Os porto-alegrenses mais antigos certamente lembram do "Cadeião", oficialmente chamado de Casa de Correção, uma imensa e secular construção situada na chamada Ponta da Cadeia (que ganhou esse nome justamente devido ao presídio), bem no coração da cidade, ao término - ou início - da Rua da Praia. Às margens do rio Guaíba, o cadeião ganhou fama por ser uma "casa dos horrores", uma masmorra medieval superlotada onde acontecia tudo o que hoje acontece nos presídios brasileiros - corrupção, assassinatos, rebeliões, incêndios e até briga de facções criminosas. Considerado uma chaga no centro da capital, o local acabou sendo demolido e seus presos foram sendo transferidos para o presídio do Partenon, ou da Chácara das Bananeiras - o que hoje chamamos Presídio Central. A demolição da Casa de Correção era pedida por todos, especialmente pela imprensa porto-alegrenses, que via nela um antro de perversões, uma escola do crime que não recuperava ninguém (pelo contrário) e um perigo para os cidadãos da cidade, já que o cadeião estava bem no centro e as fugas e rebeliões eram constantes. Nesta matéria do Correio do Povo, de janeiro de 1966, vemos bem isso. Ou seja, constatamos, sem nenhuma surpresa, que, apesar dos discursos, nada efetivamente muda na sordidez do sistema prisional gaúcho e brasileiro.
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