sábado, agosto 24, 2013

Implosão do edifício Renner foi um espetáculo público de 6 segundos

A implosão do que restou do edifício das Lojas Renner, no centro de Porto Alegre, um dos mais trágicos incêndios dos anos setenta, aconteceu no último dia de maio daquele ano, um domingo chuvoso, cinzento e frio. Uma tremenda estrutura foi montada para que isso acontecesse, com mais de 150 policiais,ambulâncias, evacuação dos prédios próximos etc etc. Quando o engenheiro da empresa paulista Triton, contratada para fazer o serviço, acionou os detonadores de mais de 300 bananas de tritonita, uma imensa nuvem de fumaça se elevou no céu, enquanto um barulho semelhante à explosão de uma grande bomba se fez ouvir por toda a cidade. Durou apenas 6 segundos e as reações do público que compareceu ao local para ver o espetáculo variaram do assombro à decepção.
O certo é que, no lugar do esqueleto calcinato, onde morreram, no mínimo, 41 pessoas na tarde de 27 de abril de 1976, surgiu o atual e moderno prédio da empresa. Junto com os monturos foram parar nos depósitos municipais os restos esparsos de algumas vítimas - que, aliás, não receberam qualquer homenagem das autoridades e muito menos da firma apra a qual trabalhavam. A implosão da Renner - a primeira que aconteceu em solo gaúcho - foi considerada "perfeita" pelos técnicos e autoridades de um tempo em que normas de segurança - ainda mais do que hoje - pouco diziam para muitos. O prédio da Renner era uma autêntica "gaiola", com janelas trancadas por armações de ferro, como descreveram os bombeiros que participaram da operação de salvamento. O ocorrido com a Renner foi, tudo indica, deliberadamente esquecido e pouco ou quase nada se falou sobre ele quando do acontecido com a boate Kiss, em Santa Maria, com um saldo de 243 mortos, mais de três décadas depois. Vivia-se, em abril de 1976, um tempo de ditadura militar, a imprensa estava amordaçada e também sujeita aos grandes interesses econômicos.  O inquérito policial sobre a tragédia da Renner, a cargo da Primeira Delegacia de Polícia da capital gaúcha, jamais veio à luz e talvez nem tenha sido feito. Azar das vítimas e de toda a comunidade.