Simpson e a vítima: júri negro ignorou muitas provas contra o astro do esporte. Um caso de racismo - só que às avessas, desta vez beneficiando uma pessoa negra.Assim, em linhas gerais, pode ser entendida a absolvição do ex-astro de futebol americano O.J.Simpson, 48 anos, na década de 70, uma espécie de Pelé do esporte mais popular dos EUA. Simpson - ou Orenthal James Simpson - jogou muitos anos no Buffalo Bills.
O julgamento teve seu desenlace em 3 outubro de 1995, em Los Angeles, um ano depois da brutal morte de Nicole Brown Simpson (na foto, com ele), ex-mulher de O.J., e do amigo dela, Ronald Goldman, fato acontecido em 12 de junho de 1994. O júri - na verdade um grande show - durou 372 dias até o veredito final e consumiu nove milhões de dólares do contribuinte norte-americano. Simpson teria gasto de quatro a sete milhões com a sua equipe de advogados e de especialistas - só um perito em testes sanguíneos cobrou 100 mil dólares para dar seu testemunho no tribunal. Calcula-se que 60 milhões de pessoas, somente nos EUA, acompanharam o julgamento pela televisão, incluindo aí o então presidente Bill Clinton.
O resultado deixou muita gente estupefata, pois os jurados deram um veredito que contrariava todas as evidências. Tal resultado, no entanto, pode ter evitado a eclosão de novos distúrbios raciais na segunda maior cidade americana, um barril de pólvora sempre prestes a explodir.A absolvição de Simpson foi comemorada pelos negros dos Estados Unidos, que viam na acusação contra o astro do beisebol mais uma atitude racista da polícia de Los Angeles. E foi a polícia que, em última análise, pôs tudo a perder - talvez até, por suas falhas, colocando em liberdade um assassino frio e calculista.
A acusação alegou que Simpson matou sua ex-mulher por causa de um ciúme doentio - ele imaginava que ela estava tendo um caso com um dos seus amigos. O crime aconteceu na noite de 12 de junho de 1994, no jardim da casa de Nicole, uma ex-garçonete que dele se divorciou em 1992. Ela morava em um dos bairros mais chiques de Los Angeles - cidade marcada por profundas divisões raciais (brancos, negros e latinos) e por uma incontrolável guerra de gangues na periferia. O assassino atacou as duas vítimas entre 22h15 e 23 horas, com uma arma que nunca foi encontrada - um instrumento contundente que deixou uma poça de sangue no local, constatando-se que as vítimas lutaram muito contra o agressor. Não houve testemunhas e todas as provas eram circunstanciais. Ron Goldman, o amigo de Nicole, aparentemente deu um tremendo azar, pois foi a casa desta apenas para devolver os óculos esquecidos pela mãe de Nicole no restaurante onde ele trabalhava, e acabou encontrando a morte. O..J. Simpson foi preso cinco dias depois pela polícia e formalmente acusado pelo crime.
Contra ele pesaram muitas evidências, especialmente suas reações imediatas após o fato: deixou uma carta na qual falava em suicídio e fugiu em um jipe, onde, no seu interior, havia uma barba postiça e o passaporte. Também os exames de DNA (que, em 1994, já era empregado como prova nos EUA) comprovaram a existência do sangue das vítimas na casa de Simpson. Além disso ele não conseguiu explicar direito onde estava no horário do crime - alegou que jogava golfe em casa. Pior: uma luva sua foi encontrada no quintal da sua própria casa, com o sangue das vítimas. Comportalmente, outro fato que chamou a atenção foram as manifestações obsessivas de ciúme e as repetidas surras que Simpson aplicava na sua mulher, sempre ameaçando-a de morte. Mesmo sendo negro - mas nem de longe militante da causa - ultimamente o astro do beisebol só namorava loiras, como Nicole.
A seu favor contou o fato de alguns dos policiais que atenderam a ocorrência serem notoriamente racistas, sendo suspeitos de haver plantado as provas. Segundo se apurou depois, os policiais não coletaram o sangue devidamente, carregando o material durante horas (abaixo de um calor fortíssimo) antes de deixá-lo no laboratório. Um deles, Mark Fuhrman, era abertamente racista e neonazista - embora nunca ousasse reconhecer isso. A defesa apresentou uma fita em que o policial fala com desprezo dos negros e, a certa altura, diz que "quando se trata de um crioulo, primeiro você prende e depois faz as regras." Como o jurí, de doze pessoas, era formado majoritariamente por negros - entre eles havia apenas dois brancos e um hispânico - o fator racial foi decisivo.
O chamado "Caso Simpson" dividiu os Estados Unidos: logo após o julgamente uma pesquisa constatou que para 75% da população branca Simpson era o culpado, enquanto 78% dos negros acreditavam que ele era inocente. No total, 56% dos norte-americanos discordaram da absolvição, entre apenas 33% que concordaram.Provavelmente culpado, O.J.Simpson não tem do que reclamar: declarado inocente, ele ficou com a guarda dos dois filhos que teve com Nicole e ainda faturou muito dinheiro, vendendo entrevistas, reportagens e depoimentos sobre o caso. De qualquer forma, o caso Simpson chamou a atenção para as divisões raciais da sociedade americana, especialmente a de Los Angeles, cuja polícia é das mais violentas, racistas e corruptas dos Estados Unidos. (Pesquisa e texto: Conselheiro X.)
O julgamento teve seu desenlace em 3 outubro de 1995, em Los Angeles, um ano depois da brutal morte de Nicole Brown Simpson (na foto, com ele), ex-mulher de O.J., e do amigo dela, Ronald Goldman, fato acontecido em 12 de junho de 1994. O júri - na verdade um grande show - durou 372 dias até o veredito final e consumiu nove milhões de dólares do contribuinte norte-americano. Simpson teria gasto de quatro a sete milhões com a sua equipe de advogados e de especialistas - só um perito em testes sanguíneos cobrou 100 mil dólares para dar seu testemunho no tribunal. Calcula-se que 60 milhões de pessoas, somente nos EUA, acompanharam o julgamento pela televisão, incluindo aí o então presidente Bill Clinton.
O resultado deixou muita gente estupefata, pois os jurados deram um veredito que contrariava todas as evidências. Tal resultado, no entanto, pode ter evitado a eclosão de novos distúrbios raciais na segunda maior cidade americana, um barril de pólvora sempre prestes a explodir.A absolvição de Simpson foi comemorada pelos negros dos Estados Unidos, que viam na acusação contra o astro do beisebol mais uma atitude racista da polícia de Los Angeles. E foi a polícia que, em última análise, pôs tudo a perder - talvez até, por suas falhas, colocando em liberdade um assassino frio e calculista.
A acusação alegou que Simpson matou sua ex-mulher por causa de um ciúme doentio - ele imaginava que ela estava tendo um caso com um dos seus amigos. O crime aconteceu na noite de 12 de junho de 1994, no jardim da casa de Nicole, uma ex-garçonete que dele se divorciou em 1992. Ela morava em um dos bairros mais chiques de Los Angeles - cidade marcada por profundas divisões raciais (brancos, negros e latinos) e por uma incontrolável guerra de gangues na periferia. O assassino atacou as duas vítimas entre 22h15 e 23 horas, com uma arma que nunca foi encontrada - um instrumento contundente que deixou uma poça de sangue no local, constatando-se que as vítimas lutaram muito contra o agressor. Não houve testemunhas e todas as provas eram circunstanciais. Ron Goldman, o amigo de Nicole, aparentemente deu um tremendo azar, pois foi a casa desta apenas para devolver os óculos esquecidos pela mãe de Nicole no restaurante onde ele trabalhava, e acabou encontrando a morte. O..J. Simpson foi preso cinco dias depois pela polícia e formalmente acusado pelo crime.
Contra ele pesaram muitas evidências, especialmente suas reações imediatas após o fato: deixou uma carta na qual falava em suicídio e fugiu em um jipe, onde, no seu interior, havia uma barba postiça e o passaporte. Também os exames de DNA (que, em 1994, já era empregado como prova nos EUA) comprovaram a existência do sangue das vítimas na casa de Simpson. Além disso ele não conseguiu explicar direito onde estava no horário do crime - alegou que jogava golfe em casa. Pior: uma luva sua foi encontrada no quintal da sua própria casa, com o sangue das vítimas. Comportalmente, outro fato que chamou a atenção foram as manifestações obsessivas de ciúme e as repetidas surras que Simpson aplicava na sua mulher, sempre ameaçando-a de morte. Mesmo sendo negro - mas nem de longe militante da causa - ultimamente o astro do beisebol só namorava loiras, como Nicole.
A seu favor contou o fato de alguns dos policiais que atenderam a ocorrência serem notoriamente racistas, sendo suspeitos de haver plantado as provas. Segundo se apurou depois, os policiais não coletaram o sangue devidamente, carregando o material durante horas (abaixo de um calor fortíssimo) antes de deixá-lo no laboratório. Um deles, Mark Fuhrman, era abertamente racista e neonazista - embora nunca ousasse reconhecer isso. A defesa apresentou uma fita em que o policial fala com desprezo dos negros e, a certa altura, diz que "quando se trata de um crioulo, primeiro você prende e depois faz as regras." Como o jurí, de doze pessoas, era formado majoritariamente por negros - entre eles havia apenas dois brancos e um hispânico - o fator racial foi decisivo.
O chamado "Caso Simpson" dividiu os Estados Unidos: logo após o julgamente uma pesquisa constatou que para 75% da população branca Simpson era o culpado, enquanto 78% dos negros acreditavam que ele era inocente. No total, 56% dos norte-americanos discordaram da absolvição, entre apenas 33% que concordaram.Provavelmente culpado, O.J.Simpson não tem do que reclamar: declarado inocente, ele ficou com a guarda dos dois filhos que teve com Nicole e ainda faturou muito dinheiro, vendendo entrevistas, reportagens e depoimentos sobre o caso. De qualquer forma, o caso Simpson chamou a atenção para as divisões raciais da sociedade americana, especialmente a de Los Angeles, cuja polícia é das mais violentas, racistas e corruptas dos Estados Unidos. (Pesquisa e texto: Conselheiro X.)
Um comentário:
Ainda ninguém comentou? Pois serei a primeira, não me importo. É sempre bom encontrar referências na internet sobre este caso. Na altura era nova mas lembro-me de achar que o mundo "estava ao contrário" e de ficar muito preocupada.
Multidões a expressarem a sua crença cega na inocência de Simpson. Quase linchavam quem insinuasse o contrário.
Achei que dali a um tempo estas pessoas iam ter de lidar com estes seus comportamentos de raiva... quando o tempo viesse a provar que Simpson é de facto um assassino cruel.
Eu não tinha dúvidas e acho que o tempo só reforçou que ele de facto cometeu AQUELAS ATROCIDADES todas. Lá por ser negro... que é isso? então iliba-se um culpado pela cor da pele? Regredimos na sociedade??
A luta sempre foi pela IGUALDADE, pela JUSTIÇA, não pela perpetuação da descriminação!
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