Quando este blogueiro (?) era criança, no interior do Rio Grande do Sul, no final dos anos sessenta e início dos setenta, nossos pais nos alertavam para a presença e possível ataque dos "tiradores de sangue", que era como se chamava então as quadrilhas de traficantes de sangue humano que atuavam principalmente nas zonas rurais, quase sempre a bordo de kombis, e visavam sobretudo as crianças mais pequenas e indefesas. Ao passar do tempo os tais "vampiros" se tornaram personagens de uma possível lenda urbana - ou rural - nada crível, motivo até de gozação por parte de quem ouvia tais relatos aparentemente inverossímeis. Mas, pesquisando na coleção dos jornais do Arquivo Histórico de Porto Alegre (entre eles a extinta Folha da Tarde), por acaso encontrei matérias falando da ação de tais pessoas, o que prova de que não era uma lenda, afinal. Na verdade o comércio e o tráfico de sangue de fato existiam, já que o produto valia muito no mercado internacional, para onde era enviado, especialmente para os países da Europa. É sempre bom lembrar que na época ainda havia o comércio legal e consentido de sangue no Brasil - pagava-se por ele para qualquer pessoa que resolvesse vendê-lo, geralmente pessoas pobres, bêbados e viciados, já que não havia exames clínicos para detectar vírus de muitas doenças, daí o surgimento de tantas doenças. Nas reproduções acima vemos que isso também ocorria em outros países das Américas - era,literalmente, o que o escritor Eduardo Galeano chamou de "veias abertas da América Latina".
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