sexta-feira, agosto 03, 2018




1971, um ano de ouro para o futebol gaúcho e brasileiro 


No início de 1972, o jornalista João Carlos Belmonte, da Caldas Júnior, traçou, no Correio do Povo, um interessante levantamento estatístico do que tinha sido o futebol gaúcho em 1971, justamente quando iniciou o moderno campeonato brasileiro, vencido pelo Atlético Mineiro, e também o ano seguinte à euforia nacional pela conquista do tri na Copa do Mundo do México. E concluiu o jornalista: “Em matéria de futebol, no ano que passou, o gaúcho não pode ter queixa: foram disputadas no Rio Grande do Sul, em 1971, 439 partidas de futebol. Pelo campeonato nacional de clubes a dupla Grenal jogou 44 vezes, enquanto o certame regional ficou com um total de 353 partidas.”
Belmonte também lembrava que “o futebol rendeu muito dinheiro em 1971, porque muitos foram os jogos”. Segundo ele, tinham sido arrecadados, nos jogos envolvendo clubes gaúchos, mais de 5 milhões de cruzeiros – obviamente, algo difícil de mensurar nos dias de hoje. Nesse total não estavam computados os valores da Copa Governador do Estado, que ia de setembro a dezembro, certame este envolvendo clubes menores e vencido naquele ano pela Associação Almirante Barroso-São José Futebol e Regatas.
Outra novidade de 1971 dizia respeito à contratação pela dupla Grenal de treinadores famosos vindos de fora, algo que há muito tempo não acontecia no futebol do Rio Grande do Sul. O Grêmio saiu na frente, trazendo Otto Glória, seguido, alguns meses depois, por Dino Sani, no Inter, que substituía Daltro Menezes no comando da equipe colorada. Segundo o jornalista, “o trabalho de Otto e Dino modificou muita coisa em nosso futebol e tanto isso é verdade que eles ficarão durante 1972 dirigindo a dupla Grenal”.
Quanto aos jogadores e à parte técnica das equipes, o destaque daquele ano de 1971 era a contratação de jogadores famosos, craques de seleções estrangeiras, como era o caso de Ancheta, pelo Grêmio, integrante do selecionado uruguaio, e de Figueroa, pelo Inter, zagueiro da seleção chilena, vindo do Penharol de Montevidéu. Belmonte lembrava ainda que o colorado tinha conseguido o tricampeonato gaúcho e havia chegado à frente do Grêmio no campeonato brasileiro, embora a equipe tricolor tivesse sido a mais regular. O craque do ano, conforme escolha da crônica esportiva, tinha sido Carbone, do Internacional. Quanto aos clubes do interior, o destaque era o Esportivo de Bento Gonçalves, que se firmava, em 1971, como a terceira força do Estado.
João Carlos Belmonte informava que, dali a alguns dias, iniciaria o campeonato brasileiro de 1972, ou seja, mais espetáculos para o público, mais dinheiro para os clubes gaúchos: “A proporção de jogos parece alarmante, e a tendência é aumentar. Ano passada foram disputadas 439 partidas, totalizando 39.510 minutos de futebol, ou melhor explicando: se terminasse um jogo e imediatamente iniciasse outro, em 1971 tivemos quase 27 dias ininterruptos de jogos.  Que tal a ideia de ficar 27 dias sentado na arquibancada de cimento para assistir a 439 jogos de futebol?”

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