O Rio Grande do Sul, no passado, era um celeiro de "ases" do volante, cenário de circuitos e corridas célebres que marcaram época no automobilismo brasileiro e sul-americano. Corredores hoje lendários, como os irmãos Andreatta, os Jung, Rimoli, Burlamaque, nomes assim eram reconhecidos em todo o País e despontavam como grandes personalidades do esporte gaúcho nos anos 30, 40 e 50, especialmente. A proximidade com a Argentina (Fangio se aproximava do auge no circuito internacional, do qual foi cinco vezes campeão na fórmula 1), onde as corridas de carro não eram menos populares do que as corridas de cavalo, ajudava em muito no desenvolvimento dessa modalidade praticada em condições extremamente adversas e primitivas, com estradas de terra batida e muitos acidentes - o que excitava ainda mais os audazes pilotos.
Em 1950, um pouco antes da Copa do Mundo que o Brasil sediaria pela primeira vez, aconteceu a maior prova automobilística já realizada no Estado, transmitida ao vivo pela Rádio Gaúcha e acompanhada por um avião da VARIG durante todo o tempo. Bem organizada e dispondo de forte patrocinadores com ambulâncias e eficiente sistema de sinalização, o Circuito Zona Sul, uma promoção do jornal Folha da Tarde d do Correio do Povo, reuniu 31 pilotos de ponta, dos quais apenas 19 chegaram ao final. O percurso, de 992 km, dividia-se em duas etapas: Guaíba (não havia ainda a ponte sobre o rio) - Cachoeira do Sul e Bagé, e a segunda de Bagé para Pelotas e Guaíba.
O Circuito da Zona Sul aconteceu nos dias 13 e 14 de maio de 1950, sábado e domingo, e teve a presença surpresa do maior corredor brasileiro, o paulista Chico Landi, que chegou a Porto Alegre na última hora e logo foi considerado o franco favorito para a disputa. Mas o seu carro teve a barra da direção partida e ele nem chegou ao término da prova, vencida, nas duas etapas, por Júlio Andreatta, irmão de Catarino, que marcou uma média de 91 km e 20 metros por hora (tudo escrupulosamente medido com cronômetros da Casa Masson, uma das patrocinadoras). Em segundo lugar ficou Aldo Finardi e, em terceiro, Dante Roveda. O vencedor foi cumprimentado pessoalmente pelo governador Walter Jobim e mereceu muitas páginas dos jornais da época, além de uma ampla reportagem na Revista do Globo. Muitos desses corredores estão muito bem vivos e devem recordar com saudade tal evento e uma época histórica e emocionante. (Reprodução da coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre)
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