Acordo as quatro da manhã e a bicharada está cantando lá fora - algo que contraria tudo o que eu sabia a respeito. Sempre me disseram que os passarinhos não cantam na escuridão. Como moro no Jardim Botânico, e aqui mesmo no condomínio há muita árvores, imaginei até que fosse uma ave de mau agouro - sempre penso nessas coisas sinistras, ainda mais na atual pandemia.
Só que não. Fui pesquisar a respeito e acabei descobrindo que os sabiás-laranjeiras - bem comuns neste bairro - costumam cantar nessa hora meio lúgubre, a hora em que todos os bares se fecham e todas as virtudes se negam, como escreveu o poeta. Fazem isso - li na explicação - para demarcar território, por mêdo, fobia ou outras coisas subjetivas, inclusive também, acho eu, por puro prazer - por que não? Pois antes, na dúvida, intrigado com o fenômeno, pensei inclusive em mandar um e-mail para o doutor Dráuzio Varela ou para o filósofo Leandro Karnal solicitando informações a respeito, já que esses dois sabem tudo de tudo. O fato real é que muitas aves canoras cantam, sim, em plena escuridão da madrugada. Agora, mais tranquilizado, já posso dormir tranquilo ao som da chuva que cai (puro Youtube, com seu "sons de chuva e trovoada", ouvindo a orquestra desses queridões emplumados que não usam máscaras, não assistem aos noticiários e nem vivem em confinamento social. Que inveja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário