sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Tacho, no jornal NH, de Novo Hamburgo, RS. A Charge Online.

segunda-feira, maio 04, 2009

35 CTG está no bairro desde os anos setenta

Luiz Carlos Maffei, patrão do "pai do tradicionalismo gaúcho". (2009)
REPUBLICAÇÃO

Pai dos Centros de Tradições Gaúchas, berço do movimento tradicionalista, o 35 CTG está no Jardim Botânico desde 1975, em um terreno próprio ao lado do Bourbon Shopping, na avenida Ipiranga. E, na Semana Farroupilha, ocupa local de honra, no Parque da Harmonia, próximo à Chama Crioula. Nada mais justo para uma instituição que deu origem a tudo o que hoje aí está.Ponto de referência no bairro, com sua churrascaria, seus eventos culturais, sua domingueira, o 35 atrai não só a gauchada costumeira - dos quais a maioria são crianças e jovens - como também turistas dos mais diferentes locais - visitantes e curiosos que desejam conhecer um pouco da vivência, da história e dos costumes e hábitos gauchescos."Somos uma sociedade cultural e recreativa, aberta a todos, com regras próprias", informa Luiz Clóvis Fernandes, durante seis anos patrão da entidade e que hoje é uma espécie de faz-tudo do local. Com cerca de 5 mil sócios, o 35 mantem departamento cultural, artísticos e a culinária típica campeira, do qual a churrascaria Roda de Carreta (que existe há 25 anos) é uma espécie de mostruário, muito embora sirva também buffet normal diariamente. Funcionando diariamente, a Roda de Carreta, com seu espeto corrido (é um dos poucos locais do JB que tem chopp), só não abre aos domingos à noite.
ATIVIDADES - O 35 CTG não pára nunca, com suas atividades diárias, aluguel de espaço (são 2.100 metros quadrados de área construída) a terceiros, além de venda de souvenires gaúchos - camisetas, bottons, etc. Isso garante a renda (a mais expressiva vem das domingueiras) que permite a manutenção da entidade, algo que nem sempre é fácil, como diz Clóvis. Além das atividades internas, há ainda as campeiras, como cavalgadas e rodeios. "Temos cerca de 300 pessoas que participam das mais diferentes atividades, como grupos de dança, e a participação dos jovens é expressiva", afirma Clóvis, para quem "o tradicionalismo é estável, se mantem".O Movimento Tradicionalista Gaúcho foi fundado, oficialmente, em 1948, pelo chamado "grupo dos oito", uma iniciativa que buscava resgatar e valorizar a cultura gaúcha no pós-guerra, quando a influência norte-americana se propagava pelo mundo. O 35 foi fundado em 24 de abril de 1948 - completou 60 anos recentemente. Do "Grupo dos oito", restam dois vivos - dos quais um é o ícone Paixão Cortes, um dos mais destacados folcloristas brasileiros.
TCHÊ MUSIC - Quando se fala em tradições gaúchas, se fala no 35. Não faz muito, a atriz e apresentadora Regina Casé esteve aqui, gravando um programa televisivo que foi para o ar em rede nacional, pela Globo.Guardiã dos hábitos e costumes culturais do Rio Grande do Sul, a entidade, entretanto, não parou no tempo e convive harmonicamente com algumas novidades, como o chamado "Tchê Music", um movimento musical híbrido que mesclou ritmos gaúchos com outras influências.O Tchê Music faz muito sucesso comercial nos Estados do Sul e Centro-Oeste, e gerou algumas irritadas manifestações dos tradicionalistas. Mas Clóvis diz que o 35 não tem nada contra esta novidade, que eles não aceitam como música gaúcha, mas dizem respeitar."É algo válido, até porque eles precisam sobreviver, ganham um bom dinheiro com isso, fazem sucesso comercial, abriram uma nova frente. Não temos nada contra, e vou lhe dizer que a maioria deles nasceu aqui dentro. E, quando tocavam músicas gaúchas, eram excelentes."Conhecido por suas domingueiras, o 35, no próximo sábado, terá o seu "Baile de Candeeiro", evento que acontece há vários anos. "É um baile à moda antiga, sem luz elétrica, com candeeiros iluminando, e tem café campeiro", informa Clóvis Fernandes.Conservador por natureza, o CTG - ao contrário do que muitos pensam - não existe pilcha (o traje gaúcho típico) para quem vai frequentá-lo. "À exceção dos fandangos, quando a pilcha é obrigatório, a pessoa pode se apresentar com traje esportivo discreto", esclarece o tradicionalista. "O tênis também é permitido, até porque é da vestimenta dos jovens", diz Clóvis Fernandes, um empresário natural de Santana do Livramento, sócio do 35 há 44 anos e que reside no bairro Partenon.

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Floresta Aurora, o clube dos negros de Porto Alegre no carnaval de 1936

Porto Alegre já foi bem mais animada e, por que não dizer, ingênua em um distante passado, no tempo em que não contava ainda com 300 mil habitantes. No carnaval de 1936 - portanto, há 82 anos - blocos populares se espalhavam pela cidade, em uma folia que tomava conta das ruas e salões. Um dos blocos mais animados era o da Sociedade Floresta Aurora, clube que congregava a população negra e mestiça da capital gaúcha (ainda fortemente discriminatória) e que ainda existe, tendo sua sede social no bairro Belém Velho. Nesta reprodução do Correio do Povo aparece a foto da rainha da entidade naquele ano em que Getúlio Vargas era presidente do Brasil e o país vivia sua era de ouro da rádio e das marchinhas de carnaval. A Floresta Aurora foi fundada em 1872, antes da Abolição da Escravatura, na rua Aurora do bairro Floresta, pelos chamados "pretos forros".
Republicação


quinta-feira, setembro 18, 2008


Com 319 apês, Conjunto da CORSAN é de 1974

Aqui vivem cerca de 1200 pessoas.Mais antigo do que o conjunto Felizardo Furtado, o Condomínio Conjunto Habitacional dos Servidores da CORSAN foi inaugurado em maio de 1974. São três prédios, totalizando 319 apartamentos de um e dois dormitórios, além de um salão de festas, uma churrasqueira, uma quadra de esportes, uma pracinha e uma construção destinada ao setor administrativo.
Entre as ruas Itaboraí e a Felizardo, vizinhando com a Praça Nações Unidas, com oito andares cada, as três construções chamam a atenção de quem passa. Boa parte dos atuais moradores – cerca de 1200 pessoas - estão aqui desde os primeiros anos, como é o caso da síndica-geral (não existem síndicos por prédios), Inajara Silveira.
“Vim para cá em julho de 1974. Lembro que foi feita uma cooperativa dos funcionários da Corsan, que começaram a pagar as prestações dois anos antes, quando do lançamento. Eu comprei o meu de um deles”, recorda ela. “Eles vendiam na planta”. A construtora responsável era a Gus Livonius, a mesma que fez o condomínio da Felizardo e que hoje, ao que tudo indica, não está mais operando no mercado. Quanto aos terrenos, pertenciam então ao senhor Pedro Pieretti – tradicional família do bairro.
ESTUDANTES – Em estilo antigo, cercado, sólido, com janelas de madeira, pintadas de verde, o Condomínio é formado, basicamente, por proprietários dos imóveis – cerca de 60 ou 70% dos moradores. Estes, em sua maioria, são pessoas de certa idade, “gente que chegou e foi envelhecendo aqui”, informa Inajara, moradora do Jardim Botânico há 40 anos. Ela recorda que por essa época, metade dos anos setenta, onde hoje está o Supermercado Gecepel havia o Supermercado Dalmás. Na volta, dos comerciantes, lembra do seu Alécio, do seu Camilo, do seu filho Zeca, da Padaria da Esquina com a Barão, da Farmácia Ideal, da Léa”.
Habitação tipicamente de classe média, o Condomínio tem alterado o seu perfil nos últimos anos, revela Inajara Silveira.
“Noto que temos muitos estudantes, muitos deles vindos do interior, que alugam os apartamentos entre três ou quatro. Há também gente do interior que compra para os filhos”. Mesmo assim, não há maiores problemas de violência ou confusão entre os moradores, grande parte dos quais se conhece e se cumprimenta. Algumas câmeras de vigilância estão instaladas em pontos estratégicos (mas não nos elevadores) e foi contratada uma empresa especializada nisso – a Dielo.
Outra antiga moradora é dona Vírginia Odiva dos Santos, secretária da administração que está aqui desde os anos oitenta. Segundo ela, a procura pelos apartamentos do conjunto é muito superior à oferta, tanto que, hoje, praticamente não resta nenhum que não esteja ocupado. “Com a chegada do Bourbon, valorizou muito”. A valorização só não é maior pelo fato de só existirem 85 boxes de estacionamento de veículos, o que obriga muitos moradores a deixarem seus carros em outros locais nos arredores.

terça-feira, fevereiro 06, 2018

Almôndegas com Sá e Guarabira e Morris Albert no Gigantinho: 1975

Em 1975 os irmãos Kleiton e Kledir integravam o grupo Almôndegas, que fazia grande sucesso no Rio Grande do Sul e já se projetava para todo o Brasil. Naquele ano de 1975 - em que o Internacional ganhava seu primeiro título brasileiro de futebol - aconteceu um curioso encontro, um show conjunto com os mineiros Sá e Guarabira e mais um cantor que se projetaria mundialmente: Morris Albert, ou Maurício Alberto, um brasileiro que cantava em inglês e fez um sucesso espetacular com Feelings, gravada por nomes como Ella Fitzerald, Sara Vaughan, Andy Willians, Johnny Mathis, Ray Conniff e Paul Mauriat, entre outros. Juntos, eles cantaram no recém inaugurado Gigantinho, um encontro inusitado e que certamente nunca mais se repetiu. 
Hoje a atriz Claudia Ohana completa 55 anos.
Aroeira, O Dia, RJ. A Charge Online.

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

Nos tempos em que Porto Alegre sofria de "um bafo tumular"


Quem, com mais de 50 anos, não lembra da famigerada Borregaard, uma fábrica nórdica de celulose que se instalou no município de Guaíba, na Grande Porto Alegre, no início dos anos 70, gozando de amplos incentivos fiscais do governo militar. Considerado um dos grandes empreendimentos que iriam então alavancar a economia gaúcha, ela logo mostrou a sua cara: era algo ruinoso para a sociedade. Poluidora, sem dar a mínima para a população à sua volta, a Borregaard não instalou aqui os equipamentos anti-poluições que usava em países de Primeiro Mundo e acabou se tornando a inimiga pública dos moradores de Porto Alegre cidades vizinhas. Exalando um horrível cheiro de ovo podre que se espalhava com os ventos, ela transformou a capital em uma cloaca olfativa que chegava a causar náuseas em muitas pessoas. Tanta foi a pressão, que os noruegueses desistiram do empreendimento e o venderam ao Montepio da Família Militar, que também logo se desfez do negócio. Hoje é uma indústria modelo chamada celulose Riograndense, que não polui e ainda colabora com projetos sociais e culturais, sediada na cidade de Guaíba, as margens do rio que chamam de lago. Nestas reproduções do correio do Povo, de 1978, se constata o ódio que a Borregaard gerava.  

terça-feira, janeiro 30, 2018

Mariano, em A Charge Online.




sexta-feira, outubro 25, 2013


Republicação

O "verão da lata" deixou saudades para muitos...

No dia 22 de setembro de 1987 um navio chamado Solana Star estava sendo perseguido pela Marinha Brasileira, apoiada por agentes do Drug Enforcement Agency ((DEA), órgão anti-drogas norte-americano. Acuados no litoral do Rio de Janeiro - Angra dos Reis - eles largaram toda a sua carga ao mar, a uma distância de 100 milhas marítimas do litoral e, em seguida, se dirigiram sorrateiramente ao porto do Rio, onde abandonaram o navio. A bordo ficou apenas o cozinheiro da embarcação, o norte-americano Stephen Shelkon - imediatamente detido e, depois, condenado a 20 anos de cadeia, cumpridos no presídio Ari Franco, do RJ.
O episódio do Solana Star virou lenda: navio procedente da Austrália (outros dizem que da Indonésia), com destino aos Estados Unidos, carregado com cerca de 20 mil latas de maconha (22 toneladas), (1,25 kg cada lata), das quais apenas 10% foram apreendidas - o restante foi jogado ao mar e acabou chegando às praias brasileiras, no trecho entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul.
As latas continuaram chegando à costa até o mês de março, fazendo daquele verão (1988) o "verão da lata". Acondicionados em latas de alumínio, fechadas a vácuo, com canabis sativa de altíssima qualidade, foram - dizem muitos - o "último suspiro hippie do Rio de Janeiro" ("A maconha vinha do mar, como dádiva de Deus", comentou um consumidor). O carregamento teria sido feito no porto de Cingapura - o Solana Star tinha bandeira panamenha.
O "verão da lata" jamais foi esquecido pelos apreciadores do produto, dentre os quais se incluem muitos gaúchos e catarinenses. Levada pelas correntes oceânicas, a maconha chegou com fartura ao litoral do Rio Grande do Sul e ensejou viagens alucinadas à sua procura. Muitos a revenderam e, ilegalmente, ganharam dinheiro com isso. A maioria, porém, apenas fumou uma erva de elevado teor de THC. O Verão da Lata acabou virando filme - com o diretor João Falcão - e livro ("O Verão da Lata", de Oscar Cesarotto, editora Iluminuras, 2005). Muitos comentam que "fora do País, ninguém acredita que isso aconteceu". Mas aconteceu. Veja o depoimento de alguns que viveram esse episódio e assumem que o fizeram.

"Eu encontrei em Cidreira, naquele tempo ia pros butecos todo dia. Encontrei uma lata, o restante do pessoal pegou o resto. Aí veio a Polícia Civil. Mas não tinha como segurar todo mundo. A maconha vinha vedada, totalmente vedada, se abria com abridor de lata. Da nossa turma só pegamos uma, mas a notícia se espalhou. Quem tinha automóvel em Porto Alegre saiu adoidado percorrendo a orla e se deu bem. A lata era amarelada. Foi a melhor maconha que até hoje entrou no Brasil".
Hélio, "Mão", 46 anos, morador do Jardim Botânico.


"Encontrei surfando, em Magistério. Vi a lata boiando, peguei e fui ver o que era. Fechamos dois e fumamos. Foi de dia. De noite é que soubemos da notícia. Era uma paulada. Coisa boa"
Alex, 40 anos, morador do Jardim Botânico


"Me falaram que tinha um bagulho forte na praia, em Pinhal. Fui de moto ver e encontrei. Trouxe umas cinco latas de lá. Era só camarão. Peguei um quase nada e ele molhou. Foi o melhor bagulho que eu fumei em 50 anos, dizem que era indiano, era melhor que manga-rosa e cabeça-de-negro. A cor do bagulho era amarela, tinha que abrir com abridor de lata. Dava um cheirão, era prensada a vácuo."
G.B., morador do Jardim Botânico


"Fumei a da lata. Daquele, nunca mais vai aparecer. Eram umas latas parecidas com azeite, amarelas. O efeito era melhor do que cocaína. Não existia coisa melhor. Era um tempo de curtição. Tinha gente que saía de carro daqui, para ir ao litoral, buscar".
C.P., morador do Jardim Botânico.

segunda-feira, janeiro 29, 2018

Os objetos perdidos nos bondes da Carris na Porto Alegre de 1934

Esquecer objetos em ônibus ou metrôs é algo comum, principalmente aos distraídos. Em 1934, 84 anos atrás, em Porto Alegre, os bondes pontificavam como meio de transporte urbano, não faltando os usuários que deixavam coisas nos bancos, como se vê nesta coluna do Correio do Povo da época. Bolsas, rosário, luvas, fotografias, guarda-chuvas, tudo era deixado nos coletivos da empresa Carris Porto-alegrense. Também se perdia troco e dinheiro que, pasmem, era devolvidos a quem se arvorasse em seu dono, publicando-se até endereços. Velhos tempos.

quinta-feira, janeiro 25, 2018

Serpentes são patrimônio vivo do Jardim Botânico

Maria e Moema: biólogas que foram o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre.


Republicação. Publicado originalmente em dezembro de 2009

Vitor Minas

Fundação Zoobotânica, avenida Salvador França. Chegando ao prédio administrativo, o mesmo do Museu de Ciências Naturais do Jardim Botânico, desce-se por várias escadarias, até a parte mais baixa, quase no subsolo.^
Lá, em um ambiente mal-cheiroso e úmido, estão Maria Lúcia Machado Alves e Moema Leitão de Araújo, as mais antigas biólogas das instituição, com 38 e 39 anos de casa, respectivamente.
Ao lado de três estagiárias e um bolsista, as duas - Maria formada na URGS e Moema na PUC - trabalham em um local nada comum e até mesmo repelente ou assustador para muitos: o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre, o maior do Estado, e que já chegou - tempos atrás - a enviar veneno de cobras para, entre outros, o Instituto Butantã e o Vital Brasil, onde é fabricado o soro antiofídico.
TEMPOS MELHORES - O Núcleo existe oficialmente desde 1987, mas na verdade remonta aos anos cinquenta, no início do Jardim Botânico, no tempo do renomado pesquisador e biólogo Thales de Lema, um "herpentólogo" - especialista em serpentes, ou cobras, como são chamadas mais comumente.
O Núcleo de Ofiologia é, hoje, constituido de meia dúzia de salas e tem apenas, como funcionárias efetivas, Maria e Moema. Porém já viveu tempos melhores, especialmente até os anos 80, quando faltou soro anti-ofídico no Brasil, criando-se um problema nacional. "Imagine, faltar o soro no País que inventou esse tipo de soro, descoberto por Vital Brasil!", lembra Maria. "O Brasil obrigou-se a importar o soro da Colômbia, que tinha qualidade inferior".Pressionadas, as autoridades decidiram investir no setor e destinaram verbas aos grandes institutos - com isso o Butantã, entre outros, recuperou-se e modernizou-se, passando a ser auto-suficiente na obtenção dos venenos de cobras, que antes eram enviados por instituições como o Núcleo da Fundação Zoobotânica. Com isso, o Núcleo - que integra o Museu de Ciências Naturais da Fundação - perdeu muito da sua importância e utilidade."O Núcleo já teve seis biólogos, quatro especializados em répteis e dois em amfíbios, e o nosso objetivo principal, que era extrair veneno, deixou de existir. Mudamos os objetivos então", conta Maria Lúcia. Hoje as duas se dedicam mais a auxiliar e assessor pesquisadores e a dar palestras em escolas sobre os ofídios. Trabalham 20 horas por semana em trabalhos científicos - e, também, administram "uma pequena fortuna": como ainda há muito veneno armazenado em freezeres, e como o veneno, segundo Maria Lúcia, "vale mais do que ouro", o Núcleo é quase como uma caixa-forte de um pequeno banco."Para você ter uma idéia, uma grama de veneno é mais cara do que uma grama de ouro. E, no caso da cobra coral, a mais valorizada, se fala em miligramas e não em gramas. Temos aqui uma bela quantia".
MERCADO CLANDESTINO - O veneno extraído das cobras fica cristalizado e permanece assim, sem perder as qualidades, por muitos anos. Poderia-se perguntar: se o veneno de cobra vale mais do que ouro, e se há tanto aqui, porque ele não é vendido para laboratório ou mesmo para outros países, carentes nessa área? Tanto Maria Lúcia como Moema arriscam uma opinião - ou constatação: "Acredito que seja o poder do mercado clandestino, que é muito poderoso. Mas daria para se vender sim, se houvesse interesse", opina Moema.
O Núcleo de Ofiologia conta hoje com 438 cobras venenosas e cerca de 30 não venenosas. São espécies as mais variadas - jararaca, cruzeira, jararaca pintada, coral, cascavel, jibóia, etc. Algumas delas já estão aqui há 14 anos, sem contar filhotes - nascidos no local - com 11 anos. Tais serpentes, em sua maioria, são obtidas de apreensões de autoridades (inclusive da Patrulha Ambiental da Brigada Militar) ou doadas pela Fundação Estadual de Pesquisa e Produção em Saúde, FEPPS, da rua Domingos Crescêncio (e não da avenida Ipiranga). Ou então trazidas por pessoas as mais variadas - agricultores, fazendeiros, pequenos proprietários rurais, sitiantes. "Temos também uma pequena criação", informa Moema.Algumas delas, inclusive venenosas, são expostas ao público visitante, na parte alta do prédio do Museu de Ciências Naturais.
CHEIRO DE RATO - O Núcleo de Ofiologia sofre com a fiscalização do IBAMA, que tem regras rígidas a respeito dos animais - talvez rígidas demais. Por exemplo, um dono de sítio que queira fazer a doação de algumas cobras vivas às biólogas precisa de autorização especial para transportá-la, e pode ser preso se não a tiver. "Como são pessoas simples, e o procedimento é complicado, eles geralmente desistem", informa Mária Lúcia.Visitar o local onde estão alojadas tais ofídios é um programa interessante - mal também nada agradável para as narinas. Como os animais se alimentam de ratos - pequenos e brancos, desenvolvidos em laboratório - e há uma criação destes no local, o cheiro é bem peculiar. As cobras ficam confinadas em seus "apartamentos", com ventilação e água. Recebem alimento diariamente e são vistoradas com frequência. Há casais juntos e um "berçário" para as cobrinhas que nascem. Há cobras novas e outras velhas - que, de tão velhas, mal conseguem comer os ratos e precisam de ajuda. Há pequenas, como a cobra coral, e outras imensas, como a jibóia.Mas tanto as biólogas como as estagiárias já se acostumaram com todas. Elas não só adoram os bichos - "vejam como esta é linda, veja as cores!", diz Maria Lúcia ao repórter, segurando uma imensa serpente venenosa, que acaricia como a um cãozinho de estimação. O mesmo faz a estagiária Bárbara Borges, de 20 anos, estudante do quarto semestre de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Bárbara já tem alguma experiência - fez estágio em um setor semelhante da PUC, já desativado, e diz: "Sempre gostei de cobras".
A estagiária nunca sofreu acidentes com os ofídios - pelo menos por enquanto. Mas as duas biólogas já foram picadas e, garantem, a dor não é tão forte assim. "mas depende da picada, das condições, da cobra, de muitas coisas", lembra Moema, que acabou no Hospital de Pronto-Socorro por conta de um desses "carinhos" de seus bichinhos.

quinta-feira, janeiro 18, 2018

Bourbon Ipiranga completará 20 anos de existência no Jardim Botânico

O Bourbon Ipiranga foi inaugurado com show do pianista Arthur Moreira Lima, em 1998: fará 20 anos em novembro.



PUBLICADO EM JULHO DE 2008, republicado agora

Ele foi, e é, o mais importante estabelecimento comercial do Botânico, o empreendimento que modificou as características do bairro e valorizou toda a região à sua volta.
Visto da Ipiranga, torna-se ainda mais grandioso – e quem não se lembra dos vários anos da sua construção, em um terreno que faz parte da história do JB, com dois campinhos de futebol varzeano? Pois ali (avenida Ipiranga, 5200), em 16 de novembro de 1998, implantou-se o Borbon Ipiranga, empreendimento do grupo Zaffari, empresa que fatura mais de 1,5 bilhão de reais por ano, emprega cerca de 8 mil pessoas e é a quarta maior receita do setor no Brasil e a única entre as quatro grandes redes de supermercados com capital cem por cento nacional.
Fazer compras ou simplesmente passear no shopping Ipiranga é um programa quase obrigatório para todos os moradores do Jardim Botânico e dos seus arredores. Pudera: de porte médio, acolhedor, com 70 mil metros quadrados de área construída, 52 pontos comerciais, vários quiosques de serviços, uma praça de alimentação com 700 lugares, o local conta ainda com um hipermercado aberto das 8 horas da manhã até à meia-noite e que também funciona aos domingos.
Ali é possível se assistir aos mais recentes lançamentos cinematográficos, para todas as idades, em algum dos oito cinemas da marca Cinemark, inclusive em horários matinais, a preços reduzidos. Nerão se encontra um bom chope, uma comida portuguesa (restaurante Calamares), café e música ao vivo, além de concertos comunitários e cantores e instrumentistas de qualidade que tocam na praça de alimentação, não só música popular brasileira, como pop, rock, baladas, bossa nova.
No interior do Ipiranga estão vários caixas eletrônicos, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma casa de jogos e uma banca de revistas extremamente sortida, com centenas de títulos em todas as áreas. Há, ainda, mais de uma dezena de telefones públicos, banheiros em perfeito estado de limpeza e fraldários. Externamento, no subsolo, o estacionamento abriga centenas de veículos.
GIGANTE – O grupo Zaffari é totalmente gaúcho, o único entre os quatro grandes com capital totalmente nacional e gestão familiar (apesar de muito assediado por grupos estrangeiros).
Os hipermercados Zaffari são voltados para um público classe A e B, que buscam variedades de produtos, atendimento especial e conforto na hora das compras.
Costuma-se dizer que o Zaffari não briga por preços pois disputa um segmento mais abastado. No ano de 2004 a rede faturou 1,3 bilhão de reais, com receita por metro quadrado de 11,2 mil reais – maior que o líder mundial norte-americano Wal-Mart. A empresa, no entanto, não costuma revelar os valores dos seus investimentos.
Além de, recentemente, ter comprado o estádio do tradicional clube de futebol Força e Luz, no vizinho bairro de Santa Cecília (negócio de 9,5 milhões de reais), investiu pesadamente em São Paulo, no bairro de Perdizes, área nobre da cidade. Lá, recentemente, abriu um Bourbon voltado para a classe, com 175 mil metros quadrados (quase três vezes maior do que o Ipiranga) de área construída, cerca de 200 lojas e 10 cinemas. A idéia é competir com o grupo Pão de Açúcar e suas lojas especiais – o investimento total não foi revelado.
No Rio Grande do Sul, o Zaffari compete com o grupo Sonae (marcas Nacional, Big e Maxxi), que agora pertence a Wal-Mart.
Nada mau para uma empresa que iniciou em 1935, quando o fundador Francisco José Zaffari e sua esposa Santini de Carli montaram uma pequena loja de comércio na Vila Sete de Setembro, no interior de Erechim. Anos mais tarde a empresa expandiu-se para Herval Grande.
Nos anos cinquenta os negócios iam tão bem que a família inaugurou as primeiras filiais nas localidades vizinhas e, em 1960, chegou a Porto Alegre, abrindo um atacado. O Zaffari atua, desde os anos 80, na industrialização e comercialização de alimentos e é dono, hoje, das marcas Café Haiti e biscoitos Plic-Plac.

Neste local, antigamente, havia dois campos de futebol varzeano. Ao lado do Bourbon está o 35 CTG.

sábado, janeiro 06, 2018

A relação dos objetos deixados nos bondes de Porto Alegre em janeiro de 1936

A imprensa mudou muito ao longo das décadas, desde o tempo em que se publicava, inclusive, o nome completo e o endereço das partes envolvidas. Mas, na década de 30, publicava-se mais ainda: a relação dos objetos deixados nos bondes das linhas de Porto Alegre, algo inimaginável nos dias de hoje. Coleção do Correio do Povo do Arquivo Histórico de Porto Alegre.

Aviões da Panair do Brasil para as praias de Torres e Cassino: janeiro de 1936

Houve um tempo, em priscas eras, em que os hidroaviões - aeronaves que amerissavam na água - se constituíam em um dos meios de transporte mais utilizados por cidades servidas por rios, lagoas ou por mar, como era o caso de Porto Alegre. Em 1936 - há mais de oitenta anos, portanto - isso acontecia com frequência, sobretudo em se tratando em um período sem estradas e cujo deslocamento era feito por via ferroviária, por navios ou por aviões de não mais do que vinte pessoas de capacidade. Era a época em que a Panair do Brasil dominava os ares, como se vê nesta notícia do Correio do Povo de  janeiro de 1936, tempo em que a capital gaúcha contava com não mais do que 250 mil habitantes - mesmo assim, as classes mais aquinhoadas não deixavam se ir a Torres em "aviões de carreira", o mesmo acontecendo com o balneário do Cassino, em Rio Grande.

quinta-feira, janeiro 04, 2018

Em 1936 o Brasil já era o quarto maior exportador de carnes do mundo

Ao contrário do que se imagina, o Brasil, já na primeira metade do século passado, colocava-se entre os quatro maiores exportadores mundiais de carne - hoje ocupa a primeira ou segunda posição. Nesta matéria do Correio do Povo de janeiro de 1936, ficamos sabendo que, já naquele tempo, vendíamos mais carne do que a tradicionalíssima Argentina, por exemplo, prevendo-se ainda, com acerto, que tal tendência evoluiria ainda mais com o avançar do tempo. Note-se que o rebanho gaúcho era então o melhor e provavelmente o maior do Brasil. 
Tacho, no jornal NH, de Novo Hamburgo, RS. A Charge Online.

Iniciada a ponte aérea entre Porto Alegre e Torres: janeiro de 1936


O mais belo balneário gaúcho, Torres, já era o preferido do que se poderia chamar de elite porto-alegrense na primeira metade do século XX. Na divisa com Santa Catarina, distante mais de 200 quilômetros de Porto Alegre, Torres já contava, no verão de 1936, com vôos da Varig, empresa aérea rio-grandense que ainda não completara uma década de existência. Nesta reprodução do Correio do Povo comunica-se que havia sido iniciado, no dia 2 de janeiro, o serviço aéreo entre a capital e tal praia, com aviões Junkers (alemães) "totalmente tomados" (pouco mais de 10 pessoas de capacidade) e probabilidade de vôos extras. Como era usual na imprensa da época, informa-se até os nomes dos passageiros a bordo, destacando-se as famílias Pila, Trein e Selk. 

quarta-feira, janeiro 03, 2018

O casamento de Yolanda Pereira, a primeira Miss Universo brasileira, em 1936


Oficialmente, o Brasil só tem duas Misses Universo - Ieda Maria Vargas, em 1963, e Martha Vasconcelos, em 1968 - a primeira gaúcha, a segunda baiana. Porém, embora não reconhecida pela organização do concurso, em 1930 a pelotense Yolanda Pereira foi aclamada com esse título em evento realizado no Rio de Janeiro e que imitava outro que acontecia paralelamente nos Estados Unidos - o brasileiro foi patrocinado pelo jornal A Noite, do Rio. Conta-se que a gaúcha não era a favorita (antes havia sido eleita Miss Rio Grande do Sul, em eleição pública do jornal Diário de Notícias), mas acabou sendo escolhida a mais bela por um corpo de jurados, no hotel Copacabana Palace, aos quais conquistou por suas visíveis qualidades. Ela, naturalmente, se tornou uma celebridade nacional, casando em janeiro de 1936 com o aviador militar Homero Souto de Oliveira, passando então a adotar o nome Yolanda Pereira Souto. É o que se vê nesta matéria do Correio do Povo a respeito do seu matrimônio - um acontecimento -  realizado em Porto Alegre. Na enchente de 1941 a Miss Universo trabalhou como enfermeira voluntário no socorro às vítimas da grande calamidade. Ela teve quatro filhos e muitos netos com o marido, que se tornaria brigadeiro da Aeronáutica. Faleceu em 4 de setembro de 2001, aos 90 anos, no Rio de Janeiro, onde residia.

quinta-feira, dezembro 28, 2017

quarta-feira, dezembro 27, 2017

Japão planejava destruir as grandes cidades norte-americanas com ataques kamikazes em 1935?

Seis anos antes do ataque a Pearl Harbor - que colocou frente a frente japoneses e norte-americanos como participantes da Segunda Grande Guerra - o Japão, já um país agressivo em defesa dos seus interesses no Pacífico, poderia estar tramando ataques de kamikazes, exatamente como ocorreu por ocasião do conflito 39-45. O alvo seria os mesmos Estados Unidos da América e a tática seria o uso de "aviões torpedos de suicídio" - o principio kamikaze - com objetivo de destruir as principais cidades dos EUA. Infundada, exagerada ou não, a denúncia repercutiu na imprensa mundial, como se vê nesta reprodução do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, de dezembro de 1935.

sexta-feira, dezembro 22, 2017

Hoje a atriz Alline Moraes completa 35 anos.
Cazo, no Comércio de Jahú, SP. A Charge Online.

A polícia americana finalmente mata o gangster Baby Face: novembro de 1934

Os anos 30 foram os anos de ouro, se é que assim se pode chamar, dos gangsters norte-americanos, especialmente os de Chicago. Depois da morte de John Dillinger, em julho de 1934, o inimigo público número 1 dos Estados Unidos passou a ser o bandido conhecido como Baby Face Nelson, ladrão e assassino e comparsa de Dillinger por alguns anos. Nascido em Chicago, criado em reformatórios, Baby Face - que ganhou o apelido pela sua baixa estatura e cara de criança - matou vários agentes da lei, incluindo alguns do FBI. Ele morreu crivado de balas, disparadas pela polícia, e ficou conhecido por ser um dos delinquentes mais ferozes e cruéis da época da Depressão, matando muitas pessoas inocentes que passaram pelo seu caminho. Nesta reprodução o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, noticia a morte de Baby, que ainda não havia completado 26 anos. O bandido morreu em 27 de novembro de 1934.

sexta-feira, dezembro 15, 2017

Hoje Cristiana Oliveira completa 54 anos.

Escobar e Guarnieri se queixam dos cortes da censura federal: junho de 1978

Em poucos dias entraremos em 2018, sentindo os efeitos da crise econômica e moral de um país assolado pela corrupção. Há 40 anos, contudo, o que incomodava os brasileiros - especialmente os artistas - era a ação da censura, que vetava tudo o que julgasse "subversivo" ou coisa assim, como se vê nesta matéria do Correio do Povo de Porto Alegre, em junho de 78. Embora já se vivesse uma relativa liberdade em muitos aspectos, com a fase mais dura da repressão já ultrapassada, o autoritarismo dos censores continuava o mesmo, como se queixava Ruth Escobar.  

sábado, dezembro 09, 2017

Hoje o chefe de cozinha Erick Jacquin completa 53 anos.

Jornal noticia lançamento da bomba atômica sobre Hiroxima: 6 de agosto de 1945

A mais destrutiva das forças já desencadeadas pelo homem. Assim os jornais noticiaram os efeitos da bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroxima, no Japão, a 6 de agosto de 1945, um fato histórico que todos os jornais do mundo noticiaram, entre eles o Correio do Povo, de Porto Alegre. A notícia previa, com acerto, a rendição dos japoneses perante os norte-americanos e uma revolução na técnica. Três dias depois seria lançada outra boma, desta vez sobre Nagasaki, e o Japão, atônito, se renderia, encerrando oficialmente a Segunda Guerra Mundial, com a vitória dos aliados sobre as forças do nazi-fascismo.