Pesquisa e texto: Vitor Minas
Às
22h30min de 27 de outubro de 1974, domingo, o ex-lateral esquerdo do Grêmio e
tricampeão mundial de futebol pela seleção brasileira na Copa de 1970, no
México, Everaldo Marques da Silva, colidiu seu
automóvel Dodge-Dart contra a traseira de uma carreta Mercedes-Benz carregada
com 24 toneladas de arroz e com placas de Santa Maria. Ou melhor - não colidiu, foi colidido.
Muito popular em todo o Estado, homenageado e paparicado depois da Copa (negro em um clube e em um Estado considerados racistas, foi o único representante gaúcho no selecionado), Everaldo havia, na prática, encerrado a carreira nos gramados e fazia então campanha eleitoral para eleger-se deputado estadual nas eleições de 15 de Novembro de 1974 pela Aliança Renovadora Nacional, ARENA, partido governista.
Muito popular em todo o Estado, homenageado e paparicado depois da Copa (negro em um clube e em um Estado considerados racistas, foi o único representante gaúcho no selecionado), Everaldo havia, na prática, encerrado a carreira nos gramados e fazia então campanha eleitoral para eleger-se deputado estadual nas eleições de 15 de Novembro de 1974 pela Aliança Renovadora Nacional, ARENA, partido governista.
Conduzido ainda com vida ao Hospital de Pronto
Socorro de Porto Alegre, faleceu a caminho – com ele morreram sua esposa, Cleci
Helena, e sua filha Deise, de apenas três anos. Cleci teve morte instantânea –
foi arremessada para fora do carro. No dia 3 de maio, também um domingo, morreu
a irmã de Everaldo, Romilda, totalizando quatro vítimas fatais. O acidente
aconteceu em uma grande reta, na altura do quilometro 43 da BR-290 (Porto
Alegre-Uruguaiana), município de Cachoeira do Sul. Tripulado por sete pessoas – Everaldo, Cleci
e Deise e a filha mais velha, de seis anos, Denise, a irmã do jogador, Romilda,
o tio Jardelino e a cunhada Maria Madalena Pereira da Silva, o carro havia sido
presente de uma concessionária de Porto Alegre pelo tri conquistado no México.
Apesar de todos, no calor do momento,
culparem o caminhoneiro Vergilio Broglio (que se confessou “um gremista
doente”), de 48 anos, motorista do Mercedez, residente em Santa Maria e que
seguia em direção a Porto Alegre, constatou-se que Everaldo, cansado e na
pressa de chegar logo a Porto Alegre, dirigia em alta velocidade (cerca de 160
km por hora, segundo apurou a perícia). Já o caminhoneiro não calculou
corretamente a manobra de saída do restaurante e posto de gasolina “Constante”,
retornando bruscamente à rodovia – ele também não prestou socorro às vítimas e,
segundo testemunhas, tentou fugir do local do acidente, sendo interceptado por
outro carro que o perseguiu. A rodovia, à época, apresentava pistas em bom
estado e era bem iluminada.
O campeão mundial tinha ido a Cachoeira
participar de um jogo dos veteranos do Grêmio contra a equipe de um ginásio
local dos Irmãos Maristas – os veteranos venceram por 6 a 3, Everaldo teve uma
participação discreta, mas, sem dúvida, foi o responsável pelo bom público
pagante. Ele chegou com a família em seu Dodge amarelo (os demais jogadores vieram
de ônibus fretado), distribuiu santinhos da sua campanha, deu autógrafos, posou
para fotos e, no início da noite, participou de uma confraternização. Na saída, Loivo – jogador do Grêmio que o apoiava
no corpo-a-corpo político - gritou-lhe do interior do seu Chevette: “Nos
encontramos em Minas do Butiá pra tomar uma champanha!”.
Apesar de já não estar mais relacionado
entre os titulares do Grêmio ele ainda mantinha contrato de trabalho com o clube
(ganhava 15 mil cruzeiros mensais). Havia, inclusive, acertado com os
dirigentes a realização de um jogo de despedida, igualmente comemorativo dos
seus 15 anos de casa, marcado para julho do próximo ano. No sábado – lembraram
depois seus colegas e amigos – Everaldo ainda esteve no Olímpico, participando
de trabalhos físicos e treinamentos leves.
Surgido no Grêmio ainda criança, ele assinou
seu primeiro contrato com o tricolor em janeiro de 1961, na categoria infantil
- era alto, magro e canhoto no chute. Everaldo foi campeão estadual em 66,
seguindo-se os títulos de 67 e 68 (o hepta tricolor). De junho de 1965 a
outubro de 1966, esteve emprestado ao Juventude de Caxias do Sul. Foi convocado para a seleção de 1970, sem
nenhuma garantia de ser titular, o que acabou de fato acontecendo graças,
sobretudo, à sua aplicação tática e ao seu jogo simples, discreto e eficiente. Na
definição do seu ex-técnico Carlos Froner, “era um jogador que crescia de
acordo com a importância da partida”. Era também considerado um atleta viril,
mas leal em suas disputas, o que lhe valeu o prêmio disciplinar Belfort Duarte
da Confederação Brasileira de Desportos.
Naquele domingo à tarde, no Olímpico, o time
da casa, treinador por Sérgio Moacir, havia vencido a equipe do Caxias por 1 a
0, gol de Dionísio. O ataque gremista, formado por Luis Freire, Iúra, Tarciso e
Bolívar, teve grandes dificuldades para superar a retranca grená.
2 comentários:
A estrela foi inserida na Bandeira em 1970.
sim a estrela inserida em 70 e o pórtico na entrada do olimpico construido em 1971
tambem em homenagem ao tricampeonato da selecao conquistado poe ele
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