Um sobrinho meu, que recentemente seguiu para o Nordeste, onde realiza um trabalho religioso e assistencial, contraiu dengue - ele e a esposa. Estavam em um bom apartamento, em uma cidade na Grande Recife, quando foram infectados, e eu - como ex-dengoso - bem sei o que é isso. Peguei dengue em Vitória, em meados dos anos noventa, um pouco antes de vir para Porto Alegre, onde o mal se manifestou em sua forma total: senti dores por todo o corpo, principalmente nos ossos e nas juntas e até na cavidade ocular, além de muita sede e sono, e assim fiquei por mais de um mês, tempo excessivamente longo na cronologia da doença. Na época, em todo o Rio Grande do Sul, havia cerca de uma dúzia de casos de dengue registrados, todos provindos de fora - ou seja, não autóctones, não contraídos aqui. Hoje a situação mudou, houve centenas, milhares de casos nos últimos dez anos, quase todos, se sabe, culpa do "mosquito local".
A dengue que peguei deve-se ao meu vizinho, um engenheiro de estradas que morava no apartamento acima, uma cobertura, onde mantinha uma espécie de floresta de plantas, que irrigava a todo momento, deixando água estagnada de sobra - o paraíso para os mosquitos.
No caso do meu sobrinho e da sua mulher o que me chamou a atenção é que, segundo ele contou, também surpresa para mim, em seu edifício - de classe média - não há coleta de lixo regular e sequer uma lixeira central. As pessoas pegam suas sacolas de detritos e as levam a uma calçada próxima, onde são dispostas no meio-fio, até que sejam recolhidas pelo caminhão de lixo - que, aliás, não passa todo dia. Não estou falando mal do Nordeste, longe disso, até porque conheço a realidade das vilas de Porto Alegre, onde acontece até coisa pior, com a ressalva que são vilas populares e pobres e não um condomínio confortável e bem estruturado. Realmente, é até chocante saber que existem coisas assim - edifícios que não têm lixeira e é preciso levar os rejeitos e deixá-los na rua. Dada a situação, ser picado pelo mosquito da dengue é mais do que natural - é previsível e inevitável. Bem Brasil. (Vitor Minas)
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