sábado, novembro 02, 2013

Drummond, o poeta que morreu de desgosto

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer.Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond e Andrade
Já se vão mais de 20 anos que Carlos Drummond de Andrade morreu. Para muitos, o maior poeta brasileiro de todos os tempos, Drummond - pouca gente lembra - faleceu 12 dias depois da morte da sua filha, Maria Julieta.

E, conta-se, morreu de desgosto, de falta de vontade de viver, aos 84 anos de idade, às 8h 45 minutos do dia 17 de agosto de 1987, uma segunda-feira, no Rio de Janeiro, onde morava havia muito tempo. Sepultado sem orações ou discursos - como pediu, já que era ateu (ou agnóstico, como queiram), Drummond estava internado no hospital, vítima de dores no peito. Cardíaco, já havia sofrido infartos anteriores. Foi sepultado no cemitério São João Batista, na presença de quase mil pessoas - entre eles o presidente em exercício, Ulysses Guimarães - Sarney estava no exterior.
Sua única filha - de quem era não só pai, como o maior amigo ("eles se entendiam só pelo olhar", disse um amigo) - não havia resistido a um câncer generalizado. No enterro, o poeta confidenciou a um amigo: "Não tenho mais futuro, acabou tudo para mim". Doze dias depois, ele se deixou levar. Coisas que acontecem.
LIXO COMO PRESENTE - Homem fechado, reservado, arredio, tímido, meticuloso como todo bom mineiro, Drummond - nascido em Itabira, em 31 de outubro de 1902, em uma família de fazendeiros - publicou 30 livros de poesia (mais os de crônicas), dos quais foram vendidos mais de 500 mil exemplares. Mas não gostava de teorizar sobre poesia (coisa muito comum entre outros poetas) e preferia que o chamassem de jornalista. Expulso do colégio, em Belo Horizonte, aos 19 anos - por "insubordinação mental" - formou-se em Farmácia ("porque era o curso mais curto"), profissão a qual jamais exerceu.

Foi, sim, professor de Geografia e Português, jornalista e funcionário público - por sinal muito exigente. Aos 23 anos casou-se com Maria Dolores - e com ela viveu até o final da vida.
COMUNISTA - Carlos Drummond trabalhou no Ministério da Educação durante a ditadura Vargas, a convite do seu amigo Gustavo Capanema, mas - lá pelos anos quarenta, em especial durante a Segunda Grande Guerra - alinhou-se ao Partido Comunista Brasileiro, o velho PCB, na luta contra o fascismo. Chegou, a convite de Luis Carlos Prestes, a dirigir o jornal do partido - o Tribuna Popular - mas, por incompatibilidade, demitiu-se três meses depois de assumir, por não suportar a ortodoxia comunista e stalinista. Mais tarde, explicou: "O que eu escrevia não saía, e o que saía eu não entendia nada".
Nos anos quarenta, durante a Guerra, compôs poemas bem esquerdistas, até de louvor ao staninismo - num deles saúda a resistência de Stalingrado (hoje com outro nome) aos invasores nazistas.

Em 1964, já bem decepcionado com a política, com a esquerda e a politicagem, apoiou o Golpe Militar - dois meses depois já estava novamente decepcionado e enojado com aquilo tudo.
Muito abalado com a morte da filha (teve um filho antes, que morreu poucos meses depois do nascimento), ainda mantinha seus hábitos impecáveis e ordeiros, como o de acordar às 7 horas da manhã e dormir tarde, e o de arrumar as cestas de lixo com tal minúcia que "pareciam presentes de Natal", ou "embrulho de presente". Telefonava seguidamente aos amigos, para saber como estavam e dava lá seus palpites e conselhos.
Cético, bom mineiro, Drummon teve outro grande mérito: já reconhecido com o maior poeta brasileiro - aquele que fazia poesia simples, sem firulas, quase na linguagem do povo - recusou-se a se candidatar à Academia Brasileira de Letras (Moacir Scliar também disse isso nos anos 70, depois quis ser "imortal" e hoje participa dos glamourosos chás da "Casa de Machado de Assis").
Hoje Monica Iozzi, atriz e jornalista, completa 32 anos

quarta-feira, outubro 30, 2013



Hoje Maradona faz 53 anos. Paulo Nunes faz 42. Fiodor Dostoievski, escritor russo, nascido em 1821, também faria aniversário.

terça-feira, outubro 29, 2013

segunda-feira, outubro 28, 2013

Hoje a cantora Zelia Duncan faz 49 anos, Bill Gates 58 e Julia Roberts completa 46



Em novembro de 1949 o incêndio que destruiu milhares de processos da Justiça do Rio Grande do Sul

No dia 19 de novembro de 1949, sábado, aconteceu aquele que seria um dos mais ruinosos incêndios para o Rio Grande do Sul - ruinoso não em vítimas humanas, que não existiram, e sim no duro baque para o judiciário gaúcho: o incêndio do Tribunal de Justiça, onde funcionava o Foro central e também a Secretaria Estadual do Interior, destruiu milhares de processos e criou um tremendo transtorno para a Justiça do Rio Grande do Sul. O fogo iniciou às 5 horas da manhã de sábado, no prédio localizado na Praça da Matriz, bem no centrão da cidade, e em poucos minutos tornou-se incontrolável. Tudo indica que tenha sido provocado, assim como tantos outros que ocorreram em prédio públicos de Porto Alegre nos anos seguintes. Dois meses depois do que aconteceu com o Foro, a sede da Repartição Central de Polícia, na rua Duque de Caxias, também foi consumida pelo fogo - e mais uma vez teve-se a quase certeza da intencionalidade. Nos dois casos, ninguém foi preso, embora um sujeito meio lunático e mitômano tenha tentado assumir a autoria dos fatos.
O sinistro beneficiou muitas pessoas e liberou das garras da Justiça muitos criminosos. A reprodução vista aqui é do Diário de Notícias, de Porto Alegre, jornal que pertencia aos Diários Associados e que não mais existe.