sábado, setembro 12, 2020

A grande praga do turismo


Camboriú, nos anos setenta, já era um grande balneário, com muitos edifícios, uma espécie - como repetia a imprensa então - de Copacabana do Sul. O mar era poluído, pois não havia o emissário cloacal que depois se construiu. Mas nós, crianças e adolescentes, não ligávamos muito para isso. Eu gostava especialmente de caçar caranguejos na praia, à noite, junto com um primo meu, já falecido. Todo verão nós íamos veranear lá, no apartamento de um tio, na avenida Atlântica. Depois fiquei muitos anos sem ir a Camboriú, e sigo sem ir faz tempo. Mas fiquei sabendo que agora é uma cidade de inúmeros e altos edifícios, incluindo um, de 81 andares, cuja cobertura foi comprada pelo jogador Neymar. Caramba, 81 andares, o mais alto da América do Sul, dizem, com orgulho, vejam só, os próprios catarinenses. O novo Inferno na Torre. Fala-se que faz sombra e tira o sol da faixa de areia. Pudera: eles se espelham em Miami. Mas a Camboriú que eu gosto não é Miami, era aquela da década de 70, quando a grande praga - o turismo - nem se comparava aos dias de hoje. Sou da opinião de que o turismo em massa é um mal, e que destroi tudo e a tudo reduz a vulgaridades. Um turismo feito, como dizia Nelson Rodrigues, para o "cretino fundamental" - a boiada de 98% da humanidade. Vejam o caso de Florianópolis, que conheci quando tinha uns 150 mil habitantes, uma cidade adorável. Uns dez anos atrás, ou até mais, passei de novo por lá, e encontrei congestionamento de trânsito, custo de vida cada vez mais caro, e uma gente de fora e sem noção caminhando nas ruas. Adeus, bela Floripa do passado. Adeus Camboriú. O turismo é mesmo uma peste. O mau gosto venceu.