sábado, outubro 17, 2015

Na morte de Miéle, ninguém lembrou de Sandra Bréa

A morte de Miéle, aos 77 anos, como destacaram, em clichê, todos os telejornais, me fez pensar em outra figura emblemática da minha adolescência e início de juventude, naqueles anos setenta: Sandra Bréa. Notei que todos - absolutamente todos - os canais que noticiaram o fato, lamentando o falecimento desse cara que sempre teve a mesma cara (é espantoso como sempre se pareceu fisicamente consigo mesmo, ao longo de décadas, da juventude à velhice), deixaram de falar naquela que foi a musa da sensualidade, o objeto de desejo masculino, a mulher invejada por outras mulheres, não só nos anos setenta como nos oitenta. Quando se via a bela Brea, imediatamente se pensava e se sentia: sexo, desejo, tesão.
Miéle fez um programa na Globo, na segunda metade dos anos setenta, chamado "Sandra e Miéle", em que os dois, em parceria e sintonia, dividiam a apresentação, ela com sua beleza, ele com seu talento. Não recordo bem como era o programa, até porque o tempo passou e meu Alzeimer evoluiu, mas achei no mínimo um lapso, para não dizer uma injustiça, sequer citarem o programa que ele, Miéle, fez com Sandra. Aliás, a imagem dela aparece somente ampassã, de longe, sem identificação, e fica-se por aí mesmo. Brea sequer é citada em algum momento.
Sandra Bréa, como se sabe - ou não se sabe mais - morreu de Aids, uns quinze anos atrás, pobre e abandonada. Foi capa de todas as revistas, e a imprensa usou muito a sua imagem para vender seu peixe e atrair leitores. Não deixou filhos, parece. Oficialmente, morreu de câncer, pois fumava muito, e a imunodeficiência não perdoou. Mais no final da sua curta vida (morreu antes dos cinquenta) foi casada, ou viveu, com o empresário gaúcho Artur Guarisse, também já falecido - aliás, dizem que foi ele que pagou os funerais da atriz.
Não conheci Sandra Bréa, não posso falar sobre ela além do que vi na telinha. Mas sei que foi uma das mulheres mais desejadas do país, certamente ganhou muito dinheiro, viveu uma vida holiudiana - e acabou pobre e quase esquecida. Posso estar sendo sentimental, mas acho que a Globo, a mídia e a imprensa não deveriam esquecê-la assim tão deliberadamente, enquanto se dedicam à vida amorosa de uns tais Chumbinho e Joelma. Também lembro do caso da Vanja Orico, atriz de talento, mulher culta, uma celebridade nos anos cinquenta com o filme O Cangaceiro (o primeiro premiado brasileiro no circuito internacional, com uma fotografia espetacular e uma trilha sonora idem), que morreu recentemente, e não li uma mísera linha em lugar nenhum. (Vitor Minas)

Nenhuma obra será capaz de deter o avanço do Guaíba: um ponto de vista de muitos técnicos, em 1941

Após a terrível enchente de maio de 1941, que deixou quase 80 mil pessoas sem teto, alojadas em postos públicos de salvamento, passou-se a  discutir os meios apropriados de se impedir que tão grande catástrofe se repetisse sobre Porto Alegre. Considerada um dos problemas mais vitais do Estado, a questão das cheias periódicas do Guaíba mereceu longas discussões, com variados e contraditórios pontos de vista. Muitos consideravam que nenhuma obra de engenharia seria capaz de impedir o problema, e que a solução mais racional seria a cidade adaptar-se ao crescimento das águas, incluindo novos padrões de construção. Em julho de 1941, logo depois do término da grande e histórica cheia, o dr. Cândido José de Godoy, em secretário do Estado gaúcho, escreveu esta carta ao Correio do Povo, rebatendo  ou corrigindo declarações anteriores.

quarta-feira, outubro 14, 2015

As impressionantes festividades do centenário farroupilha, em 1935

1935 foi um ano ímpar para os gaúchos, os quais realizaram impressionantes festividades e eventos para celebrar os 100 anos da eclosão da Revolução Farroupilha. Em plena Era Vargas, com o Estado presidido por Flores da Cunha, o Parque da redenção, remodelado, transformou-se em uma verdadeira cidade, com pavilhões e representações de muitos Estados brasileiros e outros países. Até mesmo um hotel-cassino foi instalado no local, e diversos presidentes - entre eles o próprio Vargas - compareceram ao evento, que iniciou em setembro e só terminou em meados do mês de janeiro do ano seguinte. Neste anúncio publicado na Revista do Globo, no final daquele ano de 1935, dá para se ter uma ideia do que foram as comemorações.