Maristela Bairros
16/01/2009
Eu estava começando a escrever sobre o afastamento de Steve Jobs da Apple até junho, sua triste carta aos funcionários deixando ver que a anterior, que falava num problema hormonal, era apenas parte da verdade sobre sua saúde visivelmente abalada. Também ia contar aqui minha conversa, por mail, com o jornalista Francis Pisani, do Transnets do LeMonde, em que trocamos idéias a respeito desta situação em que um homem público, importante, gênio da área de tecnologia, está sendo derrubado por uma doença no auge de suas conquistas e crescimento, mas tem nas costas um império que precisa defender até o fim, nem que para isso tenha de negar sua frágil humanidade.
No entanto, resolvi me voltar para um tema mais próximo de nós ao deparar, na leitura habitual do Coletiva, com o texto de José Luís Salimen intitulado Para quê serve o BBB?, em que o radialista aconselha as pessoas a fazerem algo útil, como ler ou ouvir música em vez de assistir à produção global.
Vou ficar muito feliz se Salimen conseguir maior adesão à sua sugestão do que eu obtive ano passado quando fiz uma denúncia ao Ministério da Justiça acusando o programa de incitação ao alcoolismo e a Folha de S. Paulo repercutiu, para o bem e para o mal. Para o bem porque o blog Clínica da Palavra, obviamente, teve um acesso até então nunca visto e muitos blogs e sites foram, digamos, “simpáticos” com minha atitude. Para o mal porque a quantidade de ofensas e argumentação dos adictos do BBB foi tão violenta que tive de sair do ar por uns dias.
Passada a primeira onda que se seguiu ao meu mail ao MJ, caí na real. E hoje tenho certeza de que a maioria, mesmo aquela que vê o programa e diz que é só para se distrair e comentar no escritório, tem lá seu componente patológico e não deixa de gozar por osmose com o que vê. E de nada adianta dizer que aquela chinelagem aumenta a cada edição que passa: há, agora, entre as “bebebetes”, uma “atriz” pornô e um gaúcho bombado daqueles que se exibem na noite que mamãe jura que é apenas um “rapá trabaiadô”, latino-americano e sem dinheiro no bolso!
De nada adianta lamentar a cara e a atitude de sabujo de Pedro Bial, a cada ano mais velho e com aquele ar entre o tédio e a estupidez, chamando os “confinados” de meus heróis e outras insanidades. Patético envelhecimento de quem um dia foi bom jornalista e quis ser até poeta.
De nada adianta NADA, enfim, meu caro Salimen. Nem este artigo. Porque as bundas continuarão grudadas nos sofás diante da tela para ver outras bundas expostas, gente vomitando pelos cantos de tanto beber (só beber??), gente fornicando embaixo de edredons, gente até com certa formação intelectual em busca de grana fácil pagando mico para, felizmente, ser esquecida em três meses.
Patrocinadores vorazes, um povo que perdeu seus valores justamente quando deveria tê-los reforçado e não soube nem sabe ainda o que fazer com a liberdade que veio depois de 20 e tantos anos de regime forçado; culto à juventude e ao corpo sem a menor preocupação com ética ou mesmo responsabilidade dentro e diante da sociedade, tudo isso resulta nesta podridão chamada BBB. Aliás, só diferente de outros lixos da televisão porque ousa mais nas doses dos ingredientes trago e sexo.
E os quixotes que continuem chutando o balde bestamente por aí!
Pensando bem, eu e você, Salimen, estamos dando um pouco mais de Ibope para esta porcaria. Quanto ao Ministério da Justiça, não sei nem quero saber se, este ano, vai aceitar denúncias contra o BBB. Afinal, qual a moral desta instituição para fazer isso se acaba de decidir acolher, de braços abertos, no Brasil um sujeito chamado Cesare Battisti que matou gente com tiros pelas costas só porque foi em nome de uma ideologia? E não duvidem de Battisti ganhar um carguinho no governo em Brasília. Não estranhem. (Coletiva.net)
16/01/2009
Eu estava começando a escrever sobre o afastamento de Steve Jobs da Apple até junho, sua triste carta aos funcionários deixando ver que a anterior, que falava num problema hormonal, era apenas parte da verdade sobre sua saúde visivelmente abalada. Também ia contar aqui minha conversa, por mail, com o jornalista Francis Pisani, do Transnets do LeMonde, em que trocamos idéias a respeito desta situação em que um homem público, importante, gênio da área de tecnologia, está sendo derrubado por uma doença no auge de suas conquistas e crescimento, mas tem nas costas um império que precisa defender até o fim, nem que para isso tenha de negar sua frágil humanidade.
No entanto, resolvi me voltar para um tema mais próximo de nós ao deparar, na leitura habitual do Coletiva, com o texto de José Luís Salimen intitulado Para quê serve o BBB?, em que o radialista aconselha as pessoas a fazerem algo útil, como ler ou ouvir música em vez de assistir à produção global.
Vou ficar muito feliz se Salimen conseguir maior adesão à sua sugestão do que eu obtive ano passado quando fiz uma denúncia ao Ministério da Justiça acusando o programa de incitação ao alcoolismo e a Folha de S. Paulo repercutiu, para o bem e para o mal. Para o bem porque o blog Clínica da Palavra, obviamente, teve um acesso até então nunca visto e muitos blogs e sites foram, digamos, “simpáticos” com minha atitude. Para o mal porque a quantidade de ofensas e argumentação dos adictos do BBB foi tão violenta que tive de sair do ar por uns dias.
Passada a primeira onda que se seguiu ao meu mail ao MJ, caí na real. E hoje tenho certeza de que a maioria, mesmo aquela que vê o programa e diz que é só para se distrair e comentar no escritório, tem lá seu componente patológico e não deixa de gozar por osmose com o que vê. E de nada adianta dizer que aquela chinelagem aumenta a cada edição que passa: há, agora, entre as “bebebetes”, uma “atriz” pornô e um gaúcho bombado daqueles que se exibem na noite que mamãe jura que é apenas um “rapá trabaiadô”, latino-americano e sem dinheiro no bolso!
De nada adianta lamentar a cara e a atitude de sabujo de Pedro Bial, a cada ano mais velho e com aquele ar entre o tédio e a estupidez, chamando os “confinados” de meus heróis e outras insanidades. Patético envelhecimento de quem um dia foi bom jornalista e quis ser até poeta.
De nada adianta NADA, enfim, meu caro Salimen. Nem este artigo. Porque as bundas continuarão grudadas nos sofás diante da tela para ver outras bundas expostas, gente vomitando pelos cantos de tanto beber (só beber??), gente fornicando embaixo de edredons, gente até com certa formação intelectual em busca de grana fácil pagando mico para, felizmente, ser esquecida em três meses.
Patrocinadores vorazes, um povo que perdeu seus valores justamente quando deveria tê-los reforçado e não soube nem sabe ainda o que fazer com a liberdade que veio depois de 20 e tantos anos de regime forçado; culto à juventude e ao corpo sem a menor preocupação com ética ou mesmo responsabilidade dentro e diante da sociedade, tudo isso resulta nesta podridão chamada BBB. Aliás, só diferente de outros lixos da televisão porque ousa mais nas doses dos ingredientes trago e sexo.
E os quixotes que continuem chutando o balde bestamente por aí!
Pensando bem, eu e você, Salimen, estamos dando um pouco mais de Ibope para esta porcaria. Quanto ao Ministério da Justiça, não sei nem quero saber se, este ano, vai aceitar denúncias contra o BBB. Afinal, qual a moral desta instituição para fazer isso se acaba de decidir acolher, de braços abertos, no Brasil um sujeito chamado Cesare Battisti que matou gente com tiros pelas costas só porque foi em nome de uma ideologia? E não duvidem de Battisti ganhar um carguinho no governo em Brasília. Não estranhem. (Coletiva.net)
Nenhum comentário:
Postar um comentário