sábado, abril 26, 2008

A podridão das águas

Se há um bairro que torce por uma boa chuvarada, este é o Jardim Botânico. Como nos últimos anos, que foram secos, a nossa água do DMAE simplesmente está intragável, tão fedorenta, tão pestilenta, que até para escovar os dentes já fica ruim. Beber, então, chega a causar repugnância. O gosto é de pó de gafanhoto e nem fervendo melhora. Em toda Porto Alegre, não há nada semelhante.
Dizem os técnicos que o problema são as algas que se acumulam no Guaíba, por força da baixa do nível das águas. Considerando que a nossa captação (altura do bairro Navegantes) é feita nesse imensa cloaca que é o hoje "lago" (frescura, pois para mim continua a ser um rio), até que não é de estranhar. O que eu acho estranho, isso sim, é que, passados vários anos, não tenham desenvolvido uma tecnologia para dar fim ao problema. Chega a ser suspeito. Até parece que querem que a gente beba H2O da pior qualidade.
Felizes estão os comerciantes que vendem água mineral. Estão faturando alto, entregando a domicílio os recipientes de 20 litros. Vamos ver se a coisa melhora com alguns dias de chuva, embora se anuncie que este outono vai ser ainda mais seco do que os anteriores. Haja estômago.(ConselheiroX)

Nesta visão, a Ipiranga, quase na esquina com a Barão do Amazonas. Todo o bairro sofre com o gosto e o cheiro de uma água que deixa muito a desejar.

quarta-feira, abril 23, 2008

Os corredores da Ipiranga

Caminhar ou correr na ESEF, especialmente ao amanhecer ou no final do dia, já se tornou um programa obrigatório para muitos aficcionados das atividades físicas ou para aqueles que simplesmente desejam dar um basta à vida sedentária ou tirar aquela incômoda barriguinha. Com essa onda de malhação e dos benefícios da corrida, os adeptos aumentam a cada dia.
A pista principal da ESEF, de 400 metros, está em bom estado de conservação (tirando alguns remendos, aqui e ali) e há, ainda, a possibilidade de se fazer o percurso "por fora", costeando o muro - cerca de mil metros de solo de areia. No final do dia a gente encontra, em uma e outra, dezenas e dezenas de pessoas, de todas as idades e classes sociais.
Porém existem os corredores de rua, que preferem, por exemplo, encarar as calçadas que margeiam uma avenida movimentada como a Ipiranga, mesmo se submetendo a uma boa dose de gás carbônico expelida pelos carros. De certo modo, é mais emocionante correr assim, até pelas dificuldades que se encontra e pela paisagem que muda sempre.
Nesse caso, uma dica: a calçada à esquerda da Ipiranga, sentido centro-bairro, está boa da Veríssimo Rosa até lá adiante da PUC. O percurso é tranquilo e dá, sem estresse, para se ir até a Antonio de Carvalho, encarando um trecho de chão. Já no sentido contrário, rumo ao centro, o melhor trajeto é do outro lado, na calçada do Partenon. Pode-se ir até a João Pessoa sem maiores riscos de torção, não vacilando, é claro, porque há também chão batido e calçamento irregular em determinadas partes.
Se quiser encarar o canteiro de grama que margeia o Riacho Ipiranga, prefira o sentido leste, em direção a Antonio de Carvalho, mais bem conservado. Não faz muito a Prefeitura andou dando uma capinada e ajeitando o local.

terça-feira, abril 22, 2008

Itaboraí: empresa fez o que a Prefeitura negou

A rua Itaboraí, uma das mais longas, senão a mais longa do Botânico, completou um ano de abertura total: aquela parte que era uma simples picada, atrás do Supermercado Gecepel, foi finalmente aberta e asfaltada.
Ficou uma beleza, e mudou totalmente a paisagem, fazendo, inclusive, que muitas pessoas que tinham receio de passar ali à noite hoje o façam sem maiores receios. O fluxo de pedestres e de veículos simplesmente se multiplicou.
Curioso isso: o Poder Público, leia-se Prefeitura, nunca foi capaz de realizar essa simples obra, colocada até no Orçamento Participativo e no entanto nunca levada a termo. Com cerca de dois bilhões de reais de orçamento (o que é uma grana considerável), a nossa Prefa sempre negou fogo. No entanto bastou a construtora Rossi (que nem é gaúcha e sim paulista) iniciar a construção de dois grande edifícios residenciais (mais de 200 apartamentos, 18 andares cada torre), que vão da Felizardo até a divisa com a Itaboraí, para que o problema fosse solucionado. Em apenas dois dias, tudo foi feito, e sem alarde. Beleza.
Para quem não lembra, ou não sabe, a abertura da Itaboraí, ligando a parte baixa à parte alta do bairro, era uma das mais antigas reivindicações da comunidade local. No início dos anos setenta, quando o Botânico ainda tinha chácaras, faltava água, havia inundações e lamaçais constantes, e o condomínio Felizardo Furtado sequer estava em construção, já se pedia isso. Para ver que quando a iniciativa privada põe as mãos em alguma coisa, esta vai pra frente. Claro que quem lucrou com isso foi também, e principalmente, a Rossi. Mas é aquilo que a gente sabe por experiência: quando entra dinheiro em jogo, as coisas mudam de figura. Foi assim com a construção do Shopping Bourbon, dez anos atrás, obra que deu o grande impulso desenvolvimentista ao Botânico.
O grupo Zaffari - como contrapartida social exigida pela Prefeitura - recapeou por sua conta as ruas do bairro, que melhorou muito de aspecto. Também sinalizou as ruas, plantou árvores e, com sua arquitetura peculiar, embelezou a esquina da Guilherme Alves com a Ipiranga.
Ao contrário do nosso vizinho Partenon, ou mesmo da Glória (onde, dizem, há uma caveira de burro enterrada), logo ali, o Jardim Botânico vive um surto de progresso e está se transformando não só em uma respeitável zona residencial como também ganha gradativamente muitas empresas prestadoras de serviço. E, cá prá nós, é um bairro realmente privilegiado em termos geográficos; estamos perto do centro, temos a Terceira Perimetral nos ligando de Sul a Norte, temos amplas áreas de lazer (ESEF, Jardim Botânico), um shopping com mais de 50 lojas, um supermercado aberto até à meia-noite e oito bons cinemas, um hospital de primeira, um CTG (o histórico 35) com churrascaria, uma galeteria conceituada, motel, postos de gasolina, diversas linhas de ônibus e estamos quase ao lado da PUC. Como se não bastasse, o teatro da AMRIGS, no lado de lá da Ipiranga, é, hoje, um dos melhores da cidade.
É, pessoal, a velha Vila São Luís, antiga Vila Russa, estagnada durante muito tempo - terra de chacareiros, de humildes funcionários públicos, de casinhas de madeira, de plantações de agrião e de flores - está mesmo com tudo.
(ConselheiroX)