Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sexta-feira, janeiro 24, 2014
Se não fosse assassinada pelo psicopata Charles Manson, a atriz Sharon Tate faria hoje 70 anos
Foi pior e muito, muito mais assustador do que as principais cenas de "O Bebê de Rosemary", filme de Roman Polanski que fez (e faz) um tremendo sucesso no final dos anos sessenta. Assassinada a facadas, pendurada no teto, a atriz e mulher do diretor Polanski foi uma das cinco vítimas de um psicopata chamado Charles Manson (foto) e de sua "família" - na realidade uma seita satânica formada por jovens desajustados, "hippies" do mal, todos na faixa dos vinte e poucos anos, e que viam em Manson o seu profeta e guru, obedecendo-o cegamente.
Na noite de 8 para 9 de agosto de 1969, na cidade de Los Angeles, Califórnia, um grupo de cinco discípulos de CM penetrou na mansão de Polanski (que estava viajando) e Tate, no elegante bairro de Bel Air, e consumou um dos mais chocantes e rumorosos crimes dos anos sessenta. Vestidos com roupas pretas e capuzes, os assassinos (dois rapazes e três moças) cortaram os fios de eletricidade e do telefone e deram início à matança. À exceção de um, que estava armado com um revólver calibre .22, os demais portavam facas. Sharon, 26 anos, teria implorado pela vida de seu filho, pois estava nos dias finais da gravidez de um bebê que se chamaria Paul. Suas súplicas, no entanto, foram inúteis. Os assassinos penduram o corpo da atriz em uma viga no teto, ao lado do de um outro amigo seu, e depois escreveram à sangue, na porta da casa, a palavra "pigs" (porcos).
O crime - chocante, por si mesmo - atraiu a atenção da imprensa internacional por envolver uma jovem, bela e promissora atriz e seu marido, Polanski, que recentemente havia lançado o estrondoso sucesso "O Bebê de Rosemary", com Mia Farrow - a história de uma seita satânica que se apossa de um bebê, considerado o filho do Diabo.Ouvido por uma emissora de TV, o escritor Truman Capote - também recente sucesso com o seu romance de não-ficção "A Sangue Frio" - era da opinião de que havia um só assassino, provavelmente um maníaco sexual.Na verdade, errou feio, embora a polícia, nos primeiros meses, também não conseguisse chegar a resultados palpáveis.Nesse meio tempo, o pai de Sharon visitava acampamentos hippies, fingindo-se de um deles. Nesse mundo à parte, corria à boca pequena a história do crime; todos sabiam que aquilo fora praticado pela seita de Manson, que vivia em um rancho localizado em um vale próximo a Goler Canyon, arredores de Los Angels. Foi dessa comunidade satânica de mais de 20 pessoas - a "família" - que saíram os assassinos àquela noite.Manson, nascido em 11 de novembro de 1934, o líder da seita, tinha uma biografia apropriada para um psicopata: sua mãe foi abandonada pelo pai aos 16 anos de idade, quando estava grávida. Criado por uma avó materna, a princípio, depois por um casal de tios que não o suportava, acabou em reformatórios do Governo. Místico, racista, tinha poder absoluto sobre a seita. Condenado à morte um ano depois, teve sua pena permutada por prisão perpétua, que ainda cumpre. Ele já tem quase 80 anos.
Em 1967, o incêndio que destruiu o edifício do Grande Hotel deu fim a uma era de sofisticação e opulência
Pesquisa e Texto: Vitor Minas
Talvez não tenha havido construção mais intimamente ligada à história política dos gaúchos e ao seu “grand monde” da capital do que o Grande Hotel, na Rua dos Andradas, esquina com a Caldas Júnior, a antiga Rua Payssandu, local onde hoje é o Shopping Rua da Praia.
Fundado com este nome em 1908 foi, até os anos cinquenta, considerado a mais tradicional, prestigiosa e sofisticada casa hoteleira de Porto Alegre. Em seus apartamentos se hospedaram poderosos políticos brasileiros, diplomatas, influentes empresários e personalidades do mundo das artes e dos esportes. O Marechal Hermes da Fonseca, o senador Pinheiro Machado, Assis Brasil, Flores da Cunha, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, Raul Pila, Salgado Filho, o general norte-americano Mark Clark, o Marechal Cândido Rondon. Foram nas dependências do Grande Hotel (a sede informal de todos os partidos políticos) que se estabeleceram as premissas para a pacificação do Rio Grande do Sul em 1923 e foi também lá que se arquitetou o plano para a Revolução de 1930 que levou Getúlio ao Catete e sepultou a República Velha. Em seus salões aconteciam os banquetes mais elegantes, as festas mais concorridas, as jogatinas profissionais, flertes, brigas, luas-de-mel e encontros amorosos. Muitas famílias ricas e estudantes abastados ali moravam de forma permanente. Símbolo da Belle Epóque porto-alegrense, das suas janelas e sacadas assistia-se o “footing” de uma Rua da Praia ainda glamourosa, com seus restaurantes, cafés, cinemas, lojas finas e homens e mulheres elegantemente trajados.
Em meados de 1956 – naquela que é considerada uma das maiores transações imobiliárias de Porto Alegre em muitas décadas – o prédio foi vendido ao Grêmio Beneficente dos Oficiais do Exército, GBOEX, e rebatizado com o nome de Edifício General Mallet, militar brasileiro nascido na França, patrono da arma de artilharia. O Grande Hotel funcionou até o início de 1957, quando foi entregue aos novos proprietários, que o readaptaram para fins comerciais. Até essa época a construção, com três alas e sete andares, contava com 180 salas e capacidade para receber até 250 hóspedes individuais, que pagavam caro para desfrutar de finíssimas louças e talheres importados e comer e beber do bom e do melhor.
As obras do edifício, a cargo do construtor Francisco Tomatis e fiscalizada pelo engenheiro Viberbo de Carvalho, iniciaram em 1916 e terminaram dois anos depois, em uma Porto Alegre que não chegara ainda a 200 mil habitantes, concretizando o sonho do imigrante francês João Pedro Bourdette e seu genro Cristino Cuervo. Os dois empresários, no entanto, não viveram o suficiente para ver a venda do seu patrimônio. Em 1956 os três filhos de Cristino Cuervo é que dirigiam o negócio.
SÁBADO, DIA 13 – No final da tarde daquele sábado de 1967, quando a Porto Alegre de 800 mil habitantes dançava ao som da Jovem Guarda e dois dias após a violenta repressão policial a um protesto de estudantes contra o regime militar (eles foram espancados até mesmo dentro da Catedral Metropolitana ) , nesse dia 13 de maio, data da abolição da escravatura no Brasil, véspera do Dia das Mães, um incêndio de grandes proporções iniciou no quinto andar do edifício Mallet. As chamas se propagaram com tal força e rapidez que muitos clientes do tradicional Salão Cruzeiro fugiram com metade da barba por fazer e o cabelo só em parte cortado. Eram 18h30min, caía a noite e os bombeiros demoraram a chegar – quando isso aconteceu a água dos raros hidrantes mostrou-se com pouca força e foi necessário buscá-la no rio Guaíba.
Dada a intensidade das chamas e dos jatos das mangueiras temia-se que todo o velho prédio viesse abaixo. Também as fagulhas que se espalharam geraram o temor de novos focos. Felizmente nenhuma construção vizinha foi atingida e as grossas paredes de tijolos mantiveram-se de pé. Às 23h30min o incêndio já estava praticamente dominado.
MUITOS PREJUÍZOS E DESEMPREGADOS – No coração da cidade, com sua bela e histórica fachada, o Mallet era um importante centro comercial da capital gaúcha. Grande número de profissionais liberais, entidades de classe e representações comerciais operavam em suas salas. No último pavimento estava o Círculo Militar de Porto Alegre e no andar térreo localizava-se a nova farmácia do GBOEx, o Salão Cruzeiro, a Livraria Jackson, o escritório dos municípios gaúchos e a agência Radional.
Com o sinistro de maio criou-se também um problema social e trabalhista. Dezenas de homens e mulheres perderam seus empregos e rendas, milhares de papéis, contratos e documentos importantes foram destruídos e vultosos prejuízos de equipamentos e máquinas não puderam ser cobertos pelo seguro – o do prédio como um todo era igualmente irrisório. Os funcionários do tradicional Salão Cruzeiro, por exemplo, trabalhavam como diaristas e passaram os dias seguintes procurando colocação em outras barbearias. Por sua vez os empregados em pequenas firmas pouca esperança tinham de uma possível indenização já que seus patrões também haviam perdido tudo.
Não só humildes empregados como instituições e nomes conhecidos da vida de Porto Alegre, inquilinos do prédio incendiado, viveram dias angustiosos naquele outono de 1967. A relação fornecida pelo próprio GBOEx incluía o advogado José Henrique Mariante (o delegado que acudiu durante o incêndio da Casa de Correção, doze anos antes) o também advogado, jornalista e vereador Alberto André, o político João Brusa Neto, o jornalista e colunista esportivo Cid Pinheiro Cabral, o ex centro-avante do Grêmio Rubens Mostardeiro Torelly. Também tinham endereço no Mallet a diretoria regional dos Correios e Telégrafos, a Editora Mérito, a Agência Marítima Interamericana, a Companhia Rádio Internacional do Brasil, o Banco Ítalo Belga, a União Gaúcha dos Estudantes Secundários, o Centro de Confraternização Jaguarense, Associação dos Licenciados do Rio Grande do Sul, o Centro Itaquiense, a Federação Gaúcha de Futebol de Salão, Dioni York Bado, Livraria Ibal, Centro dos Oficiais Administrativos do Estado, Territorial Vale do Araguaia.
Especialmente prejudicados ficaram os segurados do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos, IAPFESP, um dos principais órgãos de assistência social brasileiro e cujos fichários locais haviam sido totalmente consumidos pelo fogo. Com eles desapareceram a história clínica de milhares de pacientes, além de equipamentos de radiologia, fisioterapia, odontologia, raio X, entre outros. Felizmente os bombeiros haviam conseguido isolar a tempo os laboratórios onde estavam depositadas grandes quantidades de ácidos e produtos inflamáveis – atingidos pelo fogo, a explosão seria monumental e de consequências imprevisíveis.
quinta-feira, janeiro 23, 2014
Estádio do Inter já está pronto para a Copa! A de 50...
Na Copa de 1950 o estádio dos Eucaliptos, na rua Silveiro, bairro Menino Deus, foi a sede de uma das chaves daquele que foi o quarto campeonato mundial e que seria, como todos sabem, vencido pelo Uruguai em um Maracanã lotado. Porto Alegre, com seus pouco mais de 400 mil habitantes, sediou dois jogos - México e Suiça e México e Iugoslávia. O México, que aqui jogou com a camiseta do Cruzeiro em sua partida contra a Suíça (as cores coincidiam e eles queriam agradar a torcida gaúcha), preocupou-se mais em fazer festas e desfrutar da companhia das belas gaúchas do que empenhar-se em vencer alguma coisa (foram duramente repreendidos depois pela federação mexicana de futebol).
Para aquela que foi a primeira Copa do pós-guerra estádio do Inter foi remodelado, ganhou novas arquibancadas de cimento, alambrado em volta e vestiários mais decentes. Com as melhorias, a capacidade chegava a 35 mil pessoas - uma enormidade para a época. A reprodução acima é do Correio do Povo, antes de iniciado o certame e dá para se notar que as melhorias que a FIFA exigia naquela época não eram as mesmas dos tempos de hoje... Outro detalhe a se observar é que os Eucaliptos foram antecipadamente anunciados como o campo do jogo entre Uruguai e França, bem mais emocionante do que Suíça e México, por exemplo. Mas a França desistiu de vir ao Brasil (as seleções eram convidadas naquela improvisada competição "tapa-furo"), alegando que depois teria de jogar no Recife, enfrentando uma desgastante viagem aérea nas calorentas terras tropicais.
quarta-feira, janeiro 22, 2014
Brizola teve uma grande paixão: sua própria mulher, Neuza
Ela foi a grande companheira de Leonel Brizola (falecido) - e, em toda a sua vida, habituou-se a conviver com o poder. Isso, porém, não a impediu de ter uma existência sofrida, cheia de altos e baixos, e de, por uns tempos, tornar-se alcoólatra.
Neuza Goulart Brizola, mulher do ex-governador gaúcho e fluminense - o amado e odiado homem que garantiu a Legalidade e a posse de Jango, seu irmão - faleceu em 7 de abril de 1993, uma quarta-feira, aos 71 anos de idade, na clínica Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, onde morava. O laudo atestou infecção generalizada e sérios problemas respiratórios. Foi enterrada em São Borja, assim como Jango, assim como Getúlio Vargas (que foi seu pardinho de casamento), assim como Leonel, também falecido (sem ter nunca ter realizado o seu sonho de se presidente).
Elegante, discreta, bonita, Neuza conheceu Leonel em uma convenção do Partido Trabalhista Brasileiro, em São Borja, onde nasceu, ainda nos anos quarenta. Conta-se que trocou um outro pretendente rico por um jovem engenheiro em início de carreira política. Quando casaram-se, ela tinha 28 anos - e nunca se arrependeu da opção: a união dela com o temperamental Brizola parece ter sido amorosa, senão apaixonada. O marido chamava-a de "queridinha", era seu confidente e amigo. Foram apaixonados por toda a vida e tiveram três filhos - João Vicente, João Otávio e a problemática Neusinha - recentemente falecida.
Não era para menos: ao lado do líder trabalhista, Neuza suportou muitos anos de exílio (15 longos anos) e perseguições políticas em terras estranhas, sem jamais esmorecer. Antes, quando Brizola era governador do Rio Grande do Sul, chegou a doar uma de suas sete fazendas - que herdou dos pais - para a reforma agrária que seu marido promoveu no Estado, e vendeu outras quatro para garantir o sustento da família, no período da Ditadura, quando viveram no Uruguai e depois em Portugal e nos Estados Unidos. Vendeu mais uma, quando voltaram ao Brasil, em 1979, para comprar o apartamento na avenida Atlântica, em Copacabana - o QG de Brizola, e onde morou até a sua morte.
DEPRESSÃO - Os primeiros seis anos de exílio foram duros. No frio Uruguai, viveram em um apartamento sem calefação ou ar condicionado. Depois a família mudou-se para uma fazenda, a 250 km de Montevidéo - lá não havia energia elétrica ou telefone. Mulher prendada, pela primeira vez obrigou-se a cozinhar. Disse mais tarde, sobre isso: "Só quem passou pelo exílio sabe como é triste ser brasileiro fora de sua pátria".
Em 1983, no Brasil, tratou-se durante 75 dias, nos Estados Unidos, de uma crise de depressão, algo cada vez mais comum - sequer chegou a asistir à posse do marido no Palácio Laranjeiras. Mais tarde internou-se em uma clínica para recuperação de alcoólatras, na Espanha.
Em 7 de janeiro de 1993, em Nova York, foi internada às pressas em um hospital, com uma úlcera perfurada. Permaneceu dois meses na UTI, sedada. Carinhoso, Brizola a visitava duas vezes por dia e passava longas horas à beira da cama, afagando seus cabelos. Alguns dias antes da sua morte, sem poder falar, trocava bilhetes com o marido.
Talvez por tudo isso, Neuza abusava dos calmantes e antidepressivos, bebia muito e fumava. Em 1986, ela e Leonel combinaram de parar de fumar - o que ele conseguiu, ela não. A esse tempo já havia se submetido a uma operação para a retirada de um tumor em um dos seios. Sofreu também com as brigas entre seu marido e o irmão Jango - reconciliados enfim em 1976, pouco antes do presidente deposto morrer.
terça-feira, janeiro 21, 2014
A primeira mulher motorista de ônibus: 1972
Parece mentira - e nem faz tanto tempo assim. A primeira mulher a dirigir oficialmente um ônibus de passageiros de linha urbana chamava-se Maria de Lourdes, tinha então 27 anos, era paulista e virou notícia nacional pelo simples fato de ser a pioneira naquele início da década de setenta. Achei esta notícia na coleção do Correio do Povo do Arquivo Histórico de Porto Alegre. É, el tiempo passa... (V.M.)
Acidente com o Titanic é explicado pela incrível fragilidade do casco e o aço de má qualidade no casco
"Se o navio tivesse sido construído com chapas de aço de melhor qualidade, a tragédia poderia ter sido evitada, ou pelo menos amenizada". Quem afirmou isso foi o arquiteto naval norte-americano William H. Garzke, coordenador do estudo sobre as causas da tragédia do navio Titanic - aquele que rendeu filmes e livros.
Divulgado em setembro de 1993, o relatório - feito por especialistas da Sociedade dos Arquitetos e Engenheiros Navais de Nova Iorque - concluiu que o aço utilizado na construção do maior navio do mundo, e que se partiu em dois em 15 de abril de 1912, na sua viagem inaugural entre a Inglaterra e os Estados Unidos, era de má qualidade, de terceira categoria. Se fosse usado um material melhor, o iceberg que colidiu contra o transatlântico não teria feito um rombo de mais de 90 metros no seu casco, matando 1522 pessoas.
Através de análises fotográficas e testes físicos realizados com destroços do navio, os cientistas descobriram que as chapas de aço do casco do Titanic eram impróprias para navegação em águas tão frias como as da costa canadense, local do desastre, onde a temperatura do mar chegou, na noite da tragédia, a 2 graus negativos. Segundo eles, as chapas desse tipo de aço racham ao tomar contato com águas geladas, detonando uma reação de estilhaçamento semelhante à que acontece com o vidro. "O naufrágio do Titanic ocorreu mais por uma fraqueza de suas chapas de aço do que devido à violência do choque com o iceberg", esclareceu William Garzke. Os destroços do Titanic - um gigante de 271 metros de comprimento e dez andares - foram encontrados em 1985, a 4.000 metros de profundidade, no mar da costa canadense, por um grupo de cientistas franceses e americanos. O estudo provou que o casco co navio quebrou como se fosse de vidro, e não foi perfurado, como se acreditava antes. Ou seja, a empresa White Star Line, preferiu economizar e acabou dando margem a uma das maiores tragédias marítimas de todos os tempos. (Pesquisa: Conselheiro X.)
sábado, janeiro 18, 2014
Lilian Lemmertz em 1957
Com apenas 20 anos, mas já dando ares da grande atriz que depois se tornou, a porto-alegrense Lilian Lemmertz ainda estava na capital gaúcha naquele novembro de 1957, quando a Revista do Globo fez uma grande matéria a seu respeito. Atuando no teatro amador da cidade - então com pouco mais de 500 mil habitantes - Lilian não tardou a ir para São Paulo, onde chegou em 1963. Mãe da também atriz Júlia Lemmertz, ela faleceu em junho de 1986, de um infarto do miocárdio, deixando uma grande lacuna nas artes dramáticas. A semelhança entre mãe e filha,aliás, é notável. (V.M.)
sexta-feira, janeiro 17, 2014
Há exatos 38 anos, a morte do operário Fiel nos porões da repressão
Hoje, 17 de janeiro, fazem 38 anos que aconteceu a traumática morte - assassinato, na verdade - do operário Manoel Manoel Filho, nas celas do DOI, órgão da repressão política, em São Paulo. O episódio, acontecido poucos meses depois da morte de Vladimir Herzog em circunstâncias quase iguais (o mesmo cenário montado), foi importante para a caminhada rumo à democracia. Acuado, o governo Geisel substituiu o então comandante do Segundo Exército e mandou dar um basta às mortes mais acintosas de presos políticos. Nas reproduções acima, do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, a notícia do fato e a foto da vítima.
Toniolo, o único pichador que assina o seu próprio nome
Uma idéia na cabeça – divulgar o seu próprio nome – e um spray na mão. Autodenominado-se o “Rei Mundial da Pichação”, Sérgio José Toniolo levou isso às últimas conseqüências e tornou-se quase uma lenda viva em Porto Alegre: quem, com mais de 30 anos, alguma vez não viu a palavra “Toniolo” escrita em algum muro, algum prédio, alguma passarela, algum monumento ou até mesmo alguma calçada ou asfalto?
CELEBRIDADE - Um rei cujo reinado não é nada recente – iniciou, mais exatamente, no final dos anos setenta e ganhou força nos anos 80, quando, de fato, se tornou uma celebridade incontestável, foi preso, ameaçado de morte, algemado, internado e até levou alguns tiros.
Nada disso, naqueles anos, tirou a disposição desse homem calvo, hoje com bem mais de 60 anos, escrivão de polícia aposentado, solteiro, segundo grau completo, sem filhos e morador do vizinho bairro de Petrópolis – mais exatamente na avenida Taquara, onde reside na parte baixa de um edifício. Hoje Toniolo está mais sossegado, não freqüenta mais as manchetes de jornais, não é notícia. Está, por assim dizer, apagado, ou em recesso. Talvez seja a idade, o tempo, o cansaço, a saúde. Sem reposição, seu nome, antes tão onipresente, foi se apagando dos edifícios, dos muros e vias públicas, por força do tempo, da limpeza, da chuva. É a fase do crepúsculo.
Mas a lenda urbana chamada Toniolo persiste – o Pai e o Rei dos Pichadores, ou, como ele dizia, “o único pichador que não faz símbolos incompreensíveis e assina o seu próprio nome”.
Louco ou não, Toniolo entrou para a História por suas próprias mãos. Literalmente. Em um tempo em que a pichação se tornou uma praga, obra de gangues sem rosto e muitas vezes violentas, de pessoas semi-alfabetizadas e toscas, Sérgio José Toniolo distingue-se por ter pertencido a uma outra espécie: inteligente, esse homem que os médicos apontaram como “esquizofrênico paranóide” (aposentou-se por força da doença), e que foi interditado e preso, julgava-se um “anarquista”. Isso, é claro, depois de ter sido impedido de se candidatar a deputado estadual pelo PMDB no início dos anos 80. Depois, em sua própria cabeça, tornou-se várias vezes candidato pelo inexistente Partido Anarquista Brasileiro – foi inclusive, em sua cabeça, candidato à Presidente da República, usando, em todas as vezes, o seu número cabalístico 1543.
"BRASILEIRO É ACOMODADO" – Segundo a Medicina, quem sofre de esquizofrenia paranóide tem, geralmente, mania de grandeza e de perseguição. As duas coisas não faltaram a Toniolo: foi, nos anos setenta, o recordista brasileiro em colaborações às seções de “Cartas do Leitor” de todos os jornais possíveis – escreveu mais de mil, sobre todos os assuntos, da sujeira das ruas, das fezes dos caos à cretinice dos políticos. E vivia fugindo da polícia e dos donos de imóveis.
Quanto às pichações, garante que fez bem mais de 70 mil delas, gastando, pelos seus cálculos, mais de 100 mil reais ao longo de tantos anos, tudo do seu próprio bolso. Gastou em sprays (às vezes mais de um por noite), tintas, pincéis. Mandou fazer pandorgas com seu nome escrito para lançá-las ao ar. Defendeu o voto nulo, o anarquismo. Costumava dizer que o brasileiro é “frouxo e acomodado” – o que ele, de fato, não era: grão-mestre da autopromoção e da publicidade-artesanal-em-série-ininterrupta, apanhou, desafiou deliciosamente, experta e inocentemente o Poder com seu spray, divertiu os cidadãos da cidade e demonstrou o poder de fogo de um homem só – maluco, com certeza, mas, vá lá, incrivelmente e determinado como só estes podem ser. E divertido. Palhaço. Cavaleiro solitário. Carlitos com mania de grandeza.
ENGANANDO A BRIGADA - Matéria de reportagens e notícias em jornais, sua história foi ao ar no programa Fantástico, da Rede Globo, em 1981. Em 1984, quando Jair Soares era o Governador do Rio Grande do Sul, anunciou a todos – telefonava às redações – garantindo que iria pichar seu nome na fachada do Palácio Piratini.
Feita a ameaça, a segurança foi alertada e reforçada. Não contavam eles, porém, com a astúcia do Rei Mundial da Pichação: para identificá-lo e barrá-lo, os policiais tinham apenas uma foto sua, antiga, em que aparecia ainda com cabelos. Toniolo, contudo, já era quase totalmente careca, àquelas alturas. Caminhando, saiu tranquilamente da vizinha Catedral Metropolitana e, passando pelos brigadianos, chamou-os angelicamente de “meu irmãos”. Quando se deram conta, já havia pichado a quase totalidade do seu nome (faltaram duas letras) na imponente sede do Governo do Estado. Mandado então ao Hospital Psiquiátrico São Pedro, aplicou outro golpe digno dos melhores filmes de Hollywood.
Conhecido dos plantonistas, disse a estes que os dois policiais civis que o escoltavam eram colegas seus, “com mania de polícia”. Desconcertados, os plantonistas foram para cima dos homens da lei – e Toniolo, sorrateiramente, fugiu pelos fundos do prédio. Mais tarde, anunciou que iria pichar o Palácio do Planalto, mas essa parada ele perdeu – foi detido dentro do ônibus que seguia para Brasília. “Mas consegui o que queria”, disse o mestre da Publicidade. “Não tenho medo de ser preso: é uma propaganda”, alardeava ele, com toda a razão.
Quanto ao conteúdo do seu discurso, as suas “propostas”, bom, deixa pra lá: ele não é diferente da grande maioria dos políticos brasileiros.
CACHÊ – Toniolo sempre disse que ninguém nunca contou, verdadeiramente, a sua história, e por isso ele cobrava, mais recentemente, 10 mil reais por entrevista a qualquer veículo de comunicação e 100 mil para estrelar comerciais, onde apareceria, inclusive, com seu célebre spray. Obviamente, nenhum jornal, revista ou tevê pagou o que ele pediu e nenhuma agência o convidou para ser garoto-propaganda, nem mesmo da Casa das Tintas. Talvez tenha sido um talento não aproveitado da propaganda gaúcha.
O dinheiro, que nunca veio, serviria, afirmava, para ressarci-lo das despesas com o material de pichação, desde quando iniciou na atividade para realizar a missão que, afinal, conseguiu: firmar no mercado a “marca Toniolo”. Firmar uma marca custa muito dinheiro. Quanto vale a marca Toniolo? Rei da publicidade artesanal, Dom Quixote, da idéia na cabeça e do spray na mão, Toniolo é, dizem, um homem solitário que não dá entrevistas e não permite fotos. Há quem diga que está com problemas de saúde. A pessoa que ligar para sua residência (como fez este blog) ouvirá a indefectível gravação: “Mensagem gratuita: este telefone temporariamente fora de serviço. A Brasil Telecon agradece.”Nesta campanha eleitoral que se avizinha Toniolo estará fora e não será candidato, nem mesmo pelo seu imaginário Partido Anarquista.
quarta-feira, janeiro 15, 2014
Em abril de 1956 Inezita Barroso - já a mais conceituada intérprete do folclore musical brasileiro - veio a Porto Alegre e aqui foi muito festejada pelos integrantes do movimento tradicionalista gaúcho, entre eles Paixão Cortes e Barbosa Lessa. Inezita, então com 31 anos (em março de 2014 ela fará 89 anos) cantou, brincou e se divertiu, hospedando-se na casa de Paixão Cortes. No final, ela ganhou um vaso nativo gaúcho para levar de presente para São Paulo, a sua terra natal e onde hoje apresenta o programa Viola Minha Viola, na Televisão Educativa. Ela, por sinal, foi até capa da Revista do Globo de 5 de maio de 1956, reproduzida acima.
terça-feira, janeiro 14, 2014
Hoje,em 1957, morria Humphrey Bogart
No dia 14 de maio, noticiou a Revista do Globo, publicação quinzenal da editora Globo, de Porto Alegre, morria o ator Humphrey Bogart, vítima de câncer do pulmão. Fumante inveterado, grande talento e grande bebedor, um dos atores mais charmosos (ele não era bonito) do cinema deixava viúva a bela Lauren Bacall. Vale a pena o registro do fato, que encontrei por acaso justamente no dia de hoje - 14, terça-feira.
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