No início do século XX, Porto Alegre - tão bem servida por águas - concentrava um extraordinário serviço de navegação fluvial, via estuário do Guaíba e os outros rios tributários. Mais de vinte companhias faziam percursos aquáticos, com saídas várias vezes ao dia dos armazéns do cais do porto. As embarcações geralmente eram vapores, com refeições a bordo, cabines e até pernoite. Entre elas estava a Navegação Arnt Ltda, com sede no município de Taquari, como se vê neste anúncio publicado no Correio do Povo no dia 20 de setembro de 1941. Afoto é do famoso vapor "Porto Alegre". Ao lado, um anúncio da Companhia Costeira - a maior do Brasil, ao lado da Loyyd, e que fazia serviço de cabotagem pelas principais cidades costeiras do Brasil banhadas pelo Atlântico.
Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sábado, maio 21, 2016
domingo, maio 15, 2016
Cabaré que marcou época no JB virou edifício
Eram os anos cinquenta, que muita gente chama de “anos dourados”, e seu Ruben Carlos Simionovschi vivia a sua infância, adolescência e início da juventude. O local – o bairro Jardim Botânico – nem tinha esse nome, oficialmente.“Em 1950, quando eu tinha oito anos, meu pai comprou uma casa na Guilherme Alves. Naquela época as ruas do bairro eram sem calçamento, somente com o passar dos anos elas foram recebendo melhoramentos, uma a uma – canalização do esgoto, calçamento”, relembra ele.
Aos mais de setenta anos, ainda morador do Botânico (rua Surupá), seu Ruben revive essa época com grande riqueza de detalhes. “Para nos locomovermos, tínhamos a opção de ir até a Protásio Alves, na esquina com a Barão do Amazonas, ou seguir até o final da linha do bonde, que ficava na esquina da rua Carazinho. Interessante que a linha de bonde vinha em dois sentidos, tinha trilhos nos dois lados da Protásio, junto aos postes centrais, mas somente até a Vicente da Fontoura, onde acabava a linha Boa Vista. Os bondes eram tipo “gaiolas”. Depois dali a linha era de um só lado, até o final, na esquina da Carazinho.
"Outra opção era pegar um micro-ônibus na Barão do Amazonas, esquina com a Felizardo. A opção preferida pela maioria era mesmo o bonde para o centro da cidade, já que a passagem saía mais em conta. Lembro que o micro-ônibus era cara. Por exemplo, se a passagem do bonde fosse 0,50 centavos, a do micro-ônibus era 2,00. Depois de alguns anos, a linha de ônibus, já operada pela Secretaria Municipal de Transportes, foi estendida até a esquina da rua Serafim Terra com a Felizardo”.Ele recorda que os ônibus variaram no decorrer dos anos: primeiramente movidos a gasolina, “depois uns ônibus importados, a diesel. Tivemos também ônibus “papa-filas”, cuja dianteira era um cavalinho, o ônibus vinha quase engatado nele”.
FAMOSO CABARÉ – Em uma época em que não havia televisão no Rio Grande do Sul os cinemas dominavam a cena. Ruben lembra: “Tivemos dois cinemas em Petrópolis. Um ficava nos fundos da antiga igreja de São Sebastião, na esquina das ruas Carazinho e João Abott, o Cinema Petrópolis. Já o Ritz, na Protásio, funcionou mais tempo, até ser demolido. Outra lembrança que eu tenho da Colônia Agrícola do Hospital São Pedro que ficava na área ocupada hoje pela SMAN e o Jardim Botânico. Os doentes trabalhavam no cultivo de hortaliças e alguns fugiam e ficavam perambulando pelo bairro.
No bairro, a “Vila São Luiz”, havia também muitos campos de futebol. Onde hoje é a ESEF, por exemplo, tínhamos quatro campos, muito frequentados, onde aconteciam torneios de futebol aos finais de semana. Além deste havia o campo da SMT, no final da Felizardo, esquina com a Buenos Aires. Onde hoje é a rua Pedro Pieretti existia o campo do Clube Amazonas e onde está o Bourbon eram dois campos também”.
Simionovschi recorda que na rua Cervantes, subindo a Dona Inocência, funcionava um famoso cabaré da cidade, o “Casa Branca”, cujo prédio ainda existe, “porém sem o charme de antigamente.“Sei dizer era frequentado por pessoas de algum poder aquisitivo. Lembro que a proprietária era uma senhora que tinha uma filha adolescente, como nós, uma filha muito promissora. Aquela parte alta do bairro era conhecida como Vila Russa”.
DOUTOR TÁCITO – Nos anos 50 não havia esgoto canalizado – os despejos corriam a céu aberto. A maioria das casas tinham latrinas e, algumas, fossa negra. “No início, cavei muito buraco para a nossa latrina”, revela Ruben. Quanto á água, naqueles tempos, já era tratada e canalizada, embora existissem determinados locais onde ela aflorava naturalmente do solo – os moradores mais antigos lembram das “bicas” da Praça Ararigbóia e da praça Nações Unidas.Por esse tempo o arroio Dilúvio – hoje praticamente um esgoto urbano – exibia águas claras, boas para o banho e para a pesca. Ruben presenciou as obras de canalização e o calçamento da avenida Ipiranga. Ex-aluno do colégio Otávio de Souza, lembra dele todo de madeira - “construído no governo Leonel Brizola” - feito com táboas de “macho-e-fêmea” sobre pilares de concreto. Outra recordação é a da Chácara das Camélias, de cultivo de flores, e que começava na Ferreira Viana e terminava na altura do número 200 da Guilherme Alves. “Outra chácara era onde está o Conjunto Felizardo Furtado, de hortigranjeiros, os donos eram uma família, só recordo do nome de um dos filhos, chamado Raul. Outra ficava onde hoje está sendo anunciada a construção do Condomínio Allure, na Felizardo, uma chára de agrião, principalmente, do seu Ângelo, que tem descendentes no bairro – Zé, Luiz, filhos, noras, genros, netos”.Outra pessoa da qual seu Ruben Simionovschi não esquece é do doutor Tácito Castro de Castro, um médico que atendia os pacientes em sua própria casa, na rua La Plata, defronte ao hoje Supermercado Gecepel. “Depois ele manteve o consultório em uma sala no prédio da Barão do Amazonas, em frente ao Posto Ipiranga, esquina Valparaíso. Ali, em uma das lojas, havia a Farmácia Idela, do casal Frontelmo e Léa e mais um sócio”.
Foto: o cabaré que marcou época no JB foi demolido recentemente para dar lugar a um grande edifício. Foto de Vitor Minas, em 2008.
sábado, maio 07, 2016
Getúlio Vargas e Adhemar de Barros, unidos na jogatina?
As eleições de outubro de 1950 foram das mais disputadas e acirradas de toda a história brasileira - por dois motivos: eram as primeiras depois da Revolução de 30 e do Estado Novo. Com o país redemocratizado, e Getúlio Vargas - oficialmente senador da República - antes recolhido em sua fazenda do Itú, quase na fronteira com a Argentina, e agora exaustiva em campanha eleitoral para a presidência do Brasil, as forças udenistas e golpistas, lideradas, entre outros, por Carlos Lacerda, não mediam esforços para impedir que o ex-ditador voltasse ao poder, agora pelo voto popular. Mas Getúlio venceu com larga margem, contando com o fundamental apoio do líder político paulista Adhemar de Barros, que garantiu-lhe muitos votos no mais importante Estado da federação. A campanha movida contra Getúlio incluiu peças como esta acima, publicada no Correio do Povo, de Porto Alegre, e em muitos outros jornais nacionais, relacionando os dois com a volta dos jogos de azar no Brasil - que haviam sido proibidos, poucos anos antes, pelo então presidente, General Eurico Gaspar Dutra.
quinta-feira, maio 05, 2016
terça-feira, maio 03, 2016
Colgate, creme dental, nas páginas da Revista do Globo: 1942.
Uma das marcas comerciais mais conhecidas do mundo - até mesmo porque está presente no nosso dia a dia - é o creme dental Colgate. O que pouca gente sabe é que tal o dentifrício - revolucionário para a época - foi criado em 1873, anos depois da morte de Willian Colgate, o fundador da empresa Colgate, mais tarde denominada Colgate-Palmolive Company, com sede em Nova Iorque. Inglês de nascimento, emigrado para os Estados Unidos, Willian fundou a sua empresa em 1806, em NY, e logo tornou-se conhecido como o "Rei dos Sabões" norte-americano. Religioso e filantropo, ele colaborava com instituições humanitárias e criou uma Universidade. A Colgate também fabrica o perfume Cashemere Bouquet e o produto de limpeza Ajax, líderes de mercado, Nesta publicidade de janeiro de 1942, publicada na Revista do Globo, de Porto Alegre, vemos uma das antigas propagandas do crime Colgate, bem ao estilo da época.
segunda-feira, maio 02, 2016
A grande vitória de Emerson Fittipaldi em uma jovem Tarumã
O autódromo Internacional de Tarumã foi inaugurado em novembro de 1970, mas em menos de um ano já tinha entre seus vencedores nada menos do que o bicampeão mundial de Fórmula 1, Émerson Fittipaldi. Em janeiro de 1971 - portanto, logo após a inauguração - Tarumã, que é administrada pelo Automóvel Clube do Rio Grande do Sul -aconteceu na pista de pouco mais de 3 mil metros a prova "100 Milhas de Tarumã", coberta pela Rádio Guaíba, a grande emissora da época. O circuito foi vencido por Emérson Fittipaldi, já considerado um gênio das pistas e que no ano seguinte, já como piloto internacional de Fórmula 1, seria campeão mundial da principal modalidade do automobilismo, título inédito para o Brasil. Note-se que, na equipe de transmissão da Guaíba, estava nada menos do que Pedro Carneiro Pereira, famoso locutor esportivo, ele próprio um corredor quase profissional, e que morreria tragicamente nesse mesmo autódromo dois anos depois, em memorável acidente. E note-se ainda que o quinto colocado na prova era José Carlos Pacce, o Moco, outra grande promessa do automobilismo mundial e falecido em um acidente de avião tempos depois.
segunda-feira, abril 25, 2016
Bob Kennedy em Porto Alegre, dois anos depois do assassinato do irmão John
No dia 30 de novembro de 1965 - ou seja, dois anos depois do assassinato do seu irmão John, trigésimo quinto presidente dos Estados Unidos, em Dallas, no Texas - o então senador Robert Kennedy passava por Porto Alegre, onde ficou por breves momentos e causou frisson entre autoridades e populares - especialmente as moças, que, alvoroçadas e aos gritos, insistiam em beijá-lo. Vindo de Buenos Aires a bordo de um Caravelle da Cruzeiro do Sul, Bob driblou o serviço de segurança do aeroporto Salgado Filho e saiu caminhando normalmente pela pista. Saudado em seguida por alunas do Instituto de Educação Flores da Cunha, o político fez um breve pronunciamento antes de embarcar novamente na aeronave que o conduziria a São Paulo. O governador gaúcho, à época, Ildo Meneghetti, não estava na capital e não pode recepcionar a autoridade que, a exemplo do seu irmão, também tombaria assassinada a tiros, três anos depois, em 6 de junho de 1968, no Hotel Ambassador, em Los Angeles, Califórnia, aos 42 anos de idade. Quando passou por Porto Alegre Bob era considerado um potencial candidato a presidente dos EUA e tinha apenas 39 anos. As reproduções são do Correio do Povo.
domingo, abril 24, 2016
Simonal e seus "cúmplices" já podem voltar a fazer shows no Brasil
Quarenta anos atrás o cantor Wilson Simonal já estava longe de ser o que fora na década de sessenta e no início dos anos setenta. Considerado "dedo-duro" da ditadura militar brasileira, apoiador do regime e "informante do DOPS", o carioca que havia sido um fenômeno da música popular brasileira, lotando inclusive o Maracanãzinho e vendendo centenas de milhares de discos, vivia uma fase de decadência e de boicote por parte da imprensa, que não o perdoava por estar envolvido com a repressão e também, é verdade, por seus posicionamentos arrogantes de "negro norte-americano", um caso de afro-brasileiro bem sucedido que circulava com desenvoltura por todos os ambientes, sempre exibindo um irritante sorriso cínico no rosto. Grande cantor, Simonal - com o passar do tempo - foi sendo melhor compreendido e nunca se provou realmente que tivesse prejudicado outros colegas artistas com as tais "delações" - algo que é reforçado, inclusive, por Nelson Motta. No início de 1976 Wilson Simonal e seus "cúmplices" continuavam a ser notícia, não pelo lado musical e sim pelo criminal, como se vê nesta reprodução do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre.
quinta-feira, abril 21, 2016
Naves espaciais são avistadas nos céus de Porto Alegre
O famoso caso Roswell, ocorrido nos Estados Unidos, é de 1947, e até hoje é objeto de discussão a respeito da possível queda de uma astronave de outro planeta, com a morte de seus tripulantes. Porém é a partir de 1950 que a aparição de discos-voadores se torna realmente um fato que repercute intensamente na imprensa, não apenas norte-americana, como em muitos outros países. No Brasil - e no Rio Grande do Sul - não foi diferente. No agitado ano de 1954, marcado pelo suicídio de Getúlio Vargas e, em Porto Alegre, pela tentativa de fuga de mais de mil presos da Casa de Correção, o Presídio Central da época, o avistamento de estranhas naves de origem não identificada tornou-se frequente na imprensa, como se vê nestas reproduções do jornal Correio do Povo, da capital gaúcha, de novembro de 1954.
sábado, abril 16, 2016
Esperidião Amim, o mais votado nas eleições de 1978 em Santa Catarina
Nas eleições parlamentares de 15 de novembro de 1978, quando o Brasil vivia o regime militar e não havia eleições direitas para prefeito em nenhuma capital (embora houvesse para vereadores), o jovem político Esperidião Amim, da Aliança Renovadora Nacional, ARENA, partido que dava sustentação ao regime, elegia-se para uma vaga na Câmara Federal, em Brasilia. Amim - que já havia sido prefeito indicado de Florianópolis, com vinte e poucos anos - fez a maior votação entre os candidatos do Estado catarinense. Note-se que ele - hoje com sua reluzente careca - tinha, na época, não só cabelos como ostentava uma bem feita barba. A reprodução é do Correio do Povo.
Ray Charles em única apresentação em Porto Alegre: 1978
Porto Alegre, há décadas, é a terceira mais importante capital para shows de grande magnitude, eventos protagonizados por astros internacionais de indiscutível renome. Beneficiando-se de ter um público cativo para tais espetáculos, além de bons locais de apresentação, a cidade sempre atraiu superstars da constelação internacional da música. Foi, por exemplo, o que aconteceu com Ray Charles, no final do ano de 1978. quando o astro negro norte-americano fez uma única apresentação no ginásio do Internacional, o Gigantinho, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. A reprodução é do Correio do Povo.
sexta-feira, abril 15, 2016
Há 60 anos a gaúcha-catarinense Maria José sagrava-se Miss Brasil 1956
No próximo mês de junho fazem exatamente 60 anos que Maria José Cardoso - então uma jovem, moradora do bairro Petrópolis (rua Vicente da Fontoura), em Porto Alegre, e estudante do Instituto de Belas Artes - sagrava-se Miss Brasil 1956. Em uma época em que tais concursos muito representavam em importância, imaginário e status social, Zezé, como era chamada, foi escolhida a mais bela brasileira no evento realizado no famoso Hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Estado do Rio - certame, aliás, que seria marcado por uma certa desorganização. Com um rosto à lá Ava Gardner, Maria José na verdade nem era gaúcha de nascimento, e sim catarinense da não menos bela cidade litorânea de São Francisco do Sul. Ela - que muitos diziam ser tímida, o que talvez comprometesse o seu desempenho na passarela - ficou entre as quinze semifinalistas no Miss Universo daquele ano, vencido por uma candidata dos Estados Unidos. No Rio Grande do Sul, Zezé foi alvo de uma série de homenagens oficiais. As reproduções são da Revista do Globo.
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