Naquele início de feriadão de final de ano, em 29 de dezembro de 1973, um sábado, Porto Alegre viveu um dos episódios mais chocantes da sua história - e que está bem presente na memória da população: o trágico incêndio acontecido nas lojas Americanas, uma das mais tradicionais e conhecidas redes de varejo do País. O fogo iniciou de repente, na rua da Praia, a poucos metros do que é hoje a "Esquina Democrática", se propagou com grande rapidez e encurralou no banheiro cinco funcionárias, com pouco mais de 20 anos, que morreram abraçadas, encurraladas pela fumaça e pelas chamas e vitimadas, sobretudo, pela absoluta falta de normas e medidas de prevenção a sinistros no Brasil dos anos setenta. Elas participavam de uma festinha de confraternização. Uma, que seria a sexta vítima, criou coragem, pulou do alto, quebrou a bacia, ficou paraplégica, mas salvou-se. Os bombeiros, mal equipados, heroicos como da maioria das vezes, não encontraram hidrantes para ligar suas mangueiras e tiveram de recorrer às distantes águas do Guaíba. O prefeito da época era Telmo Thompson Flores, que - entre qualidades e defeitos - cobriu a cidade de obras de asfalto e cimento.
A tragédias das Americanas gerou muitas notícias, protestos e reivindicações. Porém, tal como hoje, tudo ficou no campo da retórica, e nada foi aprendido com o episódio, tanto que, dois anos e meio depois, seria a vez da maior de todas as tragédias, o incêndio das Lojas Renner, também no centro, com 41 mortos. O cenário era o mesmo: edifícios sem as mínimas normas de prevenção, com janelas gradeadas que os transformaram em verdadeiras gaiolas, impedindo a ação dos soldados do fogo. No final da noite da mesma data o secular mercado público de Porto Alegre também pegaria fogo - algo que se repetiu em 2013. Em primeiro de fevereiro de 1974, dois meses depois do ocorrido na rua da Praia, aconteceria o maior de todos os incêndios brasileiros (só superado, em 2013, pelo da boate Kiss, em Santa Maria, RS), o do edifício Joelma, em São Paulo, com 188 mortos.
Reprodução do jornal Correio do Povo, coleção do Arquivo Histórico Municipal de Porto Alegre Moysés Vellinho.
Reprodução do jornal Correio do Povo, coleção do Arquivo Histórico Municipal de Porto Alegre Moysés Vellinho.
6 comentários:
Uma pena isso ter acontecido, mas para alegrar um pouco mais tenho aqui um link onde você pode pegar ofertas e cupons de descontos dessa incrível loja.
Minha mãe conta até hoje q ouvia as moças pedindo socorro.Ela estava lá perto.
Eu era funcionária...sai ao meio dia naquele sábado..elas ficaram lá e no desespero correram pro banheiro onde morreram abraçadas. Fomos transferida pra outra loja quase em frente. Muito triste
Hoje, 29/12/2023 essa tragédia completou exatamente 50 anos. Luz para as almas dos falecidos.
50 anos do incêndio das Lojas Americanas, da Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre.
Hoje, 29/12/2023 faz exatamente 50 anos desse grande incêndio que vitimou 5 funcionárias e deixou uma paralítica.
Cinco funcionárias de vinte e poucos anos morreram. Elas tentaram escapar indo para o banheiro e morreram asfixiadas. Uma sexta moça pulou, caiu em uma marquise, quebrou a bacia, ficou paraplégico mas sobreviveu. Era um sábado dia 29/12/1973. Os corpos das 5 funcionárias foram sepultados no Domingo 30/12/1973 no Cemitério São Miguel e Almas com a presença de familiares, amigos e executivos da empresa que vieram da Guanabara (naquela época a cidade do Rio de Janeiro era um estado chamado Guanabara e o estado do Rio de Janeiro, não tinha a cidade do Rio de Janeiro e a capital era Niterói).
Essas foram os nomes das cinco moças que faleceram nessa tragédia:
1) Sueli Ferreira Lopes;
2) Remildes Maria de Jesus;
3) Marli Silva;
4) Iracema Mengalo;
5) Marli Almeida;
E Vera Leche conseguiu pular, mas ficou gravemente ferida e segundo relatos da internet ela quebrou a bacia e ficou paraplégica. Todas eram funcionárias das Lojas Americanas.
Cinco pessoas morreram nesta tragédia e você tem a cara de pau em falar de cupom de desconto? Há quanto tempo tu tens a impressão que és um ser humano?
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