O roubo de carros é, hoje, o principal problema do Jardim Botânico. Quem diz isso é a delegada titular da Oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre, na avenida Protásio Alves, delegada Márcia Petry. Policial veterana, com mais de 20 anos na profissão, filha de pai policial, Márcia (que não gosta de se expor em fotos) , dirige uma distrital que atende, em média, mais de 40 ocorrências diárias e tem sob sua jurisdição (picotados) alguns dos bairros mais nobres da cidade - Petrópolis, Bela Vista, Moinhos de Vento, entre outros. "Não é porque estamos em uma zona nobre de Porto Alegre que a nossa delegacia é melhor em infra-estrutura", desabafa ela. Na verdade, a Oitava tem 19 agentes, mais nem todos estão no serviço diário - dois estão cedidos, um em licença, quatro trabalham na função catorial e apenas cinco na investigação. "O certo é termos 34 policiais aqui".A delegada - que está há sete meses na distrital - atribiu ao aumento da violência no bairro Jardim Botãnico ("a violência, na realidade, está aumentando em toda parte") à má iluminação de suas ruas e "à falta de policiamento ostensivo". A sua DP nâo engloba o JB inteiramente - pega trechos, como a Salvador França, a Machado de Assis, a Cristiano Fischer, a La Plata, a Barão do Amazonas, a Lucas de Oliveira, a Felizardo, entre outras ruas. Outra parte fica a cargo da Décima Primeira DP, na Salvador França, esquina com a Bento Gonçalves.
ESTELIONATO - Mesmo com efetivo insuficiente, com falta de armas de grosso calibre e de viaturas, o pessoal da Oitava, segundo ela, faz o que pode. Os furtos de veículos estão em primeiro, na lista de ocorrências, seguidos de crimes contra o patrimônio e de estelionatos. "Nos orgulhamos de solucionar 100% dos crimes contra a vida", informa. "Eles são a nossa prioridade".Instalada em um antigo prédio em Petrópolis, a Oitava é uma delegacia distrital não especializada - faz "clinica geral". Ou seja, cuida de tudo. "Aqui nós conseguimos trabalhar graças à nossa equipe, graças ao chefe da DP e supervisor, Inspetor André Berbigier, ao chefe do cartório, escrivão luciano Dias, ao chefe da Secretaria, comissário Nelson Artur. Sem essa equipe o órgão não funcionaria".Em tom de desabafo, Márcia - que é natural de Porto Alegre e já trabalhou no DENARC (Departamento de Narcóticos) e em outras delegacias do litoral e da zona carbonífera - gostaria que a realidade policial fosse muito diferente da que hoje aí está. "O problema maior dos policiais é o salário, o mesmo acontecendo com os delegados. Somos dos mais mal pagos do País". Para se ter uma idéia, um investigador de polícia ganha em torno de 1300 reais, restando um pouco mais para o comissário. Há 14 anos eles não ganham aumento - desconta-se aí um aumento, sob ordem judicial, de 19% este ano.A realidade de um policial é estressante mas também tem coisas engraçadas e curiosas. Indagada a respeito, ela fala de pessoas que vêm dar queixas das coisas mais absurdas - maridos que dão queixa de que suas mulheres não dormiram em casa, outros que dizem que foram traídos, ou que o vizinho o chamou de "corno". Mas, segundo ela, todos tem andamento e acabam resultando em alguma coisa.
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