sábado, julho 04, 2015

Margot Fonteyn em Porto Alegre: agosto de 1975

No próximo mês de agosto a capital dos gaúchos terá uma data a ser lembrada - os 40 anos em que a expressão máxima do balé mundial esteve aqui. Embora já contasse com mais de 50 anos de idade, Margot Fontein esteve em Porto Alegre, onde, aliás, foi agraciada com o título de cidadã porto-alegrense. Com fortes raízes brasileiras, Fontein - a maior bailarina do mundo - aproveitou a estadia na cidade sorriso para conhecer Imbituba, na vizinha Santa Catarina, berço de fortes recordações. (CP, Arquivo  Histórico de Porto Alegre)


quinta-feira, julho 02, 2015

Stan Getz, em única apresentação em Porto Alegre: 1976.


Porto Alegre sempre foi - depois do Rio e São Paulo - a capital brasileira que mais atraiu artistas do exterior, grandes nomes da música, especialmente, que vinham aqui cantar para um público acostumado com bons espetáculos havia décadas. Em 1976 quem esteve na capital gaúcha foi um dos maiores e mais conhecidos nomes do jazz - Stan Getz, cujos vínculos com o Brasil eram sobejamente conhecidos desde a época da Bossa Nova e dos discos que gravou com Jobim e João Gilberto. Ele se apresentou no salão da Reitoria da Universidade Federal, em uma única apresentação. Quem assistiu tal show deve estar hoje na faixa dos cinquenta e tantos ou sessenta anos.

quarta-feira, julho 01, 2015

O tal de Zeca, a Globo e o sertanejo acidentado

O fato desse apresentador chamado Zeca Camargo ter se revoltado com a cobertura e o auê feitos em torno desse músico sertanejo  que morreu em um recente acidente de carro me espanta um pouco, até porque acho que ele se esqueceu que a sua própria emissora, a Globo, é quem foi a maior estimuladora do fenômeno que transformou um quase desconhecido cantor de gosto duvidoso em um Frank Sinatra brasileiro, um Nelson Gonçalves do século vinte e um. Afinal, foi a Globo que prontamente cancelou um filme da sua tradicional sessão da tarde para dar "flashes" do acontecimento, com repórteres e apresentadores de plantão permanente no ar, algo que, sinceramente, não me lembro de ter acontecido faz tempo. As outras emissoras fizeram o mesmo, ou talvez até pior. Acho que a Globo está certa, por coerência, em dar um puxão de orelha no rapaz (não tão rapaz assim, já tem mais de 50), que esqueceu que não se deve falar mal do patrão que lhe dá emprego, ainda por cima usando o veículo de comunicação do próprio patrão. Se ele não está satisfeito com as coisas que a globo faz, que funde a sua própria emissora de tevê, o seu jornal, revista, sei lá o quê, ou cale-se para sempre. Onde se viu falar em "indigência cultural brasileira", quando a indigência, na verdade, é da mídia brasileira, sendo que todas as redes estão descendo ladeira abaixo com uma velocidade supersônica, e sem exibir nenhum pudor ou sentimento de culpa por isso.  (Vitor Minas) 

O "angustiante flagelo das enchentes" aterroriza Porto Alegre novamente: 1937.

Há muitos anos que Porto Alegre não sabe o que é uma enchente, de fato. O Guaíba, domesticado e praticamente isolado da cidade, já não mete medo e é mais conhecido por sua beleza de por do sol e pela sujeira das suas águas. Mas o que nem todos sabem é que, até a primeira metade deste século, a capital dos gaúchos era uma das cidades mais problemáticas no tocante às inundações em todo o mundo. Um problema tão sério que parecia não haver solução. A grande enchente de 1941, a maior de todas, colocou mais de 2 metros de lençol de água no centro de Porto Alegre e paralisou a cidade por semanas, gerando um prejuízo incalculável. Mas, antes deles, inúmeras outras cheias geraram destruição e desespero entre a população porto-alegrense, como as de 1928 e 1936. Praticamente todos os anos, no período de inverno e no início da primavera, a cidade se via às voltas com tal flagelo. Não foi diferente em 1937, quando - no mês de agosto - o leito do Guaíba subiu novamente inundou grandes áreas da capital, como se vê nesta página do jornal Correio do Povo. A propósito: neste blog há uma matéria do autor a respeito da enchente de 1941, que pode ser acessada digitando a frase "enchente de 1941".

segunda-feira, junho 29, 2015

No tempo do Estado Nolvo de Getúlio Vargas os esportes - sobretudo o atletismo - eram bastante estimulados e os vencedores recebiam homenagens públicas. Em 1950, quando Porto Alegre talvez não tivesse 400 mil habitantes, o CP publicou matéria com a relação dos melhores atletas de 1949. Estão lá nomes de famílias conhecidas e tradicionais, especialmente as de origem alemã, como os Gerdau, por exemplo.

domingo, junho 28, 2015

No tempo dos orelhões e do divórcio: 1975.

É, o tempo passou mesmo. No tempo em que este blogueiro tinha apenas 14 anos e morava no interior, as preocupações maiores diziam respeito a coisas hoje plenamente resolvidas: a legalização do divórcio (só existia o desquite) e o problema dos agricultores envenenados com agrotóxicos - que frequentemente morriam ou sofriam graves sequelas físicas e psicológicas. Também a telefonia era, por assim dizer, jurássica, tanto que a inauguração festiva de um telefone público tornava-se objeto de matéria jornalística, como vemos nesta publicações do Correio do Povo. Movidos a ficha, os orelhões geralmente funcionavam mal ou estavam depredados. Nada parecido com os dias de hoje, quando até carroceiro tem aparelho celular e pode falar com quem bem quiser. 

quarta-feira, junho 24, 2015

Santa Maria, no tempo em que era a "capital ferroviária"

Santa Maria sempre foi um dos mais importantes municípios gaúchos. Estrategicamente localizada, bem no meio do Estado, é considerada o "coração do Rio Grande do Sul". Porém no passado, antes de ser conhecida por ser uma cidade universitária, e também antes da grande tragédia da boate Kiss, SM era muito lembrada por ser o principal entroncamento ferroviário gaúcho, ponto por onde passavam todos os comboios ferroviários. Em 1947 esta era a visão do centro de Santa Maria, conforme publicou o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, em um "clichê" que pouco tem a ver com os dias presentes em que a zona urbana da antiga capital ferroviária soma quase 300 mil habitantes.

terça-feira, junho 23, 2015

Grêmio campeão de 1949 excursiona pela América Central e volta cheio de glórias


Em 1949 ainda havia o campeonato metropolitano de futebol, título que era também valorizado por todos os clubes participantes, em uma época em que o campeonato gaúcho - devido às dificuldades de deslocamento - era disputado por regiões. Aquele ano foi particularmente feliz para o Grêmio, que sagrou-se campeão em cima justamente do seu maior rival, o Inter. Também foi o ano em que o tricolor realizou a sua primeira grande excursão internacional, disputando jogos contra selecionados da América Central. Mesmo apanhando muito, e sendo intimidados, os jogadores gremistas voltaram invictos, com importantes vitórias, sendo entusiasticamente recebidos pela população de Porto Alegre. Reprodução do Correio do Povo

sexta-feira, junho 19, 2015

Porto Alegre entregue à violência e ao crime: há 40 anos


Quem viveu em Porto Alegre nos anos setenta (ou seja, 40 anos atrás) sabe que a cidade estava longe de ser a ilha de tranquilidade que muitos apregoam ter sido, hoje. Os assaltos, já naquela época, aconteciam em grande número, e a população sentia-se insegura. Claro que não havia, da parte dos criminosos, a crueldade e a vontade de matar que hoje exibem, mas a roubalheira e a  violência eram expressivas, e ir ao centro exigia uma boa dose de cautela e olhos abertos. Assim como hoje, os moradores se queixavam da falta de policiamento e do baixo efetivo da Brigada Militar - e isso que o regime de governo de então era o militarismo, bem mais rigoroso do que o sistema atual - tanto que ainda havia prisões por "vagabundagem" (quem não portasse carteira de trabalho assinada poderia ir para o xilindró, sem mais nem menos). Acima, reproduções do Correio do Povo.

segunda-feira, junho 15, 2015

Discos voadores nos céus do Rio Grande do Sul, na década de 50



A década de 50 foi pródiga em avistamentos, reais ou imaginários, de objetos voadores não identificados em todo o mundo. O Brasil não era uma exceção, e o Rio Grande do Sul muito menos. Discos voadores teriam sido vistos nos céus de Porto Alegre e em muitas outras partes do Estado, o que sempre rendia matérias nos jornais da época, como se vê nestas notas do Correio do Povo do final do ano de 1954. Se houve "abdução" - como alegam os participantes do encontro dos abduzidos que aconteceu neste final de semana na capital gaúcha - ninguém sabe dizer.

domingo, junho 14, 2015

Café lidera a lista das exportações brasileiras em 1940

É, os tempos mudaram mesmo, e o Brasil evoluiu também economicamente, como vemos nesta reprodução do jornal Correio do Povo, de 1941. O artigo fala das exportações brasileiras, que deram um grande salto com a Segunda Guerra Mundial. Note-se que o País era essencialmente uma nação agrária, de produtos primários, já que na lista das principais exportações não aparece nenhum dos industrializados. O café, como sempre. lidera a lista, seguido por algodão e carnes.

sexta-feira, junho 12, 2015

Mulheres passam a trabalhar como garis: avanço da "emancipação feminina": 1975.

O ano de 1975 - ou seja, há exatamente quatro décadas - foi declarado pela ONU como "o ano da mulher", e muitos eventos marcaram aqueles dias em que o "belo sexo" já conquistava importantes avanços em todas as áreas, mas nada comparável com o que se verifica hoje. Em um tempo em que ainda se usava cabelos compridos e se trajava calças boca-de-sino e o Brasil vivia o regime de exceção, alguns prefeitos resolveram "ousar", contratando - vejam só - mulheres para o serviço de limpeza das ruas. O fato de, pela primeira vez, haver garis do sexo feminino virou notícia em todos os jornais, atestando a "emancipação" da mulher brasileira... Como se vê, outros tempos.Reprodução do CP.

quinta-feira, junho 11, 2015

Galos lutam "chapados" no tempo das rinhas

Houve uma época em que as brigas de galo, as rinhas, não só eram permitidas como se constituíam em um dos espetáculos preferidos da população gaúcha. Hoje consideradas ilegais, sujeitas à prisão em flagrante de quem lá estiver, as rinhas tinham nos "galistas" os profissionais especializados que criavam os galos, os selecionavam para as lutas e, não raras vezes, usavam de artifícios para que seus bichos se dessem bem na arena de combate, como se vê nesta matéria do Correio do Povo de 1975, em que um criador bastante inventivo "chapava"seus animais com maconha para que, alucinados, lutassem ainda com maior ferocidade. V.M.

quarta-feira, junho 10, 2015

Festival de cinema de Gramado em 1976: futilidades e discussão da profissão de ator.


Há décadas o Festival de Cinema de Gramado, então em sua quarta edição, ainda durante o regime militarl, acontecia no mês de janeiro, nesta cidade da Serra gaúcha cujos principais encantos se revelam justamente no inverno. O quarto festival foi um dos mais badalados e comprovava que, decididamente, o evento se consolidava como o principal em seu gênero no País. No Hotel Serrano, com sua disputada piscina, a nata da sétima arte nacional badalava, namorava e dava entrevistas como se fossem astros de uma holiúde tupiniquim. Os homenageados daquele ano foram Grande Otelo e Alberto Cavalcanti, mas a dupla que mais chamou a atenção, pela beleza, foi a modelo e, digamos, atriz Rose di Primo e aquele que era considerado "o homem mais bonito do Brasil", Pedro Aguinaga. Futilidades à parte, o festival daquele ano teve também discussões sérias, como a que envolveu o então ministro do Trabalho, o gaúcho Arnaldo Prieto, que foi lá discutir a regulamentação da profissão de ator - que que, incrivelmente, ainda não existia. 

segunda-feira, junho 08, 2015

Primeiro Campeonato Gaúcho de Surf: fevereiro de 1968, na Praia da Guarita



1968. Esse foi um ano histórico para o surf gaúcho, que organizava o seu primeiro campeonato estadual de um esporte que, como diz a matéria, já estava sendo praticado em muitas partes do mundo e para cuja prática  - esclarecia didaticamente o jornal - "é necessária a presença da onda". Realizado em fevereiro daquele emblemático ano - portanto, há 47 anos - o primeiro campeonato estadual aconteceu na praia da Guarita, em Torres, e contou com a participação daqueles que hoje podem ser considerados os dinossauros de tal esporte, geralmente de famílias abastadas do Rio Grande do Sul. O grande vencedor foi Marco Antonio Silva, então com 26 anos. A promoção era da Companhia Jornalística Caldas Júnior e da Ipiranga. Quem visualizar estas reproduções - hoje muitos devem ser vovôs - certamente sentirá no coração uma deliciosa onda de nostalgia. Dentre eles João Johanpetter, João Streibel e outros cujos nomes estão aí.

Alvorada pede um único telefone para contatar com o mundo: 1966

Se hoje até carroceiro tem telefone celular, capaz de falar com qualquer parte do mundo, a qualquer hora e dia, no passado nem tão remoto a realidade era bem outra. Quem lembra daqueles tempos não sente saudade. Em 1966, por exemplo, o município de Alvorada, coladinho a Porto Alegre, estava sem nenhum - isso mesmo - telefone capaz de contatar com outros cantos do mundo, como se vê nesta matéria do Correio. Eram os tempos da famigerada Companhia Riograndense de Telecomunicações, a CRT, estatal totalmente incapaz de resolver um problema que, nos dias de hoje, os jovens nem imaginam que tenha existido.

Tiroteio no comício dos integralistas: 1937

Na noite de 9 de agosto de 1937 a capital gaúcha assistiu a um forte tiroteio por motivos políticos, quando um popular, talvez simpatizante do comunismo ou do socialismo, atirou contra participantes de um comício da Ação Integralista Brasileira dos "camisas-verdes". de Plínio Salgado Em uma época de forte radicalização política entre direita e esquerda, e quando a guerra civil espanhola matava milhares de pessoas, o Rio Grande do Sul não ficaria imune a tal estado de coisas. O tiroteio aconteceu na avenida Osvaldo Aranha e teve uma vítima fatal, como se vê nesta notícia. Note-se que, a 10 de novembro daquele ano, Getúlio anunciou a ditadura do Estado Novo e, no ano seguinte, os integralistas tentaram um golpe, no qual Vargas quase morreu.

sábado, junho 06, 2015

Um alemão nu na praia de Ipanema: 1941

Nas primeiras décadas do século vinte Porto Alegre era uma cidade com a presença de um grande número de imigrantes, muitos deles recentes e que fugiam ao nazismo e à guerra na Europa. Por sua vez os alemães que haviam emigrado para o Rio Grande do Sul no século anterior dominavam a indústria e o chamado "alto comércio". Em 1941 havia, na capital gaúcha, muitos destes germânicos que para cá vieram, fugindo da situação europeia - eram o que a população local chamava de "neuróticos de guerra", os quais não raro se caracterizavam pelo comportamento exótico e até bizarro, como se vê nesta reprodução do Correio do Povo de abril de 1941: um alemão que passeava nu pela praia de Ipanema, na zona sul porto-alegrense e então muito frequentada no verão. 

sexta-feira, junho 05, 2015

Explosão de mina em quartel mata 12 jovens em Porto Alegre: janeiro de 1953.



Em janeiro de 1953 a população de Porto Alegre emocionou-se com uma inusitada tragédia que matou 12 jovens que serviam no curso de artilharia do CPOR. A explosão de uma mina, durante uma aula de treinamento, no morro
do Menino Deus, matou jovens entre 19 e 22 anos - dez morreram na hora e outros dois no hospital, além de causar ferimentos em muitos outros. Foi um dos maiores e mais tocantes sinistros ocorridos na capital gaúcha em várias décadas, embora pouco seja comentado nos dias de hoje. O fato mereceu páginas do Correio do Povo, conforme se vê nas reproduções acima, da coleção de jornais do Arquivo Histórico de Porto Alegre.

quarta-feira, junho 03, 2015

A China autoriza a entrada da Coca-Cola no país: 1979

Em janeiro de 1979 a China recebia o primeiro carregamento de refrigerantes, justamente de Coca-Cola. Então um país extremamente fechado que fazia os primeiro gestos de abertura econômica, depois da morte de Mao-Tsé-Tung, a "China Vermelha" era um país comunista que impressionava pelo fato de ter mais de 1 bilhão de habitantes. Sábios, os chineses aos poucos se reciclaram, aderiram ao capitalismo e enriqueceram - sem perder o controle político - e hoje são o que são: a segunda economia do mundo, rumo ao primeiro lugar. Nesta matéria, publicada no Correio do Povo, noticiava-se com uma certa surpresa a decisão chinesa de importar o refrigerante que era então considerado o símbolo do capitalismo e do imperialismo norte-americano.

Para Floripa, pela empresa Jaeger: verão de 1941.

No verão de 1941 viajar de ônibus em trajetos de longo curso era uma desconfortável e longa temeridade. os cidadãos geralmente viajavam de trem, de barcos ou mesmo de aviões, preferindo tais meios de transporte às estradas de terra batida, já que não havia nenhuma via asfaltada no Rio Grande do Sul. Nesta propaganda, extraída da Revista do Globo, de Porto Alegre, aparece um anúncio da Empresa Jaeger que partia da Praça Rui Barbosa, no centro, onde então se localizava a estação rodoviária da capital gaúcha, com destino a Araranguá e Florianópolis, "em combinação com as linhas de São Paulo". 
As viagens aconteciam somente duas vezes por semana, embora para o litoral do Estado houvesse linhas diárias - afinal era o mês de janeiro e muitos seguiam para "os banhos de mar". Os ônibus eram pequenos - tais como as lotações de hoje. Note-se ainda que os telefones de Porto Alegre tinham apenas quatro dígitos.

sexta-feira, maio 29, 2015

Chico Buarque no Leopoldina: novembro de 1966.

Desde que foi inaugurado, no início dos anos sessenta, o Teatro Leopoldina sempre foi a melhor e principal casa de espetáculos de Porto Alegre. Nesta reprodução do jornal Correio do Povo de novembro de 1966 vemos o "jovem" cantor Francisco Buarque de Hollanda apresentando-se no Leopoldina. Chico, autor do estrondoso sucesso A Banda, a "música do ano", tinha vinte e poucos anos e vinha para uma única apresentação.

terça-feira, maio 26, 2015

Luis Fernando Veríssimo autografa "As Cobras", em 1975, aos 38 anos

Em setembro do próximo ano o escritor e jornalista Luis Fernando Veríssimo completará 80 anos, uma data significativa e que superará em 10 anos o tempo de vida de seu pai, Érico. Em junho de 1975 o autor de "As Cobras" tinha apenas 38 anos e autografava seu livro do mesmo nome, como sempre com grande sucesso de público. Embora não fosse o nome nacional que hoje é, ele já fazia grande sucesso com suas tiras diárias, suas crônicas e seus comentários espirituosos. Note-se que naquela época o poeta Mário Quintana ainda vivia, assim como o pai de Luis, Érico Veríssimo, falecido no final daquele mesmo ano, em Porto Alegre. A reprodução acima é do jornal Correio do Povo. Veríssimo ainda trabalhava no diário Folha da Manhã, mas já se preparava para voltar ao jornal Zero Hora, de onde não mais sairia.

Getúlio e Ademar de Barros unidos "para reimplantar a jogatina no Brasil"

As eleições de 3 de outubro de 1950 foram das mais acirradas da história do Brasil. Getúlio Vargas, então senador, e que vivia quase recluso em sua fazenda do Itu, no município de Itaqui, despontava como o grande favorito em um pleito no qual fizera aliança com o governador de São Paulo, Ademar de Barros. Os ataques a Vargas se sucediam com uma incrível violência, sobretudo por parte de setores que foram por ele prejudicados ou alijados durante o período da Revolução de 30 e do Estado Novo. Como na Era Getúlio os jogos de azar eram liberados em todo o Brasil - sendo proibidos depois, quando o general Eurico Gaspar Dutra o sucedeu, já pelo voto direto - os inimigos do "velho" mandaram publicar nos principais jornais brasileiros anúncios como este, em que Vargas e Ademar de Barros se unem "para reimplantar a jogatina". A reprodução é do Correio do Povo, de setembro de 1950, coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre.

O eterno problema das enchentes em Porto Alegre

As enchentes do Guaíba sempre foram um dos mais dramáticos problemas para a população de Porto Alegre, que temia as periódicas cheias do rio que hoje é considerado lagoa. Inundações famosas, como a de 1873, a de 1903, a de 1914, a de 1926, a de 1928, a de 1936, seriam superadas pela maior de todas: a grande enchente de 1941, literalmente um divisor de águas na história da capital. A partir daí - e diante do drama humano e dos prejuízos materiais - o governo da União, na época nas mãos dos gaúcho Getúlio vargas, iniciou uma série de obras de contenção que culminaram, décadas mais tarde, como famoso Muro da Mauá, no centro da cidade, contestado por muitos mas aprovado pelos técnicos que estudam o assunto. Em julho de 1937, menos de um ano de uma outra cheia que deixou mais de 50 mil desabrigados em uma cidade de 250 mil habitantes, o Correio do Povo noticiava outra inundação que vitimava a cidade. Atente-se para o título, "Infelicidade que não tem fim", reportando-se o jornal à historicidade do problema. Abaixo, reprodução do Jornal da Manhã, também de Porto Alegre e que durou alguns anos, destacando-se pela bela diagramação e pela cobertura de eventos sociais, música e variedades.
Sobre a enchente de 1941 o autor deste blog, Vitor Minas, tem um trabalho - Águas de Maio, a Grande Enchente de 1941 - e cujo resumo pode ser acessado neste blog e também no Youtube.

No tempo em que a sífilis era um mal terrível e até fatal: 1936

Antes da penicilina e da estreptomicina, a sífilis era um mal terrível que assustava a população, não somente a masculina como também a feminina. Nossos avós e até pais lembram disso muito bem, já que até o final dos anos quarenta, quando se popularizou o uso de antibióticos sintéticos, essa doença sexualmente transmissível deixava graves sequelas e até matava. Nesta propaganda, extraída da Revista do Globo, de Porto Alegre, em maio de 1936, vemos bem o que representava esse terrível mal e as tentativas (todas enganosas e produto da ânsia de vendas por parte dos laboratórios) de combatê-lo. No caso, um laboratório de Pelotas - cidade que se destacava por seu laboratórios e fabricação de medicamentos - anuncia o "triunfo completo sobre a sífilis", doença que ainda hoje preocupa.

sábado, maio 23, 2015

O célebre Bataclan quer um monumento à Princesa Isabel: 1941

A situação dos negros no Brasil melhorou muito nas últimas décadas. Há sete décadas, todavia, o contexto era bem outro, especialmente no Rio Grande do Sul, um dos Estados mais racistas do país. Hoje já não se fala no 13 de maio como a data magna da libertação dos escravos, nem se tece elogios à Princesa Isabel como a "libertadora" - agora se fala em Zumbi dos Palmares. Nesta matéria, de maio de 1941, quando a grande enchente daquele ano mal havia baixado, o célebre Bataclan - um homem negro que se tornou conhecido como um dos primeiros publicistas de Porto Alegre (anunciava produtos com seu vozeirão na Rua da Praia - além de atleta (era corredor de rua), incentivador cultural e defensor de uma vida saudável (era vegetariano) iniciava um movimento para conseguir fundos a fim de construir um monumento à Princesa e que seria localizado na cidade de Curitiba, de onde muitos diziam que tal fascinante e misterioso personagem era natural. O certo é que Bataclan marcou época na capital gaúcha e foi um dos primeiros negros reconhecidos e aceitos pela sociedade porto-alegrense, como se vê nesta matéria do Diário de Notícias, jornal que não mais existe. 

sexta-feira, maio 22, 2015

Casablanca no cinema Vera Cruz, em Porto Alegre.

O cine Vera Cruz era o mais luxuoso de Porto Alegre nos anos quarenta - e o único que contava com ar condicionado. Em 1944, quando a cidade contava com pouco mais de 300 mil habitantes, havia quase trinta cinemas na capital gaúcha, com várias sessões ao dia. Neste anúncio publicado no Correio do Povo vemos o anúncio do filme - hoje um clássico - Casablanca, filmado em 1942. 

terça-feira, maio 19, 2015

No tempo em que a jogatina rolava solta; 1942.

No governo de Getúlio vargas - que era um homem da fronteira, onde a jogatina rola solta - proliferavam cassinos por todo o Brasil, e no Rio Grande do Sul não era diferente. No litoral gaúcho havia cassinos em vários locais, sendo os mais conhecidos os de Tramandaí e Imbé. Neste anúncio do Correio do Povo de fevereiro de 1942, quando o nosso país ainda não havia declarado guerra às forças do eixo, se vê como tais locais eram sofisticados, inclusive com apresentação de tenores. 

sexta-feira, maio 08, 2015

Empregados que "saibam ler e escrever".

Na década de quarenta, quando a metade da população brasileira era analfabeta, saber ler e escrever já era uma coisa boa. Neste anúncio da Carris, empresa que pertence à prefeitura de Porto Alegre, oferece-se uma vaga para condutores de bonde - o sistema de transporte coletivo que caracterizou a capital dos gaúchos até o ano de 1970, quando foi desativada a última linha. Observe-se que a exigência era, pelo menos, saber ler e escrever. O anúncio é do ano de 1944 e foi publicado no Correio do Povo. Coleção do Arquivo Histórico  Municipal Moysés Vellinho.