segunda-feira, junho 15, 2020

A desorientação do brasileiro



Sempre me impressionou o fato dos norte-americanos se orientarem tão bem pelos quatro pontos cardeais, aquela coisa que vemos nos filmes, quando o sujeito informa, ao visitante desorientado, "siga a sudeste e depois dobre a noroeste mais 5 milhas", ou quando, nos filmes de faroeste, eles dizem "os bandidos seguiram para o norte". Bom, milhas também é outra coisa exótica para nós, já que os "ianques" (diga isto para um sulista!) adotam outras medidas. Mas voltemos à questão orientativa: siga para sudeste, por exemplo, para um brasileiro é o mesmo que dizer "vá pra casa da Tia Maroca". Aqui se diria, "vá em frente e quando encontrar um taquaral, dobre à esquerda e siga toda a vida" - o toda a vida é mais coisa de catarinense. Nesse belo Estado, pelo menos no litoral, eles mandam o desinformado "seguir toda a vida". Como assim? Não vou parar nunca?

Dito isto sobre os americanos - não sei se com os europeus é a mesma coisa - faço uma analogia com a desorientação cartográfica do brasileiro, para não falar da mental, neste momento. Raras pessoas aqui sabem sequer, a partir de um determinado ponto, onde fica o sul e o norte, o leste e o oeste. Nem eu, que sou um gênio da raça, sabia muito até recentemente, quando comprei uma pequena e baratíssima bússola na Galeria Rosário, em Porto Alegre, e às vezes me divirto com ela. Pois descobri, consultando o tal instrumento tão útil aos antigos viajantes e navegadores (apesar que estes iam mais pelas estrelas mesmo), que o sul absoluto fica mais para o o oeste, e o oeste fica mais para o norte do que eu pensava. É meio doideira isso. Bom, no final das contas, no frigir dos ovos, conclui que nós brasileiros realmente não sabemos nos orientar, o que talvez explique o atraso nacional, naquela base do "ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil". Em compensação os gringos, tão racionais em tudo, parecem carregar uma bússola embutida no rabo desde que nasceram

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