sábado, julho 26, 2008

Le Petit Bistrot atrai clientela de outros bairros


Único bistrô do Jardim Botânico, o Le Petit Bistrot (rua Serafim Terra, 66, próximo da ESEF) está no bairro desde o ano de 2001 - a data, inclusive, está afixada em sua fachada.

Localizado no térreo de um pequeno prédio residencial, funciona sempre a partir das 18h30min e vai até a meia-noite - nessa hora as portas são cerradas. Isso de segunda a sábado (o dia todo), quando é frequentado por uma clientela que gosta de jazz, blues, bossa nova e MPB - o som da casa.

"Muitos músicos gostam daqui", informa o proprietário Eduardo Majewski, um engenheiro mecânico que deixou de lado a profissão para abrir um pequeno bar que lhe desse prazer no que faz, além de lucro, é claro. Ao lado da esposa, Rosana, arquiteta e funcionária pública, ele administra um ambiente pequeno, discreto, aconchegante e intimista, com música baixa. As paredes são decoradas com reproduções de obras de pintores impressionistas franceses - Monet, Van Gogh - que trouxeram de uma viagem a Paris.

Eduardo pertencia à confraria de gourmets União Cook, do Grêmio Náutico União. De posse dessa habilidade, e querendo ter um negócio seu, fez um estudo de mercado e abriu o Le Petit Bistrot no dia 14 de novembro de 2001. Para atrair a clientela do bairro, passou a distribuir panfletos - que não deram o efeito desejado. "Aí comecei a trazer meus amigos de outros bairros, e hoje eles, e os amigos deles, são metade da minha clientela". Clientela cativa, que já se conhece entre si.

Com a modificação do perfil do Jardim Botânico - que está se sofisticando e ganhando mais moradores - surgem novos fregueses, e essa tendência sinaliza favoravelmente.

Morador do bairro desde 1996, quando veio da Santana, Eduardo foi descobrindo seu público aos poucos. "É um pessoal na faixa de 30 a 40 anos, não é gurizada. De início até tentei trazê-los, mas descobri que esse não é meu público", informa.

De início não houve lucro (até porque paga aluguel), o que só aconteceu "passados uns 10 meses, um ano." Sem empregados (já teve um e viu que não havia necessidade), ele controla perfeitamente o local, não cobra a taxa de 10% ("até porque não tem garçon) e oferece uma boa área em frente para estacionamento, além de segurança - há dois vigilantes naquele trecho da rua. A capacidade é para 30 pessoas, sentadas.
Se de início abria durante o dia e aos domingos, logo descobriu que o melhor mesmo é trabalhar sempre à noite, nas atuais características: serve bebidas destiladas (uísques, vodkas, martini, conhaques, steinhager etc), cerveja, absinto, vinhos, petiscos e acompanhamentos: baguettes, quiches, salsinhas, fritas, casquinha de siri e "lanchinhos para o happy hour". Todo o dia 29 tem nhoques, além de sopas. Não há restrições quanto ao cigarro - pode-se fumar à vontade e há marcas de cigarros à venda.

"Também faço muitos eventos, comemorações de pequenas empresas, aniversários, festas de família", afirma. Na calçada em frente há quatro mesas para quem prefere o ar livre.

O dia de maior movimento continua sendo a sexta-feira, e o inverno - a exceção deste agora - o melhor período. Ambiente intimista, seus preços não são populares e tampouco elevados - estão na média dos demais estabelecimentos do mesmo gênero.


Serviço:

Le Petit Bistrot

* Rua Serafim Terra, 66 (perto da Escola Superior de Educação Física)

Tel.: 9977-0217

Aberto de segunda a sábado, a partir das 18h30min, até a meia-noite.

* Nesta sexta-feira, 25, na Travessa João do Rio, 80, na vila Maria da Conceição, a guarnição do Pelotão de Operações Especiais do Décimo Nono BPM prendeu I.A.B., de 25 anos, que já tem antecedentes criminais. Ele estava com um revólver Taurus 38, com numeração raspada, e mais seis cartuchos. No dia anterior, quinta-feira, ele já havia sido preso no mesmo local, com sete buchas de cocaína, um celular e R$ 280,00 em dinheiro. Levado ao Departamento de Polícia Metropolitana, foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e tráfico. (Assessoria)
* A Academia de Polícia Civil, em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e Ministério da Justiça inicia nesta segunda-feira, 28, nova edição do Curso de Polícia Comunitária. Destinado a policiais civis, militares, guardas municipais e líderes comunitários, abordará temas como as relações interpessoais e formas de intervenção, direitos humanos, mediação de conflitos, polícia comunitária e sociedade, mobilização social e estruturação dos conselhos comunitários e gestão na segurança pública. (Assessoria)

sexta-feira, julho 25, 2008

Incêndio destruiu casa na Guilherme Alves


Um incêndio, ocorrido por volta da 1 hora da madrugada desta sexta-feira, destruiu uma casa na rua Guilherme Alves, trecho entre a Felizardo e a Itaboraí. De madeira, de propriedade do falecido sr. Braulino, a construção ( de madeira) estava abandonada há um certo tempo. A propagação das chamas foi rápida, mas a falta de vento impediu que estas atingissem o edifício localizado ao lado. Mesmo com a presença dos Bombeiros, a destruição foi completa - como pode ser ver na foto.
* Clique na foto para ampliá-la

Paróquia comemora 40 anos e nova igreja

Padre Paulo: "Uma igreja com cara de igreja".
Uma igreja moderna, espaçosa, sólida - e com cara de igreja. Esta idéia - surgida ainda em 2001 - deverá estar concretizada ainda no primeiro semestre do próximo ano, no máximo. Quem garante é o padre Paulo Aloísio Kunrath, pároco da paróquia de São Luíz Gonzaga, na rua Guilherme Alves - a igreja católica do Jardim Botânico.

A nova igreja - orçada em cerca de 800 mil reais - está sendo levantada com recursos da paróquia, dos paroquianos e alguma contribuição internacional, que o padre Paulo conseguiu em sua última viagem à Alemanha. "Não trabalhamos com dívidas, não fazemos empréstimos, nem os bancários", informa o pároco.

Moderninha, a construção - em fase final - terá uma ponta triangular apontada para o céu, e sua cor ainda não está definida. O padre Paulo bem que gostaria que ela fosse azul - a cor do seu time, o Grêmio, mas acha que o azul da edificação poderia se confundir com o azul do céu em dias mais claros. De qualquer forma, terá mais ou menos as mesmas dimensões da atual (talvez um pouco menor), que tem uma área construída de cerca de 700 metros quadrados, e poderá abrigar 400 pessoas em dias de missa. Destes, 280 poderão ficar na parte baixa e mais 120 no mezanino. Uma capelinha, uma sacristia e mais quatro salas com outras finalidades comporão o ambiente.

Quanto à igreja atual, será remodelada e será aproveitada, basicamente, para festas e eventos, tornando-se, por assim dizer, um grande salão paroquial. Com isso o padre espera conseguir mais casamentos para a paróquia de São Luís - hoje acontecem um ou dois ao ano, o que é muito pouco. É precico, porém, entender que a paróquia do Jardim Botânico sofre a concorrência de igrejas fortes e tradicionais das redondezas - a de São Jorge, no Partenon, fundada em 1952, a de São Sebastião, em Petrópolis, de 1933, a de Santa Cecília, de 1943, e mesmo a de Santo Antonio, datada de 1916.

1968 - A história da paróquia de São Luís remonta ao ano de 1968. Naquela data, mais precisamente no dia 15 de agosto, a pequena capela que havia no local se transformou em paróquia, sendo o seu primeiro pároco o padre Amadeo Scopel - que permaneceu 12 longos anos à frente da instituição. Nos anos 80, já com o padre Irineu Brandt, levantou-se os pisos, as paredes e os telhados da atual igreja. "De 1985 para cá não houve novidades", conta o padre Paulo.

Foi dele, entre outros, a idéia - já em 2001 - de construir uma nova casa, em vez de reformar a antiga, como era a idéia antiga. Apresentado o projeto, este, aos poucos se tornou realidade. "Nossa igreja é meio escondida, muita gente passa por aqui e nem se dá conta que é uma igreja", observa o religioso. Arregimentando a comunidade - pessoas físicas e jurídicas - e contando com uma equipe de vendas, além do seu próprio trabalho pessoal, o religioso conseguiu o que queria. "Mas não é fácil captar os recursos, vamos nos virando", diz ele.

Pedra sobre pedra, aos poucos, lentamente, surge a nova igreja de São Luís Gonzaga, o patrono da Juventude. E surge em concordância com uma data extremamente expressiva: os 40 anos da fundação da paróquia, que serão comemorados no dia 17 de agosto, um domingo, com a presença, entre outros, do arcebispo de Porto Alegre, D. Dadeus Grings. Uma missa festiva acontecerá às 10 horas, seguida de um amoço comemorativo na nova igreja.

Natural do município de Harmonia, ordenado sacerdote em 1975, o padre Paulo Kunrath tem 60 anos e uma longa e rica vida religiosa. Antes de vir para o Jardim Botânico, esteve em Bom Retiro do Sul, Gravataí, Vale Real, Cruz Alta, além de ter sido paróco da igreja de Mont´Serrat por seis anos.
Neste sábado, às 18 horas, acontece, na paróquia, a missa em homenagem ao Dia dos Avós. O padre Paulo pede aos paroquianos que tragam seus avós, para a bênção.
* E-Mail do Padre Paulo: pakunrath@yahoo.com.br
Igreja de São Luís - rua Guilherme Alves, 574, Tel.: 3336-1065
* O Centro de Pesquisa Clínica do Hospital São Lucas (avenida Ipiranga, Jardim Botânico) seleciona mulheres que tenham osteoporose para participar de pesquisa com um novo medicamento. É preciso ter mais de 60 anos e apresentar redução da função dos rins - diabetes, pressão alta, aumento de uréia/creatina nos exames. O tratamento dura um ano, é gratuito e tem acompanhamento médico periódico. Maiores informações pelos Tels.: 3339-9022 ou 9988-8822, a partir das 11 horas.

quinta-feira, julho 24, 2008

Roberto, vendedor de frutas há 20 anos


Ele sai de casa as 8 horas da manhã e volta às sete da noite. Caminha pelas ruas (estava no Botânico) muitos e muitos quilômetros, faça sol ou faça chuva - e nem tem idéia do quanto anda. Ele é Roberto da Silva, 27 anos, vendedor de frutas - ultimamente, de laranjas e bergamotas. "Faço isso há 20 anos", informa.

Roberto vende uma média de 100 sacos de frutas diariamente - e embolsa, segundo ele, um lucro diário de 100 reais, "líquido". Agora está vendendo laranjas e bergamotas, mas no verão vende melancia, uva, pêssego, as frutas da estação. Morador da Vila Cruzeiro, casado, pai de quatro filhos, ele próprio compra as frutas que vende. Roberto vende melhor no verão do que no inverno, e mais nos finais de semana do que durante a semana. Grande Roberto.

Jardim Botânico: para alguns, um desconhecido
















O nome do bairro é Jardim Botânico - por causa do Jardim Botânico de Porto Alegre, criado no final dos anos cinquenta e uma das áreas mais conhecidas da Capital. Porém, mesmo estando ali, muitas pessoas - talvez até a maioria - não o conhecem, não o visitaram, assim como muitos cariocas nunca foram ao Cristo Redentor. Fizemos uma pequena enquente a respeito. A pergunta é: você já foi ao Jardim Botânico? (Na foto, por ordem, em escadinha: Erci, Sérgio, Jorge, Paulo e Flávio).


Erci Lopes Gomes, 89 anos, comerciante, moradora da avenida Bento Gonçalves, Partenon (menos de dois km do Jardim Botânico).
"Não, nunca fui. Moro em Porto Alegre desde 1947 e nunca fui lá, não tenho tempo. Nem sei bem o que tem. O que tem, mesmo?"
Paulo Amarante, 36 anos, vigilante, morador do Partenon.
"Realmente, nunca fui. Passei pela frente, até senti vontade de entrar, mas pensei que aquilo era propriedade particular. A fachada não atrai. Imagino que tenha muitas variedades de plantas, e eu gosto disso. Morro no Partenon, na Bento, mas acho que aquela fachada deles não atrai. Vou muito ao Saint Hilaire. Pelo que eu sei, no Jardim Botânico só tem plantas, não tem lanchonete. Sinceramente, eu não quero ir lá só para olhar plantas. Se eu vou com a minha família, tenho que comprar lanches. Tem isso lá? No Saint Hilaire tem."
Jorge Carada, 54 anos, bancário aposentado.
"Já fui, sim. Há uns cinco anos. Já fui várias vezes. Gosto da flora. Mas não é um programa comum, para mim.
Valmor Chagas de Souza, 53 anos, comerciante, aposentado, morador do bairro Jardim Botânico.
"Só passei na rua. Moro no Botânico há 14 anos. Não fui porque não fui, não tenho tempo, trabalho muito. Nem sei o porquê. Acho também que falta divulgação, eles nos procurarem mais, a gente precisa ser estimulado".
Sérgio Schaedler, 69 anos, funcionário público aposentado, morador do JB.
"Já fui ao Jardim Botânico, faz um eito, muito tempo. Acho que as pessoas não vão por falta de hábito e também por falta de divulgação da parte deles.
Flávio Cambruzzi, 62 anos, comerciante, aposentado, morador do JB.
"Já fui. Há uns seis ou oito anos, com os filhos. Fui por causa deles, eles pediram. Achei bacana. Acho que uma lanchonete lá faz falta. Também falta uma maior divulgação. E acho que eles deveriam fazer um relacionamento maior com o bairro, com os colégios daqui."

Talidomida, o calmante monstruoso


As pessoas mais velhas e bem informadas ainda lembram bem deste nome: Talidomida. Prescrito como calmante e sonífero no final dos anos cinquenta e início dos sessenta, o medicamento (na verdade Talidomida é o seu nome químico e não o de vendas) transformou-se em um sinistro sinônimo da ganância monstruosa da indústria farmacêutica.
Lançada sem a devida comprovação de seus efeitos colaterais, testada apenas em ratos, produzida em dezenas de países com nomes comerciais diferentes (Contergan, Distaval, Kevadon, Softnon, Talimol etc), a substância foi sintetizada pelo laboratório Chemie Grünenthal, de Nordrhein-Westfalen, na então Alemanha Ocidental e, dentro em breve, logo após o seu lançamento comercial, em 1956, (como anti-gripal e com o nome de Grippex), transformou-se em uma mina de ouro para a indústria, a qual investiu pesadamente na sua divulgação. Na verdade, a partir de tal substância, fabricava-se inúmeras marcas comerciais que, somente em um ano, na Alemanha, venderam a assombrosa quantidade de 14 toneladas. Mais de 20 outros laboratórios, em diferentes países de todo o mundo, foram licenciados para a sua produção.
No Brasil, a Talidomida chegou em março de 1958, nas marcas Ectiluram, Ondosil, Sedalis, Sedim, Verdil e Slip, todas vendidas sem a exigência da receita médica. Era, então, considerado o melhor soporífero jamais inventado, passando também a ser utilizado contra a gripe, a nevralgia, a asma, a tosse e, sobretudo, como antiemético para as mulheres grávidas. Foi justamente aí que ele fez história - uma tétrica história: receitado para muitas grávidas em início de gestação, ingerido em pílulas brancas, era um sedativo barato que provocava um sono rápido, profundo e natural, sem a característica "ressaca" da manhã seguinte. De igual forma, podia ser ingerido em doses maciças que não causaria a morte do paciente, nem mesmo se este quisesse praticar o suicídio.
BRAÇOS DE FOCA - Ideal, e, como logo se viu, fatal, ou pior que isso, para os fetos em início de formação. Usado nos primeiros 40 dias da gestação, atuava como teratogênico - ou seja, produzia monstros, se é que, infelizmente, assim se pode falar de suas vítimas, calculadas em cerca de 10 mil em todo o mundo. As crianças nasciam muitas vezes sem dois, três ou até quatro membros, dentre tantos outros efeitos observados. A má-formação dos membros tinha um nome científico: focomelia (do grego "phoke" - foca- e "melos" - membros), ou "membros de foca". Os braços dos recém-nascidos surgiam como tocos abaixo dos ombros, semelhantes às nadadeiras das focas. Também se observou deformação dos olhos, do esôfago e do tubo digestivo. De cada duas crianças nascidas assim, apenas uma sobrevivia.
Sem entender o porquê daquilo, com problemas de consciência, algumas mães enlouqueceram e outras chegaram a praticar o suicídio. Em 1961, os casos de "focomelia" já eram tantos que se falava em uma "epidemia". De início foi extremamente difícil descobrir-se a origem de tal fenômeno, o elo comum. Pensou-se nos alimentos, na água, até em poeira atômica. Porém, graças a duas pessoas precisou-se exatamente a Talidomida como o fator causador. Uma delas, o advogado Karl Schulte-Hillen, de 32 anos, não havia aceito a explicação "genética" como a causadora da focomelia do seu filho recém-nascido. Homem saudável e esclarecido, ele descobriu que, coincidentemente, um casal de amigos seus tivera um filho em condições idênticas. Intrigado e inconformado, Karl passou a fazer investigações por conta própria, conversando com as mães que haviam dado a luz a tais "monstros". Ao tentar chamar a atenção da comunidade médica para o que estava se passando, encontrou uma revoltante indiferença e ignorância.
Foi então que surgiu em seu caminho o médico Widukind Lenz, um pediatra especializado em genética que aliou-se a Karl, encampando a causa. Lenz, por fim, achou o nexo causal. No dia 16 de novembro de 1961, Lenz comunicou oficialmente à indústria fabricante dos efeitos nocivos dos medicamentes a base de Talidomida - Contergan, no caso da Alemanha Ocidental. Ele, pessoalmente, já conhecia 13 casos. A Chemie Grünenthal, porém, não retirou o remédio do mercado - o que de fato só ocorreu quando a história virou manchete de jornal. O Contergan era o carro-chefe das suas vendas, uma verdadeira "galinha dos ovos de ouro", rendendo milhões e milhões de marcos. Sooou então o alarma em todo o mundo. Nesse tempo, às suas próprias custas, Schulte-Hillen contratou oito fisioterapeutas que, juntamente com ele, passaram a percorrer a Alemanha Ocidental, à procura de vítimas da Talidomida.
Entre agosto de 1964 e dezembro de 1965, visitaram 1.600 das 3.000 vítimas vivas da substância. Com seu endereço publicado nos jornais, choveram cartas, narrando novos casos.A maioria das vítimas da Talidomida estava na Alemanha e na Inglaterra. Nos Estados Unidos, graças a uma mulher, o medicamento (lá chamado de Kevadon), não chegou a causar tantos danos e sofrimentos (não mais do que 20 vítimas). A ser fabricado pela Merrel Co., uma empresa de Cincinati, Ohio (e que ainda hoje é uma das grandes do mercado farmacêutico), não chegou a ser liberado pela Secretaria de Alimentos e Remédios (FDA, sigla em inglês). Apesar das terríveis pressões da indústria, a médica responsável pela aprovação, Dra. Frances Oldham Kelsey, recusou-se a dar o parecer favorável, alegando que as provas de garantias de não havier efeitos colaterais deletérios eram insuficientes.
Em agosto de 1961, quando o escândalo veio a público, ela recebeu do presidente John Kennedy a medalha por Destacados Serviços Civis, por reter a aprovação da Talidomida - medalha esta que é uma das mais altas condecorações daquele país.
NO BRASIL - A Talidomida chegou ao Brasil em março de 1958, com os nomes de Ectiluram, Ondosil, Sedalis, Sedim, Verdil, Slip. Em março de 1962, o Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia proibiu o uso da Talidomida em todo o país, mandou apreender os estoques e cassar as licenças de fabricação. A medida, no entanto, não surtiu lá grandes efeitos pois o medicamento continuou ainda a ser usado durante anos devido à falta de informação da população, do descontrole na distribuição e, sobretudo, graças à omissão do governo e ao poder econômico dos laboratórios. Em 27 de novembro de 1973 foi criada, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a Associação Brasileira dos Pais e Amigos das Crianças Vítimas da Talidomida, entidade declarada de utilidade pública. Nos últimos anos o interesse pela Talidomida trouxe novamente o debate à tona. Conforme alguns testes - ainda não plenamente comprovados - ela teria eficácia na luta contra a lepra e contra a tuberculose. (Pesquisa: Conselheiro X.)

Casa Branca, a boate que marcou época


Nos anos sessenta, por aí, o Jardim Botânico tinha um cabaré muito frequentado - inclusive por pessoas que vinham de outras partes da cidade. A Boate Casa Branca não mais existe, porém a sólida casa de dois pavimentos - hoje pintada de amarela - continua de pé, na rua Cervantes, 68, na parte alta do bairro.

Em vez de luz vermelha, de muitas mulheres, de quartos decorados, abriga agora moradores bem mais pacatos, que pagam aluguel pelos cômodos. Antes disso, anos atrás, o local sediou um posto da Brigada Militar, que fazia o policiamento da região.

A atual proprietária (o imóvel continua a ser da família), Cátia, é sobrinha da antiga dona, dona Otilia Elly - que ainda vive e está em uma clínica para idosos, no bairro Menino Deus.

"De vez em quando alguém pára algum carro aqui, para olhar, recordar, tirar fotos", diz Cátia, orgulhosa. Ela só lamenta não ter fotos dos tempos antigos, quando o Casa Branca - pintado de branco e azul - era só festa e reinava soberano nesta parte do bairro, agora muito valorizada. Hoje, ao lado da antiga boate, está um grande e alto edifício, como se pode ver na foto.

quarta-feira, julho 23, 2008

O casal Salvador França e dona Inocência

Quem foi, afinal, o doutor Salvador França, que dá nome a uma das mais importantes artérias do Jardim Botânico, hoje parte integrante da Terceira Perimetral?
Pois o Doutor Salvador França não era médico e sim advogado. Nascido e falecido em Porto Alegre, foi um grande proprietário de terras na cidade, isso no final do século XIX e início do século XX. Formado em Ciências Jurídicas e Socais pela Faculdade de Direito de São Paulo, era casado com Dona Inocência - também nome de uma rua do nosso bairro.
Dona Inocência Prates de Castilhos era irmã do líder republicano e Presidente do Estado, Júlio de Castilhos, um dos rio-grandenses mais ilustres. (Júlio de Castilhos redigiu praticamente sozinho a Constituição do Rio Grande do Sul e teve como discípulo Borges de Medeiros. Era o mandatário do Estado quando estourou a sangrenta Revolução Federalista de 1893-1894, na qual morreram mais de 10 mil soldados.)
Talvez por isso, pelo fato de Salvador França e dona Inocência formarem um casal, as duas vias se encontram e se unem, como se vê na foto acima, feita justamente naquela esquina na tarde nublada e cinzenta de hoje.
* Clique na imagem para ampliá-la.
* Paróquia São Luis Gonzaga - No próximo sábado, dia 26, acontece a homenagem aos avós na igreja de São Luís (rua Guilherme Alves, 574 Tel.: 3336-1065). O dia 26 é o dia de São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus. Em razão disso, o padre Paulo, pároco, pede a todos que tragem seus avós para a missa das 18 horas, quando estes últimos serão homenageados e receberão uma benção especial.
* Instituto de Cultura Hispânica da PUCRS, com apoio da Faculdade de Letras, realiza o curso de extensão "Literatura e Língua Espanhola: Escritoras". As aulas serão em português e espanhol, com diversos palestrantes que abordarão temas como Carmen Laforet, Isabel Allende, Laura Esquivel e Rosália de Castro, entre outras. Atividades às segundas-feiras, às 17h30min, entre 18 de agosto e 17 de novembro. No prédio 8 do campus central da avenida Ipiranga. Informações no site www.pucrs.br/ich
* A PUCRS realiza, de 24 a 31 de julho, as matrículas dos alunos de graduação da Universidade. O procedimento pode ser realizado conforme a escala de matrículas, nas respectivas faculdades, ou no site https://webapp.pucrs.br/matricula
* Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUC realiza, até 31 de julho, inscrições para o Curso de Especialização em Gestão Estratégica de pessoas. O objetivo é dar aos participantes uma visão estratégica de gestão de pessoas, com o aprimoramento da adoção de ferramentas, diagnóstico, análise intervenções. Aulas às terças e quartas-feiras, à noite. Inscrições no site www.pucrs.br/face/cursoslatosensu ou 3320-3524
* A obra "Estrela da Vida Inteira", de Manuel Bandeira, será tema do próximo encontro do projeto "Relendo a Literatura". A atividade, promovida pela Faculdade de Letras da PUCRS, será ministrada pela professora Gláucia de Souza e acontece no dia 6 de agosto, no prédio 9 do campus da avenida Ipiranga. Inscrições gratuitas pelo e-mail relendoaliteratura@pucrs.br . Destinado a estudantes e professores de literatura e é realizado mensalmente, com aulas dinâmicas e debates. Nos próximos encontros, Fernando pessoa, Eça de Queiroz e Milton Hatoum.

terça-feira, julho 22, 2008


Toniolo, o crepúsculo do "Rei da Pichação"

Toniolo: ele escreveu seu nome com suas próprias mãos. E muito spray.

Uma idéia na cabeça – divulgar o seu próprio nome – e um spray na mão. Autodenominado-se o “Rei Mundial da Pichação”, Sérgio José Toniolo levou isso às últimas conseqüências e tornou-se quase uma lenda viva em Porto Alegre: quem, com mais de 30 anos, alguma vez não viu a palavra “Toniolo” escrita em algum muro, algum prédio, alguma passarela, algum monumento ou até mesmo alguma calçada ou asfalto?
CELEBRIDADE - Um rei cujo reinado não é nada recente – iniciou, mais exatamente, no final dos anos setenta e ganhou força nos anos 80, quando, de fato, se tornou uma celebridade incontestável, foi preso, ameaçado de morte, algemado, internado e até levou alguns tiros.
Nada disso, naqueles anos, tirou a disposição desse homem calvo, hoje com 60 anos, escrivão de polícia aposentado, solteiro, segundo grau completo, sem filhos e morador do vizinho bairro de Petrópolis – mais exatamente na avenida Taquara, onde reside na parte baixa de um edifício. Hoje Toniolo está mais sossegado, não freqüenta mais as manchetes de jornais, não é notícia. Está, por assim dizer, apagado, ou em recesso. Talvez seja a idade, o tempo, o cansaço, a saúde. Sem reposição, seu nome, antes tão onipresente, foi se apagando dos edifícios, dos muros e vias públicas, por força do tempo, da limpeza, da chuva. É a fase do crepúsculo.
Mas a lenda urbana chamada Toniolo persiste – o Pai e o Rei dos Pichadores, ou, como ele dizia, “o único pichador que não faz símbolos incompreensíveis e assina o seu próprio nome”.
Louco ou não, Toniolo entrou para a História por suas próprias mãos. Literalmente. Em um tempo em que a pichação se tornou uma praga, obra de gangues sem rosto e muitas vezes violentas, de pessoas semi-alfabetizadas e toscas, Sérgio José Toniolo distingue-se por ter pertencido a uma outra espécie: inteligente, esse homem que os médicos apontaram como “esquizofrênico paranóide” (aposentou-se por força da doença), e que foi interditado e preso, julgava-se um “anarquista”. Isso, é claro, depois de ter sido impedido de se candidatar a deputado estadual pelo PMDB no início dos anos 80. Depois, em sua própria cabeça, tornou-se várias vezes candidato pelo inexistente Partido Anarquista Brasileiro – foi inclusive, em sua cabeça, candidato à Presidente da República, usando, em todas as vezes, o seu número cabalístico 1543.
"O BRASILEIRO É ACOMODADO" – Segundo a Medicina, quem sofre de esquizofrenia paranóide tem, geralmente, mania de grandeza e de perseguição. As duas coisas não faltaram a Toniolo: foi, nos anos setenta, o recordista brasileiro em colaborações às seções de “Cartas do Leitor” de todos os jornais possíveis – escreveu mais de mil, sobre todos os assuntos, da sujeira das ruas, das fezes dos caos à cretinice dos políticos. E vivia fugindo da polícia e dos donos de imóveis.
Quanto às pichações, garante que fez bem mais de 70 mil delas, gastando, pelos seus cálculos, mais de 100 mil reais ao longo de tantos anos, tudo do seu próprio bolso. Gastou em sprays (às vezes mais de um por noite), tintas, pincéis. Mandou fazer pandorgas com seu nome escrito para lançá-las ao ar.
Defendeu o voto nulo, o anarquismo. Costumava dizer que o brasileiro é “frouxo e acomodado” – o que ele, de fato, não era: grão-mestre da autopromoção e da publicidade-artesanal-em-série-ininterrupta, apanhou, desafiou deliciosamente, experta e inocentemente o Poder com seu spray, divertiu os cidadãos da cidade e demonstrou o poder de fogo de um homem só – maluco, com certeza, mas, vá lá, incrivelmente e determinado como só estes podem ser. E divertido. Palhaço. Cavaleiro solitário. Carlitos com mania de grandeza.
ENGANANDO A BRIGADA - Matéria de reportagens e notícias em jornais, sua história foi ao ar no programa Fantástico, da Rede Globo, em 1981. Em 1984, quando Jair Soares era o Governador do Rio Grande do Sul, anunciou a todos – telefonava às redações – garantindo que iria pichar seu nome na fachada do Palácio Piratini.
A segurança foi alertada e reforçada. Não contavam eles, porém, com a astúcia do Rei Mundial da Pichação: para identificá-lo e barrá-lo, tinham apenas uma foto sua, antiga, em que aparecia com cabelos.
Toniolo, contudo, já era careca àquelas alturas. Caminhando, saiu tranquilamente da vizinha Catedral Metropolitana e, passando pelos brigadianos, chamou-os angelicamente de “meu irmãos”. Quando se deram conta, já havia pichado a quase totalidade do seu nome (faltaram duas letras) na imponente sede do Governo do Estado. Mandado então ao Hospital Psiquiátrico São Pedro, aplicou outro golpe digno dos melhores filmes de Hollywood.
Conhecido dos plantonistas, disse a estes que os dois policiais civis que o escoltavam eram colegas seus, “com mania de polícia”. Desconcertados, os plantonistas foram para cima dos homens da lei – e Toniolo, sorrateiramente, fugiu pelos fundos do prédio.
Mais tarde, anunciou que iria pichar o Palácio do Planalto, mas essa parada ele perdeu – foi detido dentro do ônibus que seguia para Brasília. “Mas consegui o que queria”, disse o mestre da Publicidade. “Não tenho medo de ser preso: é uma propaganda”, alardeava ele, com toda a razão. Quanto ao conteúdo do seu discurso, as suas “propostas”, bom, deixa pra lá: ele não é diferente da grande maioria dos políticos brasileiros.
CACHÊ – Toniolo sempre disse que ninguém nunca contou, verdadeiramente, a sua história, e por isso ele cobrava, mais recentemente, 10 mil reais por entrevista a qualquer veículo de comunicação e 100 mil para estrelar comerciais, onde apareceria, inclusive, com seu célebre spray. Obviamente, nenhum jornal, revista ou tevê pagou o que ele pediu e nenhuma agência o convidou para ser garoto-propaganda, nem mesmo da Casa das Tintas. Talvez tenha sido um talento não aproveitado da propaganda gaúcha.
O dinheiro, que nunca veio, serviria, afirmava, para ressarci-lo das despesas com o material de pichação, desde quando iniciou na atividade para realizar a missão que, afinal, conseguiu: firmar no mercado a “marca Toniolo”. Firmar uma marca custa muito dinheiro. Quanto vale a marca Toniolo?
Rei da publicidade artesanal, Dom Quixote, da idéia na cabeça e do spray na mão, Toniolo é, dizem, um homem solitário que não dá entrevistas e não permite fotos. Há quem diga que está com problemas de saúde. A pessoa que ligar para sua residência (como fez este blog) ouvirá a indefectível gravação: “Mensagem gratuita: este telefone temporariamente fora de serviço. A Brasil Telecon agradece.”
Nesta campanha eleitoral que se avizinha Toniolo estará fora e não será candidato, nem mesmo pelo seu imaginário Partido Anarquista. Um dia, talvez, a lenda viva da propaganda pessoal vire tema de filme ou documentário, do tipo “Contador de Histórias”. Quem sabe. (Conselheiro X.)

Historiador previu JB como "o mais próspero"

Riacho Ipiranga: o Jardim Botânico, antiga Vila São Luiz, nasceu às suas margens, como parte do "Vale do Sabão".
Oficialmente, o Jardim Botânico nasceu no ano de 1959, pela lei número 2022, de autoria do vereador e historiador Ary Veiga Sanhudo. Nesse ano foram oficializados inúmeros outros bairros de Porto Alegre, com a criação de um novo Plano Diretor para a cidade.
A história do Jardim Botânico corre paralela a da avenida Ipiranga e da canalização do riacho Dilúvio, obras que levaram décadas. No passado, toda essa região ribeirinha ao rio, desde a Agronomia até o Beira-Rio, era conhecida como o “Vale do Sabão”, uma área baixa e alagadiça. As constantes inundações do arroio eram, então, um sério problema.
Em seu livro “Crônicas da Minha Cidade”, que parece ter sido escrito na década de 50, o historiador Ary Veiga Sanhudo é profético quando ao futuro promissor da região - “a zona mais próspera da cidade”. Escreveu ele, meio século atrás:
“O bairro São Luiz, como aliás foi por muito tempo conhecido, não apresenta verdadeiramente qualquer notabilidade maior do que as ajardinadas terras do nosso futuro horto botânico. É um lugar de condições modestas e pela circunstância de se achar encravado entre o Riacho e o cerro de Petrópolis, viveu sempre jugulado à sua embaraçante situação de bairro sem uma via própria de acesso com maior desenvoltura. A sua radial, todavia, é a perimetral rua Barão do Amazonas. (...) No entanto, não nos cabe dúvida que, no dia em que as formidáveis laterais do Arroio Dilúvio – avenida Ipiranga – estiverem completamente urbanizadas, propiciando o extraordinário tráfego desse imenso Vale do Sabão, desde a Agronomia até a Beira-Rio, todo este bairro, como os demais quarteirões ribeirinhos, tomarão outro aspecto e constituirão a zona mais próspera da cidade”.
QUERO-QUERO – Há menos de vinte anos, o Correio do Povo (23 de maio de 1987), em matéria da jornalista Magda Wagner, traçava um perfil do JB:

“É um bairro tranquilo, de ruas largas, que mais parece uma cidade do interior (...) Em frente ao maior conjunto habitacional do bairro, na rua Felizardo Furtado, nos deparamos com uma inesperada plantação de agrião, reforçando a idéia de que o Jardim Botânico é, no mínimo, um bairro diferente. Os quero-queros, ave típica dos descampados, proliferam no bairro, alimentados pelas folhas de agrião.”
Antes de ser Vila São Luiz, o JB chamava-se Vila Russa, o que é explicado pela presença de imigrantes russos que chegaram aqui no início do século passado, instalando-se na parte alta, do outro lado da hoje avenida Doutor Salvador França.
* Laboratório de Mercado de Capitais da PUCRS (LabMec) promove o Quarto Curso "Bolsa de Mercadorias & Futuros", direcionado a estudantes, professores, profissionais liberais, executivos e investidores. As atividades serão no sábado, 26 de julho, das 8 às 12 horas e das 13 às 18 horas, no Prédio 40, no campus da avenida Ipiranga. Ver http://www.labmec.com.br/
* Projeto Sobremesa Musical desta quarta-feira contará com a apresentação do Quinteto de Cordas Gauchesco. Serão executadas músicas tradicionalistas, como trova, milonga, chamamé e danças gaúchas. Entrada franca. O evento acontece todas as quartas, no átrio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, no prédio 9 do campus. Sugestões de repertório podem ser enviadas ao site www.pucrs.br/icm ou pelo Tel.: 3320-3582.
* Instituto de Cultura Japonesa da PUCRS está comemorando os 100 anos da imigração japonesa no Brasil com atividades especiais. Nesta sexta-feira, 25, às 19 horas, haverá o lançamento do selo comemorativo do Centenário da Imigração Japonesa. A seguir, um concerto de músicas japonesas pelo grupo Nagauta-Bayashi no Kai, do Japão. Entrada franca. No prédio 9. Programação completa no site www.pucrs.br/icj
* Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Ana Haddad, visitou, na tarde de segunda-feira, a Biblioteca Infanto Juvenil do Hospital São Lucas da PUCRS. O espaço é destinado à recreação de crianças hospitalizadas pelo SUS no serviço de Pediatria e conta com 2.000 livros para entretenimento dos pequenos pacientes e seus acompanhantes. Ana parabenizou e enalteceu a iniciativa.

segunda-feira, julho 21, 2008


* Já se encontra no site http://www.igp.rs.gov.br/ o edital do concurso público para o Instituto Geral de Perícias, IGP, visando o provimento de 133 cargos: 55 peritos criminais, quatro peritos químicos forenses, 19 peritos médico-legistas, 18 papiloscopistas, 18 fotógrafos criminalísticos e 19 auxiliares de perícia. Inscrições pela Internet, de 28 de julho a 11 de agosto, no site http://www.fdrh.rs.gov.br/
* Faculdade de Informática da PUCRS promove o Segundo Simpósio Brasileiro de Componentes, Arquiteturas e Reutilização de Software, reunindo pesquisadores, estudantes e profissionais com uma ampla gama de interesses em engenharia de software. Serão sessões técnicas, sessões da indústria, palestras internacionais, mini-curso e sessões de demonstração de ferramentas. As atividades acontecerão entre 20 e 22 de agosto, no auditório da Faculdade de Informática, no prédio 32 do campus da avenida Ipiranga. Inscrições somente via Internet no site www.inf.pucrs.br/sbcars2008
* A Academia de Polícia Civil, com apoio da Polícia Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública, inicia, nesta terça-feira, 22, a primeira edição do curso sobre crimes praticados na Internet. O objetivo é capacitar agentes e tem como foco o combate ao crime cibernético, visando o preparo e a instalação de redes de segurança e inovação, formatação e perícia em computadores e meios eletrônicos. O agente da PF, Rogério Meirelles, falará sobre os conceitos e tipologias de crimes cibernéticos, com análises de sistemas e aplicativos. O local é a sede da Academia, rua Comendador Tavares, 360, Navegantes, Porto Alegre. Informações pelo Tel.: 3288-9308 e 3288-9309. (Assessoria)

São Lucas inaugura seu novo Diagnóstico

Vista aérea do HSL: inaugurado em 1976, é hoje um dos melhores de Porto Alegre.

O Hospital São Lucas da PUCRS (avenida Ipiranga, Jardim Botânico) inaugura oficialmente, no próximo dia 28 (segunda-feira), às 11 horas, o seu novo Centro de Diagnóstico e Tratamento Intervencionista, CDTI. Em um amplo espaço, no terceiro pavimento do HSL, o equipamento instalado é de última geração, permitindo que casos complexos sejam solucionados com grande agilidade. O serviço beneficiará cinco especialidades médicas e atenderá a pacientes particulares, conveniados e do Sistema Único de Saúde, SUS.

Segundo o cardiologista Paulo Caramori, chefe do CDTI, o grande diferencial do Centro será a alta tecnologia e a equipe qualificada de médicos, que oferecerão não somente diagnósticos mas também o tratamento de várias doenças cardíacas, vasculares e neurológicas. Isso será feito através da introdução de um pequeno cateter na circulação sanguínea - cateter este de apenas 2 milímetros e a espessura de uma carga de caneta. Esse pequeno objeto navegará por artérias e veias de qualquer parte do corpo - uma viagem que poderá demorar de 20 minutos a duas horas. O paciente também poderá recuperar-se rapidamente e voltar à sua vida normal.

Tangos e boleros no Café com Pecado


O Café Com Pecado, no Bourboun Shopping Ipiranga, já é um tradicional ponto de cultura e lazer nas tardes de domingo. Neste último, reuniu, como sempre, um bom público para ouvir tangos e boleros, a cargo de dois bons músicos.

A estranha história de Meio-Quilo


Essa história me foi contada por um gringuinho baixo e pequeno, da Serra, que tinha o singelo apelido de Meio-Quilo. Caminhoneiro, dono de um Mercedez Benz, ele fazia frequentes viagens ao Norte e Nordeste, transportando as mais variadas cargas - a vida normal de um profissional da estrada. Em meados dos anos oitenta - já faz um tempo, portanto - Meio-Quilo viajava muito para o Amazonas e o Pará. Numa dessas viagens, foi a Belém do Pará, que, como todos sabem, é banhada por rio, ou rios - na me perguntem se é o Amazonas ou não: consultem os mapas.
Uma vez lá, depois de descarregar o seu caminhão, Meio-Quilo foi a um restaurante, desses típicos de caminhoneiros, com comida farta e barata. Loiro, chamava a atenção em meio a tantos rostos morenos. Sentado à mesa, foi, subitamente, abordado por um homem que perguntou se ele era gaúcho. O rapaz respondeu que sim, que era gaúcho. Então o homem sentou-se junto dele e disse que tinha uma proposta a lhe fazer. Mas primeiro queria saber qual era o seu caminhão e quanto valia. Meio-Quilo deu um valor qualquer, meio por alto, esperando uma proposta de compra.
Mas o homem disse que a proposta era outra: ele, caminhoneiro gaúcho, toparia fazer o seguinte?: deixar o seu caminhão vazio ali mesmo, com a chave, aos cuidados desse senhor desconhecido. Este último, por sua vez, assumiria a responsabilidade do caminhão e o carregaria com uma carga que não seria do conhecimento de Meio-Quilo - nem a carga nem o destino. Durante uma semana ficaria em um hotel da cidade, com tudo pago antecipadamente pelo contratante, esperando a volta do Mercedez Benz. Para garantir que o negócio era sério o desconhecido lhe daria um cheque, no valor que ele disse ser o do veículo - um cheque quente, poderia consultar o banco para ver se tinha fundos ou não. O caminhão, afirmou o homem, certamente voltaria - porém em caso de não voltar ele teria dinheiro para comprar outro. Como lambuja, receberia cinco vezes o valor de um frete normal, além das despesas pessoais totalmente pagas.
Meio-Quilo, que era jovem, cobiçoso e aventureiro, mediu bem os riscos e vantagens - pensou, pensou. E topou.
Feito o acordo, com o cheque nas mãos, devidamente verificado, mais o dinheiro vivo das despesas, hospedou-se em um hotel, deixando o caminhão lá - que seria carregado à noite e seguiria de balsa, rio abaixo.
Meio-Quilo ficou uma semana assim, um tanto ansioso, é verdade, mas por outro lado feliz por poder faturar uma bela grana. Combinaram encontrar-se no mesmo local, dali a sete dias.
Exatamente uma semana depois o caminhoneiro gaúcho sentou-se à mesma mesa, no horário combinado, esperando o homem, com o cheque de garantia no bolso. O desconhecido logo chegou e perguntou se ele tinha o cheque, pois o caminhão estava ali fora, tal como estava uma semana antes. Meio-Quilo foi lá verificar, vistoriou para ver se não faltava nada - estava tudo ok, conforme o combinado: o caminhão lavado e bonito, sem faltar uma só peça.
O homem então lhe pagou cinco vezes o valor de um frete normal entre a Serra gaúcha e a Amazônia, em dinheiro vivo, e pegou o cheque de volta. Apertaram-se as mãos e nunca mais se viram.
Até hoje penso nessa história, penso em Meio-Quilo e no que aquilo significou. Perguntei a ele se tinha idéia do que fora transportado rio abaixo no seu caminhão - algo ilegal, certamente. "Sei lá", respondeu o gringo. "Imagino muitas coisas, inclusive drogas. Mas acho que ele estava transportando as pedras preciosas do Abi-Ackel". Para quem não se recorda, Ibraim Abi-Ackel foi ministro da Justiça no Governo Sarney e protagonizou um rumoroso escândo de contrabando de pedras preciosas, tanto que teve de sair do cargo.
É, meus amigos, esse Brasilzão tem muitas histórias, e os caminhoneiros ainda mais. (Conselheiro X.)

domingo, julho 20, 2008


AMMPA: a Rede que surgiu no Jardim Botânico



Odir: patrono de uma entidade que congregou os pequenos comerciantes. Acima, produtos com o selo da Associação.

A primeira luta, a que levou eles a se unirem, foi perdida. Paradoxalmente, essa derrota serviu ainda mais para uni-los e levá-los à frente. Hoje, a AMMPA - Associação dos Mini-Mercados de Porto Alegre - é uma entidade associativa consolidada, com 52 membros na Grande Porto Alegre, patrimônio próprio, e uma representatividade que não pode ser ignorada. E tudo isso tem a ver com o Jardim botânico, onde a AMMPA nasceu. Mais exatamente: a rua Barão do Amazonas, 856 (esquina com a Itaboraí), no Mercado Guarani - empresa que existe há 38 anos no bairro.
É lá que está o empresário Odir Otto Fetzer, fundador, ex-presidente e patrono da Associação, surgida no ano de 2001, como um canal de luta dos pequenos comerciantes contra o que lhes parecia (e de fato, se tornou) a grande ameaça aos seus negócios - a abertura dos supermercados, especialmente das grandes redes, aos domingos. Para quem não se lembra, não faz muito o comércio de Porto Alegre era proibido de abrir aos domingos. Se, de um lado, isso parece arbitrário, de outro parte beneficiava os micro e pequenos comerciantes, os donos de mercados, mercearias e açougues, que tinham no domingo o seu melhor dia de faturamento.
BATALHA PERDIDA? - A batalha foi perdida - as grandes redes, hoje, funcionam aos domingos - mas isso não impediu que a Associação fosse adiante e se consolidasse como uma rede associativa e se tornasse uma marca conhecida do grande público.
"Procuramos, de início, nos unir para termos força. Mas logo vimos que, pela lei, não dava para proibir ninguém de trabalhar aos domingos", recorda Odir. "Queríamos que aquela lei continuasse, mas não deu".
Metendo a mão na massa, procurando os comerciantes, um a um, Odir foi convocando-os para reuniões e discussões, que aconteciam, então, na antiga sede da Associação dos Moradores do Jardim Botânico, na rua La Plata. "Chegamos a ter 180 pessoas lá, de toda a Porto Alegre", afirma. Quando descobriram que a lei não poderia ser alterada, procuraram outras formas de luta e aí surgiu a questão: se formassem uma associação, esta seria uma cooperativa ou uma rede (há distinções jurídicas entre as duas formas)? Como se fossem cooperativa teriam um sistema centralizado, em que a diretoria se responsabilizaria por todos, optaram por ser uma rede, na qual cada qual responde por si - tal como é hoje.
A Prefeitura Municipal (final do governo de João Verle) lhes deu apoio, contratando consultores da FEVALE - Faculdade do Vale do Rio dos Sinos, os quais prestaram serviços à Associação durante dois anos.
"Era necessário, nós não conhecíamos nada nessa área", informa Odir. A AMMPA passou a congregar proprietários de mini-mercados, açougues e padarias, com estatuto, diretoria e obrigações: o estabelecimento associado deve ter de 100 a 400 metros quadrados de área e nome limpo na praça (não pode ter títulos protestados, por exemplo), além de uma fachada igual e o mesmo lay-out interno.
A idéia da união em uma rede não só reduziu custos como serviu - o que é mais importante - para integrar e dar respeito aos pequenos comerciantes.
LONGO PRAZO - "O mais importante, porém, não é a questão imediata da redução de custos e sim a mudança de mentalidade", diz Odir. "O pequeno comerciante sempre pensa que o seu concorrente é o outro pequeno que está perto dele, quando na verdade o concorrente é o grandão. Ele precisa mudar essa mentalidade, ser parceiro e não concorrente".
Ainda mais importante, afirma Odir, é a troca de informações entre eles. Hoje isso é uma realidade, e se consolida ainda mais nas reuniões semanais que fazem em sua sede própria (600 metros quadrados), no interior da CEASA, no Porto Seco. A sede foi adquirida com recursos próprios e é lá que as coisas acontecem: as negociações com os fornecedores, a compra, a estocagem.
"Mas pra fazer isso tudo, nós tivemos muitas dificuldades, é um trabalho a longo prazo", informa o patrono. A sede conta com uma câmara fria, que serve para estocagem de carne. Comprando coletivamente, conseguem melhores preços - o que se reflete em menores preços ao consumidor.
"Temos contratos com 30 empresas fornecedoras, distribuidoras, indústrias, e compramos mais de 100 itens, carne, arroz, feijão, carne, tudo". Logo surgiram as parcerias - com a Blue Ville, por exemplo, indústria sediada em Camaquã, além de mídia gratuita na Rádio Farroupilha. Mais: mediante a cobrança de 300 reais mensais do associado, a Rede fornece a eles cartazes e embalagens e divulga seus nomes.
"Temos promoções, sempre em cada um associado diferente, cinco vezes por semana". Hoje, a AMMPA compra entre 80 a 100 toneladas mensais de produtos, que são repassados aos 52 associados.
LADO SOCIAL - "Também não descuidamos da parte social, fazemos festas e eventos. A gente trabalha a parte social, fizemos a Campanha do Agasalho, da Alimentação, coisas assim", esclarece o ex-presidente. "Todos os meses temos promoções. O consumidor encontra os mesmos produtos pelo mesmo preço em qualquer um dos nossos associados". A carne, por exemplo, é distribuída coletivamente por um caminhão contratado para isso. Comprar melhor significa, obviamente, vender melhor - e assim enfrentar a concorrência dos grande supermercados e redes. Uma prova cabal do poder de força surgiu no dia em que a AMBEV - uma das maiores fabricantes mundiais de cerveja, e que responde pela marca Pepsi-Cola no Brasil, resolveu esnobá-los. Sem querer conceder desconto, dizendo que, para eles, "essa associação não existia", levaram o troco de uma forma contundente. Sentindo-se menosprezados, os integrantes da AMMPA resolveram, durante um final de semana, fazer uma promoção: duplicaram o preço da Pepsi litro e baixaram levemente o da Coca - só para mostra o poderio da Associação. Comunicaram isso à AMBEV: "Nos dias seguintes eles vieram nos procurar, dizendo que a coisa não era bem assim, que eles nos reconheciam, blá-blá-blá. A verdade é que viram a queda sensível nas vendas e recuaram. Foi a demonstração do nosso poder de fogo", conta Odir Fetzer.
Nascida no Jardim Botânico, a Associação tem hoje filiados em quase toda a Grande Porto Alegre. A grande maioria são mini-mercados. E não são só os muito pequenos. "Temos empresas com até 25 funcionários", diz Odir. Uma agência de publicidade foi contratada para cuidar da imagem da AMMPA, aberta a novos associados. O atual presidente é Mauro Pinheiro, proprietário de um mercado no bairro Jardim Leopoldina, e que foi vice de Odir - hoje o dono do Mercado Guarani é "diretor de marketing", além de patrono da entidade. Presentes na Internet, têm o seguinte endereço: http://www.ammpa.com.br/