No alto de um caminhão de som, na frente da prefeitura de Porto Alegre, a moça - tipo inconfundível - agarrava o microfone com as duas mãos e gritava para os passantes, a maioria indiferentes, simples transeuntes do centro da cidade em um dia de semana.
- Companheiros, precisamos de uma proposta propositiva para o nosso eixo de luta!
A moça, assim como os demais que estavam com ela, era de um sindicato qualquer, e parecia reivindicar aumento salarial ou algo assim.
Eu bebia café em um dos quiosques próximos quando ouvi a tal "proposta propositiva", e, numa boa, comecei a rir: ah, essa gente não muda mesmo, nem no linguajar... Lembrei dos meus tempos de estudante universitário, dos congressos e encontros estudantis (onde sempre saía uma "carta") no final dos anos setenta, ainda na época da ditadura.
Passou o tempo mas as figuras continuam as mesmas. A diferença é que agora eles não gritam "abaixo a ditadura" e nem cantam "Pra não dizer que não falei de flores". Aliás, falando em sindicatos, boa parte se arrumou - e com dinheiro do governo. E sequer correm o risco de levar porradas da polícia. (Vitor)
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