Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sábado, agosto 25, 2018
sexta-feira, agosto 24, 2018
Um dos mais antigos condomínios do bairro nasceu em 1971: o IPE
O Condomínio Emanuel Domingues surgiu em 1971, na esquina com a Ipiranga.
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São três andares, 218 apartamentos (máximo de 16 por andar) de dois, três e quatro dormitórios e seis lojas que estão fechadas. Localizado entre a avenida Ipiranga, a rua Alcebíades Caetano da Silva e a Chile, o Conjunto Residencial Emanuel Domingues foi inaugurado em 1971. Destinado inicialmente a funcionários públicos, era um projeto do Instituto de Pensionistas do Estado, IPE, que financiava os imóveis pelo esticado prazo de 15 ou 20 anos. Aos poucos, como é natural, passou a ser habitado por um público variado, mas sempre de classe média e, em sua maioria, idosos – no caso dos proprietários.
Anterior ao Felizardo Furtado e ao da Corsan, o Emanuel Domingues não conta com elevadores e nem um sistema permanente de vigilância – que acontece somente à noite, aos finais de semana e nos feriados. Os furtos e roubos, porém, não chegam ainda a ser um problema, apesar da localização junto à avenida. A infra-estrutura do Residencial é bastante simples: algumas churrasqueiras e uma pequena pracinha para as crianças. Não existem elevadores. Estacionamento existe, mas não em quantidade suficiente. Erguido em uma época em que o bairro era ainda uma espécie de vila formada por muitas casas de madeiras, terrenos baldios e antigos e pequenos prédios de alvenaria, o Emanuel Domingues (homenagem a um antigo morador do Jardim Botânico, dizem alguns) foi projetado originalmente para ir até a rua Valparaíso (por onde, em 1971, passava o Riacho Ipiranga), o que não aconteceu devido às invasões do local.
Universal, um clube que marcou época no Jardim Botânico
O Grêmio Esportivo Universal marcou época no Jardim Botânico. Ainda hoje os mais antigos - e os nem tão antigos assim - lembram dele com saudade e carinho. Com dois campinhos localizados onde hoje está o Shopping Bourbon Ipiranga, o clube era democrático, eclético e papava muitos torneios pelas redondezas. Nesta foto, de 1956, o time do Universal, tendo ao centro, segurando o pavilhão, a sua madrinha, Eliane Squeff.
Alguém se identifica na foto?
(gentileza: dona Dorsa)
quinta-feira, agosto 23, 2018
Jardim Botânico foi o antigo Vale do Sabão
Flagrante: primeira comunhão na antiga igreja de São Luís, na rua Guilherme Alves. Esta igreja situava-se onde, hoje, está sendo construída a nova. A foto não está datada.Possivelmente é do final dos anos sessenta. O retrato pertence à coleção pessoal de dona Dorsa, antiga moradora do JB, e foi obtida por intermédio de seu Rui Cintra, comerciante e também antigo morador do bairro, residente na rua Itaboraí.
Oficialmente, o Jardim Botânico nasceu no ano de 1959, pela lei número 2022, de autoria do vereador e historiador Ary Veiga Sanhudo. Nesse ano foram oficializados inúmeros outros bairros de Porto Alegre. A história do Jardim Botânico corre paralela à da avenida Ipiranga e da canalização do riacho Dilúvio, obras que levaram décadas. No passado, toda essa região ribeirinha ao rio, desde a Agronomia até o Beira-Rio, era conhecida como o “Vale do Sabão”, uma área baixa e alagadiça. As constantes inundações do arroio eram um sério problema.
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Em seu livro “Crônicas da Minha Cidade”, que parece ter sido escrito na década de 50, o historiador Ary Veiga Sanhudo é profético quando ao futuro promissor da região - “a zona mais próspera da cidade”. Escreveu ele, meio século atrás:“O bairro São Luiz, como aliás foi por muito tempo conhecido, não apresenta verdadeiramente qualquer notabilidade maior do que as ajardinadas terras do nosso futuro horto botânico. É um lugar de condições modestas e pela circunstância de se achar encravado entre o Riacho e o cerro de Petrópolis, viveu sempre jugulado à sua embaraçante situação de bairro sem uma via própria de acesso com maior desenvoltura. A sua radial, todavia, é a perimetral rua Barão do Amazonas. (...) No entanto, não nos cabe dúvida que, no dia em que as formidáveis laterais do Arroio Dilúvio – avenida Ipiranga – estiverem completamente urbanizadas, propiciando o extraordinário tráfego desse imenso Vale do Sabão, desde a Agronomia até a Beira-Rio, todo este bairro, como os demais quarteirões ribeirinhos, tomarão outro aspecto e constituirão a zona mais próspera da cidade”.
QUERO-QUERO – Há menos de vinte anos, o Correio do Povo (23 de maio de 1987), em matéria da jornalista Magda Wagner, traçava um perfil do JB: “É um bairro tranquilo, de ruas largas, que mais parece uma cidade do interior (...) Em frente ao maior conjunto habitacional do bairro, na rua Felizardo Furtado, nos deparamos com uma inesperada plantação de agrião, reforçando a idéia de que o Jardim Botânico é, no mínimo, um bairro diferente. Os quero-queros, ave típica dos descampados, proliferam no bairro, alimentados pelas folhas de agrião.” Antes de ser Vila São Luiz, o JB chamava-se Vila Russa, o que é explicado pela presença de imigrantes russos que chegaram aqui no início do século passado, instalando-se na parte alta, do outro lado da hoje avenida Doutor Salvador França.
quarta-feira, agosto 22, 2018
Coleção de serpentes é um dos patrimônios da Fundação Jardim Botânico
Republicação. Publicado originalmente em dezembro de 2009. Algumas informações estão desatualizadas.
* Vitor Minas
Fundação Zoobotânica, avenida Salvador França. Chegando ao prédio administrativo, o mesmo do Museu de Ciências Naturais do Jardim Botânico, desce-se por várias escadarias, até a parte mais baixa, quase no subsolo.^
Lá, em um ambiente mal-cheiroso e úmido, estão Maria Lúcia Machado Alves e Moema Leitão de Araújo, as mais antigas biólogas das instituição, com 38 e 39 anos de casa, respectivamente.
Ao lado de três estagiárias e um bolsista, as duas - Maria formada na URGS e Moema na PUC - trabalham em um local nada comum e até mesmo repelente ou assustador para muitos: o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre, o maior do Estado, e que já chegou - tempos atrás - a enviar veneno de cobras para, entre outros, o Instituto Butantã e o Vital Brasil, onde é fabricado o soro antiofídico.
TEMPOS MELHORES - O Núcleo existe oficialmente desde 1987, mas na verdade remonta aos anos cinquenta, no início do Jardim Botânico, no tempo do renomado pesquisador e biólogo Thales de Lema, um "herpentólogo" - especialista em serpentes, ou cobras, como são chamadas mais comumente.
O Núcleo de Ofiologia é, hoje, constituido de meia dúzia de salas e tem apenas, como funcionárias efetivas, Maria e Moema. Porém já viveu tempos melhores, especialmente até os anos 80, quando faltou soro anti-ofídico no Brasil, criando-se um problema nacional. "Imagine, faltar o soro no País que inventou esse tipo de soro, descoberto por Vital Brasil!", lembra Maria. "O Brasil obrigou-se a importar o soro da Colômbia, que tinha qualidade inferior".Pressionadas, as autoridades decidiram investir no setor e destinaram verbas aos grandes institutos - com isso o Butantã, entre outros, recuperou-se e modernizou-se, passando a ser auto-suficiente na obtenção dos venenos de cobras, que antes eram enviados por instituições como o Núcleo da Fundação Zoobotânica. Com isso, o Núcleo - que integra o Museu de Ciências Naturais da Fundação - perdeu muito da sua importância e utilidade."O Núcleo já teve seis biólogos, quatro especializados em répteis e dois em amfíbios, e o nosso objetivo principal, que era extrair veneno, deixou de existir. Mudamos os objetivos então", conta Maria Lúcia. Hoje as duas se dedicam mais a auxiliar e assessor pesquisadores e a dar palestras em escolas sobre os ofídios. Trabalham 20 horas por semana em trabalhos científicos - e, também, administram "uma pequena fortuna": como ainda há muito veneno armazenado em freezeres, e como o veneno, segundo Maria Lúcia, "vale mais do que ouro", o Núcleo é quase como uma caixa-forte de um pequeno banco."Para você ter uma idéia, uma grama de veneno é mais cara do que uma grama de ouro. E, no caso da cobra coral, a mais valorizada, se fala em miligramas e não em gramas. Temos aqui uma bela quantia".
MERCADO CLANDESTINO - O veneno extraído das cobras fica cristalizado e permanece assim, sem perder as qualidades, por muitos anos. Poderia-se perguntar: se o veneno de cobra vale mais do que ouro, e se há tanto aqui, porque ele não é vendido para laboratório ou mesmo para outros países, carentes nessa área? Tanto Maria Lúcia como Moema arriscam uma opinião - ou constatação: "Acredito que seja o poder do mercado clandestino, que é muito poderoso. Mas daria para se vender sim, se houvesse interesse", opina Moema.
O Núcleo de Ofiologia conta hoje com 438 cobras venenosas e cerca de 30 não venenosas. São espécies as mais variadas - jararaca, cruzeira, jararaca pintada, coral, cascavel, jibóia, etc. Algumas delas já estão aqui há 14 anos, sem contar filhotes - nascidos no local - com 11 anos. Tais serpentes, em sua maioria, são obtidas de apreensões de autoridades (inclusive da Patrulha Ambiental da Brigada Militar) ou doadas pela Fundação Estadual de Pesquisa e Produção em Saúde, FEPPS, da rua Domingos Crescêncio (e não da avenida Ipiranga). Ou então trazidas por pessoas as mais variadas - agricultores, fazendeiros, pequenos proprietários rurais, sitiantes. "Temos também uma pequena criação", informa Moema.Algumas delas, inclusive venenosas, são expostas ao público visitante, na parte alta do prédio do Museu de Ciências Naturais.
CHEIRO DE RATO - O Núcleo de Ofiologia sofre com a fiscalização do IBAMA, que tem regras rígidas a respeito dos animais - talvez rígidas demais. Por exemplo, um dono de sítio que queira fazer a doação de algumas cobras vivas às biólogas precisa de autorização especial para transportá-la, e pode ser preso se não a tiver. "Como são pessoas simples, e o procedimento é complicado, eles geralmente desistem", informa Mária Lúcia.Visitar o local onde estão alojadas tais ofídios é um programa interessante - mal também nada agradável para as narinas. Como os animais se alimentam de ratos - pequenos e brancos, desenvolvidos em laboratório - e há uma criação destes no local, o cheiro é bem peculiar. As cobras ficam confinadas em seus "apartamentos", com ventilação e água. Recebem alimento diariamente e são vistoradas com frequência. Há casais juntos e um "berçário" para as cobrinhas que nascem. Há cobras novas e outras velhas - que, de tão velhas, mal conseguem comer os ratos e precisam de ajuda. Há pequenas, como a cobra coral, e outras imensas, como a jibóia.Mas tanto as biólogas como as estagiárias já se acostumaram com todas. Elas não só adoram os bichos - "vejam como esta é linda, veja as cores!", diz Maria Lúcia ao repórter, segurando uma imensa serpente venenosa, que acaricia como a um cãozinho de estimação. O mesmo faz a estagiária Bárbara Borges, de 20 anos, estudante do quarto semestre de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Bárbara já tem alguma experiência - fez estágio em um setor semelhante da PUC, já desativado, e diz: "Sempre gostei de cobras".
A estagiária nunca sofreu acidentes com os ofídios - pelo menos por enquanto. Mas as duas biólogas já foram picadas e, garantem, a dor não é tão forte assim. "mas depende da picada, das condições, da cobra, de muitas coisas", lembra Moema, que acabou no Hospital de Pronto-Socorro por conta de um desses "carinhos" de seus bichinhos.
terça-feira, agosto 21, 2018
Palmeiras, o primeiro campeão mundial de clubes: sim ou não?
Na Revista do Globo, de Porto Alegre, o reconhecimento do Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes,em 51 |
Alguns colorados dizem que o Grêmio não é campeão mundial de clubes. Essa discussão bizantina e sem muito sentido – pois na verdade o torneio intercontinental, fosse Copa Toyota ou qualquer outra coisa, era, sim, um campeonato mundial – não se restringe a colorados e gremistas, santistas ou são-paulinos, flamenguistas ou quaisquer outros clubes da América do Sul e da Europa. Ela, na verdade, começa com aquele que pode, sem dúvida alguma, ser considerado o primeiro torneio mundial de clubes, que aconteceu em julho de 1951, tendo por palcos os gramados brasileiros do Maracanã e do Pacaembu. E o resultado é um só: goste-se ou não, o Palmeiras foi o campeão e seu título lavou um pouco da honra desgastada pela derrota do selecionado brasileiro em 1950.
Em sua edição da primeira quinzena de agosto de 1951, um ano
depois da Copa do Mundo disputada no Brasil, a Revista do Globo dedicava várias
páginas sobre a Copa Rio, ou “Torneio Mundial de Campeões”, vencido pelo
Palmeiras. O jogo final foi contra a Juventus de Turim terminou empatado em 2 a
2, com um público pagante de 150 mil pessoas, o que garantiu, pelo regulamento,
o título ao esquadrão do Parque Antartica, já que antes este havia vencido o
escrete italiano, também no Maracanã, por 1 a 0. Foi a culminância de 22 jogos realizados,
sendo 11 no Maracanã e 11 no Pacaembu. E o número de participantes era bem mais
elevado que o moderno sistema da Fifa: estavam lá o Palmeiras, campeão
paulista, o Vasco da Gama, campeão carioca, base da seleção brasileira e
considerado favorito ao título, o Áustria, campeão da Áustria, o Sporting,
campeão português, o Nacional de Montevidéu, campeão uruguaio, o Estrela
Vermelha, campeão iugoslavo, o Olympique Gymnastique, de Nice, campeão da
França e a Juventus de Torino, vice-campeã italiana, que veio em lugar do
campeão Milan, mas que era talvez o melhor time da Europa. A reportagem adianta
que o torneio era uma iniciativa da então CBD, Confederação Brasileira de
Desportos, com anuência da Fifa. Já de
entrada, a reportagem afirma: “A Copa Rio
finalmente ficou no Brasil, graças ao feito brilhante do Palmeiras, que
conquistou assim a maior vitória do futebol brasileiro. Arrebatando a cobiçada
taça ao categorizado esquadrão italiano do Juventus, o quadro paulista
completou uma série de triunfos futebolísticos magníficos: campeão do Estado de
São Paulo, campeão do Torneio Rio-São Paulo, campeão da cidade de São Paulo e,
agora, campeão do Mundo. Com este último título elevou ainda nosso futebol à
posição que lhe compete.”
A reportagem lamenta apenas a ausência de clubes espanhóis,
atribuindo isso ao fato de que eles, enquanto seleção, haviam sido goleados
pelo Brasil na Copa do Mundo de 50 e receavam apanhar de novo. Outra ausência
lamentada era do Tottenhan, campeão inglês, que não quis vir alegando o
desgaste causado por uma viagem tão longa.
Em uma página que dedica ao assunto, a enciclopédia eletrônica
Wikipédia fala sobre a Copa Rio, esclarecendo muitas coisas: “A Copa Rio tem a sua importância em virtude
de ser a primeira tentativa de organização de uma copa do mundo de clubes de
futebol que na prática teve alcance intercontinental, antes mesmo da Copa
Intercontinental e da Copa do Mundo de Clubes da FIFA.” A ideia, então, era reunir em um torneio os
clubes campeões dos países que haviam participado da Copa do Mundo de 1950,
realizada no Brasil. Aliás, o artilheiro da competição, Giampiero Boniperti, da
Juventus, declarou não faz muito que tanto ele como seus colegas de equipe
entendiam, sim, que aquele era um torneio mundial de clubes.
O torneio também transformou-se um sucesso de público e de
rendas e, ao que tudo indica, foi bem organizado. Os lucros foram de mais de 4 milhões de
cruzeiros, algo difícil de mensurar hoje, sendo que cada clube recebeu 93 mil
cruzeiros e mais 200 mil pagos como garantia por partida. A CBD auferiu 10% do
total e mais 10% sobre a renda de cada partida, em um total de 2 milhões e 400
mil cruzeiros. Segundo a Revista do Globo, “os
paulistas fizeram uma invasão em massa da Capital do país a fim de assistir no
Estádio Municipal de Maracanã ao embate decisivo entre as equipes do Palmeiras,
campeão de São Paulo, e o Juventus de Turim, vice-campeão italianos, os dois
finalistas do torneio. Foi tal o afluxo de visitantes paulistas na Cidade
Maravilhosa que as passagens de avião para o regresso ficaram esgotadas até
três dias depois do jogo. Os torcedores palmeirenses não se decepcionaram. O
espetáculo desportivo que puderam apreciar no Maracanã correspondeu plenamente
a tudo o que dele se esperava. Numa tarde de gala, o Palmeiras escreveu uma
página de glória para o esporte nacional, sagrando-se campeão mundial.”
A Revista do Globo, editada em Porto Alegre mas com relativo
alcance nacional, emendava a reportagem sobre a Copa Rio com outra, detalhando
a trajetória e a história do Palestra Itália, que só passou a se chamar
Palmeiras em 1942, quando o Brasil já era hostil às potências do Eixo, o que
incluía a Itália. A matéria era assinada por Gustavo Renó. “Mas essas são histórias do passado que de modo algum interessam hoje,
salvo como simples registro, já que estamos recordando de passagem, enquanto a
cidade vibra com as suas vitórias, a trajetória brilhante desse “periquito
infernal” que ludibriou as melhores esperanças dos bambas da Áustria, da
Iugoslávia, da França, da Itália, de Portugal, do Uruguai, e que, como
autêntica transfiguração do Zé Carioca, passou a perna no próprio Vasco da
Gama, arrebatando-lhe o título de “campeão mundial de futebol.
Como se vê, o Palmeiras – que ainda não era porco e sim
periquito - pode, com direitos, mesmo que de forma isolada, se considerar o
primeiro campeão mundial de clubes, a despeito da arrogância e das ciumeiras
mesquinhas da FIFA e seus dirigentes. A entidade, aliás, reconhece e não
reconhece o Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes. Reconhece pois
o alviverde foi, de fato, o legítimo campeão, e não reconhece, talvez, porque
ela, FIFA, não recebeu dinheiro algum pelo torneio. Curiosamente, a mesma
entidade considera o Corinthians campeão do mundo em 2000, sem que ele sequer
tenha sido campeão continental.
sábado, agosto 18, 2018
sexta-feira, agosto 17, 2018
Inter, tetracampeão em 53
1953 foi o ano do centenário gremista e da inauguração do Olímpico, mas quem dominava o futebol estadual, então, era o Internacional, que enfileirava títulos - foi campeão de 50, 51, 52, 53 e 55 (Em 54 foi o Renner). Este é o time campeão de 53, com craques com Florindo, Odorico, Salvador e Bodinho. O técnico era Tetê. O poster é da Revista do Globo.
segunda-feira, agosto 13, 2018
Futebol eficiente, aplicação, valentia e preparação: o Grêmio
é campeão mundial de 1983
Correio do Povo: chamada de página inteira para a transmissão de Tóquio |
Um jogo de muita aplicação e pouca inspiração. Assim a
revista Veja de 21 de dezembro de 1983 noticiou a conquista, pelo Grêmio
Porto-alegrense, do título mundial de clubes disputado em Tóquio, no Japão. A
final, de uma só partida, sem interferência da Fifa, se chamava Copa Toyota –
em alusão ao patrocinador – e também Copa Intercontinental, por envolver os
dois grandes continentes futebolísticos, Europa e América. Em 2017, a entidade
reconheceu o Grêmio como legítimo campeão mundial de clubes daquele ano.
Sob o título “Carnaval
em dezembro – o Grêmio Ganha o
campeonato Mundial de Clubes e brilha na entre-safra do futebol”, a revista
semanal de maior circulação do País destacou o contexto desanimador do futebol
brasileiro de então, que vinha da decepcionante derrota da seleção na Copa de
82, disputada na Espanha. “Qual o País que,
vivendo uma crise de entressafra como a que estamos atravessando, consegue
fazer dois campeões mundiais em apenas três anos?”, perguntava, em tom de
desafio, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Giulite Coutinho.
Ele se referia não só à conquista do tricolor gaúcho como também, dois anos
antes, a do Flamengo, do Rio, que havia se sagrado campeão mundial na capital
do Japão ao vencer do Liverpool da Inglaterra por 3 a 0. Desta vez, ao superar
o Hamburgo da Alemanha por 2 a 1, o Grêmio de Porto Alegre – ainda segundo Veja
– “teve competência suficiente, além de
muita valentia, para vencer um adversário que ganhou o campeonato europeu e
acaba de ser eleito pela revista inglesa Word Soccer a melhor equipe do ano em
todo o mundo”. O Hamburgo havia sido campeão da Liga dos campeões da UEFA
ao vencer a Juventus de Turim por 1 a 0. O Grêmio, por sua vez, conquistara
pela primeira vez a Libertadores ao bater o Penharol de Montevidéu, no Olímpico
Monumental, por 2 a 1 no segundo jogo.
Veja apontava que “sempre
exigentes, torcedores de outros clubes lamentaram a falta de grandes jogadas e
toques mágicos ao longo de uma partida transmitida pela TV para milhões de
espectadores em todo o planeta”, para em seguida ressaltar a apoteose que
foi a chegada da delegação tricolor à capital gaúcha: “Os gremistas não tinham do que se queixar: fiéis ao código das paixões
do futebol, eles improvisaram um carnaval em dezembro para festejar, em Porto
Alegre, o mais luminoso título já alcançado em toda a história do clube”. Traçando
uma analogia do futebol eficiente do Grêmio no Japão, no dia 11 de dezembro,
com o da seleção canarinho que brilhou na Espanha, mas não chegou ao título ao
perder para a Itália no estádio de Sarriá, em Barcelona, a 5 de julho de 82, a
revista sentenciou: “De que adianta
formar um time de artistas se a vitória não viera?”
O feito do Grêmio, 35 anos atrás, tinha também explicações
extra-campo, como destacou a publicação da Editora Abril, ao referir-se à
minuciosa preparação do escrete tricolor e à custosa – para a época –
infraestrutura que precedeu o confronto no Estádio Nacional de Tóquio: “Até que o zagueiro uruguaio Hugo de León,
capitão do Grêmio, pudesse levantar a taça em Tóquio, o time gaúcho teve de
cumprir uma dura, demorada trajetória, durante a qual se viu compelido a mexer
no time e nos cofres. O atacante Tita, por exemplo, um dos heróis da conquista
da Libertadores da América, em julho, foi requisitado pelo Flamengo, que o
emprestara ao Grêmio, e abriu vaga para o veterano Paulo César Caju,
responsável por uma bisonha atuação no jogo de Tóquio.
A preparação do Grêmio para a decisão em Tóquio havia durado
quatro meses, com um gasto de mais de 300 mil dólares, pagos pelos patrocinadores
japoneses, e incluía concentrar os jogadores em uma estância climática em
Gramado, importar teipes das partidas do Hamburgo e fretar um avião para levar
300 pessoas ao Japão.
Veja aproveitou a ocasião para entrevistar um gremista
ilustre que, já longe do poder, pouco falava com a imprensa – o ex-presidente
brasileiro, general Emílio Garrastazzu Médici, então com 78 anos. Médici
interrompeu o seu retiro de verão em Dom Pedrito, na campanha gaúcha, para
seguir de carro, em companhia da mulher, até Porto Alegre, onde, segundo
explicou, a televisão pegava bem melhor do que em sua fazenda. Gremista fiel, o
general torcia também pelo Flamengo, e pelo São Paulo, que naquele ano havia
perdido o título estadual para o Corinthians. Feliz e aliviado, Médici
considerou que “o jogo foi muito duro,
emocionante durante todo o tempo”, especialmente na prorrogação. Mas
comemorou: “Também não é brincadeira, o
Grêmio é campeão do mundo!”. E ainda alfinetou a torcida colorada: “O Inter só é campeão gaúcho porque o Grêmio
preferiu se poupar para o título mundial.” Para o ex-presidente do regime
militar, o Grêmio já tivera times melhores: “O dos últimos anos, por sinal, eram superiores ao atual”.
Com a taça de campeão mundial de clubes nas mãos, uma
comitiva gremista seguiu para Brasília no dia 29 de dezembro de 1983 a fim de
mostrar ao então presidente João Batista Figueiredo e ao chefe da casa civil da
presidência da República e conselheiro do Grêmio, Leitão de Abreu, o troféu conquistado
no Oriente. Estavam lá o novo presidente, Alberto Galia, o recém saído Fábio
Koff, o patrono Fernando Kroeff e o presidente do conselho deliberativo, Flávio
Obino, além de Pajheu Macedo Silva e Pedro da Silva Pereira.
Conselheiro X há 10 anos (agosto 2008): confirmado o Bradesco no Jardim Botãnico
Neste local surgirá a nova agência bancária no Jardim Botânico.
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Está confirmado: o Jardim Botânico ganhará mais uma agência bancária - desta vez do Banco Brasileiro de Descontos, Bradesco, o maior banco privado do País. A agência - cujas obras vão em pleno ritmo - se localizará no coração do bairro, na rua Barão do Amazonas, bem próxima ao restaurante Cavanhas e quase ao lado do banco Itaú que ali existe.
Embora não façam declarações oficiais, fontes do banco - na avenida Protásio Alves - confirmam a notícia e garantem que a agência será inaugurada tão logo as obras estejam concluídas, "ainda este ano".
Com isso o Jardim Botânico, com seus cerca de 15 mil moradores, terá três bancos: a Caixa Econômica Federal, no interior do shopping Bourbon Ipiranga, o Itaú, na Barão do Amazonas, e agora o Bradesco.
domingo, agosto 12, 2018
sábado, agosto 11, 2018
Nomes das ruas do Jardim Botânico e o que elas homenageiam
O Jardim Botânico tem ruas com nomes sonoros e expressivos - Chile, Buenos Aires, Valparaíso, Itaboraí, Barão do Amazonas etc. Veja abaixo o significado de algumas delas, onde muitos de vocês residem ou trabalham.
A rua 18 de Novembro, aquela ao lado do Bourbon e onde está a churrascaria do 35 CTG, bem que poderia, por exemplo, homenagear Jimi Hendrix, o músico genial, falecido nesse dia, em 1970. Mas homenageia mesmo é a rendição dos inimigos na Guerra do Paraguai.
A rua 18 de Novembro, aquela ao lado do Bourbon e onde está a churrascaria do 35 CTG, bem que poderia, por exemplo, homenagear Jimi Hendrix, o músico genial, falecido nesse dia, em 1970. Mas homenageia mesmo é a rendição dos inimigos na Guerra do Paraguai.
BARÃO DO AMAZONAS – Rua que atravessa os bairros Petrópolis e Partenon. Começa na Protásio e acaba na Paulino Azurenha, com mais de 3 km de extensão. Na Planta Municipal de 1916, convergiam para a atual Bento Gonçalves duas pequenas vias, que eram então novas e de pequena extensão: a própria Barão, vinda dos lados do Arroio Dilúvio, e a avenida Esmeralda, que subia até a meia encosta do morro de Santo Antonio.
Até a década de 30 essa duplicidade de nomes continuou. Com a unificação, pela lei de 6.7.1936, mudou-se a denominação de avenida Esmeralda para Barão do Amazonas. Com o desenvolvimento de Petrópolis, esta rua prolongou-se até a Protásio Alves e, no sentido oposto, do Partenon, subiu o morro e superou a crista, descendo no rumo da Glória, até se encontrar com a Paulino Azurenha.O nome é uma homenagem ao Almirante Francisco Manoel Barroso, o Barão do Amazonas.
Até a década de 30 essa duplicidade de nomes continuou. Com a unificação, pela lei de 6.7.1936, mudou-se a denominação de avenida Esmeralda para Barão do Amazonas. Com o desenvolvimento de Petrópolis, esta rua prolongou-se até a Protásio Alves e, no sentido oposto, do Partenon, subiu o morro e superou a crista, descendo no rumo da Glória, até se encontrar com a Paulino Azurenha.O nome é uma homenagem ao Almirante Francisco Manoel Barroso, o Barão do Amazonas.
GUILHERME ALVES - Atravessa os bairros Jardim Botânico e Partenon. Começa na Ferreira Viana, passa pela Ipiranga e acaba na rua Mario de Artagão, Partenon. Aparece na planta de 1916 com o nome de rua Progresso. Pela lei número 2, de 6.7.1936, ganhou a denominação atual.Guilherme Alves, para quem não sabe (e poucos sabem), foi o primeiro construtor dos grandes e modernos trapiches na rua 7 de Setembro, no centro de Porto Alegre, aqueles mesmos armazéns que mais tarde passaram a ser propriedade da Cia Costeira. Graças à sua iniciativa, foram construídas várias edificações residenciais no Partenon, precisamente na atual rua Guilherme Alves, que ele organizou e construiu.O progresso da rua foi vindo aos poucos. Na planta de 1928, era apenas um logradouro do Partenon, sem ter ainda ultrapassado o Arroio. Na planta de 1949 já se achava plenamente instalada no Jardim Botânico.
FELIZARDO - Jorge Godofredo Felizardo nasceu em 9.11.1901, em Porto Alegre, e faleceu em primeiro de fevereiro de 1966. Foi engenheiro agrônomo, professor catedrático de Zoologia da Faculdade de Agronomia da URGS e do curso de História Natural da Faculdade de Filosofia da PUC, além de allto funcionário da Secretaria de Agricultura. Foi ainda genealogista e membro do Instituto Histórico e Geográfico do RS.
18 DE SETEMBRO – A data marca a rendição do Paraguai, na Guerra do Paraguai, quando forças paraguaias, cercadas pelo exército brasileiro, em Uruguaiana, se rendem sem condições. Dezenove anos depois, para comemorar o fato, foram libertados todos os escravos existentes na cidade. Conforme os registros da História, no dia 18 de Setembro aconteceu também, em diferentes anos, os seguintes feitos: o brasileiro Amyr Klink completa, em 1984, a travessia do oceano Atlântico em um caíque, sua primeira de muitas proezas; o governo militar senciona a Lei de Segurança Nacional, em 1969, prevendo inclusive pena de morte, prisão perpétua e banimento; em 1946, a teceira constituinte brasileira promulga a Constituição Brasileira.É também o Dia dos Símbolos Nacionais, Dia do Perdão.Santos do dia: José de Copertino, Metódio de Olimpo, Ricarda.Curiosidades: em 18 de setembro de 1950 entrou no ar a TV Tupi, de São Paulo, dando início à Era da TV no Brasil. Só havia tevê então em quatro países: EUA, Inglaterra, Holanda e França.Em 18 de novembro morre Jimi Hendrix, em 1970. Nasce Greta Garbo, em 1905. É também o dia da fundação da Central Inteligency Agency, CIA, em 1947, e da fundação do jornal New York Times, em 1851. O Chile comemora sua Independência neste dia, no ano de 1818.
JOÃO DE CASTILHOS - Um dos mártires católicos no início do RGS, junto com Afonso Rodrigues e Roque Gonzalez, também nomes de ruas do JB. Martirizado pelos indígenas aos quais queriam cristianizar, foi torturado e morto no século 16, assim como Afonso e Gonzales. João de Castilhos, jesuíta, nasceu na Espanha e viveu apenas 33 anos. Foi canonizado pelo Papa João Paulo Segundo em 1988.
Christiano Fischer - Foi um dos principais fundadoes da Faculdade Livre de Medicina de Porto Alegre, em 1898. Também ministrou a cadeira de Química. Em 1906 fundou a Farmácia Fisher, em POA. A avenida separa o JB do bairro Jardim Carvalho.Memória - Dia dos Pais há 10 anos, no Condomínio Felizardo Furtado (2008)
rdim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
domingo, agosto 10, 2008
Dia dos Pais, dia de aniversário
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Muitas filas nos açougues, para o tradicional almoço, além de famílias confraternizando em pizzarias e restaurantes. Dentre os homenageados, estava Jorge Schwingel, pai de João Pedro, que irá fazer 9 anos no próximo dia 21. Nas duas fotos, ele, ao lado do pai, e ao lado da mãe, Taís, moradores do Partenon.
Na foto acima, o aniversário do primeiro ano de vida da pequena Clara, filha de Vinícius e Simone Coelho, moradores do Bloco E do Condomínio Residencial Felizardo Furtado, no Jardim Botânico. Eles fizeram um festão para Clara, que atravessou o dia no salão de festas do condomínio. Parabéns a ela e aos seus pais.
* Clique na imagem para ampliá-la.
Conselheiro X em 4 de setembro de 2008: Incêndio no Condomínio Felizardo Furtado
REPUBLICAÇÃO Memória
A imagem do corredor e as crianças na frente do prédio.
Imagens do incêndio acontecido por volta das 20 horas de ontem, quarta-feira, em um apartamento do sexto andar do Bloco C (Edifício Itaimbé), do Condomínio Residencial Felizardo Furtado (952 apartamentos e cerca de 3500 moradores). A moradia ficou totalmente destruída. Os bombeiros chegaram em poucos minutos. Os moradores do prédio, de dez andares, tiveram de ser evacuados.
A imagem do corredor e as crianças na frente do prédio.
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No apartamento atingido, o 604, morava unicamente uma pessoa - um professor, que não se encontrava ali no momento do fogo. As causas serão apuradas pela perícia.
Um cabaré que marcou época na história do Jardim Botânico
Matéria publicada em 2012, no Conselheiro X
Eram os anos cinquenta, que muita gente chama de “anos dourados”, e seu Ruben Carlos Simionovschi vivia a sua infância, adolescência e início da juventude. O local – o bairro Jardim Botânico – nem tinha esse nome, oficialmente.“Em 1950, quando eu tinha oito anos, meu pai comprou uma casa na Guilherme Alves. Naquela época as ruas do bairro eram sem calçamento, somente com o passar dos anos elas foram recebendo melhoramentos, uma a uma – canalização do esgoto, calçamento”, relembra ele.
Aos mais de setenta anos, ainda morador do Botânico (rua Surupá), seu Ruben revive essa época com grande riqueza de detalhes. “Para nos locomovermos, tínhamos a opção de ir até a Protásio Alves, na esquina com a Barão do Amazonas, ou seguir até o final da linha do bonde, que ficava na esquina da rua Carazinho. Interessante que a linha de bonde vinha em dois sentidos, tinha trilhos nos dois lados da Protásio, junto aos postes centrais, mas somente até a Vicente da Fontoura, onde acabava a linha Boa Vista. Os bondes eram tipo “gaiolas”. Depois dali a linha era de um só lado, até o final, na esquina da Carazinho.
"Outra opção era pegar um micro-ônibus na Barão do Amazonas, esquina com a Felizardo. A opção preferida pela maioria era mesmo o bonde para o centro da cidade, já que a passagem saía mais em conta. Lembro que o micro-ônibus era cara. Por exemplo, se a passagem do bonde fosse 0,50 centavos, a do micro-ônibus era 2,00. Depois de alguns anos, a linha de ônibus, já operada pela Secretaria Municipal de Transportes, foi estendida até a esquina da rua Serafim Terra com a Felizardo”.Ele recorda que os ônibus variaram no decorrer dos anos: primeiramente movidos a gasolina, “depois uns ônibus importados, a diesel. Tivemos também ônibus “papa-filas”, cuja dianteira era um cavalinho, o ônibus vinha quase engatado nele”.
FAMOSO CABARÉ – Em uma época em que não havia televisão no Rio Grande do Sul os cinemas dominavam a cena. Ruben lembra: “Tivemos dois cinemas em Petrópolis. Um ficava nos fundos da antiga igreja de São Sebastião, na esquina das ruas Carazinho e João Abott, o Cinema Petrópolis. Já o Ritz, na Protásio, funcionou mais tempo, até ser demolido. Outra lembrança que eu tenho da Colônia Agrícola do Hospital São Pedro que ficava na área ocupada hoje pela SMAN e o Jardim Botânico. Os doentes trabalhavam no cultivo de hortaliças e alguns fugiam e ficavam perambulando pelo bairro.
No bairro, a “Vila São Luiz”, havia também muitos campos de futebol. Onde hoje é a ESEF, por exemplo, tínhamos quatro campos, muito frequentados, onde aconteciam torneios de futebol aos finais de semana. Além deste havia o campo da SMT, no final da Felizardo, esquina com a Buenos Aires. Onde hoje é a rua Pedro Pieretti existia o campo do Clube Amazonas e onde está o Bourbon eram dois campos também”.
Simionovschi recorda que na rua Cervantes, subindo a Dona Inocência, funcionava um famoso cabaré da cidade, o “Casa Branca”, cujo prédio ainda existe, “porém sem o charme de antigamente.“Sei dizer era frequentado por pessoas de algum poder aquisitivo. Lembro que a proprietária era uma senhora que tinha uma filha adolescente, como nós, uma filha muito promissora. Aquela parte alta do bairro era conhecida como Vila Russa”.
DOUTOR TÁCITO – Nos anos 50 não havia esgoto canalizado – os despejos corriam a céu aberto. A maioria das casas tinham latrinas e, algumas, fossa negra. “No início, cavei muito buraco para a nossa latrina”, revela Ruben. Quanto á água, naqueles tempos, já era tratada e canalizada, embora existissem determinados locais onde ela aflorava naturalmente do solo – os moradores mais antigos lembram das “bicas” da Praça Ararigbóia e da praça Nações Unidas.Por esse tempo o arroio Dilúvio – hoje praticamente um esgoto urbano – exibia águas claras, boas para o banho e para a pesca. Ruben presenciou as obras de canalização e o calçamento da avenida Ipiranga. Ex-aluno do colégio Otávio de Souza, lembra dele todo de madeira - “construído no governo Leonel Brizola” - feito com táboas de “macho-e-fêmea” sobre pilares de concreto. Outra recordação é a da Chácara das Camélias, de cultivo de flores, e que começava na Ferreira Viana e terminava na altura do número 200 da Guilherme Alves. “Outra chácara era onde está o Conjunto Felizardo Furtado, de hortigranjeiros, os donos eram uma família, só recordo do nome de um dos filhos, chamado Raul. Outra ficava onde hoje está sendo anunciada a construção do Condomínio Allure, na Felizardo, uma chára de agrião, principalmente, do seu Ângelo, que tem descendentes no bairro – Zé, Luiz, filhos, noras, genros, netos”.Outra pessoa da qual seu Ruben Simionovschi não esquece é do doutor Tácito Castro de Castro, um médico que atendia os pacientes em sua própria casa, na rua La Plata, defronte ao hoje Supermercado Gecepel. “Depois ele manteve o consultório em uma sala no prédio da Barão do Amazonas, em frente ao Posto Ipiranga, esquina Valparaíso. Ali, em uma das lojas, havia a Farmácia Idela, do casal Frontelmo e Léa e mais um sócio”.
Foto: o cabaré que marcou época no JB foi demolido recentemente para dar lugar a um grande edifício. Foto de Vitor Minas, em 2008.
Farroupilha, "a mais potente", foi a terceira emissora de rádio de Porto Alegre
Inaugurada em 1935, durante os festejos pelo centenário da Revolução Farroupilha, a Rádio Farroupilha, a PRH 2, foi a terceira emissora de Porto Alegre, atrás da Gaúcha e da Difusora. A "mais potente" teve, nas cerimônias da sua inauguração, um show com nada menos do que Carmen Miranda e Mário Reis - os dois cantores mais populares do Brasil naquela época. Carmen ainda estava por fazer carreira internacional - mas passava frequentemente por Porto Alegre, onde os aviões a hélice da época faziam escala, com os passageiros aqui pernoitando. A Farroupilha - uma das mais poderosas ondas do Brasil, com 100 quilovates de potência - trouxe muitos artistas famosos para Porto Alegre e mantinha um "cast" exclusivo, com orquestras e tudo. Nesta matéria do Correio do Povo se vê o que era a emissora naquela época distante, quando Porto Alegre mal passava dos 200 mil habitantes.
terça-feira, agosto 07, 2018
Heleno de Freitas, a Gilda, craque temperamental, sempre prestes a explodir como uma
bomba de hidrogênio
Em um país em que a maioria dos jogadores é feia, mestiça, de
origem plebeia e com escassa bagagem cultural, o caso de Heleno de Freitas se
destaca em sentido contrário. O craque do Botafogo, considerado um dos grandes
jogadores da América do Sul naquela primeira metade do século 20, não só era
culto – culto, formou-se em Direito e falava várias línguas – como também era
bonito e charmoso como um galã de novela. Mineiro de nascimento, filho de um
rico plantador de café, Heleno de Freitas faz parte da história do futebol
brasileiro mais por seu modo de vida do que por seu festejado futebol elegante.
Um dos grandes artilheiros do Botafogo e segundo maior ídolo do clube depois de
Garrincha, em 1946 foi apelidado de Gilda por seu temperamento explosivo e
imprevisível e não por sua ambiguidade sexual, que aliás não existia. Gilda é
um clássico do cinema, interpretado por Rita Haywoorth.
Mulherengo, bom de copo e de boemia, integrante, no Rio, do
célebre Clube dos Cafajestes, o atacante teve muitas e belas mulheres, entre os
quais, dizem, se incluiria a então primeira dama da Argentina, Evita Perón, isso
na época em que jogou pelo Boca Juniors.
Heleno morreu em novembro de 1959, com apenas 39 anos de
idade, sifilítico e louco, em um hospício de Barbacena, Minas Gerais.
Artilheiro do campeonato sul-americano de 1946, nunca ganhou nada de importante
pelo Botafogo - seu único título carioca é pelo genial Vasco de 1949, base da
seleção brasileira do ano seguinte.
Criticado, atacado, mas também invejado, Heleno de Freitas
sempre foi um prato cheio para os jornalistas e radialistas da época, que
adoravam falar da sua vida pessoal e dos seus variados escândalos. Isso, é
claro, fez com que não fosse convocado para a Copa do Mundo de 1950, no Brasil,
a primeira que perdemos em casa.
Em A Comédia do
Futebol, artigo publicado em 13 de outubro de 1951, um ano depois da Copa,
na Revista do Globo, o jornalista carioca Ubirajara Mendes, com seu texto
ferino, traçou um perfil bem humano do selecionado que fracassara naquele
célebre Maracanaço contra o Uruguai. De Heleno escreveu o seguinte:
“Certa vez o impetuoso
centro-avante Heleno de Freitas, talvez por motivos bem justificados,
irritou-se fortemente em campo, e armou uma rixa. O juiz apita. Suspende-se o
jogo e entabulam-se as clássicas “conversações”. Os jogadores envolvidos no
caso dão esclarecimentos. Os dirigentes de ambos os clubes vão para o gramado e
por fim volta a reinar a paz. O árbitro adverte Heleno e a partida recomeça.
Dias depois outro embate futebolístico é interrompido por uma disputa. E nas
arquibancadas começam os comentários:
- Que foi. Ah, é o
Heleno! É a mania dele. No domingo
passado foi a mesma coisa. Esse rapaz explode por nada...
E assim nasceu a “mania
de Heleno”. Tornou-se ele, para todos os efeitos, o explosivo, o irritadiço,
com um sistema nervoso feito de fios elétricos. Na maioria das vezes é o
público que se encarrega de criar um traço característico que associa sempre à
pessoa de um determinado craque. E o jogador termina por cultivar o “dom” que
os torcedores descobriram nele. É uma maneira de dar relevo à sua
personalidade, fator importantíssimo para quem deseja fazer ou conservar um
cartaz. O caso de Heleno é típico. Com a adesão franca da torcida, ele se
transformou numa bomba de hidrogênio pronta a explodir a qualquer momento.
Depois que apagaram seu nome do futebol carioca, muitos fãs sofreram mais do
que o excelente craque. Alguns dizem até que perdemos o último Campeonato do
Mundo porque abandonamos Heleno. Acrescentam que Obdulio Varela não aguentaria
vinte minutos como marcador do temperamental dianteiro... “
O aniversário do velho Força e Luz, aliás Rio Branco, aliás Corinthians
Dentre os clubes de futebol que marcaram época em Porto Alegre, um dos mais lembrado é o Grêmio Esportivo Força e Luz. O forcinha" foi fundado em 8 de setembro de 1921 por funcionários da empresa de bondes Carris e começou suas atividades na rua da Glória, de onde se mudou, logo depois, para o bairro Teresópolis. Seu uniforme era branco, com listas vermelhas verticais, e seu campo definitivo foi o famoso estádio Timbaúva, nas proximidades do centro da capital e que se tornou, por muito tempo, o melhor estádio de Porto Alegre - o que não significava muito para uma cidade que ressentia-se de boas canchas esportivas. O Força e Luz, obrigado a isso, também se chamou Rio Branco e Corinthians, voltando depois ao nome original. Em 1959, em crise, fechou seu departamento de futebol, tendo retornando ao segundo turno do Gauchão no ano de 1972. Em 2006 pediu sua extinção à Federação Gaúcha de futebol. O campo da Timbaúva foi vendido á companhia Zaffari, que pretende demolí-lo - o que ainda não fez - para construir ali mais um de seus shoppings. Nesta matéria, de 1935m o CP noticia mais um aniversário - o décimo quarto - da entidade.
segunda-feira, agosto 06, 2018
O primeiro jogo de futebol na neve no Brasil foi em Caxias do Sul
Jogar futebol em um campo coberto por neve parece ser coisa do
Leste europeu e não de um país tropical – ou subtropical, no caso do Rio Grande
do Sul – como o Brasil. Mas aconteceu, e foi na serra gaúcha, mais precisamente
em Caxias do Sul, no dia 17 de julho de 1975, uma quinta-feira. O local do jogo
– um casual amistoso entre o Juventude e o Internacional de Santa Maria – foi o
estádio Alfredo Jaconi, a casa do esmeraldino caxiense, com um público tão
diminuto que dava para contar nos dedos, apesar de ninguém pagar pelo ingresso.
Diminuto e corajoso para enfrentar a temperatura de dois graus negativos que
fazia naquela noite na antiga Pérola das Colônias.
A partida, por si só insignificante, já que os dois times não
participavam do Gauchão daquele ano, acabou se tornando notícia no Brasil
inteiro, com fotos estampadas em muitos jornais. O Juventude venceu a partida mas
a sensação foi mesmo o espetáculo dos 22 jogadores e do juiz patinando em uma
camada de cinco centímetros de neve, tão bonita e inédita que alguns torcedores
chegavam a dizer, ao ver o bailado dos atletas, “que pena, vão estragar tudo!”.
O Correio do Povo do dia seguinte comentou “o inédito futebol
na neve”: “No início da partida os
jogadores chutavam a bola e a neve também, e o tapete começou a receber manchas
verdes, mas estas não persistiam muito porque a neve continuava a cair,
persistindo durante todo o jogo. A temperatura estava a dois graus abaixo de
zero. Nas arquibancadas do estádio Alfredo Jaconi, nenhum torcedor; nas
sociais, alguns poucos. Muitos foram embora no final do primeiro tempo: estava
muito frio e já tinham visto a primeira partida de futebol na neve do Brasil. O
Juventude venceu o amistoso por 2 a 0, gols de Assis e de Silva. O espetáculo,
como futebol, não agradou. Os jogadores escorregavam e patinavam muito. Afinal,
nenhum tinha experiência em campo de neve.”
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