Curiosidades inúteis: Leonel Brizola, aos 14 anos, e Luis Inácio Lula da Silva quando era ainda bebê, ao lado de uma de suas irmãs, em Pernambuco.
* Bom, o domingo, no JB, amanheceu com a mesma cara dos outros dias: temperatura na casa dos 18 aos 20 graus, céu meio fechado, com o sol querendo dar as caras mas não dando - pelo menos no período da manhã.
* Hoje é um bom dia para aproveitar o Jardim Botânico, aquele que deu nome ao bairro. O ingresso custa 2,00 reais por pessoa. Muitos anos atrás, eu levava minha filha e meu sobrinho, pequenos, para ver as tartarugas e as carpas no laguinho. Hoje, o meu sobrinho - que é sobrinho emprestado, digamos - tem vinte e tantos anos e trabalha como bancário. Vive com uma menina, tem horário certo pra tudo, estuda, é responsável.
Naquele tempo eu achava que ele iria ser, como se dizia no tempo em que o Uruguai era banhado, um garoto "da pá virada". Com um pouco de sorte, acabaria no Central. O pai era um sujeito meio hippie que vivia longe, nem escrevia para o menino, a mãe transava artesanato em feiras - nada contra - e o garoto, vez em quando, me chamava de pai. E era também agressivo - uma vez pegou uma tartaruga com as mãos e soltou-a no chão. Partiu o casco do pobre quelônio (tartaruga é um quelônio!).
* Por que estou falando disso? Deve ser a umidade relativa do ar, e porque vão fazer 24 horas que não fumo um cigarro. Ah, essas histórias de fumantes são comoventes, patéticas, ridículas. No fundo só interessam aos próprios fumantes. O certo é que a gente fica elétrico, agitado, irritado, quando está nessa crise de abstinência - que, aliás, passa em três ou quatro dias.
Como dizia Mark Twain, parar de fumar é fácil, já parei mais de quarenta vezes.
* Um conhecido, lá da Serra, que hoje fatura uma grana legal fazendo catálogos industriais para as empresas da região de Caxias, sempre foi fumante. Gêniozinho do computador, trabalhava feito um mouro (será que eles trabalhavam mesmo?), quebrando todos os galhos para o dono do jornalzinho local. Estressado, fumava a todo momento. Um dia resolveu parar - só que a brincadeira durou apenas cinco ou seis horas: ele simplesmente demoliu os móveis do próprio quarto e depois saiu a comprar um maço de Free.
Em um bar-restaurante da Protásio Alves, em Petrópolis, há um coroa baixinho que dá plantão lá todas as noites. Acredito que seja aposentado: pois esse indivíduo, baixinho, gordinho, careca e de voz possante (geralmente os baixinhos tem a voz grossa...), um dia gritou que iria abandonar o "vício". Ninguém acreditou.
* Voltei lá esses dias e vi que ele não acendia mais nenhum cigarro, entre os copos de vinho. Parou mesmo. "O segredo é pegar ódio do cigarro", ensinou ele, todo prosa. "Você tem que dizer, cigarro, eu te odeio, eu te odeio, te odeio!". Tá bom, tá certo, repliquei, mas e se o cigarro disser "tudo bem, eu não presto mas eu te amo!"
* Salman Rushie (não sei se acertei na grafia do nome), aquele dos Versos Satânicos, condenado à morte pelos muçulmanos por ter escrito não sei o quê que eles lá consideraram ofensivo ao Profeta, quando soube que estava com a cabeça a prêmio, a primeira coisa que fez foi filar umcigarro: fazia mais de oito anos que tinha parado. É, são tantas emoções que a roda gira e volta ao ponto inicial.
* Outro sujeito que conheço - aliás, um tanto mentiroso e balaqueiro - vivia falando mal do cigarro e dos fumantes, aconselhando todo mundo a parar e dizendo que se arrependia de ter colocado um cigarro um dia na boca. Fumava desde os 13 anos, dois ou três maços por dia, até que, enfim, parou, com muito sacrifício, imagina-se.
Só que agora, nas últimas vezes que o vi, estava fumando um cigarrinho, todo envergonhando, cheio de justificativas, dizendo que era só por diversão, pra se acalmar etc etc, e que "na semana que vem" já iria parar. Tá bom, me engana que eu gosto.
* No entanto, devo reconhecer que isso - de parar e lá de vez em quando fumar um cigarrinho, sem retornar ao velho vício - de fato acontece na realidade. Aconteceu com o Moquinho, querido e falecido amigo. Fumou quando adolescente e início da juventude. Passional, amava as mulheres (geralmente algumas meio vagabundas ou, pior, esnobes) perdidamente, sentava numa mesa dessas boates que se autodenominam de "uisquerias", chamava uma morena e ficava ali, enchendo a cara, fumando e amansando os cornos.
* Um dia, porém, saiu dessa vida. Mas, lá de vez em quando, sempre em mesa de bar, pedia um cigarrinho a alguém que estava fumando - às vezes pedia dois - fumava e se recusava a tragar o tercerio. Esquecia do assunto. Pra ver como as aparências enganam e todas as certezas, certa hora, se negam.
* Como dizia Rubem Braga - que tive o prazer de conhecer pessoalmente na Bahia, faz muito tempo, e que, ao contrário do que eu pensava, não me mandou pastar - um dia escreveu, ele que era fumante e veio a morrer de câncer: "Quem quiser fumar, que se fume!" (Conselheiro X.)
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