O Salão Popular, com 12 metros quadrados e clientela eclética, é o mais antigo do bairro.
Ele é formado em História - com pós-graduação em Movimentos Sociais - já foi professor, mas pode ser encontrado, de segunda a sábado, em uma pequena sala térrea na rua Barão do Amazonas, quase esquina com a avenida Ipiranga, no coração do Jardim Botânico.
Moisés Gomes, 44 anos, separado, pai de dois filhos, criado no bairro, está nesse ponto fazem quatro anos e meio - ponto que, aliás, é uma referência para os mais antigos: nesse pequeno espaço de 12 metros quadrados, exatamente no mesmo local, há mais de 50 anos, corta-se cabelos e faz-se a barba. É o Salão Popular, cujas referências conhecidas remontam aos anos 40 e que até hoje é o mais tradicional do Jardim Botânico.
Embora se chame Popular, o salão recebe uma clientela variada, de todas as classes sociais, idades e sexos. Os preços são acessíveis - 5 reais o corte feito à máquina e 7 reais o com tesoura - e o serviço é eficiente e rápido. "Faço um corte de cabelo em 8 ou 10 minutos", informa Moisés, que orgulha-se de contar com uma clientela fixa e de realizar, mensalmente, cerca de 37o cortes. Moisés está aqui há pouco mais de quatro anos - antes dele havia um outro barbeiro, de nome Fábio.
O local (alugado) é simples e despojado, com apenas uma cadeira de corte, muitas revistas, livros e jornais, um aparelho de tevê e outro de som. Profissionalizado pelo SENAC, onde realizou um curso específico, ele trabalha sozinho (antes tinha um salão na Cidade Baixa) e atende "desde o mais pobre até gente de classes mais elevadas". Sobrinho de barbeiros, vive - sem dificuldades - desse seu trabalho, e não se queixa da falta de clientela no tempo em que está aqui. "Os últimos cinco anos foram muito bons", afirma.
Sua clientela é formada, em sua esmagadora maioria, por homens, embora também faça cortes para as mulheres e crianças. Em menor escala, faz barbas, "umas quatro ou cinco por semana". Uma ou duas horas por semana ele se dedica, gratuitamente, a cortar o cabelo de moradores de rua, especialmente crianças. Há, ainda, clientes que vêm em determinada lua, outros que só aparecem duas vezes ao ano.
PSICOLOGIA - Ser barbeiro, como todos sabem, exige uma psicologia apurada e peculiar. Lidando com toda espécie de público, ele faz o tipo reservado, sem contudo se esquivar de conversas ou de emitir os seus comentários. "Se o cliente quer conversar, eu converso. Se não quiser, tudo bem, ele pode entrar calado e sair calado".
Moisés reconhece que, durante o seu ofício, fica sabendo muito da vida dos clientes, e às vezes até serve como consultório sentimental. As conversas são as mais variadas - futebol, política, problemas nacionais, atualidades. "Eles falam de tudo, e eu também falo dos assuntos meus, quando é o caso. Às vezes rola até um debate, mas aí eu fico de fora, deixo que eles conversem, para não estragar a minha imagem profissional. Mas tem vezes em que não dá para ficar neutro", observa.
Os clientes chatos são minoria, mas também existem. Porém ele tem dificuldades em definir, exatamente, o que é ser chato. "Depende o grau de chatice... Mas ele é chato porque é chato mesmo..." Entre esses, muitas vezes, estão alguns calvos que, mesmo assim, tornam-se duplamente exigentes e "querem isso e aquilo". Já aconteceu casos de perder clientes pelo simples fato de manter sobre a mesa um exemplar da revista Playboy, que estes consideraram imoral.
O que é ser barbeiro, no seu entender? À essa pergunta, Moisés responde que é "uma profissão importante e muito antiga, pois lida com a aparência das pessoas, em uma época em que isso é muito importante em todos os sentidos. Mas, primeiro, a pessoa tem que gostar da profissão. Depois deve procurar se aperfeiçoar".
BURSITE - Segundo ele, não existe um dia de melhor movimento na semana, embora a clientela apareça mais do dia primeiro à metade do mês. "Isso de movimento varia muito, às vezes tem surpresas". O que ele sabe, e sente, é que a sua profissão não é - ao contrário do que muitos pensam - um trabalho simples e sem complicações. Complicações que, muitas vezes, são físicas e acabam redundando em problemas físicos, pelo fato de ser um esforço repetitivo diário. "A profissão exige muito do corpo, a gente fica muito tempo em pé, o que pode resultar em bursite e tendinite". Moisés chegou a apresentar sintomas iniciais de bursite no ombro, algo que só não evoluiu pelo fato de frequentar academia três vezes por semana, onde faz esteira e musculação. "Isso me ajuda muito", garante.
Barbeiro profissional, vivendo disso, ele pensa, daqui a algum tempo, em voltar à função de professor de História. "Talvez seja a profissão que eu vou levar mais adiante", prevê.
Ele é formado em História - com pós-graduação em Movimentos Sociais - já foi professor, mas pode ser encontrado, de segunda a sábado, em uma pequena sala térrea na rua Barão do Amazonas, quase esquina com a avenida Ipiranga, no coração do Jardim Botânico.
Moisés Gomes, 44 anos, separado, pai de dois filhos, criado no bairro, está nesse ponto fazem quatro anos e meio - ponto que, aliás, é uma referência para os mais antigos: nesse pequeno espaço de 12 metros quadrados, exatamente no mesmo local, há mais de 50 anos, corta-se cabelos e faz-se a barba. É o Salão Popular, cujas referências conhecidas remontam aos anos 40 e que até hoje é o mais tradicional do Jardim Botânico.
Embora se chame Popular, o salão recebe uma clientela variada, de todas as classes sociais, idades e sexos. Os preços são acessíveis - 5 reais o corte feito à máquina e 7 reais o com tesoura - e o serviço é eficiente e rápido. "Faço um corte de cabelo em 8 ou 10 minutos", informa Moisés, que orgulha-se de contar com uma clientela fixa e de realizar, mensalmente, cerca de 37o cortes. Moisés está aqui há pouco mais de quatro anos - antes dele havia um outro barbeiro, de nome Fábio.
O local (alugado) é simples e despojado, com apenas uma cadeira de corte, muitas revistas, livros e jornais, um aparelho de tevê e outro de som. Profissionalizado pelo SENAC, onde realizou um curso específico, ele trabalha sozinho (antes tinha um salão na Cidade Baixa) e atende "desde o mais pobre até gente de classes mais elevadas". Sobrinho de barbeiros, vive - sem dificuldades - desse seu trabalho, e não se queixa da falta de clientela no tempo em que está aqui. "Os últimos cinco anos foram muito bons", afirma.
Sua clientela é formada, em sua esmagadora maioria, por homens, embora também faça cortes para as mulheres e crianças. Em menor escala, faz barbas, "umas quatro ou cinco por semana". Uma ou duas horas por semana ele se dedica, gratuitamente, a cortar o cabelo de moradores de rua, especialmente crianças. Há, ainda, clientes que vêm em determinada lua, outros que só aparecem duas vezes ao ano.
PSICOLOGIA - Ser barbeiro, como todos sabem, exige uma psicologia apurada e peculiar. Lidando com toda espécie de público, ele faz o tipo reservado, sem contudo se esquivar de conversas ou de emitir os seus comentários. "Se o cliente quer conversar, eu converso. Se não quiser, tudo bem, ele pode entrar calado e sair calado".
Moisés reconhece que, durante o seu ofício, fica sabendo muito da vida dos clientes, e às vezes até serve como consultório sentimental. As conversas são as mais variadas - futebol, política, problemas nacionais, atualidades. "Eles falam de tudo, e eu também falo dos assuntos meus, quando é o caso. Às vezes rola até um debate, mas aí eu fico de fora, deixo que eles conversem, para não estragar a minha imagem profissional. Mas tem vezes em que não dá para ficar neutro", observa.
Os clientes chatos são minoria, mas também existem. Porém ele tem dificuldades em definir, exatamente, o que é ser chato. "Depende o grau de chatice... Mas ele é chato porque é chato mesmo..." Entre esses, muitas vezes, estão alguns calvos que, mesmo assim, tornam-se duplamente exigentes e "querem isso e aquilo". Já aconteceu casos de perder clientes pelo simples fato de manter sobre a mesa um exemplar da revista Playboy, que estes consideraram imoral.
O que é ser barbeiro, no seu entender? À essa pergunta, Moisés responde que é "uma profissão importante e muito antiga, pois lida com a aparência das pessoas, em uma época em que isso é muito importante em todos os sentidos. Mas, primeiro, a pessoa tem que gostar da profissão. Depois deve procurar se aperfeiçoar".
BURSITE - Segundo ele, não existe um dia de melhor movimento na semana, embora a clientela apareça mais do dia primeiro à metade do mês. "Isso de movimento varia muito, às vezes tem surpresas". O que ele sabe, e sente, é que a sua profissão não é - ao contrário do que muitos pensam - um trabalho simples e sem complicações. Complicações que, muitas vezes, são físicas e acabam redundando em problemas físicos, pelo fato de ser um esforço repetitivo diário. "A profissão exige muito do corpo, a gente fica muito tempo em pé, o que pode resultar em bursite e tendinite". Moisés chegou a apresentar sintomas iniciais de bursite no ombro, algo que só não evoluiu pelo fato de frequentar academia três vezes por semana, onde faz esteira e musculação. "Isso me ajuda muito", garante.
Barbeiro profissional, vivendo disso, ele pensa, daqui a algum tempo, em voltar à função de professor de História. "Talvez seja a profissão que eu vou levar mais adiante", prevê.
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