quinta-feira, novembro 16, 2006

Sem a música, Sinatra seria um gângster


Quinta-feira, 14 de maio de 1998, um hospital de Los Angeles, Califórnia. Nessa noite aquele que já foi considerado "A Voz" - um dos melhores cantores populares do século 20 - deu o seu último suspiro: morria assim, aos 82 anos, de ataque cardíaco, Francis Albert Sinatra, o filho de uma família pobre que, como disseram alguns, nem deveria ter nascido, tantas as dificuldades na hora do parto. Sua mãe, uma imigrante italiana (era de Gênova), e seu pai, um bombeiro, eram católicos, moravam na pequena cidade de Hoboken, em Nova Jersey, e nada indicava que o filho único de um casal tão modesto desse ao mundo, naquele dia 12 de dezembro de 1915, um dos mais bem sucedidos artistas que o mundo já viu.
O seu nascimento foi, realmente, complicado, tanto que quase morreu estrangulado durante o parto, teve um tímpano furado e algumas cicatrizes no rosto e, segundo ele dizia, "até na alma". A família era pobre, pelos padrões norte-americanos, e ele cresceu fraco, raquítico pode-se dizer, além de dono de uma estranha timidez e de um comportamento solitário que não lhe ajudava na hora de fazer amizades com outros gratos.
Aos 16 anos fugiu da escola para me meter em cinemas e casas de música, isso no começo dos anos 30. Anos mais tarde, diria - talvez com certo histrionismo, talvez com boa dose de verdade: "Se não fosse a música, eu teria me tornado um gângster".

Na verdade, os gângsters sempre o fascinaram e ele teve muitos como amigos - o FBI tentou provar suas ligações criminosas mas nunca conseguiu nada que pudesse levá-lo às barras dos tribunais. A Máfia, aliás, teria sido responsável pelo seu ressurgimento, no tempo em que ficou quase no ostracismo, esquecido pelo grande público e enfrentando uma série de problemas pessoas, entre eles o alcoolismo: como os mafiosos eram donos das principais casas de espetáculo dos EUA, abriam a ele as portas e o adotaram como um dos seus protegidos, colocando-o novamente na ribalta. Contrariando as teses dos anti-tabagistas, Sinatra - que fumava um cigarro atrás do outro ("só não fumo quando estou no chuveiro") durou longos 82 anos de uma vida agitada e, talvez, bem vivida. Sincero, disse que "papo de tragédia da fama não existe. A tragédia da fama é quando ninguém aparece e você está cantando para a faxineira num botequim vazio que não recebe um cliente pagante desde o dia de São Nunca".