Quando do seu início, a entidade chegou a congregar cerca de 500 associados, dos quais restam poucos. Motivo básico: a AMOJB não soube mobilizar a comunidade.
“A Associação estava sem atividades e os sócios foram se afastando”, explica Carlos. Outra razão apontada pelo presidente tem a ver com as transformações que o Jardim Botânico tem sofrido nos últimos anos - a chegada de novos moradores, gente que vem de outras regiões e não tem maiores vínculos com o bairro. “O Jardim Botânico está em transição, os moradores mais antigos foram se mudando daqui, vendendo suas casas para se fazer edifícios, hoje há o predomínio de jovens casais, geralmente sem filhos, que trabalham fora e só vem para dormir. Eles não participam da vida comunitária e nem tem interesse nisso”, argumenta Boa Nova. “E, por outro lado, a Associação teria, necessariamente, que se adaptar aos novos tempos, ter mais canais de comunicação com a comunidade.”
DIVIDAS – Até há algum tempo a entidade mantinha uma sala alugada na Felizardo, no edifício dos Mocelin. Sem associados, sem recolher dinheiro (as mensalidades, de 3 e 5 reais, são quase simbólicas) e sem desenvolver atividades arrecadatórias, a AMOJB está praticamente desativada. Até mesmo o telefone não mais existe, e os poucos móveis da Associação estão guardados em um depósito. Portanto, a menos que surjam fatos novos, a Associação caminha para o seu fim, assegura Carlos.
Líder comunitário, morador do Botânico desde 1977, ele, logicamente, lamenta isso, sobretudo quando se sabe da importância de uma entidade de moradores. Além de presidente da Associação desde o final do ano passado, ele é conselheiro do Orçamento Participativo, integrante do Conselho Municipal de Transporte Urbano, diretor de departamento da União das Associações Moradores de Porto Alegre, UAMPA e membro da CPA – Comissão Permanente de Acessibilidade, um órgão que cuida dos direitos dos deficientes físicos.
SHOPPING – Vivendo um momento de transição de “classe média baixa para classe média e média alta”, o Jardim Botânico é hoje uma área de crescente expansão imobiliárias. Dezenas de novos prédios estão sendo erguidos em quase todas as ruas. “O Botânico é um bairro emergente. Dentro de uns cinco anos a Terceira Perimetral vai ser como a Carlos Gomes é hoje, vai ser uma avenida Paulista”, prevê Boa Nova. A localização, os serviços, a infra-estrutura do baixo, a proximidade do centro, são alguns dos fatores que explicam tal progresso.
Outra possibilidade é o projeto de um mega shopping que deverá ser construído entre a Salvador França, a Senador Tarso Dutra e a Cristiano Fischer, em terrenos da Máquinas Condor. As informações a respeito são poucas e imprecisas e nem mesmo ele, presidente da Associação dos Moradores, sabe dar maiores informações a respeito.
“Não sem nem quem vai construir, mas sei que está previsto para ser uma coisa muito grande. Só que a coisa está parada, já que foi encontrado um depósito de água mineral próximo do Posto do Darci, e essas coisas de subsolo são complicadas, dizem respeito à União”, afirma Carlos.
POSTO DE SAUDE - Uma velha reivindicação do bairro (e muito usada para fins eleitoreiros), o Posto de Saúde, deverá mesmo sair, informa o presidente, sem contudo fixar prazos para o início das obras. “O Posto já foi aprovado pelo Orçamento Participativo e tem até recursos alocados, 67 mil reais. Mas não dá para falar em prazos porque as obras do OP seguem um cronograma, tem outras, de outros bairros, na frente, é um processo burocrático”, afirma.
A área, próxima à rua Itaboraí, já foi doada pelas Máquinas Condor, empresa que possui muitos terrenos no bairro (e no restante da cidade também). “Será um Posto de Saúde de Atendimento Familiar”, informa Carlos Boa Nova. Hoje o posto mais próximo é o das Bananeiras, já que o da Vicente da Fontoura foi desativado.