quarta-feira, junho 11, 2014

Na hora de "ir aos pés", a grande vingança canina

Com o isolamento e a solidão das grandes cidades, entre as quais talvez se inclua Porto Alegre, muita gente que mora em apartamentos resolveu adotar um cachorro para suprir suas carências emocionais e canalizar seu afeto - incluindo aí os jovens que não têm namorados ou namoradas, os que têm espinhas, os tímidos, os velhinhos e velhinhas em fim de carreira, os neuróticos e os dominadores, entre outros. 
No meu (que não é meu, é deles) condomínio, um conjunto de oito prédios construídos durante a ditadura militar, caracterizados pela uniformidade triste, pela solidez gelada das grossas paredes e pelo absoluto mau gosto estético (os arquitetos da ditadura eram stalinistas), há quase tantos cachorros quanto existe de gente humana. Não é exagero, é a mais pura verdade.
Assim, todo início de manhã e final de tarde, principalmente, homens e mulheres, alguns insuspeitos, levam, na batuta da coleira, seus exemplares das mais diferentes raças para se exercitar, tomar sol, farejar a bunda de outros semelhantes da sua espécie e, claro, defecar nas calçadas. A união dos seres racionais com os seus fiéis vassalos.
Recordo que, até um certo tempo atrás, as calçadas eram cloacas desses bichanos, e a gente tinha que desviar os coliformes a cada passo, o que nem sempre era possível. Porém de uns tempos para cá, com tanta "conscientização", com tantas campanhas e cobranças, com o politicamente correto etecétera e tal, os proprietários de cães passaram a levar consigo, nesses passeios caninos em volta dos prédios, uma pazinha para recolher a merda dos seus animais de estimação. Parece que os cães de apartamento, tipos melancólicos, deprimidos e calados (não são nem de latir muito) gostam mesmo é de ir aos pés nas ruas e calçadas.
Tenho observado, divertido, tal fato, que chamo do momento de vingança ou superioridade dos quadrúpedes sobre a espécie humana bípede que os domesticou e os dominou em troca de casa, comida e, às vezes, assistência médica. 
Isso, o que chamo de vingança (é fantasia minha, eu sei), se reflete naquele momento em que o cachorro se empina todo e "vai aos pés" em um canto de calçada, sem nenhum dos pudores dos seres humanos. os bichos ficam sérios e imponentes, enquanto seus donos esperam o fim da operação intestinal com uma pá nas mãos - pá esta utilizada para recolher os dejetos em um vasilhame, quase sempre um saco plástico, o qual será lançado fora não sei aonde.
Tenho visto tanto a cena que jurei nunca ter um cachorro de estimação em apartamento - exatamente para não ter que fazer isso. Na verdade acho o espetáculo tão embaraçador e de certa maneira patético - um homem silencioso recolhendo a merda de seu vira-latas - que jamais, em hipótese nenhuma, me disporia a tanto. 
É claro que já fiz coisas piores, bem piores, e até mais patéticas e vergonhosas, porém fazer isso, recolher cocô de cachorro em público, como um hábito civilizado, é demais para a minha pobre alma. Ademais, também acho que bicho em apartamento acaba como esses aí aos quais me refiro, seres tristes que têm no prazer de defecar (para que seu dono junto seu estrume) a sua vingança pela falta de liberdade que todos os animais deveria ter. Ovelha não é para mato, cachorro não é para apartamento, e tenho dito. (V.M.)

segunda-feira, junho 09, 2014

Morreu na selva do asfalto, igual um bicho rastejante

Nesse drama do fotógrafo Luis Cláudio Marigo, que morreu em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio, sem socorro, infartado, agonizando, uma vez que os funcionários, enfermeiros e médicos  da instituição não fizeram caso da sua vida (estavam em greve por melhores salários) me meio a imagem da contradição das duas selvas - a propriamente dita e a selva urbana.
Vejam como é a coisa: a vítima, que se aventurava havia décadas pelas matas, rios e selvas atrás de belas imagens de animais muitas vezes perigosos e que poderiam ter lhe matado em várias ocasiões,  perdeu a vida não ali, no mato, na selva natural, em meio aos desafios e obstáculos da Mãe Natureza. Foi morrer - que triste, meu irmão - na outra selva maior, mais fria e mais nojenta, bem mais terrível e letal, a selva urbana das grandes cidades, na qual prolifera, em absurda quantidade, não os animais selvagens e irracionais e sim o bicho homem racional que não vale uma dose de sal. Me chamem de sentimental, mas é isso aí, em palavras, o que penso e sinto a respeito.
O fotógrafo (naturalmente eu não o conhecia e nem tinha sequer ouvido falar dele antes), que registrou belas imagens da Natureza brasileira, morreu igual um desses bichos que tentam atravessar a rodovia construída pelos homens, uma BR que lhes cortou em dois o velho mundo nativo e os expôs ao risco da morte em questão de segundo. O fotógrafo, esse agonizou muito mais tempo, horas, dizem, e finalmente morreu igual a um lagarto ferido e sem veterinário, uma tartaruga sem água, um quati, um tamanduá, um rato do banhado, um boi ofegante. 
Me veio essa imagem ao ver aquela cena terrível da selva urbana, de um ser humano abandonado, caído ao chão, condenado a morrer pelo desleixo criminoso dos que trabalham na área da saúde e que certamente julgam tal morte apenas mais um caso do qual lavam as mãos. Era para acontecer, acontecer. A culpa é dos patrões, não é mesmo? 
Não morreu no mato, esse Marigo, fotógrafo dos animais selvagens  - morreu na selva do asfalto, entre os racionais e os bípedes não emplumados, pior do que um bicho, quase como se fosse um nada. (V.M.)

Conhecer, a enciclopédia que marcou época

Como é bom reencontrar coisas do passado que nos marcaram, como foi o caso da Enciclopédia Conhecer, editada nos anos sessenta pela Abril. Primorosamente ilustrada e colorida, com uma excelente diagramação, informações certas e revisadas (tentei, mas nunca conseguiu achar uma informação errada), a Conhecer marcou época e foi, em grande parte, responsável por eu não ser um total ignorante: ainda hoje - quando não leio mais livros de ficção - gosto imensamente de ler enciclopédias. Conhecer misturava exatidão com um texto gostoso, informativo e acessível - sem concessões - a leitores de todos os níveis. Um grande mérito. A Abril comprou os direitos, se não me engano, de uma editora da Itália. Excelentemente distribuída, era vendida em toda parte, em pequenas livrarias e em bancas de revista.
Encontrei, por acaso, a Conhecer em uma estante da biblioteca da PUC, aquele conjunto moderníssimo que é visitado até mesmo por estrangeiros, que se espantam de haver algo assim, modernoso e eficiente, em território brasileiro.
Mas a querida Conhecer estava lá e viajei nela, lendo coisas que lembraram a minha infância em postos indígenas da hinterland gaúcha e paranaense, um tempo em que se usava o rádio-amador para se comunicar e que a gente - mesmo os meninos - ouvia as emissoras de ondas curtas que transmitiam da Europa (BBC, dóitchevele, rádio Canadá, rádio Japão) para o Brasil - uma hora diária. Uma carta, enviada para Londres ou qualquer outra capital européia, levava uns dois meses para ter resposta: como seguia de navio, ao ser colocada na caixa postal da minúscula agência de Correios da cidadezinha, a 15 quilômetros da área indígena, despertava uma emoção que nenhum e-mail do mundo jamais despertará. (V.M.)
Nani, em A Charge Online.


Hoje Michael Fox faz 53 anos, Natalie Portman faz 33 e Nico Nicolaiewsky faria 57.

sábado, junho 07, 2014

Os sacripantas e os apedeutas de supermercado

Hoje, sábado, é dia de supermercado, para muitos. Não no meu caso, já que compro aos pucos, em conta-gotas.
O super das minhas compras é realmente grande e civilizado e pertence a uma famosa rede gaúcha que até já chegou a outros Estados - rede de bons produtos, mas careira, e não faz questão de esconder isso. 
O "meu" (a Nasa e a Taurus também são minhas...) supermercado é bom (nunca encontrei produtos vencidos de sequer um dia, embora procurasse com insistência em dia de forte irritação), mas frequentar tais locais está, cada vez mais, se tornando irritante a ponto deste escriba mandar o seu lacaio - se o tivesse - fazer as compras em seu lugar.
O que irrita, no caso, são os demais consumidores, gente que não é propriamente de baixo nível social e talvez nem cultural - ignorância, como se sabe, não respeita tais faixas. 
Digo isto pois essa gente sofrível, homens e mulheres, novos e velhos, brancos, negros e áureo-cerúleos, braquicéfalos e dolicocéfalos, simplesmente não respeita quem está passando no caixa à sua frente, depositando todos os produtos que irá comprar junto aos do que está pagando e gerando a maior confusão a todos.
A cena é a seguinte: você está ali, com seu carrinho ou cestinha, observando a moça do caixa registrar os itens comprados, quando, colando junto, chega um homem ou uma mulher e vai, na maior sem-cerimônia, depositando os produtos deles junto aos seus, sem pedir licença nem nada, como se voc~es dois fossem irmãos siameses. E a moça do caixa, na sua compreensível pressa, com a esteira avançando em ritmo de aventura, registra tudo em uma conta só - a sua é a do desconhecido (a). Mesmo desconfiando do valor final da conta, já levei sem querer até um imenso pedaço de queijo para casa por conta disso. 
O revoltante disso é que, quase sempre, tal tipo primitivo não tem necessidade alguma de praticar tal alto, já que suas compras estão acomodadas em um carrinho de rodas, e ele, como todos os demais, não está praticando nenhum esforço cansativo. E no entanto o apedeuta, o sacripanta, faz questão de ir enfiando os bagulhos deles junto ao seu, como se isso adiantasse alguma coisa ou como se fosse uma "questão de honra".
Talvez o leitor deste blog seja também deste tipo de gente. No caso, meus pêsames e meus vômitos: se você é assim, também deve ser aquele outro tipo de fariseu que aperta a buzina do carro a todo momento e que não respeita pedestre algum por julgar que, entronizado em um grande objeto metálico andante, tem direito natural a espezinhar o restante da Humanidade. Ou daqueles que riem alto e, caso leiam alguma coisa que não placas de rua, não devolvem os livros da biblioteca. (V.M)
Nani. A Charge Online.










Hoje aniversariam ou fariam aniversário: Paul Gauguin (1848), Dean Martin (1917-95), Dolores Duran (1930-59), Bellini (1930-2014), Aguinaldo Silva (1944, 70 anos), Prince (1958, 56 anos), Cuca (1963, 51 anos), Carla Marins (1968, 46 anos), Cafu (1970, 44 anos), Flávia Alessandra (1974, 40 anos), Tom Jones (1940, 74 anos). 

sexta-feira, junho 06, 2014

Michael Jackson já morreu mas Elvis vive. Eu acredito.

Com essa história de quem o Michael Jackson está vivo, em alguma parte deste planeta, voltei no tempo e me lembrei da morte do Elvis Presley, em 1977. Eu tinha então 16 anos, trabalhava como menor estagiário do Banco do Brasil em uma minúscula, mas rica, cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, cercada metade do ano por lavouras de soja e outra metade por plantações de trigo - e sempre bombardeada por defensivos agrícolas lançados por aviões agrícolas em sua luta contra as pragas naturais. Eu, claro, vivia com terríveis crises de asma, até o dia - muitos anos depois - em que concluí que aquilo se devia tão somente aos venenos que assolavam a cidade, trazido pelos ventos e mandado pelos aviões em vôos rasantes. Nos anos setenta se fazia dessas coisas. Melhoramos um pouco. E felizmente hoje não tenho mais asma.
Pois, um belo e triste dia, deu a notícia que Elvis tinha morrido, e foi um choque geral. Naquele tempo, nas emissoras de tevê (na nossa cidade só se pegava bem a TV Gaúcha, da Globo, e, com sorte, o Canal 10, hoje Bandeirantes), exibia-se os filmes do rei do rock, geralmente feitos no Havaí e nos tais "paraísos tropicais". Filmezinhos ingênuos mas que deixaram saudades - a ingenuidade sempre deixa saudades - que nós assistíamos com devoção e prazer.
Lembro que escrevi então um artigo - o primeiro que publiquei impresso em um "jornal" - para o semanário local, falando da morte do Elvis, da sua importância, e bla-bla-blá.... Coisas de guri, mas saiu publicado e até que não estava inteiramente mal escrito. Elvis, este sim, estava gordo, balofo, inchado, e usava uns óculos escuros enormes - a imagens da decadência, embora ele ainda teimasse em manter a pose.
O funeral do cara foi apoteótico, na sua mansão em Memphis, porém logo todos notaram que o Rei do Rock estava indo para debaixo da terra com o caixão lacrado, sem que mostrasse o rosto - algo muito suspeito. Disseram depois que era um desejo dele. De qualquer maneira, fosse pelo que fosse, logo surgiu em muitos - tipo esses que falam no Michael Jackson bem vivo por aí, engando a todos - a suspeita de que a morte fosse forjada pelo próprio, que Elvis estivesse vivo e houvesse se mandado para, digamos, a Argentina, a gelada e siberiana Patagônia - lá onde muitos afirmam que Hitler, que também não teria morrido no final da Guerra, como consta nos livros, se refugiou com Eva Braun, protegido por Perón, a quem comprou a peso de muito ouro alemão.
No caso do roqueiro e baladeiro norte-americano, surgiu daí, acredito, a expressão "Elvis vive", "Elvis não morreu", de duplo sentido. Os defensores de tal tese explicavam as suas insólitas, mas não totalmente impossíveis, conjecturas: o ídolo, de 42 anos (um velho para o menino de 16 que eu era), não aguentava mais aquele tipo de vida, todo o artificialismo, afetação, falsidades, traições e a bajulação que o cercavam há décadas, e preferiu sair fora e viver anonimamente junto da Natureza etc. etc.
Acho hoje que Elvis morreu mesmo em agosto de 1977. Acho, não tenho certeza. Mas, às vezes, gosto de pensar que a tese de que ele não morreu, que quis abandonar aquela vida e existir anonimamente pelo resto dos seus dias, junto da Natureza, curtindo a sua própria essência, longe das veleidades e vilanias do mundo e da vida, faz sentido sim. Já imaginaram, Elvis, que hoje, se vivo, teria talvez mais de oitenta anos, sendo capaz de fazer tal coisa, de nos surpreender, de nos enganar? Se isso aconteceu de fato (não riam), que estupenda mostra de que a espécie humana pode nos surpreender favoravelmente e se revelar realmente digna e humana.
Quanto a Michael Jackson, era de um barro bem mais ordinário e doentio e certamente está lá no fundo da terra, com certeza.  Mas Elvis, esse vive, talvez na Argentina... (Vitor Minas)





Hoje, em 1875, nasceu o escritor Thomas Mann. E hoje Maysa Matarazzo farua 78 anos, Fábio Barreto faz 57, Heloisa Helena faz 52 e Yasmin Brunet completa 26. E no dia de hoje, em Los Angeles, foi assassinado o político norte-americano Robert Kennedy, em 1968.
S. Salvador, O Estado de Minas. A Charge Online.

quinta-feira, junho 05, 2014

Escolas abertas aos domingos, uma solução fácil e possível

Sempre me tocou a falta de opções de lazer, sejam culturais ou esportivas, nas vilas e nas periferias pobres de Porto Alegre e outras grandes cidades, onde falta quase tudo e sobra violência e medo de se sair às ruas. 
Anos atrás, em um jornal de bairro, fui conferir uma coisa que me alentou e até entusiasmou e que mostrou que há solução para determinadas questões, como esta da falta de espaços de lazer para quem não tem dinheiro para procurá-lo em outros locais. Fui convidado, não lembro bem por quem, a fazer uma matéria sobre as tais "Escolas Abertas" (não recordo se o nome era este mesmo) que funcionavam aos domingos, acessíveis a toda a comunidade vizinha, incluindo uma série de atividades programadas, sem contar biblioteca e outras estruturas já existentes.
Fui em três destes colégios que abriam aos domingos e encontrei dezenas de pessoas, a maioria jovens, entretidos com atividades que, de outro modo, não teriam como fazer. Esse pessoal, antes condenado a ficar em casa, vendo programas de tevê de péssima qualidade, a aguentar a briga dos pais, o porre do pai bêbado, o amargor da mãe neurótica, ou a zanzar tediosamente pelas ruas, remoendo seus ódios e frustrações, chutando latas e tampinhas, ou mesmo tentado a beber e a consumir drogas, estava lá, firme e sereno, praticando atividades físicas, jogando partidas de xadrez, de pingue-pongue, de pebolim, ou então lendo livros, enciclopédias e revistas na biblioteca do colégio.
Eram, na grande maioria, todos garotos e garotas, a maioria os tais pardos, mulatos e negros que fala-se hoje, gente pobre, previamente sentenciada a uma vida sem horizontes, chata e sem possibilidades de crescimento. Mas, de repente, o domingo - o dia mais chato para quem não tem dinheiro e nem companhia - se tornava um dia de lazer e aperfeiçoamento, um dia preenchido com coisas boas e construtivas.
Aquilo me tocou e mudou alguns conceitos que eu tinha, inclusive sobre vida comunitária.
Não sei se as tais Escolas Abertas - uma coisa tão simples, tão fácil e simpática de se fazer - continuam a funcionar, pois na nossa pátria guarani tudo muda ao sabor dos novos governantes, os quais geralmente desfazem tudo o que o anterior fez de bom. Mas eu gostaria de acreditar que sim, que os domingos continuam a ser úteis para essa gente carente (e que nós mesmo discriminamos) das vilas de Porto Alegre. (V.M.)

Todo mundo critica as leis e ninguém mais fala em Lei Fleury

As intermináveis discussões sobre a violência no Brasil, a forma de combatê-la, as leis a serem adotadas e aplicadas, a diminuição da idade penal etc etc, mostram que, mais do que não fazer nada de efetivo nessa área, como sempre tudo é mera discussão semântica e tudo é patético e até asqueroso. A leniência e a brandura das leis são sempre apontadas como causas da impunidade - e são mesmo. 
O curioso é que aqueles que defendem inclusive a pena de morte institucional e legal aplicada pelo Estado (pergunto: qual juiz brasileiro teria peito de condenar alguém à pena de morte? Na semana seguinte matariam ele, a família, o cachorro, o papagaio e os peixinhos do aquário), inclusive insignes juristas e até alguns deputados, e que criticam a frouxidão permissiva dessas leis atuais, nunca lembram que isso tudo começou durante o regime militar, para proteger o maior nome da repressão às organizações de esquerda, o policial e integrante do Esquadrão da Morte Sérgio paranhos Fleury, morto em 1979 - morto não, assassinado no litoral paulista.
Foi em 1973, para proteger Fleury das acusações de homicídios de marginais praticados no seu tempo de Esquadrão, - ele iria em cana por insistência do Hélio Bicudo - que o então general-presidente Emílio Garrastazu Médici inventou e sancionou a lei do réu primário, aquela que diz que o sujeito, se for réu primário, não tiver condenação anterior,  tiver "endereço fixo", responderá pelos seus crimes em liberdade e não trancafiado no xadrez. Era a forma de salvar o couro do bambambã da repressão.
Por que então, depois disso, com os militares saindo de cena na política, os civis não revogaram essa lei, seguindo o exemplo das práticas de países ditos civilizados? É, isso ninguém diz. Aliás, ao contrário de um tempo atrás, nem se usa mais a expressão Lei Fleury, tão conveniente ela foi e é para muitos. Nesse caso eles, os que se beneficiam, deveriam acender uma vela para o Médici e outra para o Fleury. (V.M.) 
Fausto, Olho Vivo. A Charge Online.






Hoje, em 1898, nasceu o poeta Federico Garcia Lorca e, em 1878, o revolucionário mexicano Pancho Villa. E hoje a apresentadora e jornalista Sandra Annenberg faz 46 anos, Wanderléia faz 68, Maurício Sirotsky Sobrinho faria 89, Erasmo Carlos faz 73 e Zuzu Angel faria 93.

quarta-feira, junho 04, 2014

Quem tem os direitos de imagem da estátua do Laçador?

Acabo de ler que a Arquidiocese do Rio de Janeiro anuncia publicamente que irá tomar as "medidas legais cabíveis" contra uma empresa portuguesa que usou a imagem do Cristo redentor, o monumento, em uma peça publicitária: o monumento de braços aberto é retratado com a camisa de tal empresa lusitana do ramo de apostas. O Cristo que é o símbolo do Rio de Janeiro e um dos símbolos do próprio Brasil.
Achei deveras interessante o conteúdo da notícia, o qual mostra cabalmente em que mundo vivemos: um mundo onde tudo é licenciado e apropriado - não somente a palavra "pagode" engolida pela Fifa - como até o monumento do Cristo Redentor que, salvo engano, foi declarado um dos patrimônios visuais da Humanidade ou coisa assim, em escolha oficial ou quase isso. 
Ingenuamente, até agora eu pensava que aquilo lá era patrimônio da humanidade, símbolo do Rio ("estranho o teu Cristo, Rio/sempre de braços abertos/ mas sem proteger ninguém"), uma coisa semelhante às cataratas do Iguaçu, aos pinheiros do Paraná e à estátua do Laçador, aqui em Porto Alegre. Pois me enganei, a Arquidiocese da igreja católica não perdeu a oportunidade e registrou - e parece que faz tempo - os direitos de imagem do Cristo como seu. Ou seja, tem que pedir autorização a ela para qualquer uso, inclusive pagando por isso.
Que estranho, não? Depois de saber de tal fato fiquei curioso em procurar saber se alguém, aqui no valeroso Estado gaúcho, é detentor dos direitos de imagem do Laçador, lá perto do aeroporto. Ou do por-do-sol do Guaíba. Sim, porque do jeito que as coisas vão logo vamos ter que pagar direito de imagem para a igreja católica caso usemos a foto de uma igreja qualquer em algum site ou blog. (Vitor Minas)

A ruivice está na moda dos publicitários

São os modismos do meio publicitário, uma coisa que não se explica direito e nem se sabe de onde se origina afinal - é algo talvez ditado pela etérea e eterna vaidade ou por quem é o bambambã do ramo e tem seus seguidores - ou mesmo pela necessidade de colocar coisa nova na telinha. Pois agora, todos podem notar, a qualquer momento, em qualquer publicidade de televisão, a moda predominante são as ruivas e os ruivos, tipos aliás pouco encontradiços no País do faz de conta. Pouco importa: é exótico para o Brasil tropical. Tem, por exemplo, aquele rapaz da operadora de telefonia, tem ruiva fazendo propaganda de chinelo com o Romário, anunciando sandália, sardinha, cerveja, maionese etc. Desse jeito até parece que temos um grande contingente de descendentes de irlandeses e galeses em nossa terra, aquele tipo que nunca bronzeia e nunca pode ir à praia para não se expor ao sol. Qualquer hora vão contratar aquele princepezinho inglês, o tal Harry, para estrelas propagandas de cachaça 51. 
A propósito, lembram daquele menino ruivo e sardento que nunca crescia e que o Sílvio Santos adorava, lá nos anos setenta, o Ferrugem? Por onde será que anda?  (V.M.)
Duke, em Super Notícia, MG. A Charge Online.





Hoje Ítala Nandi faz 72 anos, Antonio Ermirio de Moraes faz 86, Adib Jatene faz 85, Angelina Jolie faz 39, Hugo Carvana faz 77 e Fernanda Paes Leme faz 31.

terça-feira, junho 03, 2014

É por isso que não me ufano do nosso Rio Grande

O Rio Grande do Sul tem o pior trânsito e os piores motoristas do Brasil, país que, por sua vez, já é um lixo nesta área, fazendo com que os povos civilizados se curvem, horrorizados e petrificados, à nossa ignorância maldosa e à falta de apreço pela vida dos outros que parece uma característica dos centauros dos pampas urbanos. Por essas e outras é que eu não me ufano do nosso Rio Grande. Não mesmo.
Porto Alegre sempre foi a pior das capitais tupiniquins e guaranis no quesito trânsito, e isto vem de priscas eras, conforme se vê nos jornais antigos - e eu pesquiso um bocado nesta área. 
Mas, em meio à barbárie e à selvageria gaúcha e, sobretudo, porto-alegrense (ah, a nossa cultura européia!...), há um tipo ainda mais desprezível, boçal e nocivo - o nosso motoqueiro, especialmente aquele que faz entregas, o chamado moto-boy. Este merece um capítulo especial, tanta as vilanias que pratica pelas ruas, avenidas e até calçadas desta infeliz e mui desleal cidade farrapa - cada vez mais farrapa. 
Já fui quase atropelado e morto por tais espécimes nos últimos meses, e a culpa não era minha - poderia até ser, mas não era. Fui quase assassinado e ainda por cima ofendido como um figurante de novela da Globo. Em uma das vezes este incauto estava, no seu justo direito, atravessando uma faixa de pedestres, com o sinal fechado para os veículos, quando, faltando dois metros para se alcançar a calçada, o semáforo deu sinal verde para os objetos metálicos motorizados seguirem em frente. Estes, claro, pilotados por ogros pré-homéricos, tocaram por cima, com prazer e volúpia,  avançando celeremente tais como avançavam as hordas de Átila e seus sujos guerreiros hunos - ou seriam vândalos. Sim, porque aqui, se abre o sinal para os carros e demais tílburis automotores e fecha para o pedestre, quando este último está no meio da travessia tem tão somente duas alternativas: ou corre, igual um coelho assustado e perseguido pelo caçador, em uma humilhante e rastejante atitude de verme lutando pela sobrevivência, ou então tenta fazer valer seus direitos e segue - e é atropelado, virando uma espécie de patê moribundo gelatinoso no meio do asfalto sólido.
Pois falei que os motoqueiros de Porto Alegre são desprezíveis, e não retiro o que disse, até porque tais primitivos indivíduos, em sua grande maioria, são mesmo inclassificáveis e deveriam, no meu modesto ponto de vista, merecer a bíblica pena de quarenta chibatadas a cada infração que praticam. Morreriam todos, obviamente, tanta a laceração de suas carnes. 
A bem da verdade, não é difícil definir o motorista de uma moto em Porto Alegre: é um sujeito geralmente jovem, muito jovem até, que se julga acima das leis de trânsito e que procura sempre uma brecha por onde seguir, não importa as consequências do seu ato.  Muitos deles morrem nesta prática - e nem sei de devemos lamentar o fato. Outros ficam estropiados e padecem em agoniantes leitos de hospital. Outros ainda saem dos nosocômios com dezenas de pinos de titânio, e levam anos para tentar uma recuperação motora que geralmente não conseguem. O certo é que, a despeito disso tudo - e eles parecem não se importar nem com suas próprias vidas - os motoqueiros estão aí, infernais, nocivos, impunes, desprezíveis e sempre dispostos a praticar suas irresponsabilidades. Certamente, per si, formarão um espetáculo dantesco à disposição dos pobre turistas estrangeiros que aqui aportarem para assistir aos quatro jogos da Copa do Mundo que se aproxima. E, mais uma vez, digo e repito: é por isso que não me ufano deste ingrato e decadente Estado. (V.M)
Nef, em Jornal de Brasília. A Charge Online.






Hoje João Saldanha faria 97 anos, Tony Curtiss faria 89, Allen Ginsberg faria 88, Marion Zimmer Bradbury faria 84. E hoje Antonio Pitanga festeja 76, Renato Marsiglia faz 53 e Rafael nadal faz 28;