Vitor Minas
No condomínio onde moro havia muitos coreanos. Digo havia, pois não vejo mais nenhum, ou nenhuma (quase todos eram mulheres jovens, estudantes, possivelmente de intercâmbio universitário). Devem ter dado no pé, certamente, e voltado para seu país por conta da onda do coronavírus.
Essas coreanas chamavam a atenção pois viviam em um mundo à parte, e não interagiam com os nativos - até pela barreira linguística e cultural. Porém todas eram bem vistas, pela educação e por cumprir fielmente as regras de convivência social. Aqui, maravilhadas, aprenderam a comer churrasco - a carne de gado é caríssima na Coréia do Sul, pelo que sei de quem teve parentes que estiveram lá, em visita. Outra coisa que chamava a atenção - todas eram bonitas, magras e com uma pele perfeita, além de pernas maravilhosas, que não mostravam muito. Não havia nenhuma acima do peso, o que pode ser atribuído, acho, à alimentação saudável.
Como disse, adoravam churrasco e adoravam os gatos que ficam estirados ao sol nos peitoris das janelas, aos quais acariciavam e brincavam. Bom, esses tempos li que na Coréia, assim como na China, até não faz muito (ainda há "restaurantes especializados"), se comia carne de cachorro e de gato. Deve ser uma herança do tempo em que a Coréia era um país pobre, bem diferente de hoje. Desenvolvida e capitalista, a parte Sul - o país é bem pequeno - não tem nada a ver com a Coréia do Norte, onde o povo passa fome e tem que fazer cumprimentos para aquele baixinho chamado Kim, senão leva até uma cana federal. Pois, acidentalmente ou não - por conta da doutrina anticomunista da Guerra Fria - os coreanos têm uma dívida de gratidão com os Estados Unidos, que derramaram o sangue de seus soldados para livrar, pelo menos a metade, do totalitarismo. Os americanos fizeram o diabo e lançaram milhões de bombas sobre os campos, planícies e montanhas, matando centenas de milhares de civis, algo do qual até hoje a população guarda ressentimentos. Mas - repito, por interesses geopolíticos etc - salvaram o Sul de ser igual ao Norte. É por isso que agora compramos celulares e televisores coreanos, que eram de qualidade ruim não faz tanto tempo assim (igual aos japoneses, no início) mas hoje são produtos de excelência. O mundo dá voltas mesmo.
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