Para vocês, que têm vinte e poucos anos, essa época parece inimaginável - alto pré-histórico, talvez. Mas, dezessete anos atrás, telefone celular era uma grande novidade, e poucos tinham acesso a ele. Hoje são mais de 100 milhões de aparelhos - e até carroceiros o usam com a maior naturalidade. Garimpando os arquivos, o Conselheiro X. descobriu um exemplar da revista Veja de 8 de maio de 1991. O título era "O Mundo no Bolso", e noticiava a grande novidade que, pasmem, já tinha 3 mil usuários no Rio de Janeiro! - a telefonia celular, ou os "telefones portáteis". O sistema era caro e complicado, como se pode imaginar.
Vamos transcrever algumas partes dessa matéria "jurássica":
"A platéia não entendeu nada. Durante uma sessão do filme Três Solteirões e uma Pequena Dama, em cartaz no Cine Rio Sul, no shopping da Gávea, no Rio de Janeiro, o toque abafado de um telefone ecoou numa das poltronas do cinema. Um dos espectadores, uma loira elegante, tirou um telefone da bolsa, atendeu a chamada e teve uma conversa rápida com um interlocutor. Era a socialite Aparecida Marinho, 38 anos, ex-mulher de Roberto Irineu Marinho, um dos herdeiros do império da Rede Globo. Aparecida levou ao cinema um telefone celular - um aparelho portátil que se comunica através de ondas de rádio - para conversar com sua filha, Maria Antonia, 13 anos, que não pode ir à matinê com a mãe. "Esse telefone é um estouro. Nunca perco o contato com os meus filhos, e, quando fico presa no trânsito, ganho tempo fazendo ligações", diz Aparecida.
"Os telefones celulares desembarcaram no Rio de Janeiro no final do ano passado e caíram no gosto de 3 000 assinantes na cidade - entre os quais empresários, políticos e colunáveis, que agora fazem ligações de dentro de carros, barcos, aviões, restaurantes ou à beira-mar. Facilitam bastante a vida de seus usuários - mas também fazem sucesso como símbolo de status da estação. (...)
"A vantagem mais óbvia dos telefones móveis - que chegaram aos Estados Unidos há sete anos e contam hoje com 5,3 milhões de assinantes - e que eles acabam com um castigo a que o usuário era submetido, o de ficar preso à mesa de trabalho ou em casa, para dar ou receber um telefonema. Agora, basta levar o telefone celular no bolso. "Ganhei liberdade", explica o executivo Richard Klien, vice-presidente da empresa de navegação Transroll, que comprou um telefone celular. Na semana passada, ele precisou fazer uma viagem a Brasília - e fechou um negócio milionário em pleno ar.
(...) "A grande desvantagem do sistema de telefonia celular no Rio de Janeiro são os preços salgados. Os assinantes têm que pagar uma série de taxas para entrar no sistema. De depósito para a Telerj, é preciso pagar 1167 131 cruzeiros. Depois de dois anos essa caução pode ser devolvida se o usuário desistir da linha. Para comprar um modelo de telefone celular, os preços variam de 250 000 cruzeiros a 600 000 cruzeiros por aparelho. O minuto de uma ligação comum custa menos de 6 cruzeiros. Apesar dos preços salgados, mais de vinte pessoas se tornam usuárias do sistema a cada dia."
(...)"O telefone móvel é um símbolo de modernidade que vem dar um grande charme ao Rio, diz o presidente da Telerj, Eduardo Cunha."
Vamos transcrever algumas partes dessa matéria "jurássica":
"A platéia não entendeu nada. Durante uma sessão do filme Três Solteirões e uma Pequena Dama, em cartaz no Cine Rio Sul, no shopping da Gávea, no Rio de Janeiro, o toque abafado de um telefone ecoou numa das poltronas do cinema. Um dos espectadores, uma loira elegante, tirou um telefone da bolsa, atendeu a chamada e teve uma conversa rápida com um interlocutor. Era a socialite Aparecida Marinho, 38 anos, ex-mulher de Roberto Irineu Marinho, um dos herdeiros do império da Rede Globo. Aparecida levou ao cinema um telefone celular - um aparelho portátil que se comunica através de ondas de rádio - para conversar com sua filha, Maria Antonia, 13 anos, que não pode ir à matinê com a mãe. "Esse telefone é um estouro. Nunca perco o contato com os meus filhos, e, quando fico presa no trânsito, ganho tempo fazendo ligações", diz Aparecida.
"Os telefones celulares desembarcaram no Rio de Janeiro no final do ano passado e caíram no gosto de 3 000 assinantes na cidade - entre os quais empresários, políticos e colunáveis, que agora fazem ligações de dentro de carros, barcos, aviões, restaurantes ou à beira-mar. Facilitam bastante a vida de seus usuários - mas também fazem sucesso como símbolo de status da estação. (...)
"A vantagem mais óbvia dos telefones móveis - que chegaram aos Estados Unidos há sete anos e contam hoje com 5,3 milhões de assinantes - e que eles acabam com um castigo a que o usuário era submetido, o de ficar preso à mesa de trabalho ou em casa, para dar ou receber um telefonema. Agora, basta levar o telefone celular no bolso. "Ganhei liberdade", explica o executivo Richard Klien, vice-presidente da empresa de navegação Transroll, que comprou um telefone celular. Na semana passada, ele precisou fazer uma viagem a Brasília - e fechou um negócio milionário em pleno ar.
(...) "A grande desvantagem do sistema de telefonia celular no Rio de Janeiro são os preços salgados. Os assinantes têm que pagar uma série de taxas para entrar no sistema. De depósito para a Telerj, é preciso pagar 1167 131 cruzeiros. Depois de dois anos essa caução pode ser devolvida se o usuário desistir da linha. Para comprar um modelo de telefone celular, os preços variam de 250 000 cruzeiros a 600 000 cruzeiros por aparelho. O minuto de uma ligação comum custa menos de 6 cruzeiros. Apesar dos preços salgados, mais de vinte pessoas se tornam usuárias do sistema a cada dia."
(...)"O telefone móvel é um símbolo de modernidade que vem dar um grande charme ao Rio, diz o presidente da Telerj, Eduardo Cunha."
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