A imprensa mudou muito ao longo das décadas, desde o tempo em que se publicava, inclusive, o nome completo e o endereço das partes envolvidas. Mas, na década de 30, publicava-se mais ainda: a relação dos objetos deixados nos bondes das linhas de Porto Alegre, algo inimaginável nos dias de hoje. Coleção do Correio do Povo do Arquivo Histórico de Porto Alegre.
Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sábado, janeiro 06, 2018
Aviões da Panair do Brasil para as praias de Torres e Cassino: janeiro de 1936
Houve um tempo, em priscas eras, em que os hidroaviões - aeronaves que amerissavam na água - se constituíam em um dos meios de transporte mais utilizados por cidades servidas por rios, lagoas ou por mar, como era o caso de Porto Alegre. Em 1936 - há mais de oitenta anos, portanto - isso acontecia com frequência, sobretudo em se tratando em um período sem estradas e cujo deslocamento era feito por via ferroviária, por navios ou por aviões de não mais do que vinte pessoas de capacidade. Era a época em que a Panair do Brasil dominava os ares, como se vê nesta notícia do Correio do Povo de janeiro de 1936, tempo em que a capital gaúcha contava com não mais do que 250 mil habitantes - mesmo assim, as classes mais aquinhoadas não deixavam se ir a Torres em "aviões de carreira", o mesmo acontecendo com o balneário do Cassino, em Rio Grande.
quinta-feira, janeiro 04, 2018
Em 1936 o Brasil já era o quarto maior exportador de carnes do mundo
Ao contrário do que se imagina, o Brasil, já na primeira metade do século passado, colocava-se entre os quatro maiores exportadores mundiais de carne - hoje ocupa a primeira ou segunda posição. Nesta matéria do Correio do Povo de janeiro de 1936, ficamos sabendo que, já naquele tempo, vendíamos mais carne do que a tradicionalíssima Argentina, por exemplo, prevendo-se ainda, com acerto, que tal tendência evoluiria ainda mais com o avançar do tempo. Note-se que o rebanho gaúcho era então o melhor e provavelmente o maior do Brasil.
Iniciada a ponte aérea entre Porto Alegre e Torres: janeiro de 1936
O mais belo balneário gaúcho, Torres, já era o preferido do que se poderia chamar de elite porto-alegrense na primeira metade do século XX. Na divisa com Santa Catarina, distante mais de 200 quilômetros de Porto Alegre, Torres já contava, no verão de 1936, com vôos da Varig, empresa aérea rio-grandense que ainda não completara uma década de existência. Nesta reprodução do Correio do Povo comunica-se que havia sido iniciado, no dia 2 de janeiro, o serviço aéreo entre a capital e tal praia, com aviões Junkers (alemães) "totalmente tomados" (pouco mais de 10 pessoas de capacidade) e probabilidade de vôos extras. Como era usual na imprensa da época, informa-se até os nomes dos passageiros a bordo, destacando-se as famílias Pila, Trein e Selk.
quarta-feira, janeiro 03, 2018
O casamento de Yolanda Pereira, a primeira Miss Universo brasileira, em 1936
Oficialmente, o Brasil só tem duas Misses Universo - Ieda Maria Vargas, em 1963, e Martha Vasconcelos, em 1968 - a primeira gaúcha, a segunda baiana. Porém, embora não reconhecida pela organização do concurso, em 1930 a pelotense Yolanda Pereira foi aclamada com esse título em evento realizado no Rio de Janeiro e que imitava outro que acontecia paralelamente nos Estados Unidos - o brasileiro foi patrocinado pelo jornal A Noite, do Rio. Conta-se que a gaúcha não era a favorita (antes havia sido eleita Miss Rio Grande do Sul, em eleição pública do jornal Diário de Notícias), mas acabou sendo escolhida a mais bela por um corpo de jurados, no hotel Copacabana Palace, aos quais conquistou por suas visíveis qualidades. Ela, naturalmente, se tornou uma celebridade nacional, casando em janeiro de 1936 com o aviador militar Homero Souto de Oliveira, passando então a adotar o nome Yolanda Pereira Souto. É o que se vê nesta matéria do Correio do Povo a respeito do seu matrimônio - um acontecimento - realizado em Porto Alegre. Na enchente de 1941 a Miss Universo trabalhou como enfermeira voluntário no socorro às vítimas da grande calamidade. Ela teve quatro filhos e muitos netos com o marido, que se tornaria brigadeiro da Aeronáutica. Faleceu em 4 de setembro de 2001, aos 90 anos, no Rio de Janeiro, onde residia.
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