quarta-feira, julho 12, 2017

Posso dar descontos às mulheres, sim senhor

Será que não posso dar descontos para tratadores de animais?


Desde que eu me conheço por gente, se é que me conheço, as mulheres pagam menos em festas noturnas, bailes, boates, o que é uma centenária forma de atrair os homens, que sempre tiveram mais dinheiro que elas - isso, claro, em um tempo em que as chamadas damas não eram independentes e dependiam quase totalmente dos machos. Como se sabe, ou se sabia, mulher atraí os homens, ao menos a maioria, que gastam com elas, gerando uma boa corrente de lucro.
Pois agora alguém entrou com uma ruidosa ação judicial, pedido que isso acabe, que se considere tal coisa como discriminação, o que, a rigor, é mesmo. E aí um juiz de direito acata o pedido e, num canetaço, ordena que a partir de agora, em todo o Brasil, a mulher haverá de pagar o mesmo que o homem, e ponto final. Não descobri qual é a punição, ou se ela existe (acho que na prática não existe, que o que vai dar é só muito bolo na portaria).
Para os homens é ótimo, e parece que a maioria das mulheres também acha (pelo menos da boca pra fora), à exceção das bonitinhas e pobres, que não têm dinheiro mas querem se divertir, gastando pouco, quando gastam - mas essas não foram entrevistadas pelos repórteres. Vi na tevê várias moças, todas de classe média, dizendo: "É isso mesmo, é justo, tem que pagar a mesma coisa que o homem!"
O que eu não vi nenhum veículo de imprensa ou da mídia foi questionar por que o Estado tem que se intrometer numa questão dessa, que diz respeito unicamente à iniciativa privada, aos donos de casa noturna, que estão ali ofertando um serviço, que são donos e soberanos em seus estabelecimentos. De repente surge uma medida judicial e diz que o desconto para o belo sexo é, a partir de agora, proibido e estamos conversados.
Penso o seguinte: qualquer comerciante tem o direito de dar descontos a qual categoria ou gênero quiser, seja mulher, homem, gay, transformista, anão albino, professor de história grega, estudante, policial, militar, bombeiro, deficiente físico, sonâmbulo, portador do vírus da hepatite C, afro-brasileiro, boliviano, torcedor do Anapolina, do Grêmio, vegano, carnívoro, vegetariano etc. Por acaso não há, faz tempo, descontos para estudantes e professores? 
Então, meu amigo? Se eu fui salvo de um incêndio por um bombeiro e quero retribuir isso dando desconto de 50% a ele e sua família em minha casa noturna, qual é o problema? Será que o governo (a Justiça faz parte), que no Brasil se intromete em tudo e em todos, tem o direito de dizer que isso é ilegal, que não posso adotar tal atitude dentro do meu estabelecimento, sendo que já pago impostos e tudo o mais, recebendo, aliás, muito pouco em troca?
Acho que não, acho que o empresário, seja ele qual for, pode fazer isso sim. Que os outros, os consumidores, não gostem, rosnem, reclamem, prometam nunca mais voltar, isso é problema deles - que procurem outro local e se acalmem. Se eu quiser dar um bom abatimento para anões pernetas ou domadores de leões, será que não posso fazê-lo? 
Posso sim, no meu preclaro entendimento. Quanto ao Governo, ao Sistema, esse enxerido, que vá cuidar de coisas mais importantes, como, por exemplo, vistoriar essas casas noturnas e ver se estão com os sistemas de segurança contra incêndio em dia e se os banheiros têm a mínima condição de higiene. O resto é intromissão, abuso de autoridade. Já chega a tal proibição de saleiros nas mesas na hora do almoço, supostamente para preservar a saúde da população brasileira, essa mesma que morre nas filas de emergências dos pardieiros públicos e não tem a tal Justiça a seu favor. (Vitor Minas)

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