Estavam falando em Pelotas e nas peculiaridades da cidade, quando então perguntei se ainda havia por lá o bar Cruz de Malta, na rua XV.
Muito campari tomei ali, na época do Diário Popular, que fica quase em frente. Isso foi lá por 94, 95, quando o balcão ainda era de madeira.
O Cruz de Malta bombava todas as noites, especialmente nas sextas. Havia um outro Cruz de Malta, na avenida Bento, mas parece que não tinha nada a ver com o da XV.
Pelotas, nessa época, era uma cidade extremamente agradável, com mulheres bonitas e bem vestidas e uma vida noturna que nunca iniciava antes da uma hora da matina.
Não adiantava sair antes dessa hora. E a coisa mesmo só iria esquentar lá pelas três.
O Andrade era o editor do Diário Popular. Bon vivant, tinha um barco, em sociedade com um amigo que era delegado de polícia em outro município. O barco era uma espécie de matadouro, para usar a expressão machista.
Nunca cheguei a frequentar. Mas lembro do dia em que o Andrade, com uns uísques a mais nas idéias, meteu o seu carro na traseira de um caminhão parado no escuro, sem sinalização. Ficou alguns dias entre a vida e a morte, sendo que esta última prevaleceu.
Acho que ele não tinha mais que quarenta e dois ou três anos.
Figuraça, sempre vestido de preto, bonitão, cabelos grisalhes, bonachão, sempre brincando, foi ele quem me admitiu.
Trabalhar no Diário era ótimo. Empresa séria, dificilmente alguém era demitido dali - para isso teria que fazer muitas lambanças. Pagamento no dia certo, muitas vezes até antecipado, direito sociais garantidos, respeito. Boas lembranças.
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