Continuando no agitado e inesquecível ano de 79: depois de sete anos do seu lançamento, em 1972, o filme O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider e a clássica cena da manteiga, era enfim liberado "sem cortes" para a exibição nas telas brasileiras. Vivia-se um momento fascinante da história brasileira: a volta dos exilados, a tênue redemocratização, o pipocar das greves e a volta de Brizola. Assisti a O Último Tango com alguns companheiros da Casa de Estudante JUC-7, que ficava em um velho casarão, depois demolido, na Rua da República - uma tranquila via da Cidade Baixa, muito diferente da agitação noturna dos dias de hoje. Tínhamos quase todos menos de 20 anos, e o mundo era bem diferente - tão diferente que a nossa Casa não admitia mulheres como moradoras... Mesmo sem dinheiro, procurávamos assistir aos filmes que, aos poucos, estavam sendo liberados. Na época, o Último Tango não me emocionou - e nem poderia, pois contava a história de um homem de 50 anos. Mal sabia eu que um dia também teria esta idade. O filme, justiça se faça, não havia sido proibido somente no Brasil e sim em muitos outros países ditos civilizados - na Itália os atores, inclusive o diretor, tinham sido processados e condenados à prisão - que obviamente não cumpriram. (V.M.)
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