sábado, agosto 23, 2014
Getúlio, ou me engana que eu gosto
Vitor Minas
A Globo anunciou que irá passar amanhã, domingo, 24 de agosto, data da morte de Getúlio Vargas em 1954 - portanto, há 60 anos - o filme "Getúlio", que aliás já foi exibido nos cinemas.
Bom, não vi e não pretendo ver a tal grande produção. Antecipadamente, tenho a quase certeza (só falta o quase) de que é mais uma dessas produções caça-níqueis do cinema nacional, idealizada e boladas para pegar uma grana preta de grandes patrocinadores, via isenção fiscal e essas coisas. Algo parecido com o filme do Lula, com o do Chico Xavier, etc. O diretor eu não conheço mas um filme que tem Toni Ramos como Getúlio e um tal Alexandre Borges como Carlos Lacerda chega a ser risível. Nem é por serem da Globo mas porque, sobretudo no caso do galã Borges, não são bons atores. Borges, no caso, é casado com uma boa atriz, mas ele, como ator, é um canastrão de marca maior. Só perde para aquele cara que foi namorado ou marido da filha da autora de novelas e que foi barbaramente assassinada no início dos anos noventa.
Por essas e outras o cinema brasileiro, de um modo geral, é isso que está aí: picaretagem, ou quase isso, para ser generoso. Aqui no Rio Grande do Sul fizeram um filme sobre a revolução farroupilha, também com atores globais, com muita grana de patrocínio, que é sempre o grande objetivo. A gauchada foi em peso ver a película, que enaltecia a "fibra guerreira" do gaúcho, patente em uma revolução pra lá de questionável e que só atendia os latifundiários (não me chamem de esquerdista, que não sou mesmo, mas é verdade). O ator, também galã da Globo, é somente galã e não um ator propriamente dito. Mas nós, gaúchos - que somos historicamente parvos nisso tudo e perfeitos otários quando se trata de nos engambelarem com ufanismos e elogios farrapos - fomos lá e compramos ingressos nos cinemas. Nós quer dizer eles. Por acaso vi esse povo sair do cinema aqui perto, alguns com cara de decepção, outros bradando, orgulhosos: "Nós somos de fato aquilo tudo!" Nos dois casos, eles merecem: ao contrário do que dizia o tal Chico Xavier, o mundo é mesmo dos muito vivos. Me engana que eu gosto. E o Millor, hein?, com seu espiritismo cardecista: cada vez mais os vivos são governados pelos muito vivos...
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