quarta-feira, dezembro 08, 2010

Não sou eu

Descobri que tem um Vitor Minas, que não sou eu, no Twitter. O cara mora em São Paulo.

O ridículo dos Pardais de Porto Alegre

Porto Alegre é gozada.
Vejam o caso dos tais "pardais", aquela maquininha que fotografa a placa do veículo de quem ultrapassa a velocidade máxima em determinados pontos das ruas e avenidas da cidade.
Pois é, no meu modesto entendimento o tal pardal foi feito pra disciplinar e punir, para dar incerta nos motoristas, iguais aqueles guardas americanos que, sirena ligada, saem do nada para abordar e multar os infratores. Pardal só tem sentido, na verdade, se ficar escondido, amoitado, e de preferência mudar de local a cada semana, como de fato acontece na gloriosa capital gaúcha.
Só que nesta civilizada e amada cidade as nossas apedeutas e sifocantas autoridades divulgam exatamente os locais onde estarão tais pardais. Divulgam pelos jornais, pelas rádios, sites, por todos os meios de comunicação possíveis. Divulgam repetidamente, e divulgam até com um mês de antecipação, pra não dar erro ou prejudicar ninguém que anda sobre quatro rodas.
Vejam que coisa surrealista, ou burra e imbecil mesmo: você, motorista arrogante, o rei do carro, o Todo Poderoso, sabe com horas e até dias ou semanas de antecipação os locais onde estão os tais passarinhos eletrõnicos. Naturalmente, quando chega uns 300 metros antes do ponto marcado, diminui a velocidade, para não ser pego e pagar multa (se é que paga). Passado o local, uns 200 metros adiante, mete o pé no acelerador e volta a andar igual um louco, dando bananas a todos. Essa é a nossa cidade.
Pode? É, verdadeiramente, coisa de português de anedota, a coisa mais sem sentido que existe, um autêntico "me engana que eu gosto", enganação, engrupição, disparate, ofensa, piada.
E ninguém da imprensa fala a respeito, é claro, até porque a maioria é tapada mesmo, e também porque eles fazem parte da tchurma ou, quase todos, não moraram em outras capitais e acham o que se passa aqui natural, algo que faz parte da ordem das coisas.
Aliás todo mundo sabe que o motorista gaúcho - e bem especialmente o porto-alegrense - é o tipo mais boçal e ignorante do Brasil, que por sua vez é um dos piores do mundo.
Aqui, na Mui Leal e Valerosa, pedestre não vale nada, é animal para ser caçado e exterminado igual no filme Laranja Mecânica. Agora, com essa campanha da Prefeitura, melhorou um pouco. Mas o pedestre, repito e trepito, continua a ser caça em Porto Alegre e sua vida vale menos do que a de uma galinha ou de um cachorro sarnoso.

O envelhecimento do Casseta e Planeta

Em qualquer atividade, o cara tem que saber a hora de parar, diz o velho e surrado clichê. Li que o programa Casseta e Planeta sairá do ar no próximo ano, depois de muito tempo na tela da Globo.
Acho que eles estão certos, se tocaram: o Casseta envelheceu e perdeu grande parte da velha graça. A morte de Bussunda, é claro, contribuiu para isso, embora eu ache que tudo e todos tenham o seu ciclo, especialmente na tevê. Pensando bem, duraram muito, e duraram porque eram bons. Mas agora, com o Pânico, o CQC e outros programas do gênero humor proliferando em vários canais, as noites de terça na Globo já não nos atraem mais. O Casseta se tornou repetitivo e aquelas caras que nos divertiam hoje são manjadas demais. É assim que a coisa funciona, em qualquer parte do mundo.
Desses que estão aí gosto mais do Pânico, à exceção de alguns quadros. São ousados e representam um passo à frente em relação ao Casseta. E são, em quantidade, mais criativos e diversificados. Também pararam um pouco de humilhar, ou escrachar, os populares. Porem irão envelhecer também - e o Charles Henrique já é a prova. Se continuar naquela de narrar o currículo do artista entrevistado, e não criar algo mais, já era.
O CQC não me agrada muito. Não consigo gostar inteiramente de um programa de humor escrachado em que os apresentadores e humoristas andam de terno e gravata, como se fossem executivos. Aliás, o Tom Cruise disse isso a eles, quando foram entrevistá-lo.
Outra coisa: os caras são bobinhos demais. Bobinhos de classe média, infantis, garotões. Bom, é o que penso. Mas assisto a esses dois últimos e ainda dou boas risadas.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Hoje, pelo que lembro, é o dia em que os japoneses atacaram Pear Harbor, em 44.
Fizeram bem feito: oito horas da manhã (um pouco menos) de um domingo.
É um bom horário pra telefonar pros nossos amigos.
É, meus amigos, daqui a um mês esta cidade de Porto Alegre estará às moscas.
Hoje a avenida Ipiranga estava tapada de carros, como nunca vi antes. Passadas as festas de final de ano, esse povo todo se mandará para "as praias", como dizíamos lá no interior do cafundó do Locha.
Sobrarão os fudidos e os que por algum motivo mais forte não puderam tirar o time.
Verão em Porto Alegre ninguém merece: calor dos infernos, umidade. E o trem bala, hein? Bala em nós, e traçante.
E a filhota lá em Londres, num frio de lascar, neve caindo. Bom, nem tanto ao mar e nem tanto à terra.
Há um livro intitulado "Lima Barreto Toda Crônica", editado pela Agir em 2004, que é uma delícia de leitura. Para quem, como eu, nunca leu nenhum de seus romances ou novelas, só alguns contos, ler as crônicas escritas por ele no início do século XX, indo até até 1922, quando morreu, foi surpreendente. Até porque ele é, realmente, aquilo que eu pensava que é: bom. A linguagem ainda tem aqueles rebuscos antigos, mas não chega a comprometer. Quase todas as crônicas foram publicadas na revista Careta.
O cara denuncia todos os pernósticos da época e nutria implicante e recorrente ojeriza por Coelho Neto, um sujeito pomposo e que se achava. Tambén não gostava de Rui Barbosa e do Marechal Rondon, a quem dizia ter um "rosto cruel". Outras coisas que Lima Barreto ironizava era o futebol - ele, pelo visto, achava aquilo coisa da elite. E era, de fato, um esporte onde negro não tinha vez.
Procurem esse, aliás, esses livros, já que são dois grossos volumes. As crônicas mostram o que a gente já sabia: a merda sempre foi essa aí, as moscas é que eram outras.