Ainda mais rumoroso que o caso do Menino Bernardo foi o chamado "caso Carlinhos", o desaparecimento e possível morte de um menino carioca de 12 anos e que rendeu - durante muito tempo - centenas de matérias na imprensa, naquele distante anos de 1973 - portanto, há 40 anos. Em uma época em que os meios de comunicação sofriam com a forte mordaça da censura do governo ditatorial (governo Médici), o sumiço e os desdobramentos do episódio galvanizaram a atenção do Brasil, até porque a vítima, assim como Bernardo, era um garoto bonito e de classe média, além de loiro e sorridente. Mas, ao contrário do que está acontecendo em Três Passos, a polícia nunca encontrou os culpados ou sequer o corpo do menino. O próprio pai foi acusado, negando a autoria, é claro. Inúmeras pessoas, na tentativa de aparecer, alguns com problemas mentais, tentaram até mesmo assumir a culpa, criando versões fantasiosas que alimentavam fartamente as páginas dos jornais - como se vê nesta reprodução de uma matéria do Correio do Povo, de Porto Alegre. Há quem pense que o Carlinhos não morreu e que está vivo em algum lugar do Brasil. Se isso se fato ocorrer, terá agora mais de 50 anos.
Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sexta-feira, maio 09, 2014
Quadrilhas de "vampiros" percorrem o interior do Rio Grande do Sul
Até os anos oitenta, mais ou menos, o Brasil era uma terra sem lei no tocante à coleta e ao uso do sangue humano. Sem regulamentação oficial, era permitido, até mesmo, a venda do produto, como é retratado em filmes, músicas e livros daquela época. Comprava-se e traficava-se sangue, sem maiores problemas, o que valia muito dinheiro - e sem qualquer controle ou verificação da ocorrência de doenças ou virus, incluindo o da Aids. Data dessa época a existência de quadrilhas de "vampiros", bandidos que percorriam especialmente o interior dos Estados, a bordo de automóveis equipados e à cata de sangue humano fresco, que depois revendiam, no País e no exterior, auferindo imensos lucros. Ainda hoje muita gente pensa que isso é pura lenda - porém é a mais pura verdade. Nos anos setenta são inúmeros os casos de denúncias da ação de tais quadrilhas, que visavam sobretudo as crianças indefesas. O curioso é que, ao que se sabe, ninguém dos "vampiros" nunca foi preso, o que só contribuiu para aumentar a dimensão da "lenda".
quinta-feira, maio 08, 2014
Em abril de 1980 morreu Sartre, o filósofo existencialista que marcou gerações
Há 34 anos, no dia 15 de abril de 1980, morria Jean Paul Sartre, o filósofo que influenciou decididamente as mentes inteligentes do século vinte. Intelectual engajado, e também cheio de erros (defendia a União Soviética, na época das coletivizações e dos expurgos e massacres, que negava), fez dupla com Simone de Beauvoir e tornou-se o queridinho de muitos salões da alta sociedade. Sartre fumava muito e era célebre a sua feiúra, agravada pelos olhos vesgos. Em 1964, recusou o prêmio Nobel que queriam lhe conceder, por considerar isso "burguês". No final da vida ele estava praticamente cego e sequer podia ler uma notícia de jornal. Coleção do Correio do Povo, Arquivo Histórico de Porto Alegre.
terça-feira, maio 06, 2014
Enfim Flávia Schiling é libertada no Uruguai: 1980
Quem está com 50 anos ou mais lembra da campanha pela libertação de Flávia Schiling, gaúcha, militante política ligada aos Tupamaros, presa em 1972, no Uruguai (que vivia uma ditadura militar de direita), e onde ficou sete anos e meio confinada. Ela tinha apenas 19 quando foi presa e passou o diabo nos cárceres orientais. Em 1978, e especialmente em 1979, com os ventos da redemocratização, uma campanha pela sua libertação aconteceu em todo o País. Mal de saúde (ela havia sido baleada no pescoço pela policia) Flávia mobilizou quase toda a inteligência e a imprensa gaúcha visando a sua liberdade. No dia 14 de abril de 1980, finalmente, depois de tenebrosos anos no cárcere, ela estava livre e voltava ao Brasil, conforme noticiou o Correio do Povo. Hoje, pelo que se sabe, Flávia, com 61 anos, vive em São Paulo, e parece ter desistido das radicalizações políticas e da ideia da implantação à força do comunismo, tão comum naqueles anos setenta. É, nada menos do que 34 anos se passaram.
segunda-feira, maio 05, 2014
Vereador de Passo Fundo pede a expulsão dos ciganos, "uma mistura de caboclo e de índios".
Povo misterioso, escuro e nômade, os ciganos sempre foram alvo de suspeições por onde passaram - algo que era muito mais forte em um passado ainda recente. Provavelmente originários da antiga Índia, eles chegaram à Europa no século XV, contando inúmeras histórias sobre o seu passado, o qual, diziam, tinha iniciado no Egito. Com um modo de vida peculiar e livre, músicas e danças fascinantes, orgulho e altaneria de suas mulheres, habilidades metalúrgicas e um suposto dom para interpretação do futuro, os ciganos já foram acusados de muitas coisas (e por vezes davam motivos) e perseguidos até por Hitler, que enviou milhares deles para as câmaras de extermínio dos campos de concentraçã. hhhRaça forte, resistiram a tudo e a todos, considerando sempre o planeta Terra como sua grande pátria - sem fronteiras nacionais delimitadas. No Brasil, mais especialmente no interior do Rio Grande do Sul, um vereador de Passo Fundo pediu, em abril de 1980, a expulsão dos integrantes de tal etnia que estavam naquele município. Não escondendo um forte tom preconceituoso e racista, o ilustre edil definia-os como "uma mistura de caboclo e de índios" e pedia para que a polícia os investigasse. Reprodução do Correio do Povo, coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre.
domingo, maio 04, 2014
A implosão das lojas Renner
Quem não lembra deste episódio, acontecido no final de maio de 1976: a implosão do prédio das Lojas Renner, na Doutor Flores, destruído pelas chamas ao término de um dos mais mortíferos incêndios acontecidos no Rio Grande do Sul. Na época ainda existia a Folha da Manhã, tabloide da Companhia Jornalística Caldas Júnior, do velho Breno Caldas. A implosão, feita por uma empresa paulista - a mesma que havia posto abaixo o edifício Mendes Caldeira, em São Paulo, de 30 andares - foi a primeira realizada no Estado e aconteceu em um domingo frio e cinzento, acompanhada por uma assistência de cerca de 200 pessoas.
Os campeões de voto nas eleições de 1978 no Rio Grande do Sul
Em novembro de 1978 a nação ainda não havia reconquistado o direito a escolher pelo voto direto o seu governador do Estado. As eleições aconteciam em todos os outros níveis, menos no que realmente interessava: governadores e presidente da República. A abertura política "lenta, gradual e segura" de Ernesto Geisel estava em curso - mais gradual do que nunca. Somente em 1982 se elegeriam governadores pelo voto livre e secreto, como acontecia antes do Golpe de 64 e depois do Estado Novo. Ao término daquela eleição de 78, o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, publicou o resultado oficial do pleito - que, clicando em cima da imagem, vocês conseguirão ler. Muitos nomes que ainda hoje aí estão aparecem como campeões do voto da Arena e do MDB, os dois únicos partidos permitidos. Entre eles, claro, Pedro Simon para o senado, Alceu Collares para deputado federal e José Fogaça para estadual, entre outros.
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