanã, palco de uma outra tragédia – a derrota do Brasil para o Uruguai e o choro de toda uma nação. Para o Rio rumaram milhares de pessoas, a fim de assistir os jogos e curtir as delícias de uma cidade ainda encantadora, com suas belas praias e agitada vida noturna. Bem mais modesta, Porto Alegre ainda tinha “footings” na rua da Praia, automóveis Buick e Studebaker e muitos cinemas no centro e nos bairros. Naquele dia, por exemplo, as páginas do Correio do Povo anunciavam para segunda-feira a estréia das películas “Traidor”, com Robert Taylor e Elisabeth Taylor, no cine Carlos Gomes, e “Beijou-me um bandido”, em “technicolor”, com Ricardo Montalban, Ann Miller e Cid Charisse, este no Imperial, a “mais luxuosa casa de espetáculos”, na rua da Praia.
Em uma época em que não havia estradas pavimentadas, e a BR-101 não existia nem mesmo em sonho, viajava-se de navios – uma viagem longa, que demorava dias. Ou então de avião, de preferência na Panair do Brasil, a maior e melhor companhia aérea de então. Viajar para o interior do Estado também não era uma tarefa fácil. Os ônibus percorriam estradas carroçáveis, atolavam com freqüência e demoravam dolorosas horas para chegar aos seus destinos. A empresa leal anunciava sua viagem de Guaporé a Porto Alegre com “saídas às segundas e quintas-feiras, às 10h15min”, “viagens em modernos ônibus tipo Gostosão”.
SEXTA-FEIRA CHUVOSA – Na sexta-feira, 28 de julho de 1950, chovia insistentemente em Porto Alegre e região, um tempo ruim que era agravado pelo nevoeiro em determinadas regiões. No Rio de Janeiro, o Constellation de prefixo PP-PCG da Panair deveria partir às 9h30min com destino à Capital gaúcha, uma viagem de de três horas, sem escalas, às terças e sextas, até o chamado aeroporto da Air France, em Gravataí, o único em condições de receber aeronaves desse porte.
No início da manhã, no entanto, os passageiros foram comunicados que o embarque só aconteceria pela tarde, não explicando exatamente os motivos. No comando da aeronave estava o comandante Eduardo Martins de Oliveira, o célebre Edu, uma conhecida figura da sociedade carioca que integrava o não menos célebre Clube dos Cafajestes criado por Carlinhos Niemayer. O Clube se notabilizava por suas extravagâncias boêmias, pela vida “dissoluta” e pelas bebedeiras homéricas em que seus membros pregavam peças memoráveis uns nos outros – e em qualquer outra pessoa também.
O comandante Edu pilotava uma aeronave que fez história na aviação mundial. O Constellation, movido a hélice, com quatro motores, foi fabricado pela empresa Lockheed da Califórnia, tanto para fins civis como militares. Aeronave presidencial do presidente Eisenhower, foi o primeiro avião pressurizado de grande uso, distinguindo-se também pelo conforto, o que fez com que fosse adquirido por companhias como a Pan American, a Air France, a Lufthansa, a Varig, a Real, entre outras. Externamente tinha a forma graciosa de um golfinho.
Quanto à Panair do Brasil, notabilizou-se como uma das empresas pioneiras na aviação comercial brasileira, a qual dominou durante décadas. Pertencente à companhia Pan American, aos poucos foi sendo vendida a empresários brasileiros. Deixou saudades, até o seu término, em 1965, inspirando inclusive uma música cantada por Elis Regina: “A primeira Coca-Cola, me lembro muito bem, foi nas asas da Panair”. A canção é de Milton Nascimento e Fernando Brandt. A Panair acabou durante o regime militar, aparentemente uma conspiração comercial capitaneada por figurões do regime e pele direção da concorrente Varig.
No dia anterior e na manhã daquela sexta-feira, 28, uma das passageiras do Constellation, a menina Nora Helena Fernandes, de 14 anos, aluna do colégio Bom Conselho – que retornava com toda a sua família das férias no Rio – escreveu em seu diário: “Dia 27 – Foi o dia mais formidável do mundo. Fiz passeios, apreciei pela última vez a maravilhosa viagem que fiz a esta encantadora cidade, e aprontei as malas para voltar ao Rio Grande e rever minhas amiguinhas. Estou louca de saudade.”
“Dia 28 – Hoje é a viagem de volta. A saída estava marcada para as 8 horas da manhã, levantamo-nos às 6h30min, porém às 7 horas fomos avisados de que o avião só sairia às 13 horas. O vovô fez tudo o que pôde para conseguir passagem no Constellation, mas mesmo apesar da “boa vontade” dos serventes da Panair nada foi possível fazer, de sorte que ele teve que ficar no OK.”
“Às 13 horas recebemos novamente aviso de que o avião só sairá às 14 horas.”
Mais tarde, escreveu ainda em seu diário, já dentro do avião: “Agora são 18h15min. Já...”
Mais não se pode ler, estava queimado: o diário de Nora Helena foi encontrado entre os destroços fumegantes da aeronave.
MORRO DO CHAPÉU – Pelo que se sabe, o Constellation – que partiu do Rio às 15h20min – aproximou-se de Porto Alegre às 18h15min, quando a noite de inverno já envolvia a cidade.
Chovia torrencialmente naquele momento – e isso significava sérios problemas de visibilidade. Por duas vezes o piloto tentou aterrissar no aeroporto de Gravataí, da Air France, que não contava sequer com radar, o que impedia visualizar as aeronaves.Mas era assim em todo o Brasil naquela época heróica da aviação.
Ao que tudo indica, houve problemas no rádio – talvez a bordo, talvez na torre. O comandante Edu, por duas vezes, tentou comunicar-se com a torre do aeroporto, e não obteve resposta. Em seguida, entrou em contato com a estação da Panair, alertando que os controladores de vôo não contestavam as suas mensagens. A Panair, por sua vez, interpelou a torre, a qual informou que era o PP-PCG que não a ouvia, o que explica a insistência do piloto em aterrissar em Porto Alegre e não – como seria recomendável – dar a meia-volta e retornar ao Rio de Janeiro ou procurar novo aeroporto. “Essa, ao que parece, a origem da tragédia, que a chuva, o teto baixo, a pouca visibilidade, transformaram em destruição e morte”, escreveu mais tarde o jornal Correio do Povo.
Por duas vezes o comandante Edu tentou em vão aterrissar, aproximando-se da pista única e em seguida arremeteu. Provavelmente, na tentativa de voltar para o Rio de Janeiro, voando a baixa altitude, na altura de São Leopoldo, o avião chocou-se contra o Morro do Chapéu, a pouco mais de 10 quilômetros da cidade, no sétimo distrito de São Leopoldo, Sapucaia, que ainda não era município (emancipou-se de SL somente em 1961). A explosão jogou pedaços da aeronave a quilômetros de distância e pedaços de corpos foram achados a cerca de 2 mil metros, totalmente calcinados. Hoje mais conhecido como Morro Sapucaia, o Morro do Chapéu é, atualmente, local de esportes radicais e detem a condição de ponto culminante do município, com 295 metros de altitude.
Uma testemunha, o agricultor João Raimundo da Silva, que residia nas imediações, testemunhou o acontecido. Ele estava em sua casa, tomando chimarrão, junto com a esposa – que, por sua vez, preparava o jantar – e ouviu o ruído de um avião que passava a baixa altitude. Ao correr até a porta, observou que a aeronave, após uma manobra, colidiu e explodiu contra o Morro do Chapéu, justamente onde existe uma abertura entre duas grandes pedras. O agricultor anotou o horário – eram precisamente 19h25 min.
A CIDADE ANGUSTIADA – Junto com mais dois vizinhos, João Raimundo seguiu imediatamente em direção ao local, ao qual chegaram depois de mais de uma hora de caminhada. Lá encontraram, junto aos destroços fumegantes, três corpos das vítimas. Em seguida chegaram outras pessoas, além das primeiras equipes de resgate, acompanhadas de repórteres e fotógrafos dos jornais da Capital.
Nessas alturas os boatos de que um grande avião havia caído nas proximidades de Esteio ou de São Leopoldo já havia alarmado Porto Alegre. O escritório da Panair do Brasil, na rua da Praia, encheu-se de pessoas angustiadas – familiares, amigos e conhecidos dos passageiros do Constellation, ansiosos por notícias. Em São Leopoldo – onde a agitação era ainda maior, com grupos se formando nas esquinas e bares para saber e comentar o assunto.
As turmas de resgate – militares, policiais, médicos, enfermeiros, voluntários, curiosos, repórteres – que seguiram para o local da tragédia seguiam por caminhos íngremes, escuros, tortuosos e escorregadios, abaixo de uma chuva inclemente. Eles foram guiados pelo agricultor Emilio Cassel, um dos proprietários daquelas terras e conhecedor da área. A caravana – com muitos jipes militares – levou mais de uma hora para alcançar o Morro do Chapéu, onde enormes labaredas ainda se alteavam contra o céu escuro. No topo do morro foram encontrados quatro corpos – duas mulheres, um homem e uma criança. Junto ao corpo da moça – que não apresentava tantas queimaduras – estava um exemplar do livro “Corrente”, do escritor austríaco Stefan Zweig, conforme anotou o repórter do Correio do Povo. A forte cerração atrapalhava a visibilidade, o que só foi possível solucionar com os poderosos geradores de eletricidade e refletores trazidos pelos militares do Décimo Nono Regimento de Infantaria de São Leopoldo. Os praças imediatamente fizeram um cordão de isolamento. No comando da operação estava o coronel Olimpio Mourão Filho – que, em 1964, saindo de Juiz de Fora com suas tropas rumo ao Rio de Janeiro, deflagraria o Movimento militar que depôs o presidente João Goulart. Também estava presente – orientando o resgate – o major Jefferson Cardim de Alancar Osório, comandante do primeiro Batalhão do Sexto Regimento de Obuses 105. Os repórteres, em não menores dificuldades, tiveram que abandonar seus veículos e fazer cerca de cinco quilômetros a pé, passando por chácaras e peraus, para alcançar o morro.
O acesso era feito pela estrada que ligava a Fazenda São Borja a Esteio. Ao chegarem ao local, encontraram enormes labaredas e muita fumaça.
VOANDO BAIXO - Mais tarde, a perícia – a precária perícia da época – apuraria que o acidente poderia ter sido evitado se o piloto tivesse elevado a aeronave cerca de cinco ou seis metros, o que faria com que conseguisse passar sobre o morro, sem nada acontecer. A conclusão baseou-se, sobretudo, no fato do piloto Edu ter sido encontrado em bem melhores condições do que os dos demais passageiros e tripulantes (mesmo assim, foi identificado por um irmão, que reconheceu uma marca de bala que o atingira na perna, anos antes). Por sua vez, os motores também estavam pouco avariados. Combinadas, as duas evidências indicavam que o comandante do avião avistou o morro não muitos metros à sua frente e tentou, em vão, desviá-lo. O avião provavelmente estava a cerca de 400 quilômetros horários naquele momento, o suficiente para causar a explosão que iluminou a noite chuvosa, o “clarão sinistro”.
Quanto à opinião de alguns moradores, que observaram o avião passar, momentos antes da tragédia – esta foi renegada por um técnico em aviação, morador de São Leopoldo, entrevistado pelo Correio do Povo, ele próprio testemunha ocular da passagem do Constellation. Tais pessoas afirmaram ter visto línguas de fogo saindo da aeronave, segundo antes da queda e da explosão, o que indicaria fogo a bordo. O técnico – não identificado pelo jornal – garantiu que os motores funcionavam normalmente. Segundo ele, a impressão de que o avião estivesse pegando fogo devia-se ao fato de que, à noite, são visíveis as línguas de fogo expelidas pelos tubos de descarga.
A tragédia do Constellation da Panair, naturalmente, consternou o Brasil e foi notícia no mundo inteiro. No dia seguinte, sábado, 29, o Correio do Povo – o maior jornal do Sul de então – saiu com a seguinte manchete em sua contracapa (a primeira página, tradicionalmente, era dedicada a assuntos internacionais e notícias políticas); “A Maior Tragédia Aérea do Brasil”. Abaixo, escreveu: “Coube ao Rio Grande do Sul o triste privilégio de registrar o maior e mais trágico desastre da história da aviação brasileira”, informando em seguida que “a tragédia está consternando a cidade e o Estado”.
A provinciana Porto Alegre, onde todos – pelo menos do mesmo círculo social – se conheciam e conviviam, centrou todas as suas atenções no acontecido, assunto de todas as rodas de conversa e aglomerações nas ruas, cafés e bares. Comparada a ela, a recente tragédia com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, é café pequeno. No Constellation da Panair viajava a nata da sociedade local, nomes conhecidos do mundo dos negócios, da política, figurões da sociedade, famílias cujos nomes frequentavam as colunas sociais.
O número de vítimas também era impressionante, para a época – mais de 50. Nos dias seguintes o Rio Grande do Sul estaria de luto, e as páginas do jornais s encheram de fúnebres convites para enterros. O governador Walter Jobim decretou luto oficial de três dias no Estado e o arcebispo de Porto Alegre, D. Vicente Scherer, afirmou: “Vive o Rio Grande do Sul horas cruéis, e de um extremo a outro de suas fronteiras ouvem-se exclamações de dor e pesar”. Na segunda-feira, na Catedral Metropolitana, totalmente lotada, ele celebrou uma missa em homenagem aos mortos. Escreveu o Correio do Povo: “O grande templo encheu-se de tudo o que é mais representativo da sociedade local, em seus vários ramos de atividades, vendo-se ainda altas autoridades civis, militares e eclesiásticas, bem como representantes de entidades”.
A NATA DA SOCIEDADE - Não era para menos. Entre as 51 vítimas fatais, estavam nomes como o coronel Guarany Frota, sua esposa Maria Antonieta e sua filha Rosa Yara, de 18 anos. Também José Carlos Berta, a esposa Júlia Blessman Berta e o filho José luiz, de 12 anos. Outras vítimas: Tucídides Lopes e a esposa Teodora. Valdomiro Graeff, Balduíno D’Arrigo e Ceci D’Arrigo, José Maia Filho, Brasiliano de Moraes, João Rocha Fernandes, a esposa e mais três filhas; Carmen Rothfuchs, Lígia Dornelles Franciosi, Coracy Prates da Veiga e Alice Veiga; Ilze Krause Dietrich e as filhas Yara, de 9 anos, e Yone, de cinco. Mais: Otávio José da Silveira, Pedro Gay e Maria Gay, Vitória Fabret, Shirlei Tavares, Paulo Vitório Nocchi, Edmundo Pereira Paiva, Valentina Pereira Paiva, Sílvia Giaconni, Irmã Valiera, Francisco Bruni, Sadi Maisonave, Maurício Zaducliver, Luiza e Ieda Zaducliver, Manoel Maltz, Adílio Pessoa da Cunha, Janir Aita, Ralph Montley. Morreram ainda, além do comandante Edu Martins de Oliveira, o co-piloto Domenico Guirlanda Sávio e os mecânicos Álvaro Tavares de Araújo e Alfredo Fernandes Soares, mais do comissário De Rose Viote Pinheiro, a aeromoça Maria Helena Murrai Rivas e o rádio-operador Paulo Figueiredo Ramos.
O caso mais trágico era o da família Rocha Fernandes, que pereceu totalmente no acidente: o Dr. João Rocha Fernandes, químico do Departamento Estadual de Saúde, 47 anos, a esposa Carmen, 40, esta filha de Emílio Rothfuchs, diretor-presidente da empresa H. Theo Moeller, além das filhas Carmen Sílvia, 18, primeiro-anista de Química Industrial, sua irmã Nora Helena, 14 anos, e Iliana Amázia, 13, ambas alunas do colégio Bom Conselho. Já a família Dietrich perdeu Ilze Dietrich, 34 anos, e as filhas Iara e Ione.
Aos poucos surgiam as histórias pessoais que emocionavam os leitores dos jornais.
Uma das vítimas mais ilustres, o engenheiro José Maia Filho, um sergipano que já se considerava gaúcho, era chefe do distrito gaúcho do Departamento Nacional de Obras de Saneamento e responsável pela conclusão das barragens do Salto e Capingui. Também trabalhou no cais de Navegantes e fez a drenagem dos banhados do Taim, entre outras obras, o que incluía o prosseguimento dos trabalhos contras as enchentes que então assolavam Porto Alegre. Ele fora ao Rio de Janeiro a fim de assistir a abertura da concorrência pública para a construção da Barragem do Salto Grande, no rio Jacuí, “obras destinada a assinalar uma época no desenvolvimento econômico e social do Estado” (C.Povo). Maia Filho deixou esposa e três filhos pequenos, e seu féretro teve a presença do governador Jobim e do prefeito Ildo Meneguetti.
Já Thucydides Lopes, de tradicional família porto-alegrense, chefiava o Departamento de Portos, Rios e Canais, DEPREC, na cidade de Rio Grande, onde residia. . Ao lado da esposa, Teodora, havia seguido ao Rio de Janeiro a bordo do navio Itaiti, com passagem de ida e volta, pois sua esposa tinha horror a voar, temendo que, quando o fizesse, viesse a morrer. Com muito custo, ele conseguiu demovê-la da ideia de voltar de navio, enaltecendo a segurança do Constellation. Edmundo Pereira Paiva, por sua vez, foi, por um tempo, subgerente do jornal Diário de Notícias, e sua mulher, Vicentina, exercia o professorado no Colégio Americano. Coracy Veiga, delegado regional do Instituto de Aposentadoria e Pensões de Transporte e Cargas, IAPETEC, descendia de uma tradicional família de Viamão, onde já fora vereador. De igual forma, Brasiliano Índio do Rio Grande de Moraes era delegado regional do IAPI, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários. Manoel Maltz distinguia-se por ser um comerciante de sucesso, com várias casas no ramo de armarinhos situadas no centro de Porto Alegre. Já Francisco Godoy fazia parte da alta diretoria da empresa Moinhos Rio-Grandenses. Maurício Zaducliver, muito ligado aos esportes – ele morreu com a mulher e uma filha – fora presidente do Sport Clube Cruzeiro até o ano anterior.
LIÇÕES DA TRAGÉDIA - José Carlos Berta – que pereceu ao lado da esposa Júlia e do filho José Luis – pertencia ao “alto comércio”, integrava a Associação Comercial de Porto Alegre e era genro do diretor da Faculdade de Medicina, Guerra Blessmann. Não menos importante, Sady Maisonave, estava na Capital Federal a negócios. Ele havia sido síndico da Bolsa de Fundos Públicos e militava no Rotary Club. Valdomiro Graeff, médico, era irmão do deputado Victor Graeff, de Carazinho.
Outra vítima conhecida, o coronel Guarani Frota, exercia a função de professor da Escola Preparatória de Cadetes. Com ele morreram a esposa Maria Antonieta e a filha Rosa, de 13 anos.
Quatro das vítimas do acidente procediam de Caxias do Sul: Balduíno D’Arrigo e sua esposa Ceci, mais as professoras Irmã Valiera e Silvia Jaconi. Balduíno, Promotor de Justiça, havia sido presidente do Clube Juventude.
A tragédia do Constellation suscitou sérias críticas à precariedade da infra-estrutura que assistia a aviação brasileira. A necessidade de um novo aeroporto civil para Porto Alegre foi seriamente debatida – o São João era considerado, além de precário, ultrapassado. Mesmo assim era o terceiro aeroporto do País em movimento e importância.
“O estado lastimável das pistas do São João, insuficiente para aviões de grande porte, semeado de profundos buracos, que as chuvas empoçam e ampliam, constitui ameaça constante à integridade das aeronaves, o que vale dizer perigo de vida para passageiros e pessoal de bordo”, escreveu o Correio do Povo, uma semana depois. “Já não é nenhum segredo, por outro lado, que o aeroporto de Gravataí ainda não dispõe dos meios técnicos adequados, indispensáveis a uma base civil internacional, em que são freqüentes os vôos noturnos”. Para se ter uma ideia, o aeroporto não contava sequer com um radar.
A queda do Constellation da Panair, com mais de meia centena de vítimas, ainda hoje é lembrada pela sociedade de Porto Alegre. Em 2007, o escritor gravataiense Abrão Aspis lançou o livro “Acidente no Morro do Chapéu”, relatando a tragédia.
Tragédia que aconteceu no dia 28 de julho de 1950, uma sexta-feira. Menos de 48 horas depois, o Rio Grande do Sul teria um novo choque: a queda do avião Lodestar que conduzia o ex-ministro da Aeronáutica, o então senador Salgado Filho. As bruxas estavam soltas. Mas isso é uma outra história. 

Posta em funcionamento em 1949, a rota Porto Alegre-Rio, Rio-Porto Alegre, da Panair do Brasil, significava um espantoso avanço em tempo e conforto para quem viajava entre as duas capitais. O voo, que partia do chamado aeroporto da Air France, em Gravataí, na Base Aérea, era feito nos aviões fabricados pela Lockheeed, pressurizados e com bar a bordo, aterrando no Galeão.  Sem nenhuma escala, durava pouco mais de três horas, em uma época em que as viagens no Brasil representavam desconfortáveis e demorados feitos. Aciuma vemos a reprodução de um anúncio da Panair do Brasil nas páginas do CP.  Viajar no Constellation da Panair, naqueles tempos, era um símbolo de status - e não custava barato.
Repercutindo em todo o País e mesmo no exterior, o acidente do Constellation rendeu edições extras aos jornais da Capital. Um dos jovens repórteres da época era Flávio Alcaraz Gomes, que, até o final da sua vida, se emocionava ao contar - ou tentar contar - o que vira ao chegar ao local do desastre e ver fogo, ferro retorcido e corpos humanos dilacerados. Acima, editorial de O Correio do Povo.

Os aniversariantes do dia 19 de Outubro

Hoje a atriz Glória Menezes está completando 74 anos e o jogador Jorge Luis Valdívia Toro, o Valdívia, 25. E hoje estariam aniversariando Vinícus de Moraes (95 anos) e Dias Gomes. No dia de hoje, em 1943, faleceu a escultora francesa Camille Claudel.














sábado, outubro 18, 2008

No tempo dos Cabungueiros e das Camélias

Mauro: "A Salvador França era uma estrada de chão. Quando chovia, era um barral."
Mauro Ustra Silva, 59 anos, estofador e chapeador, dono de uma pequena oficina na rua Guilherme Alves, veio para o Jardim Botânico com apenas um ano de idade e viveu quase toda a sua vida aqui.Um dos moradores da "velha guarda", ele lembra do bairro quando tinha um ar quase rural, com muito verde, muito chão de terra batida, moradores que se conheciam e se cumprimentavam e inúmeras casinhas de madeira habitadas por humildes funcionários públicos e chacareiros, em sua maioria. "Naquela tempo, lá pelo início dos anos sessenta, isso aqui era mais conhecido como a Vila dos Bravos, por causa de uma família muito conhecida e esquentada", recorda. Boa parte deles ainda reside por aqui.
A realidade daqueles tempos era bem diferente da de hoje, logicamente. O bairro, batizado oficialmente de Jardim Botânico (1959), ainda era chamado de Vila São Luiz e não havia asfaltamento em nenhuma rua - nem mesmo na Barão do Amazonas ou na Salvador França, onde hoje passa a Terceira Perimetral. "A Salvador era uma estrada de chão. Quando chovia, virava um barral e muitos automóveis atolavam ali", afirma. Já a Barão do Amazonas - hoje a principal via do JB - contava com um pequeno comércio, com destaque para o armazém do Caboclo, o mais bem sortido. Também existia o armazém da dona Versa, na rua Valparaíso, em uma casa de alvenaria que ainda existe e ainda é ponto comercial.
Outros estabelecimentos daquele tempo: o bar e armazém do seu Antonio Mocelin, onde hoje está o centro comercial da rua Felizardo. "Também lembro do bar e armazém do seu Fraga, que era gremista fanático. As crianças, quando o Grêmio perdia, costumavam pintar a fachada de vermelho, deixando o velho enfurecido. Mas quando o Grêmio ganhava ele ficava que era um doce".
Outra informação interessante: a fábrica de carroças do seu Lúcio, uma pequena e artesanal indústria que fabricava não somente carroças como ou demais utensílios para os carroceiros, que então eram numerosos no bairro. Ela estava localizada na Guilherme Alves, nas proximidades da atual paróquia São Luiz, que então não existia, e "foi a montadora de veículos do nosso bairro". Mais distante, também na Guilherme, no alto, havia o Torrão Gaúcho, uma fábrica de rapaduras na qual Mauro chegou a trabalhar quando criança. "O dono era o seu Guimarães".
CHACARA DAS CAMÉLIAS - Por essa época o bairro se notabilizava por ser um grande produtor de agrião e também de flores, plantados em pequenas chácaras e transportados para o Mercado Público em carroças e charretes.
No ramo de flores, um dos mais famosos exibia um nome poético: era a Chácara das Camélias, localizada no alto da rua Guilherme Alves. "Eles plantavam flores, que serviam para fazer coroas de defuntos", esclarece Mauro. A rua Guilherme Alves, naquele tempo, não estava aberta e contava unicamente com uma estreita ligação com a avenida Protásio Alves, uma picada por onde não transitavam carros e sim carroças. Onde hoje está o Condomínio Residencial Felizardo Furtado havia uma chácara de agrião - também vendido no Mercado Público. "Outra chácara ficava perto, onde hoje estão sendo construídos os dois grandes edifícios da Rossi. E perto da praça Nações Unidas tinha a chácara da família Pieretti". O lazer, naquela época, era pouco e simples: reuniões dançantes, quermesses, jogos de futebol, bailes. Mauro recorda do clube Universal - que não mais existe - e seus dois campinhos de terra, situados onde hoje está o shopping Bourbon. Outro time era o Esporte Recretivo Americano, presidido por seu Murilo. Porém já existia o campo do Ararigbóia, palco de torneios memoráveis que, não raro, acabavam em pancadaria. Nesse tempo o bairro não tinha a mínima infra-estrutura, incluindo aí o esgoto. "O recolhimento do esgoto era feito pelos cabungueiros, ou cubeiros, que passavam e recolhiam os cubos com os dejetos". Por sua vez, os alagamentos eram constantes e, à noite, a iluminação pública deixava muito a desejar.
"Mas não havia assaltos naquela época, até porque o pessoal respeitavam a polícia", afirma Mauro Ustra."Mas o que eu tenho mais saudades mesmo é dos banhos e pescarias no arroio Dilúvio, que era limpinho e onde a gente costumava pescar bagres, tão limpo que dava para ver o fundo. Perto da PUC havia o "Banheiro dos padres", a nossa praia. O riacho, naquele tempo, não era canalizado e a Ipiranga nem estava pronta", rememora o estofador.

Enquanto isso, nas eleições do Rio de Janeiro...




Foto de Sebastião Salgado.

A crise econômica mundial











O dia 18 de Outubro na História

No dia de hoje a escritor Isabel Allende está completando 66 anos e o ator Jean-Claude Van Damme 48. Também nasceram nesta data Chuck Berry, Klaus Kinski e Grande Otelo.









Em 18 de outubro de 1926, nasce Chuck Berry, numa família modesta de Saint Louis, Missouri. Ele já tocava guitarra na adolescência, mas parou com a música durante os três anos que passou num reformatório, por tentativa de roubo. Berry é considerado um mito do rock, comparado inclusive a Elvis Presley.
1862 - Bartolomé Mitre nomeia a primeira Corte Suprema da Justiça argentina.

1867 - O Alasca é formalmente transferido da Rússia para os Estados Unidos. A bandeira norte-americana é erguida sobre o novo território.

1892 - Inaugurada a primeira linha telefônica interurbana, entre Nova York e Chicago.

1899 - Inicia a "Guerra dos mil dias", na Colômbia. Ela terminaria em 21 de novembro de 1902.

1911 - Morre Alfred Binet, psicólogo francês que inventou o teste de inteligência.

1912 - Inicia a primeira guerra dos Bálcãs, que representaram as disputas pelos últimos territórios do império Turco-Otomano.

1922 - Inaugurada a BBC, British Broadcasting Corporation.

1926 - Nasce o cantor Chuck Berry.

1929 - Nasce Violeta Barrios de Chamorro, política nicaragüense.

1931 - O inventor Thomas Edison, o pai da luz elétrica, morre aos 84 anos nos Estados Unidos.

1942 - Nasce Isabel Allende, escritora chilena.

1944 - Josip Broz Tito é reconhecido como chefe do governo iugoslavo. Governou a Iugoslávia comunista de 1945 a 1980.

1944 - Um ciclone arrasa o México e provoca a morte de pelo menos 500 pessoas.

1945 - Tropas soviéticas ocupam a Tchecoslováquia depois da derrota nazista na Segunda Guerra Mundial.

1949 - Duas semanas de chuvas torrenciais matam mil pessoas na Guatemala.

1956 - Nasce Martina Navratilova, tenista tcheca naturalizada norte-americana.

1959 - A estação soviética Lunik III transmite fotografias da face oculta da Lua.

1967 - A nave soviética Venera 4 transmite informações para a Terra a partir da atmosfera de Vênus.

1968 - O Governo brasileiro autoriza a construção da ponte Rio-Niterói.

1977 - A polícia alemã invade um avião da Lufthansa, no aeroporto de Mogadishu, e mata três seqüestradores. Os 86 passageiros, que ficaram cinco dias como reféns, são libertados.

1979 - O enxadrista brasileiro Jaime Sunyê Neto ganha o título de Mestre Internacional de Xadrez.

1981 - O cirurgião plástico Hosmany Ramos, preso no Rio de Janeiro sob acusação de contrabando e tráfico de drogas, consegue fugir da cadeia.

1984 - Argentina e Chile assinam acordo no Vaticano, no qual colocam fim a disputa histórica sobre o Canal de Beagle.

1984 - Encontrado em Nairóbi, no Quênia, esqueleto humano de 1,6 milhão de anos.

1988 - Cinco pessoas morrem e cerca de cinco mil ficam feridas na Colômbia, na passagem do furacão Joana. Ele também foi responsável pela morte de outras 50 pessoas na Nicarágua.

1991 - Israel e URSS voltam a ter relações diplomáticas, interrompidas em 1967 na Guerra dos Seis Dias.

2001 - Quatro acusados são sentenciados à prisão perpétua por participarem nos atentados às embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quênia, em 1998, nos quais 224 pessoas morreram e mais de cinco mil ficaram feridas.
*A Secretaria Municipal de Administração (SMA), por meio da Coordenação de Seleção e Ingresso, reabriu as inscrições do processo seletivo nº 06/2008. A admissão é por tempo determinado (prazo máximo de 120 dias), nas funções de auxiliar de gabinete odontológico, agente comunitário de Saúde, cozinheiro, médico e farmacêutico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). As inscrições devem ser feitas a partir de hoje, 17, até o dia 22 (quarta-feira).
Inscrições - O candidato deve acessar o endereço eletrônico http://www.portoalegre.rs.gov.br/, clicar no link correlato ao Processo Seletivo 06/2008 (banner à direita da página), preencher o Formulário de Inscrição, transmitir os dados e imprimir o boleto bancário necessário para o pagamento. Para acesso direto à ficha, clique AQUI.
Após o preenchimento do formulário eletrônico de inscrição e o respectivo envio dos dados, o candidato deverá comparecer a uma agência bancária portando o boleto referente à inscrição e efetuar o recolhimento no valor da taxa de inscrição, para concorrer às vagas destinadas a cada função, conforme tabela abaixo: Auxiliar de Gabinete Odontológico, Agente Comunitário de Saúde e Cozinheiro: R$ 36,50. Médico e Farmacêutico Bioquímico: R$ 66,50. É requisito básico para a inscrição ter idade mínima de 18 anos completos e possuir a formação e habilitação legal exigida para o exercício da função. Remuneração - A remuneração básica para Auxiliar de Gabinete Odontológico é de R$ 795,60. Para os cargos de Farmacêutico Bioquímico e Médico o básico é de R$ 1.336,00. Para o cargo de Cozinheiro, o básico é de R$ 543,70 e para Agente Comunitário de Saúde é de R$ 989,10.
A divulgação oficial das etapas do concurso será feita através de publicação no Diário Oficial de Porto Alegre, em jornais de grande circulação, da afixação de editais nos painéis dos concursos existentes em frente ao Edifício Intendente José Montaury — Rua Siqueira Campos nº 1300 — e, em caráter meramente informativo, através da Internet: www.portoalegre.rs.gov.br/concurso/.
* O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tem vagas abertas para estagiários dos cursos de Comunicação Social (habilitação Jornalismo), Engenharia Civil, Psicologia (curricular e extra-curricular), Técnico em Administração, Técnico em Química e Técnico em Secretariado.
Os candidatos devem ter vínculo escolar ou acadêmico para cumprir estágio de no mínimo um ano a partir da data da contratação, idade mínima de 16 anos completos, estudar em instituição de ensino conveniada com o Dmae (ver lista de nomes no site www.dmae.rs.gov.br - link Trabalhe Conosco). O Dmae oferece bolsa-auxílio, vale-transporte, seguro de acidentes pessoais, férias remuneradas e certificado ao final do estágio.
Interessados devem buscar encaminhamento para entrevista na Rua 24 de Outubro, 200, sala 204. O atendimento vai de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Por que o Botânico esconde o seu passado?

Embora o Jardim Botânico não seja propriamente um bairro novo, desses que agora são criados, há, aqui, uma grande deficiência: a falta de fotos antigas que retratem a vida dos nossos moradores e das nossas coisas. A gente pergunta pra um, pra outro e mais outro, desses que gostam de rememorar tudo - " e aí, tem alguma foto desse tempo?" - e, invariavelmente, a resposta é negativa, ou, pior, entra naquela base do "vou procurar mas não tenho certeza que tem".
Pois é, e assim vai se perdendo a memória do nosso Botânico, da Vila São Luis, da Vila Russa. Todo mundo fala nas coisas do passado, das festas, das figuras, das ruas, em isso e aquilo, e no entanto na hora de se conseguir uma foto antiga a coisa complica.
Por exemplo, a fábrica de carrocas do seu Lúcio - cadê uma foto? E o armazém do seu Caboclo, um ponto de referência, na esquina da Barão com a Valparaíso, onde agora está um grande edifício, do outro lado do Posto de Gasolina - cadê alguma foto do local ou do seu Caboclo? E dos times antigos, dos clubes, do Universal, do Americano?
Hoje, com as maravilhas tecnológicas, reproduzir uma foto antiga, na hora, em cima de uma simples mesa, é moleza pura. Usa-se a câmera digital e, shazan, sai na hora a reprodução, muitas vezes até melhor do que a original. É só querer, ir lá, revirar velhos álbuns, antigos baús, falar com o avô, que devem sair muitas coisas, muitas imagens em branco-e-preto, que aparentemente não têm valor para alguns mas que são tesouros para a comunidade, instantâneos de uma era que já se foi.
Pois é. Faço um desafio e um apelo aos leitores deste jornal eletrônico: se vocês, ou algum conhecido ou parente, tiver imagens antigas do Jardim Botânico, não tenham medo, não se façam de rogado. Reproduzam, mandem para o Conselheiro por-email, com a data (se não tiver a data certa, ponham a aproximada), o local e o nome das pessoas.
Já basta não termos uma Associação de Moradores digna desse nome, uma entidade que funcione. O pior é também não termos memória e nem vontade de recuperar o passado do nosso bairro. (Conselheiro X.)

Dunga: prato cheio para os chargistas