sábado, março 01, 2014

Os chineses passam a tomar Coca-Cola: 1979

Em janeiro de 1979, trinta anos depois que a China se tornou comunista à força das armas, o mais populoso país do mundo virava notícia pelo fato de estar consumindo Coca-Cola. O símbolo maior do capitalismo e do consumismo ocidental passou a frequentar os bares, mercados e restaurantes chineses graças ao início da liberalização econômica do país de Mao-Tsé-Tung, falecido em 1975. Os chineses, porém, já conheciam o refrigerante antes de 1949, quando viviam uma confusa época de lutas que opôs os nacionalistas de Xian-Kai-Shek, de visão capitalista, aos revolucionários marxistas liderados por Mao - e estes, como se sabem, venceram.
A abertura da China à Coca-Cola foi muito comentada naquela época, final dos anos setenta, embora ninguém pudesse prever que o grande país asiático avançasse no rumo que hoje tomou e que o comunismo, tal como existia em muitas nações, especialmente a União Soviética, praticamente acabasse no início dos anos noventa. A matéria é uma reprodução do Correio do Povo, de Porto Alegre, coleção do Arquivo Histórico Moyses Vellinho de Porto Alegre.
Nani, em A Charge Online

sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Há 35 anos o ex-deputado Koutzi amargava uma dura prisão na Argentina.

Trinta e cinco anos atrás o jovem militante político esquerdista e ex-deputado Flávio Koutzi vivia momentos difíceis: ele estava preso na Argentina havia anos e notícias a respeito do seu paradeiro eram difíceis naquele momento de radicalização e repressão política em quase toda a América do Sul. Mas, em janeiro de 1979 - o mágico ano da anistia e da volta dos banidos políticos, entre eles Leonel Brizola - Koutzi foi localizado e virou notícia no jornal Correio do Povo. Sofrido pela longa prisão, a esperança sua, de seus familiares e amigos, era retornar ao Brasil, que naquele momento vivia os ventos liberalizantes da posse do novo presidente, o general João Batista Figueiredo e sua promessa de "fazer deste país uma democracia". Assim como Flávio Koutzi, a imprensa, naquele momento, se ocupava do caso do sequestro dos uruguaios que ocorrera no final de 1975 em Porto Alegre (Universindo Dias e Lilian Celiberti) e da libertação de Flávia Schilling. A matéria foi encontrada no jornal Correio do Povo de 25 de janeiro de 1979, quinta-feira.
Koutzi, que depois ingressou no Partido dos Trabalhadores, onde se tornou uma das principais lideranças estaduais. Recentemente, com 70 anos, externou seu desencanto pelos rumos da política brasileira, sobretudo no concernente ao seu próprio partido, preferindo não candidatar-se a nenhum cargo eletivo nas últimas eleições. Também enfrentou sérios problemas de saúde.
Alecrim, A Charge Online

quinta-feira, fevereiro 27, 2014



Hoje o jogador campeão mundial Hugo de Leon faz 56 anos e a filha de Bill Clinton, Chelsea, faz 33.

Santa Maria em 1947

Santa Maria, hoje uma cidade de 300 mil habitantes - cenário de uma grande tragédia no início do ano passado - sempre foi um dos mais importantes municípios gaúchos. Localizada estrategicamente no centro do Estado, cenário de revoluções e lutas políticas, é atualmente mais conhecida por ser um grande centro universitário e militar. Em 1947 a histórica cidade já era uma das mais progressistas e conhecidas do Rio Grande, como se vê nesta foto-legenda do Correio do Povo de setembro de 1947.
Nani, em A Charge Online

Usina do Gasômetro deverá ser mesmo demolida, diz a notícia

Hoje talvez o símbolo maior da cidade de Porto Alegre, a Usina do Gasômetro, com sua alta chaminé se alteando sobre a visão do Guaíba, esteve seriamente ameaçada de ser demolida no final dos anos setenta, quando toda aquela zona da capital gaúcha era uma área decadente e abandonada pela comunidade e poder público. Nesta matéria do Correio do Povo de fevereiro de 1979, lembra que o local pertencia à Eletrosul, estatal de energia, e que esta concordara em demolir o local para dar passagem à nova avenida Beira-Rio, uma das tantas obras viárias de Porto Alegre. A então primeira-dama do Estado, Ecléa Guazzelli, lamentava a decisão anunciada - decisão que, como todos sabem, jamais foi concretizada, felizmente. 

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Terroristas da direita também não amavam Roberto Marinho

Considerado um dos homens a serviço da ditadura militar, acusado de direitista, reacionário e tantas outras coisas, o empresário Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, falecido não faz muito em provecta idade, vivia entre duas espadas: o ódio da esquerda radical e o ódio, não menor, dos radicais da direita. Apesar de haver, em O Globo, apoiado abertamente o golpe de 64, Marinho era um homem de imprensa e não gostava da censura e da interferência governamental na sua emissora - que, aliás, dava emprego a muitos comunistas, como Dias Gomes, por exemplo. Em 1976, durante o governo Geisel, com sua abertura política "lenta, gradual e segura", Marinho também sofreu com a ação dos terroristas da extrema-direita, ligados aos porões da ditadura. É o que se vê nesta matéria do Correio do Povo, de Porto Alegre, de setembro de 1976, quando a residência do todo-poderoso big-boss da comunicação foi sacudida pela explosão de uma bomba. 

Ladrão do passado, especializado em roubar máquinas de escrever: 1965

Ela já foi objeto sentimental para muitas pessoas, especialmente escritores ou aspirantes a tal. Desparecida por força da informática e dos modernos computadores pessoais e de bolso, a velha máquina de escrever é um objeto quase desconhecido para quem tem até 30 anos de idade - a maioria das pessoas nunca sequer tocou em alguma de suas teclas, outros sequer a viram pessoalmente, e quem dela se lembra não consegue mais imaginar como conseguia escrever algo naquilo... Mas, em 1965, quando os computadores pessoais não existiam e a computação era algo de filme de ficção científica, as velhas Olivetti, Remington, Burroughs ou outras marcas variadas custavam, se fossem profissionais, quase tanto quanto um micro simples custa hoje. Daí a curiosidade desta notícia da página policial do Correio do Povo, informando da existência de um ladrão especializado em roubar máquinas de escrever. 
Renato. A Charge Online

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Governo italiano censura obra de Pasolini

A hoje tão liberal Itália não era bem assim naquela metade dos anos setenta, época espantosamente conservadora pelos atuais padrões de comportamento da sociedade ocidental. Vivendo uma complicada situação política e econômica, em uma tempo de forte radicalização ideológica e de defesa de uma moral que se esboroava em todo o mundo, o governo italiano, pressionado pela direita, não tinha maiores pudores em censurar até mesmo a obra de um ícone da cultura da península - Pier Paolo Pasolini, aliás assassinado. 120 Dias de Sodoma era o último filme do genial diretor, A película tinha cenas de sexo e falava do fascismo - tudo o que o governo não queria ouvir falar, sob alegação de que a população não estava madura para tratar de tais assuntos.

Luis Felipe quer reforçar o Brasil. O de Pelotas...

Em dezembro de 1983 o técnico iniciante Luis Felipe Scolari nem em sonhos poderia imaginar que se transformaria em técnico da seleção brasileira de futebol, que ganharia uma Copa do Mundo e que seria novamente o timoneiro da segundo copa a ser sediada no Brasil, a de 2014, que em greve iniciará. Nesta época, conforme se vê na matéria de esportes do Correio do Povo, Felipão - que ainda não era chamado assim - estava mais preocupado em reforçar o time que então treinava: o Brasil, não a seleção canarinha mas o de Pelotas. O Brasil rubro-negro da Princesa do Sul iria então disputar a Copa do Brasil (campeonato nacional) do próximo ano. Luis Felipe, bem mais jovem, como se vê, exibia um ultrapassado ar de pseudo-galã da região colonial italiana.
S. Salvador, O Estado de Minas. A Charge Online

Mário Quintana vai morar na casa de Paulo Roberto Falcão

No final de 1983 o jogador Paulo Roberto Falcão era o "Rei de Roma". Jogando na Itália pela equipe do Roma, o craque revelado no Internacional era uma  estrela internacional e já detinha um invejável patrimônio pessoal. Enquanto isso o poeta Mário Quintana, com quase 80 anos, vivia o seu crepúsculo de final de vida. Com pouco dinheiro, envelhecido e com a saúde abalada, o autor do Caderno H recebia a oferta de ir morar em um hotel de propriedade de Falcão - que insistiu para que Quintana se mudasse o quanto antes para a nova casa, sem nada pagar.
 A matéria foi reproduzida do jornal Correio do Povo de dezembro de 1983 - curiosamente, o Correio do Povo,de Breno Caldas, atolado em dívidas, duraria apenas mais alguns meses antes de deixar de circular. Só retornou às ruas alguns anos mais tarde, adquirido por um grande plantador de arroz.