Hoje, sábado, é dia de supermercado, para muitos. Não no meu caso, já que compro aos pucos, em conta-gotas.
O super das minhas compras é realmente grande e civilizado e pertence a uma famosa rede gaúcha que até já chegou a outros Estados - rede de bons produtos, mas careira, e não faz questão de esconder isso.
O "meu" (a Nasa e a Taurus também são minhas...) supermercado é bom (nunca encontrei produtos vencidos de sequer um dia, embora procurasse com insistência em dia de forte irritação), mas frequentar tais locais está, cada vez mais, se tornando irritante a ponto deste escriba mandar o seu lacaio - se o tivesse - fazer as compras em seu lugar.
O que irrita, no caso, são os demais consumidores, gente que não é propriamente de baixo nível social e talvez nem cultural - ignorância, como se sabe, não respeita tais faixas.
Digo isto pois essa gente sofrível, homens e mulheres, novos e velhos, brancos, negros e áureo-cerúleos, braquicéfalos e dolicocéfalos, simplesmente não respeita quem está passando no caixa à sua frente, depositando todos os produtos que irá comprar junto aos do que está pagando e gerando a maior confusão a todos.
A cena é a seguinte: você está ali, com seu carrinho ou cestinha, observando a moça do caixa registrar os itens comprados, quando, colando junto, chega um homem ou uma mulher e vai, na maior sem-cerimônia, depositando os produtos deles junto aos seus, sem pedir licença nem nada, como se voc~es dois fossem irmãos siameses. E a moça do caixa, na sua compreensível pressa, com a esteira avançando em ritmo de aventura, registra tudo em uma conta só - a sua é a do desconhecido (a). Mesmo desconfiando do valor final da conta, já levei sem querer até um imenso pedaço de queijo para casa por conta disso.
O revoltante disso é que, quase sempre, tal tipo primitivo não tem necessidade alguma de praticar tal alto, já que suas compras estão acomodadas em um carrinho de rodas, e ele, como todos os demais, não está praticando nenhum esforço cansativo. E no entanto o apedeuta, o sacripanta, faz questão de ir enfiando os bagulhos deles junto ao seu, como se isso adiantasse alguma coisa ou como se fosse uma "questão de honra".
Talvez o leitor deste blog seja também deste tipo de gente. No caso, meus pêsames e meus vômitos: se você é assim, também deve ser aquele outro tipo de fariseu que aperta a buzina do carro a todo momento e que não respeita pedestre algum por julgar que, entronizado em um grande objeto metálico andante, tem direito natural a espezinhar o restante da Humanidade. Ou daqueles que riem alto e, caso leiam alguma coisa que não placas de rua, não devolvem os livros da biblioteca. (V.M)