quinta-feira, agosto 03, 2006

Ulysses Guimarães: a última viagem do Sr. Diretas


Angra dos Reis, litoral do Estado do Rio. Segunda-feira, 12 de outubro de 1992, feriado da padroeira do Brasil (Nossa Senhora Aparecida) e Dia da Criança. O tempo está ruim, com chuvas, trovoadas e ventos naquela região da costa sul fluminense quando o deputado Ulysses da Silveira Guimarães, 76 anos, sua esposa Mora, e mais o casal Severo Gomes (ex-ministro, ex-senador) e Henriqueta partem de volta a São Paulo. Dirigido pelo experiente piloto Jorge Comeratto, o helicóptero de prefixo PT-HMK, emprestado pelo empresário paulista Jorge Chammas Neto (Moinho São Jorge), é avistado pela última vez meia hora depois da partida, por volta das 17 horas, voando baixo, a cerca de 50 metros acima do nível das ondas, costeando o litoral, abaixo de uma impiedosa chuva de granizo.

O industrial Arthur Vicintin Neto - que tem casa ali e pescava naquele momento - avistou a aeronave tentando romper a barreira das espessas nuvens que tomavam conta do céu: "O piloto ciscava, procurando um buraco no meio das nuvens", lembraria ele mais tarde. Naquele momento sopravam ventos de mais de 100 quilômetros por hora e só por milagre não aconteceria uma tragédia.
O milagre, porém, não aconteceu: as forças da Natureza foram mais fortes e em breve o Brasil saberia que o líder máximo das oposições durante o regime militar, o Senhor Diretas, o Anticandidato a Presidente da República, Ulysses Guimarães, estava morto, junto com todos os demais ocupantes do helicóptero.
A morte de Ulysses (até hoje o corpo, ou o que dele sobrou, não foi encontrado) representou, de certa maneira, o fim de uma era. Calvo, de voz grave, incisivo e destemido, o Senhor Diretas personificou a intransigente oposição ao regime de arbítrio que se instalou com o AI-5. Democrata, de tendências moderadas, o paulista Ulysses Guimarães elegeu-se deputado estadual em 1947, quando contava apenas 30 anos de idade. Em 1950 tornou-se deputado federal, também por São Paulo. Em 1956 foi escolhido presidente da Câmara Federal e, em 1961, no curto gabinete parlamentarista de Tancredo Neves, tornou-se ministro da Indústria e Comércio. Com o golpe militar de 1964, Ulysses - que, discretamente, apoiou o movimento - parecia estar marchando para um direto apoio à chamada "revolução". Porém, ao constatar que a volta à democracia não estava entre as prioridades dos militares e que muitos atos de arbítrio já estavam sendo praticados, Ulysses - advogado por formação - imediatamente bandeou-se para as hostes oposicionistas - ele, que tinha sido do PSD, enfileirou-se com o recém criado Movimento Democrático Brasileiro, o MDB. Candidato por este partido (então rebatizado de PMDB) na primeira eleição direta do período da redemocratização, amargou o quinto lugar na contagem final dos votos, não tendo sequer ido ao segundo turno.
A morte de Ulysses - que havia ido passar o final de semana no litoral de Angra, mais exatamente na casa do empresário Luis Eduardo Guinle - encerrou uma carreira política de quatro décadas, com onze mandatos consecutivos, vigorosos pronunciamentos em favor da democracia e um estilo incandescente de oratória que marcou época. Com ele, no mesmo vôo, desaparecia outra figura destacada da oposição ao regime militar, regime ao qual, curiosamente, serviu em seu início - o ex-ministro da Agricultura do governo Castelo Branco, ministro da Indústria e Comércio de Ernesto Geisel, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do governo paulista de Fleury Filho, o ex-senador Severo Gomes. Udenista por formação, Severo desencantou-se com a Revolução de 1964 e, em 1979, bandeou-se para a oposição. Franco e direto, reconhecia ter mudado, "tarde, mas não demasiado tarde".

quarta-feira, agosto 02, 2006

Paulinho Paiakan, de vedete a estuprador


No final de maio e início de junho de 1992, quando, no Rio de Janeiro, acontecia a Eco 92, um fato surpreendeu e chocou os seus mais de 12 mil participantes: o cacique da tribo caiapó, da aldeia Aukre, no sul do Pará, Paulinho Paiakan, então com 37 anos, considerado algo assim como o "bom selvagem", o defensor da selva e do politicamente correto, foi denunciado por estupro de uma jovem branca, crime acontecido no final da tarde de uma terça-feira, 31 de maio.

Segundo a denúncia, Sílvia Letícia da Luz Ferreira, de apenas 18 anos, virgem (conforme apurou a perícia), vizinha da família do índio e que nas horas vagas ensinava as três filhas deste a ler e a escrever, foi barbaramente estuprada e seviciada por Paikan em um trecho escuro de uma estrada do município de Redenção (então com cerca de 150 mil habitantes), a menos de 800 km de Belém. Conforme se apurou, Paiakan - em conivência coma própria esposa e tendo uma filha de cinco anos a observá-los - parou o carro no qual deram carona à estudante, um Chevette. Selvagelmente, passaram a espancá-la. Em seguida Letícia foi estuprada no banco de trás. Depois do estupro, durante mais de uma hora, a vítima passou por uma sessão de tortura que, segundo o delegado que investigou o caso, de nome Barbosa, lembrava um ritual satânico, tanto que o carro ficou todo cheio de sangue, inclusive no teto. Letícia teve um mamilo dilacerado, escoriações por todo o corpo, sofreu uma tentativa de estrangulamento e foi mordida pela mulher do cacique, Irekran. Jogada em seguida para fora do carro, a moça foi salva providencialmente minutos depois por um caseiro branco das redondezas, que ouviu à distância seus gritos e foi até o local, munido de uma espingarda. Ele chegou na hora exata em que Paikan tentava enforcá-la com um pedaço de arame. Sob a mira da arma, o cacique foi obrigado a parar. O casal, segundo se soube, teriam consumido bebidas alcoólicas horas antes, durante um churrasco em um sítio, no qual Letícia também compareceu. Paikan e a família ainda permaneceram por dois dias na cidade, antes de fugir para a região da sua tribo a bordo de um avião monomotor, propriedade do próprio cacique e pilotado por este.
Com todas as suas implicações, e por ter acontecido durante o maior e mais importante encontro ecológico da década, a ECo-92, no Rio de Janeiro, o fato constrangeu a comunidade ecológica mundial, uma vez que Paiakan, até então, era uma espécie de vedete internacional, tendo recebido vários prêmios nessa área, além de ser capa de revistas importantes da Europa e dos Estados Unidos. Ele, por exemplo, havia ganho o Prêmio Global 500 da ONU e o diploma da Sociedade por um Mundo Melhor. Também foi homenageado nos salões do luxuoso hotel Waldorf Astória, em Nova Iorque, cerimônia a que compareceu ao lado do ex-presidente Jimmy Carter. Entre seus admiradores declarados estava o príncipe Charles e o cineasta Ridley Scott - que, inclusive, pensava em fazer um filme sobre ele e sua tribo. Paulinho Paiakan e a sua tribo podiam (e podem) ser considerados ricos: suas reservas (3,2 milhões de hectares) são ricas em recursos natural, especialmente o mogno, madeira nobre que, segundo se apurou, ao ser vendida aos fazendeiros da região, rendia milhões de dólares ao ano aos integrantes da tribo. Além da madeira, há ouro na área dos caiapós, em cujas casas de alvenaria se avistam antenas parabólicas e automóveis do ano nas garagens. Paulinho Paiakan, por exemplo, é dono também de uma caminhonete D-20.
Julgado e condenado pelo ato (faltam informações atualizadas a este respeito), ele e sua mulher permaneceram em "prisão domiciliar" - ou seja, foram proibidos de sair de sua reserva mas não acabaram encarcerados. O caso Paiakan, embora rumoroso, caiu em relativo esquecimento com o passar dos anos.

terça-feira, agosto 01, 2006

Astronautas da Apolo 11 levaram cianureto?


Pouca gente sabe, mas a missão Apolo 11 - aquela que chegou à superfície lunar pela primeira vez, em julho de 1969 - tinha grandes possibilidades de acabar em tragédia. Conforme um memorando encontrado nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, por ocasião dos 30 anos da conquista da Lua, havia o temor de que os dois astronautas que colocaram os pés no solo do satélite terrestre, Armstrong e Aldrin, não conseguissem mais retornar para a Nave Mãe, que ficou orbitando no espaço, com Collins no comando. Se houvesse algum problema com o módulo lunar Eagle (Águia), aquele que pousou na Lua com os dois astronautas e, duas horas e meia depois, voltou à nave principal, a ordem da Nasa é para que eles fossem abandonados na superfície lunar. Collins, então, deveria regressar à Terra, sozinho, já que não teria condições de efetuar uma missão de salvamento. Segundo os documentos, os três astronautas sabiam desse risco e estavam preparados para serem "heróis ou mártires".
O presidente Nixon, inclusive, já tinha preparado uma mensagem presidencial ao Mundo, falando da tragédia. Um dos trechos: "O destino determinou que esses homens que foram à Lua explorá-la em paz nela descansassem em paz para sempre. Outros exploradores seguirão rumo ao espaço e certamente encontrarão o caminho de volta. A busca humana não será abandonada. Mas esses homens foram os primeiros e eles permanecerão para sempre no nosso coração como os verdadeiros pioneiros."
Mais: se não conseguissem voltar, Armstrong e Aldrin teriam oxigênio para apenas 36 horas lá em cima e certamente experimentaram uma morte nada agradável, a 382 mil quilômetros de casa. Segundo informações não confirmadas, os dois carregavam consigo cápsculas de cianureto, a fim de abreviar o sofrimento.
O arquivo do memorando está arquivado sob o título "Na eventualidade de desastre na Lua" e foi redigido pelo então porta-voz de Richar Nixon, William Safire.
Para saber mais, consulte a revista Veja de 21 de julho de 1999, página 56 e 57, "Prontos para Morrer", de Daniel Hessel Teich.

segunda-feira, julho 31, 2006

Enchente de 1941, o Rio Grande sob as águas


Em maio de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, todo o estado do Rio Grande do Sul foi castigado por uma enchente sem precedentes.
Foi, de longe, a maior calamidade natural que castigou o altivo Estado gaúcho, então com menos de 3 milhões de habitantes. As chuvas iniciaram em abril e se estenderam por mais de três semanas, deixando 25 mil quilômetros quadrados do Estado submersos e um contigente de 80 mil flagelados somente na Capital. Dezenas de cidades ficaram isoladas, faltaram alimentos, energia e água potável e praticamente todos os meios de transporte terrestre pararam. O auge da cheia, a "quinta-feira negra", aconteceu a 8 de maio, quando o nível do Guaíba passou dos 4,70 metros no cais do porto de Porto Alegre. Os jornais - Correio do Povo, Diário de Notícias, Folha da Tarde e mais uma meia dúzia de publicações menores - tiveram suas oficinas inundadas e deixaram de circular. Se andava de barco pelo centro da cidade e a avenida Farrapos transformou-se em uma pista aquática. Bancos, repartições públicas, comércio, indústria, serviços - quase tudo (pelo menos na parte inundada) deixou de funcionar e milhares de pessoas de uma cidade que contava menos de 300 mil habitantes permaneceu ilhada em suas casas ou acolhida em abrigos públicos. Depois da enchente veio um frio polar, de enregelar pinguim, seguido de fortíssimos ventos em determinadas regiões do Estado. A enchente de 1941 vive até hoje na memória popular, embora não tenha sido expressiva em número de vítimas fatais. O Governo do Estado, comandado pelo Interventor Osvaldo Cordeio de Farias, e o municipal, dirigido por José Loureiro da Silva (ambos, coincidentemente, de 39 anos de idade) mostrou grande capacidade de organização e, graças a uma série de providências corretas, evitou o pior. A população gaúcha, de igual forma, demonstrou estoicismo, sendo poucos os casos de saques e vandalismo.
A revista foi editada em 2011 e apesar do autor procurar divulgação junto aos grandes jornais, a resposta foi mínima. Zero Hora publicou material a respeito somente em 2013, na coluna Almanaque Gaúcho
Reprodução da capa da revista Águas de Maio, a Grande Enchente de 1941, de Vitor Minas. Edição do autor, 2011, 60 páginas, papel couché. Tiragem de 1.000 exemplares.
Os roubos eram praticados geralmente em canoas ou caíques, quase sempre à noite. Algumas famílias, que descuidaram de suas propriedades alagadas, tiveram o desprazer de, ao voltar, não encontrar mais nada de valioso. 
Os Estados Unidos, com sua Política da Boa Vizinhança, enviaram uma "Fortaleza Voadora" ao Rio, com medicamentos e vacinas destinados aos flagelados gaúchos. Do Rio tais produtos foram trazidos a Porto Alegre em dois aviões da Força Aérea Brasileira.
Plinio Brasil Milano, chefe do DOPS gaúcho, celebrizou-se por sua caça aos elementos simpatizantes do nazismo no Estado. Faleceu poucos anos depois, ainda jovem, de uma enfermidade grave, em Montevidéu, Uruguai. 
A Comissão de Abastecimento Público funcionou a contento durante os dias da cheia, porém o que se viu depois da calamidade de maio foi uma onda altista de preços, com industriais, comerciantes e atravessadores escondendo produtos para revendê-los a preços altíssimos no chamado Mercado Negro. Nem mesmo a ação do Estado - que havia tabelado os gêneros de primeira necessidade - conseguiu impedir tal fenômeno.

As cheias cíclicas e ao mesmo tempo imprevisíveis do Guaíba eram o maior problema de Porto Alegre havia séculos. Fala-se muito da calamidade de 1941, porém cinco anos antes, em outubro de 1936, a cheia que assolou grande parte do Estado foi de um grau de destruição não muito inferior. Somente na capital mais de 50 mil flagelados disputaram abrigos particulares e sobretudo públicos. O prefeito era Otávio Rocha e o governador Flores da Cunha. Reprodução do Correio do Povo, coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.

A cheia de 1936 foi mais repentina e deixou mortos não somente em Porto Alegre como em minas da região carbonífera. A cidade tinha então pouco mais de 200 mil habitantes e vivenciara, em 1928, uma histórica enchente.
Em 1941 a Revista do Globo, na rua da Praia, também foi atingida pelo aumento das águas do Guaíba e sofreu prejuízos no seu estoque de papel. Porém, mal o volume líquido baixou, a publicação quinzenal da editora do Globo, criada em 1929 por sugestão de Getúlio Vargas, saiu às ruas com ampla cobertura da cheia. Na reprodução acima, detalhes de fotos de uma das páginas.
Perdendo apenas para a de 41, a enchente de 1928 foi a maior, em aumento do nível de águas do Guaíba, naquela primeira metade do século XX. O Presidente (governador) do Estado era Getúlio Vargas e o Rio Grande do Sul vivia um agitado momento político, com as eleições daquele ano e os movimentos contra a República Velha que culminariam na Revolução de 1930. A reprodução acima é do Jornal da Manhã, órgão com orientação católica mas com uma interessante e, para a época, dinâmica diagramação.  
1941: nos mais de 100 abrigos públicos espalhados pela capital, aconteciam fatos surpreendentes e via-se toda espécie de pessoas, incluindo as mais excêntricas. Mas também aconteciam namoros e até casamentos. Ou, como se vê nesta foto publicada pela Revista do Globo, também ocorriam nascimentos, como o deste menino, batizado com o nome de Osvaldo, em homenagem ao Interventor Federal, Osvaldo Cordeiro de Farias.
1941: as cheias no RGS foram notícia em todo o Brasil e parte do mundo. O Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, dedicou, durante semanas, espaço diário ao assunto.

O ano de 1941 teve o carnaval mais animado dos últimos dez anos. Com a prefeitura destinando verbas aos blocos mais expressivos, os foliões voltaram às ruas da Capital,  desfilando suas fantasias singelas e originais pela avenida Borges de Medeiros, a principal para a festa "momesca". Em um tempo em que o carnaval era algo genuinamente popular e sem os recursos financeiros de hoje em dia, os foliões improvisavam fantasias - inclusive de mulher, no caso dos blocos dos sujos - e divertiam-se como podiam, conforme vemos nestas páginas da Revista do Globo.
Em maio de 1943 - dois anos depois do flagelo de maio - o engenheiro Hildebrando de Araújo Góes proferiu palestras na Sociedade de Engenharia, em Porto Alegre, e também em Pelotas, apresentando os resultados dos estudos a respeito das causas da terrível cheia de 1941 e das medidas a serem adotadas para que tal fenômeno não se repetisse. Góes - que havia saneado a Baixada Fluminense, e era uma autoridade no assunto - considerava as inundações que aconteciam então no Rio Grande do Sul como "um dos maiores problemas hidráulicos do mundo". Ele era agora diretor do Departamento Nacional de Obras de Saneamento, DNOS, órgão encarregado de construir grandes diques e reservatórios que contivessem o avanço das águas do Guaíba, embora Araújo fosse de opinião que somente o erguimento de uma grande muralha de proteção pudesse resolver o crucial problema da Capital gaúcha. 
As enchentes do Guaíba aconteciam quase todos os anos, deixando sobressaltada a população ribeirinha e pobre, principalmente a do Quarto Distrito e da Ilhota, a favela da cidade, debruçada sobre o Riacho Dilúvio, ainda não canalizado. A Ilhota,  local onde Lupicínio Rodrigues, então com 26 anos, nasceu, era a "vila dos pobres e dos negros" e a que mais sofria com a elevação das águas. Em 1940 - portanto, um ano antes da cheia de maio - o Correio do Povo abordava novamente o assunto, assinalando que, em cerca de 15 anos, mais de 100 enchentes infernizaram a vida dos moradores da capital gaúcha.
Flagelo que se repetia periodicamente e que exigia colossais recursos financeiros para a sua solução, o problema das inundações de Porto Alegre teve avanços e recuos e, principalmente, anúncios de medidas que nunca se concretizaram em sua totalidade. Em 1944, três anos depois da grande cheia, ainda se discutia o assunto e se prometia medidas capazes de resolver a questão, como os Estados Unidos haviam feito no Vale do Tennesse.
Muitos técnicos eram céticos e até pessimistas em relação à solução do problema das cheias na região de Porto Alegre, como se vê nesta matéria publicada no Diário de Notícias, semanas depois do término da enchente.

O melhor carnaval dos últimos anos acontecia em meio à ditadura paternalista do Estado Novo de Getúlio Vargas. O Rio Grande do Sul, embora já endividado, crescia economicamente, e Porto Alegre, com seus 300 mil habitantes, ganhara na última década novos e altos edifícios. 

A maior cheia em meio século, noticiava o Diário de Notícias, propriedade de Assis Chateaubriand. Acima, a moda de verão naquele ano de 1941, quando os porto-alegrenses levavam muitas horas para chegar ao litoral, onde os hotéis geralmente não passavam de simpáticos bangalôs. A empresa Jaeger, com sede na Praça dos Bombeiros, fazia as linhas para Tramandaí, capão da Canoa e Torres. Eram ônibus pequenos, com capacidade de passageiros não maior do que as atuais lotações urbanas.

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