Wilson Simonal de Castro faleceu em junho de 2000, aos 62 anos, doente e amargurado, já uma sombra do espantoso sucesso que fora no passado, quando chegou a lotar o Maracanã, que cantava em uníssono suas músicas mais conhecidas. Grande cantor e ritmista, negro que "chegou lá", arrogante, algo ingênuo e certamento sem cultura e preparo para tudo o que estava vivendo, ele viu-se envolvido em um dos episódios mais lembrados da música brasileira - justamente por sua conotação negativa. Desconfiado de que estava sendo roubado por seu contador, Simonal teria apelado para elementos do DOPS - o órgão da política política da então ditadura militar - para dar "uma prensa" no acusado. Nessa ocasião, teria dito que era informante do DOPS - ou seja, alcaguete de seus companheiros de trabalho. Em um meio fortemente esquerdista, isso foi suficiente para que caísse em desgraça e fosse retratado na imprensa da época como um tipo detestável, um, digamos, traidor. Essa fama perdurou por muito tempo, mas já não é prevalente hoje. Nelson Mota foi um dos primeiros a garantir que Simonal nem poderia ser informante, pois pouco sabia das coisas que ocorriam à sua volta - era o que, no velho jargão, se chamaria de "alienado". Mas ele pagou um preço caro, inclusive respondendo um processo criminal por sequestro e tortura, como se vê nesta reprodução de uma matéria do Correio do Povo, de janeiro de 1976. Nessa época o cantor já estava em franca decadência, bebendo muito, certamente a causa principal da sua morte.
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