Quando me perguntam se é bom ser gaúcho, costumo responder: em 51% das vezes é bom. Mas acho, agora, neste período eleitoral que ainda nem iniciou de fato, que talvez tenha que aumentar esse percentual, comparativamente ao restante do Brasil, é claro.
Esses dias vi um conhecido homem de tevê, o gaiato e divertido Milton Neves, que é mineiro, falar no "culto, politizado e muitas vezes radical Rio Grande do Sul". Aí pensei: culto, não é, e basta conversar com nossa população, que é de uma ignorância atroz. Mas politizado e radical, sem dúvida nenhuma, tanto que aqui a política é conversa corrente em qualquer buteco da cidade, sempre com opiniões distintas e polarizadas. No restante do País ninguém gosta de falar em política, na base da aceitação de que, se política é inevitável, todos os políticos são ladrões e devemos nos conformar.
Dentre as características boas do Rio Grande - naqueles 51% que falei - a que mais me agrada é de eliminar da vida pública, de forma definitiva, o sujeito que meteu o pé na melancia, que se lambuzou com o mel, que fez cacaca, que aprontou, que roubou ou, vejam só, que os outros dizem que roubou e isso virou notícia. O Ibsen Pinheiro, mais tarde inocentado das acusações relativas aos "sete anões" (ainda tenho minhas dúvidas), ficou um tempão no ostracismo, sabendo que, mesmo se tentasse algum cargo público ou eletivo, não conseguiria nada. Só conseguiu ser vereador - ele que foi presidente da Câmara dos Deputados - bem recentemente.
Faço essas considerações vendo, hoje, nesta sexfeira, 15 de agosto, o resultado das pesquisas eleitorais sobre a preferência do eleitorado para o tal pleito que acontecerá em outubro. Confesso que fiquei irritado ao ver que, em Brasília, logo lá, o tal Arruda, um patife e ladrão da pior espécie, flagrado embolsando dinheiro por câmeras de vídeo, está liderando a pesquisa de intenções de voto e provavelmente - vejam só, irmãos brasileiros - talvez ganhe para ser o número um do distrito federal. O que isso significa? Que o eleitorado não está nem aí para os ladrões e até os aprova. Mais: significa o baixíssimo nível cultural dessa gente, os descendentes de candangos. O que ele fará, se eleito? Obviamente, roubar, ora! Como dizia a Kate Lyra: brasileiro é bonzinho...
No Rio o não menos falcatruoso Garotinho, aquele da "Rosinha", evangélico, "temente" ao tal Deus, também está na liderança das intenções de voto para governador. Ele que, por onde seja que passe ou passou, sempre esteve envolvido com maracutaias e falcatruas. O que fará se ganhar, pergunto? Bom, essa nem vou responder.
Vendo isso tudo até que me orgulho de pertencer ao Rio Grande, que pode ser uma merda em muitas coisas, pode estar decadente, pode ser conservador e pessimista, mas pelo menos tem uma grande e valiosa qualidade: aqui ladrão pode não ser punido pela Justiça (que adora não punir) mas é punido pelo eleitorado e se pisar na jaca vai para o lixo da história. ( Vitor Minas)
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