Certa vez li um artigo escrito por um jornalista que há tempos mora fora do Rio Grande. Com a experiência de conhecer outras terras, ele, com senso crítico, disse que, no restante do Brasil, o gaúcho é visto com “uma divertida ironia”.
Lembrei disso a propósito dessa história do “Gaúcho da Copa” que ganhou 15 mil reais do Governo do Estado para “representá-lo” na próxima Copa, na África do Sul. O tal gaúcho garante que vai lá para ser uma espécie de embaixador do Estado, mostrando nossa cultura e nossos costumes aos quatro cantos da Terra. É aquele que, em outros campeonatos, se consagrou aparecendo pilchado, segurando uma Copa de mentirinha nas mãos. Depois, entusiasmado com a notoriedade instantânea, chegou a ser candidato a vereador de Porto Alegre por um partido aí, provavelmente governista.
Senso crítico e noção do ridículo não é um forte do nosso povo, mas agora a coisa chegou às raias da hilariedade, de todos os lados. Um jornalista conhecido, que é meio âncora da RBS e da TVCom, defendeu – vejam só – a atitude do Governo e a meritória disposição do “Gaúcho da Copa” para representar o torrão gaúcho, embolsando, é claro, 15 mil reais para tanto. A verba, diga-se, era secreta e o ato foi mantido em segredo até que, em um desses “portais de transparência”, veio à tona. E esse “âncora” - embora um rapaz simpático – é um completo babaca.
Nem é o caso de se fazer protestos irados contra isso tudo, até porque, como o jornalista que citei, trata-se mais de olhar o fato com uma “divertida ironia”. Poderia-se falar em jequismo, em caipirice, em breguice, em oportunismo, que tudo seria justo. Uma espécie de Beijoqueiro dos velhos tempos (lembram dele?), representando o Rio Grande e ensinando aos nativos africanos a superioridade do aguerrido rincão gaúcho?
Pois é, e depois nós aqui ridicularizamos o que acontece no Maranhão e em outros Estados que, do alto da nossa “cultura européia”, olhamos como subdesenvolvidos e caricatos. E agora, podemos falar mal dos livros que o Maranhão edita para louvar o Sarney e seu clã?
Se fosse em um outro Estado, com senso de humor, seria mais uma piada, motivo de sarro.
Mas deixa prá lá, vamos levar numa boa e assumir que somos bregas mesmo, aceitar que todos nos olhem com divertida ironia e dar boas risadas dessa lambança. Quem sabe o “Gaúcho da Copa” não irá cantar “Coração de Luto” para os sul-africanos e ensinar a eles que aqui temos a “maior praia do Mundo”, a “Segunda maior lagoa da América do Sul”, etc etc.
Lembrei disso a propósito dessa história do “Gaúcho da Copa” que ganhou 15 mil reais do Governo do Estado para “representá-lo” na próxima Copa, na África do Sul. O tal gaúcho garante que vai lá para ser uma espécie de embaixador do Estado, mostrando nossa cultura e nossos costumes aos quatro cantos da Terra. É aquele que, em outros campeonatos, se consagrou aparecendo pilchado, segurando uma Copa de mentirinha nas mãos. Depois, entusiasmado com a notoriedade instantânea, chegou a ser candidato a vereador de Porto Alegre por um partido aí, provavelmente governista.
Senso crítico e noção do ridículo não é um forte do nosso povo, mas agora a coisa chegou às raias da hilariedade, de todos os lados. Um jornalista conhecido, que é meio âncora da RBS e da TVCom, defendeu – vejam só – a atitude do Governo e a meritória disposição do “Gaúcho da Copa” para representar o torrão gaúcho, embolsando, é claro, 15 mil reais para tanto. A verba, diga-se, era secreta e o ato foi mantido em segredo até que, em um desses “portais de transparência”, veio à tona. E esse “âncora” - embora um rapaz simpático – é um completo babaca.
Nem é o caso de se fazer protestos irados contra isso tudo, até porque, como o jornalista que citei, trata-se mais de olhar o fato com uma “divertida ironia”. Poderia-se falar em jequismo, em caipirice, em breguice, em oportunismo, que tudo seria justo. Uma espécie de Beijoqueiro dos velhos tempos (lembram dele?), representando o Rio Grande e ensinando aos nativos africanos a superioridade do aguerrido rincão gaúcho?
Pois é, e depois nós aqui ridicularizamos o que acontece no Maranhão e em outros Estados que, do alto da nossa “cultura européia”, olhamos como subdesenvolvidos e caricatos. E agora, podemos falar mal dos livros que o Maranhão edita para louvar o Sarney e seu clã?
Se fosse em um outro Estado, com senso de humor, seria mais uma piada, motivo de sarro.
Mas deixa prá lá, vamos levar numa boa e assumir que somos bregas mesmo, aceitar que todos nos olhem com divertida ironia e dar boas risadas dessa lambança. Quem sabe o “Gaúcho da Copa” não irá cantar “Coração de Luto” para os sul-africanos e ensinar a eles que aqui temos a “maior praia do Mundo”, a “Segunda maior lagoa da América do Sul”, etc etc.
A lição é a seguinte: nesse episódio pelo menos vamos nos ver representados em nosso ridículo, vamos começar a rir mais de nós mesmos e olhar a nossa alma com mais humildade e leveza. O resto do Brasil não precisará mais nos ironizar ou ridicularizar por sua própria conta – nós mesmos faremos isso, às nossa custas, e por apenas 15 mil reais do dinheiro público. Nos ridicularizando lá fora, esse personagem circense nos tornará mais humanos, nos ensinará a rir de nós mesmos, a não nos levar tanto a sério.
Vestido à moda gaúcha, ele nos deixará saudavelmente nus, como índios da taba fazendo a dança da chuva. Espero apenas que o nosso “embaixador” apareça bastante na telinha enrolado na bandeira do Rio Grande, montado em um tordilho negro, e que, se possível, sapateie e dance a chula. Preparem as pipocas para o inenarrável espetáculo. Por 15 mil reais estaremos bem representados em uma obra viva de caricatura folclórica. (Conselheiro X.)
Vestido à moda gaúcha, ele nos deixará saudavelmente nus, como índios da taba fazendo a dança da chuva. Espero apenas que o nosso “embaixador” apareça bastante na telinha enrolado na bandeira do Rio Grande, montado em um tordilho negro, e que, se possível, sapateie e dance a chula. Preparem as pipocas para o inenarrável espetáculo. Por 15 mil reais estaremos bem representados em uma obra viva de caricatura folclórica. (Conselheiro X.)
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