quarta-feira, junho 18, 2008

A Pré-História do E-mail

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O e-mail - ou correio eletrônico - praticamente substituiu as cartas comuns que todos nós, uns tempos atrás, mandávamos para os mais variados cantos do país e do Mundo - e que, além de exigir selo (e dinheiro), demoravam um bocado para chegar.

É, mas a gente não lembra direito de como tudo isso começou. Simplesmente parece algo normal, como beber um copo de água, só que não é bem assim.

Vejam nesta matéria que o Conselheiro X. descobriu em seus alfarrábios, datada de 17 de fevereiro de 1993 (pouco depois do impechment de Collor), na revista Veja - quinze anos atrás, portanto. Não faz muito tempo - e tudo mudou tão radicalmente que a gente nem consegue imaginar como era a coisa em seu início, e tinha apenas 2 mil usuários. Digamos que era algo exclusivo do meio universitário - dos professores e pesquisadores de universidades - e havia custos, sim. A Internet engatinhava, àquela época - sabem o que é Brasnet? Acompanhem.


"Conversa Digital


"Através de uma rede de correio eletrônico, cientistas , cientistas brasileiros trocam informações com colegas no exterior"


"Uma nova forma de comunicação está ganhando espaço entre os acadêmicos brasileiros conectados com a era da informática. Mais veloz que o telex, mais confiável que o fax e tão fácil de usar quanto o telefone, em todo o mundo esta nova mania se chama correio eletrônico. Ela permite o intercâmbio de correspondência digital e informações entre pesquisadores. No ano passado, a Brasnet, o braço brasileiro da Internet, a maior rede mundial de computadores, cresceu quase 500%, elevando a 2 000 o número de computadores nacionais ligados ao sistema. Na Internet, há mais de 1,3 milhão de computadores conectados. Eles trocam mensagens e programas entre si utilizando canais de transmissão de dados e via satélite. Todas as universidades americanas fazem parte do sistema, bem como a maioria dos centros de pesquisa europeus. Cada máquina possui um endereço eletrônico, para o qual são enviadas cartas e mensagens.

"A vantagem para os pesquisadores brasileiros conectados ao correio eletrônico é que o computador se transforma numa ágil ferramenta de comunicação com o mundo e deixa de ser apenas uma máquina eficiente mas isolada. "Antes eu era obrigado a esperar mais de um mês para obter uma resposta por escrito de um pesquisador do exterior a fim de tirar uma dúvida", diz o professor Imre Simom, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, um usuário frequente da Internet. "Com o correio eletrônico, me comunico rapidamente com o exterior e, em um dia ou dois, alguém me manda uma carta digital com a solução do problema". Um dos mais assíduos correspondentes eletrônicos de Simon é o francês Christian Choffrut, professor do Laboratório de Informática Teórica e Programação da Universidade Paris VII. "Através do correio eletrônico, trabalhamos como se estivéssemos um ao lado do outro", disse Choffrut a Fábio Altman, correspondente da VEJA em Paris.

"A primeira providência de Choffrut quando entra na sua sala na universidade é verificar se há alguma correspondência eletrônica em seu computador. "É como se estivesse consultando minha secretária eletrônica", diz o francês. Mesmo de casa, Choffrut consegue ter acesso às mensagens enviadas a seu computador instalado na universidade. Ele aciona o seu Minitel, o serviço de videotexto francês, que funciona através da linha telefônica convencional, e "entra" em seu micro na escola em busca de alguma carta digital.

"Além de mandar mensagens individuais, o sistema também permite o envio de correspondências coletivas. Os bolsistas brasileiros no exterior se comunicam através do Brasnet. Eles escrevem uma mensagem e, em vez de endereçá-la para apenas um usuário, mandam a carta digital para a Brasnet, que envia uma cópia do texto para os cerca de 1 500 associados a essa pequena rede nacional.

IMPEACHMENT - Foi através do Brasnet que, no dia 29 de setembro do ano passado, esses mesmos bolsistas acompanharam a votação do impeachment do presidente Fernando Collor. Os resultados da votação do Congresso Nacional eram veiculados pela rede por pesquisadores brasileiros que acompanhavam o impeachment pela televisão. Além de tratar assuntos sérios, também há espaço para brincadeiras no Brasnet. O cearense Mauro Oliveira, de 38 anos, que faz doutorado na Universidade Paris VI sobre o ensino de rede de computadores, ficou conhecido na rede nacional como "Mauro Pacatuba". O brasileiro difundiu pela Brasnet durante 55 semanas seguidas, sempre às sextas-feiras, a "Rádio Uirapuru de Itapipoca", um programa escrito de humor. A rádio só teve 55 emissões porque Mauro Pacatuba, em certo momento, verificou que o uso lúdico do Brasnet tinha se transformado num vício. "Resolvi parar para me dedicar à minha tese", diz o brasileiro.

"Além da rapidez e da eficiência desse sistema, os especialistas em computação apontam outra vantagem no uso do correio eletrônico. Segundo um estudo da empresa Hewlett-Packard, uma mensagem eletrônica custa bem menos que uma carta ou um fax. A empresa gasta 22 centavos de dólar para mandar uma mensagem de duas páginas pelo correio eletrônico para uma de suas subsidiárias espalhadas pelo mundo. Isso é metade do preço de uma carta internacional e quase oito vezes mais barato que um fax."

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