sábado, agosto 11, 2018

Nomes das ruas do Jardim Botânico e o que elas homenageiam


O almirante Barroso ganhou o título de Barão do Amazonas por sua bravura na Guerra do Paraguai.
O Jardim Botânico tem ruas com nomes sonoros e expressivos - Chile, Buenos Aires, Valparaíso, Itaboraí, Barão do Amazonas etc. Veja abaixo o significado de algumas delas, onde muitos de vocês residem ou trabalham.
A rua 18 de Novembro, aquela ao lado do Bourbon e onde está a churrascaria do 35 CTG, bem que poderia, por exemplo, homenagear Jimi Hendrix, o músico genial, falecido nesse dia, em 1970. Mas homenageia mesmo é a rendição dos inimigos na Guerra do Paraguai.

BARÃO DO AMAZONAS – Rua que atravessa os bairros Petrópolis e Partenon. Começa na Protásio e acaba na Paulino Azurenha, com mais de 3 km de extensão. Na Planta Municipal de 1916, convergiam para a atual Bento Gonçalves duas pequenas vias, que eram então novas e de pequena extensão: a própria Barão, vinda dos lados do Arroio Dilúvio, e a avenida Esmeralda, que subia até a meia encosta do morro de Santo Antonio.
Até a década de 30 essa duplicidade de nomes continuou. Com a unificação, pela lei de 6.7.1936, mudou-se a denominação de avenida Esmeralda para Barão do Amazonas. Com o desenvolvimento de Petrópolis, esta rua prolongou-se até a Protásio Alves e, no sentido oposto, do Partenon, subiu o morro e superou a crista, descendo no rumo da Glória, até se encontrar com a Paulino Azurenha.O nome é uma homenagem ao Almirante Francisco Manoel Barroso, o Barão do Amazonas.

GUILHERME ALVES - Atravessa os bairros Jardim Botânico e Partenon. Começa na Ferreira Viana, passa pela Ipiranga e acaba na rua Mario de Artagão, Partenon. Aparece na planta de 1916 com o nome de rua Progresso. Pela lei número 2, de 6.7.1936, ganhou a denominação atual.Guilherme Alves, para quem não sabe (e poucos sabem), foi o primeiro construtor dos grandes e modernos trapiches na rua 7 de Setembro, no centro de Porto Alegre, aqueles mesmos armazéns que mais tarde passaram a ser propriedade da Cia Costeira. Graças à sua iniciativa, foram construídas várias edificações residenciais no Partenon, precisamente na atual rua Guilherme Alves, que ele organizou e construiu.O progresso da rua foi vindo aos poucos. Na planta de 1928, era apenas um logradouro do Partenon, sem ter ainda ultrapassado o Arroio. Na planta de 1949 já se achava plenamente instalada no Jardim Botânico.

FELIZARDO - Jorge Godofredo Felizardo nasceu em 9.11.1901, em Porto Alegre, e faleceu em primeiro de fevereiro de 1966. Foi engenheiro agrônomo, professor catedrático de Zoologia da Faculdade de Agronomia da URGS e do curso de História Natural da Faculdade de Filosofia da PUC, além de allto funcionário da Secretaria de Agricultura. Foi ainda genealogista e membro do Instituto Histórico e Geográfico do RS.

18 DE SETEMBRO – A data marca a rendição do Paraguai, na Guerra do Paraguai, quando forças paraguaias, cercadas pelo exército brasileiro, em Uruguaiana, se rendem sem condições. Dezenove anos depois, para comemorar o fato, foram libertados todos os escravos existentes na cidade. Conforme os registros da História, no dia 18 de Setembro aconteceu também, em diferentes anos, os seguintes feitos: o brasileiro Amyr Klink completa, em 1984, a travessia do oceano Atlântico em um caíque, sua primeira de muitas proezas; o governo militar senciona a Lei de Segurança Nacional, em 1969, prevendo inclusive pena de morte, prisão perpétua e banimento; em 1946, a teceira constituinte brasileira promulga a Constituição Brasileira.É também o Dia dos Símbolos Nacionais, Dia do Perdão.Santos do dia: José de Copertino, Metódio de Olimpo, Ricarda.Curiosidades: em 18 de setembro de 1950 entrou no ar a TV Tupi, de São Paulo, dando início à Era da TV no Brasil. Só havia tevê então em quatro países: EUA, Inglaterra, Holanda e França.Em 18 de novembro morre Jimi Hendrix, em 1970. Nasce Greta Garbo, em 1905. É também o dia da fundação da Central Inteligency Agency, CIA, em 1947, e da fundação do jornal New York Times, em 1851. O Chile comemora sua Independência neste dia, no ano de 1818.
JOÃO DE CASTILHOS - Um dos mártires católicos no início do RGS, junto com Afonso Rodrigues e Roque Gonzalez, também nomes de ruas do JB. Martirizado pelos indígenas aos quais queriam cristianizar, foi torturado e morto no século 16, assim como Afonso e Gonzales. João de Castilhos, jesuíta, nasceu na Espanha e viveu apenas 33 anos. Foi canonizado pelo Papa João Paulo Segundo em 1988.
Christiano Fischer - Foi um dos principais fundadoes da Faculdade Livre de Medicina de Porto Alegre, em 1898. Também ministrou a cadeira de Química. Em 1906 fundou a Farmácia Fisher, em POA. A avenida separa o JB do bairro Jardim Carvalho.

Memória - Dia dos Pais há 10 anos, no Condomínio Felizardo Furtado (2008)



domingo, agosto 10, 2008


Dia dos Pais, dia de aniversário




Dia dos Pais: um belo dia de sol e temperatura agradável no JB.
Muitas filas nos açougues, para o tradicional almoço, além de famílias confraternizando em pizzarias e restaurantes. Dentre os homenageados, estava Jorge Schwingel, pai de João Pedro, que irá fazer 9 anos no próximo dia 21. Nas duas fotos, ele, ao lado do pai, e ao lado da mãe, Taís, moradores do Partenon.

Na foto acima, o aniversário do primeiro ano de vida da pequena Clara, filha de Vinícius e Simone Coelho, moradores do Bloco E do Condomínio Residencial Felizardo Furtado, no Jardim Botânico. Eles fizeram um festão para Clara, que atravessou o dia no salão de festas do condomínio. Parabéns a ela e aos seus pais.
Clique na imagem para ampliá-la.

Conselheiro X em 4 de setembro de 2008: Incêndio no Condomínio Felizardo Furtado

REPUBLICAÇÃO Memória
A imagem do corredor e as crianças na frente do prédio.
Imagens do incêndio acontecido por volta das 20 horas de ontem, quarta-feira, em um apartamento do sexto andar do Bloco C (Edifício Itaimbé), do Condomínio Residencial Felizardo Furtado (952 apartamentos e cerca de 3500 moradores). A moradia ficou totalmente destruída. Os bombeiros chegaram em poucos minutos. Os moradores do prédio, de dez andares, tiveram de ser evacuados.
No apartamento atingido, o 604, morava unicamente uma pessoa - um professor, que não se encontrava ali no momento do fogo. As causas serão apuradas pela perícia.

Um cabaré que marcou época na história do Jardim Botânico


Matéria publicada em 2012, no Conselheiro X
Eram os anos cinquenta, que muita gente chama de “anos dourados”, e seu Ruben Carlos Simionovschi vivia a sua infância, adolescência e início da juventude. O local – o bairro Jardim Botânico – nem tinha esse nome, oficialmente.“Em 1950, quando eu tinha oito anos, meu pai comprou uma casa na Guilherme Alves. Naquela época as ruas do bairro eram sem calçamento, somente com o passar dos anos elas foram recebendo melhoramentos, uma a uma – canalização do esgoto, calçamento”, relembra ele.
Aos mais de setenta anos, ainda morador do Botânico (rua Surupá), seu Ruben revive essa época com grande riqueza de detalhes. “Para nos locomovermos, tínhamos a opção de ir até a Protásio Alves, na esquina com a Barão do Amazonas, ou seguir até o final da linha do bonde, que ficava na esquina da rua Carazinho. Interessante que a linha de bonde vinha em dois sentidos, tinha trilhos nos dois lados da Protásio, junto aos postes centrais, mas somente até a Vicente da Fontoura, onde acabava a linha Boa Vista. Os bondes eram tipo “gaiolas”. Depois dali a linha era de um só lado, até o final, na esquina da Carazinho.
"Outra opção era pegar um micro-ônibus na Barão do Amazonas, esquina com a Felizardo. A opção preferida pela maioria era mesmo o bonde para o centro da cidade, já que a passagem saía mais em conta. Lembro que o micro-ônibus era cara. Por exemplo, se a passagem do bonde fosse 0,50 centavos, a do micro-ônibus era 2,00. Depois de alguns anos, a linha de ônibus, já operada pela Secretaria Municipal de Transportes, foi estendida até a esquina da rua Serafim Terra com a Felizardo”.Ele recorda que os ônibus variaram no decorrer dos anos: primeiramente movidos a gasolina, “depois uns ônibus importados, a diesel. Tivemos também ônibus “papa-filas”, cuja dianteira era um cavalinho, o ônibus vinha quase engatado nele”.
FAMOSO CABARÉ – Em uma época em que não havia televisão no Rio Grande do Sul os cinemas dominavam a cena. Ruben lembra: “Tivemos dois cinemas em Petrópolis. Um ficava nos fundos da antiga igreja de São Sebastião, na esquina das ruas Carazinho e João Abott, o Cinema Petrópolis. Já o Ritz, na Protásio, funcionou mais tempo, até ser demolido. Outra lembrança que eu tenho da Colônia Agrícola do Hospital São Pedro que ficava na área ocupada hoje pela SMAN e o Jardim Botânico. Os doentes trabalhavam no cultivo de hortaliças e alguns fugiam e ficavam perambulando pelo bairro.
No bairro, a “Vila São Luiz”, havia também muitos campos de futebol. Onde hoje é a ESEF, por exemplo, tínhamos quatro campos, muito frequentados, onde aconteciam torneios de futebol aos finais de semana. Além deste havia o campo da SMT, no final da Felizardo, esquina com a Buenos Aires. Onde hoje é a rua Pedro Pieretti existia o campo do Clube Amazonas e onde está o Bourbon eram dois campos também”.
Simionovschi recorda que na rua Cervantes, subindo a Dona Inocência, funcionava um famoso cabaré da cidade, o “Casa Branca”, cujo prédio ainda existe, “porém sem o charme de antigamente.“Sei dizer era frequentado por pessoas de algum poder aquisitivo. Lembro que a proprietária era uma senhora que tinha uma filha adolescente, como nós, uma filha muito promissora. Aquela parte alta do bairro era conhecida como Vila Russa”.
DOUTOR TÁCITO – Nos anos 50 não havia esgoto canalizado – os despejos corriam a céu aberto. A maioria das casas tinham latrinas e, algumas, fossa negra. “No início, cavei muito buraco para a nossa latrina”, revela Ruben. Quanto á água, naqueles tempos, já era tratada e canalizada, embora existissem determinados locais onde ela aflorava naturalmente do solo – os moradores mais antigos lembram das “bicas” da Praça Ararigbóia e da praça Nações Unidas.Por esse tempo o arroio Dilúvio – hoje praticamente um esgoto urbano – exibia águas claras, boas para o banho e para a pesca. Ruben presenciou as obras de canalização e o calçamento da avenida Ipiranga. Ex-aluno do colégio Otávio de Souza, lembra dele todo de madeira - “construído no governo Leonel Brizola” - feito com táboas de “macho-e-fêmea” sobre pilares de concreto. Outra recordação é a da Chácara das Camélias, de cultivo de flores, e que começava na Ferreira Viana e terminava na altura do número 200 da Guilherme Alves. “Outra chácara era onde está o Conjunto Felizardo Furtado, de hortigranjeiros, os donos eram uma família, só recordo do nome de um dos filhos, chamado Raul. Outra ficava onde hoje está sendo anunciada a construção do Condomínio Allure, na Felizardo, uma chára de agrião, principalmente, do seu Ângelo, que tem descendentes no bairro – Zé, Luiz, filhos, noras, genros, netos”.Outra pessoa da qual seu Ruben Simionovschi não esquece é do doutor Tácito Castro de Castro, um médico que atendia os pacientes em sua própria casa, na rua La Plata, defronte ao hoje Supermercado Gecepel. “Depois ele manteve o consultório em uma sala no prédio da Barão do Amazonas, em frente ao Posto Ipiranga, esquina Valparaíso. Ali, em uma das lojas, havia a Farmácia Idela, do casal Frontelmo e Léa e mais um sócio”.

Foto: o cabaré que marcou época no JB foi demolido recentemente para dar lugar a um grande edifício. Foto de Vitor Minas, em 2008.

Farroupilha, "a mais potente", foi a terceira emissora de rádio de Porto Alegre

Inaugurada em 1935, durante os festejos pelo centenário da Revolução Farroupilha, a Rádio Farroupilha, a PRH 2, foi a terceira emissora de Porto Alegre, atrás da Gaúcha e da Difusora. A "mais potente" teve, nas cerimônias da sua inauguração, um show com nada menos do que Carmen Miranda e Mário Reis - os dois cantores mais populares do Brasil naquela época. Carmen ainda estava por fazer carreira internacional - mas passava frequentemente por Porto Alegre, onde os aviões a hélice da época faziam escala, com os passageiros aqui pernoitando. A Farroupilha - uma das mais poderosas ondas do Brasil, com 100 quilovates de potência - trouxe muitos artistas famosos para Porto Alegre e mantinha um "cast" exclusivo, com orquestras e tudo. Nesta matéria do Correio do Povo se vê o que era a emissora naquela época distante, quando Porto Alegre mal passava dos 200 mil habitantes.

terça-feira, agosto 07, 2018


Heleno de Freitas, a Gilda, craque temperamental, sempre prestes a explodir como uma bomba de hidrogênio


Matéria da Revista do Globo

Em um país em que a maioria dos jogadores é feia, mestiça, de origem plebeia e com escassa bagagem cultural, o caso de Heleno de Freitas se destaca em sentido contrário. O craque do Botafogo, considerado um dos grandes jogadores da América do Sul naquela primeira metade do século 20, não só era culto – culto, formou-se em Direito e falava várias línguas – como também era bonito e charmoso como um galã de novela. Mineiro de nascimento, filho de um rico plantador de café, Heleno de Freitas faz parte da história do futebol brasileiro mais por seu modo de vida do que por seu festejado futebol elegante. Um dos grandes artilheiros do Botafogo e segundo maior ídolo do clube depois de Garrincha, em 1946 foi apelidado de Gilda por seu temperamento explosivo e imprevisível e não por sua ambiguidade sexual, que aliás não existia. Gilda é um clássico do cinema, interpretado por Rita Haywoorth.
Mulherengo, bom de copo e de boemia, integrante, no Rio, do célebre Clube dos Cafajestes, o atacante teve muitas e belas mulheres, entre os quais, dizem, se incluiria a então primeira dama da Argentina, Evita Perón, isso na época em que jogou pelo Boca Juniors.
Heleno morreu em novembro de 1959, com apenas 39 anos de idade, sifilítico e louco, em um hospício de Barbacena, Minas Gerais. Artilheiro do campeonato sul-americano de 1946, nunca ganhou nada de importante pelo Botafogo - seu único título carioca é pelo genial Vasco de 1949, base da seleção brasileira do ano seguinte.
Criticado, atacado, mas também invejado, Heleno de Freitas sempre foi um prato cheio para os jornalistas e radialistas da época, que adoravam falar da sua vida pessoal e dos seus variados escândalos. Isso, é claro, fez com que não fosse convocado para a Copa do Mundo de 1950, no Brasil, a primeira que perdemos em casa.
Em A Comédia do Futebol, artigo publicado em 13 de outubro de 1951, um ano depois da Copa, na Revista do Globo, o jornalista carioca Ubirajara Mendes, com seu texto ferino, traçou um perfil bem humano do selecionado que fracassara naquele célebre Maracanaço contra o Uruguai. De Heleno escreveu o seguinte:
“Certa vez o impetuoso centro-avante Heleno de Freitas, talvez por motivos bem justificados, irritou-se fortemente em campo, e armou uma rixa. O juiz apita. Suspende-se o jogo e entabulam-se as clássicas “conversações”. Os jogadores envolvidos no caso dão esclarecimentos. Os dirigentes de ambos os clubes vão para o gramado e por fim volta a reinar a paz. O árbitro adverte Heleno e a partida recomeça. Dias depois outro embate futebolístico é interrompido por uma disputa. E nas arquibancadas começam os comentários:
- Que foi. Ah, é o Heleno!  É a mania dele. No domingo passado foi a mesma coisa. Esse rapaz explode por nada...
E assim nasceu a “mania de Heleno”. Tornou-se ele, para todos os efeitos, o explosivo, o irritadiço, com um sistema nervoso feito de fios elétricos. Na maioria das vezes é o público que se encarrega de criar um traço característico que associa sempre à pessoa de um determinado craque. E o jogador termina por cultivar o “dom” que os torcedores descobriram nele. É uma maneira de dar relevo à sua personalidade, fator importantíssimo para quem deseja fazer ou conservar um cartaz. O caso de Heleno é típico. Com a adesão franca da torcida, ele se transformou numa bomba de hidrogênio pronta a explodir a qualquer momento. Depois que apagaram seu nome do futebol carioca, muitos fãs sofreram mais do que o excelente craque. Alguns dizem até que perdemos o último Campeonato do Mundo porque abandonamos Heleno. Acrescentam que Obdulio Varela não aguentaria vinte minutos como marcador do temperamental dianteiro... “

O aniversário do velho Força e Luz, aliás Rio Branco, aliás Corinthians

Dentre os clubes de futebol que marcaram época em Porto Alegre, um dos mais lembrado é o Grêmio Esportivo Força e Luz. O forcinha" foi fundado em 8 de setembro de 1921 por funcionários da empresa de bondes Carris e começou suas atividades na rua da Glória, de onde se mudou, logo depois, para o bairro Teresópolis. Seu uniforme era branco, com listas vermelhas verticais, e seu campo definitivo foi o famoso estádio Timbaúva, nas proximidades do centro da capital e que se tornou, por muito tempo, o melhor estádio de Porto Alegre - o que não significava muito para uma cidade que ressentia-se de boas canchas esportivas. O Força e Luz, obrigado a isso, também se chamou Rio Branco e Corinthians, voltando depois ao nome original. Em 1959, em crise, fechou seu departamento de futebol, tendo retornando ao segundo turno do Gauchão no ano de 1972. Em 2006 pediu sua extinção à Federação Gaúcha de futebol. O campo da Timbaúva foi vendido á companhia Zaffari, que pretende demolí-lo - o que ainda não fez - para construir ali mais um de seus shoppings. Nesta matéria, de 1935m o CP noticia mais um aniversário - o décimo quarto - da entidade.
Brum, em Tribuna do Norte, RN. A Charge Online.

segunda-feira, agosto 06, 2018


O primeiro jogo de futebol na neve no Brasil foi em Caxias do Sul



Jogar futebol em um campo coberto por neve parece ser coisa do Leste europeu e não de um país tropical – ou subtropical, no caso do Rio Grande do Sul – como o Brasil. Mas aconteceu, e foi na serra gaúcha, mais precisamente em Caxias do Sul, no dia 17 de julho de 1975, uma quinta-feira. O local do jogo – um casual amistoso entre o Juventude e o Internacional de Santa Maria – foi o estádio Alfredo Jaconi, a casa do esmeraldino caxiense, com um público tão diminuto que dava para contar nos dedos, apesar de ninguém pagar pelo ingresso. Diminuto e corajoso para enfrentar a temperatura de dois graus negativos que fazia naquela noite na antiga Pérola das Colônias.
A partida, por si só insignificante, já que os dois times não participavam do Gauchão daquele ano, acabou se tornando notícia no Brasil inteiro, com fotos estampadas em muitos jornais. O Juventude venceu a partida mas a sensação foi mesmo o espetáculo dos 22 jogadores e do juiz patinando em uma camada de cinco centímetros de neve, tão bonita e inédita que alguns torcedores chegavam a dizer, ao ver o bailado dos atletas, “que pena, vão estragar tudo!”.
O Correio do Povo do dia seguinte comentou “o inédito futebol na neve”: “No início da partida os jogadores chutavam a bola e a neve também, e o tapete começou a receber manchas verdes, mas estas não persistiam muito porque a neve continuava a cair, persistindo durante todo o jogo. A temperatura estava a dois graus abaixo de zero. Nas arquibancadas do estádio Alfredo Jaconi, nenhum torcedor; nas sociais, alguns poucos. Muitos foram embora no final do primeiro tempo: estava muito frio e já tinham visto a primeira partida de futebol na neve do Brasil. O Juventude venceu o amistoso por 2 a 0, gols de Assis e de Silva. O espetáculo, como futebol, não agradou. Os jogadores escorregavam e patinavam muito. Afinal, nenhum tinha experiência em campo de neve.”


Aniversariantes do dia 6 de agosto








Hoje Milton Neves faz 67 anos, Irene Ravache 74, Robert Mitchum faria 101, Gianfrancesco Guarnieri faria 84, Baden Powell faria 81. E hoje a atriz Vanessa Gerbelli completa 45. E no dia de hoje faleceram Jorge Amado (2001) e Roberto Marinho 92003)

domingo, agosto 05, 2018

Enciso faz 44 anos de idade





Hoje o jogador Júlio César Enciso, ex-Inter, completa 44 anos. Já a atriz Nathalia Timberg faz 89. Neste 5 de agosto o diretor John Huston completaria 112 anos. No dia de hoje, em 1955, falecia Carmen Miranda. E, em 1984, o ator Richard Burton.

Santos Vidarte, o grande mestre da fotografia


Ele marcou época na imprensa gaúcha e foi reconhecido como um dos mais brilhantes e queridos repórteres fotográficos que já passaram pelo Rio Grande. Seu nome: Santos Vidarte.  Uruguaio nascido na cidade de Durazno a 6 de janeiro de 1911, Vidarte tornou-se um ícone na fotografia a partir de agosto de 1930, quando, com apenas 19 anos, entrou para a Companhia Jornalística Caldas Júnior para dela nunca mais sair, até o instante da sua morte, no dia 26 de junho de 1975, quando tinha apenas 64 anos.
Era uma quinta-feira e Santos Vidarte preparava-se para começar a trabalhar na sua função de chefe do departamento fotográfico do Palácio Piratini, atividade que dividia com o Correio do Povo, onde mantinha-se como supervisor. Também lecionava na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Fabico. Em tratamento médico havia alguns anos, o veterano fotógrafo insistia em não parar quando, sem nenhum aviso, como um clique final, foi traído pelo próprio coração. Atendido sem sucesso por dois médicos do Palácio, faleceu de fulminante ataque cardíaco, dando fim a uma carreira de quase cinquenta anos que teve muitos momentos gloriosos e muitas, muitas histórias.
Percorrendo milhares de quilômetros de carro, avião, barco ou em lombo de burro, de início com uma pesada câmera americana Speed Graphic e depois com a velha Rolleiflex alemã, Santos Vidarte ganhou notoriedade ao fotografar o afundamento do encouraçado nazista Graf Spee, no porto de Montevidéu. Era a célebre Batalha do Prata, em dezembro de 1939, início da Segunda Grande Guerra. Na Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil, foi companheiro de outro grande mestre, este do jornalismo esportivo: Cid Pinheiro Cabral.
Naturalizado brasileiro, casado com dona Léa Bernardi Vidarte, tinha uma filha, Maria Clara, e outras grandes paixões além da fotografia e da família: a pesca, na plataforma de Cidreira, e a culinária na sua casa da praia. Em uma página no Correio do Povo dominical, inteiramente dedicada ao amigo que acabara de falecer, o jornalista Flávio Alcaraz Gomes escreveu, sob o título A Última Jornada, reportando-se à derradeira grande cobertura jornalística de Vidarte, feita pelos dois três anos antes, na rodovia Transamazônica, empreendimento mal sucedido do Milagre Brasileiro:
“ – Meu Pai e o Arlindo Pasqualini garantiam sempre: - Para companheiro de viagem, ninguém como o Santos.
Diz Alcaraz: “Em tudo o Santos era uma mistura de jovem repórter e de irmão mais velho. Mal clareava o dia e já estava ele de pé, ensinando os cozinheiros do acampamento a nos servir um café igual ao dos grandes hotéis. Ao jantar, ele continuava a nos orgulhar, me orgulhava menos pelos banquetes que preparava do que por sua conversa boa de homem bom.” 
No mesmo domingo, em sua coluna Ribalta das Ruas, o jornalista Antonio Carlos Ribeiro, já falecido, fala do “Tio Santos”, termo carinhoso para descrever um sentimento de carinho e gratidão para com o grande mestre: “Há sujeitos que marcam sua passagem, e o velho e querido tio Santos foi um deles. Ensinou-nos a nadar, a pescar e, principalmente a fazer as coisas “bem-feitamente”. Pouca gente terá sido tão fraternalmente amada. Ele exercia sobre nós uma liderança natural e tranquila e sabia como poucos tornar inesquecível uma foto, fosse do afundamento do Graf Spee, fosse de uma nuvem de gafanhotos ou de uma criança brincando na areia. Fez isso por quase 50 anos, com rara vitalidade e infinito amor”.
Sepultado no cemitério ecumênico João 23, o mestre Santos Vidarte teve, afinal, as honras que mereceu com sobras. Um público numeroso foi ao cemitério prestar sua homenagem ao grande ícone da reportagem fotográfica. Estavam lá o governador Sinval Guazeli, o seu vice Amaral de Souza, o ex-prefeito e duas vezes governador do Rio Grande do Sul Ildo Meneghetti, o cardeal-arcebispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherer, a direção da Companhia Jornalística Caldas Júnior, deputados, vereadores, professores, colegas jornalistas e fotógrafos e muitos admiradores. O mito do futebol gaúcho, Tesourinha, que Santos Vidarte tantas vezes fotografara, era um deles. Naquele dia, de luto, a Câmara Municipal de Porto Alegre suspendeu sua sessão. Entre os convites para o enterro publicado nos jornais daquela sexta estava o do Clube de Pesca Anzol de Ouro, do qual fora presidente e sócio-fundador. Assim era Santos Vidarte, homem simples, leal e talentoso.