Lançado em 1973, com Marlon Brando e Maria Schneider, com direção de Bernardo Bertolucci, o filme O Último Tango em Paris foi censurado não somente no Brasil como em muitos outros países do mundo, especialmente na Itália, onde os dois atores principais e o diretor chegaram a ser condenados à prisão (não cumprida, obviamente). O filme só foi liberado no Brasil em 1979, "sem cortes", e muita gente correu para ver o que havia de tão obsceno naquela fita que contava a história de um homem de 50 anos, sem esperança e sem futuro. Um leitor do Correio do Povo comentou a respeito, na seção de cartas, como se vê acima.
Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
sexta-feira, abril 25, 2014
A beleza da mulher gaúcha no romper dos anos oitenta
Estavam iniciando os anos oitenta - e era o primeiro mês daquela década inesquecível em que o Brasil mudou de comportamento e finalmente deixou de ser uma ditadura. No dia 5 de janeiro o Correio do Povo publicava a sua costumeira cobertura do veraneio no litoral gaúcho, estampando esta bela foto de belas mulheres em Tramandaí. Lindas, formosas e elegantes, devem hoje estar na casa dos sessenta ou setenta anos e talvez até já sejam vovós.
quinta-feira, abril 17, 2014
Inter, campeão de 1979, era "o time da década"
Foi uma época triste para o Grêmio - que perdeu oito títulos estaduais consecutivos para o Inter. E uma época gloriosa para o colorado, clube que, em 1979, ao final da Copa Brasil (campeonato brasileiro) se sagraria campeão de forma invicta, vencendo o Vasco por 2 a 1 no Beira-Rio. A euforia vermelha parecia não ter limites - o Inter era chamado, com razão, de clube da década, colocando pela primeira vez o Rio Grande na dianteira do futebol brasileiro. Treinado por Enio Andrade, o time daquele ano era liderado por Paulo Roberto Falcão, que logo depois seria vendido para a Roma, da Itália.
A final contra o Vasco da Gama, este treinado pelo veterano Oto Glória, foi às vésperas do Natal daquele ano. Quanto ao campeonato, foi considerado um dos mais esdrúxulos e desorganizados dos últimos anos - mas o colorado, é claro, não tinha nada com isso e mereceu a faixa.
"Fanáticos" do Contestado continuavam matando e pilhando, dizia jornal
A Guerra do Contestado prosseguia com muitos combates e baixas naquele dezembro de 1914, quando na Europa iniciara uma grande guerra. Os "bandidos que se diziam monarquistas" demonstravam grande valentia e barbárie.Segundo os jornais, a grande maioria aproveitava para saquear, violentar e matar. As forças legalistas usavam a incipiente aviação militar (na verdade alguns poucos aparelhos) para atacá-los e bombardeá-los do alto. Lages, Curitibanos e parte do Paraná sofriam com a ação dos rebeldes, que ameaçavam até mesmo entrar no Rio Grande do Sul - o que afinal não fizeram por temer as forças da Brigada Militar. As duas reproduções acima são do Correio do Povo de dezembro de 1979, que rememorava fatos ocorridos na mesma data, 65 anos antes. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre.
Deu Pra Ti Anos 70: divulgação foi feita através de uma pixação maciça
A década de setenta chegava ao fim: era o ano de 1979, mês de dezembro. O Internacional sagrava-se tricampeão brasileiro, de forma invicta, e os exilados voltavam do exterior. Ano interessante e repleto de acontecimentos. Naquele 79 os jovens músicos Nei Lisboa (que completara 20 anos) e Augusto Licks criavam o espetáculo musical Deu Pra Ti Anos 70. Como bons marqueteiros de uma época sem grandes recursos tecnológicos (e também por falta de dinheiro) os rapazes resolveram divulgar antecipadamente o espetáculo através de uma massiva campanha de pixação pelos muros e prédios de Porto Alegre - algo que deu muito certo. No final de dezembro Deu Pra Ti estreava no teatro Renascença e era descrito pelo Correio do Povo como "uma espécie de avaliação do espírito da década", "estes anos tão convulsionados". Deu Pra Ti também virou filme.
quarta-feira, abril 16, 2014
Ray Charles se apresenta no Gigantinho
Ray Charles tinha 48 anos quando se apresentou no ginásio Gigantinho, do Sport Clube Internacional, em Porto Alegre, naquele final do ano de 1978. Um dos maiores gênios musicais norte-americanos, ele fez uma única apresentação, junto com seus 21 músicos, no que foi descrito pelo Correio do Povo como um dos maiores grupos musicais que haviam visitado a capital gaúcha.
A música do Grupo Saracura no Círculo Social Israelita: 1978
Em novembro de 1978 Nico Nicolaiewsky era um (jovem) integrante da Banda Sacaruca, que marcou época na história musical do Rio Grande do Sul. Naquele sábado, 11 de novembro, eles se apresentariam no Círculo Social Israelita. O grupo era formado também por Cláudio Levitan, Silvio Marques, Chainé, Gata (bateria). Nico faleceu repentinamente há poucas semanas, vítima de um câncer fulminante, sem ainda ter completo 60 anos.
Fanáticos do Contestado deixaram deserta a cidade de Curitibanos
Muita gente não tem a noção exata do que foi a Guerra do Contestado, em Santa Catarina e no Paraná, quase entrando no Rio Grande, mas foi ele um movimento importantíssimo, com grandes batalhas e muitos mortes dos dois lados. Os chamados "fanáticos" eram frequentemente acusados de matanças, pilhagens e toda sorte de atos criminosos - isso pela imprensa oficial. Em novembro de 1914 os rebeldes estavam na ofensiva e a luta parecia longe do fim. Os moradores da cidade de Curitibanos, por exemplo, temendo o pior, haviam fugido em massa, deixando a cidade deserta. Os governos usavam, pela primeira vez, aviões para atacar os insurretos: pelas mãos dos próprios pilotos, os primitivos aeroplanos da época lançavam bombas sobre os jagunços. Mercenários da Alemanha, por sua vez, haviam se oferecido para combater os revoltosos. Esta matéria faz parte de uma parte histórica do Correio do Povo (O que Aconteceu 65 anos atrás), publicada no ano de 1979, nas edições dominicais, revivendo as matérias do velho matutino da Rua da Praia.
segunda-feira, abril 14, 2014
Lula diz não para Brizola: 1979
No final de 1979, com a redemocratização e o fim de muitos atos da ditadura, surgia um novo partido político no Brasil - o Partido dos Trabalhadores, de Lula e companhia e, sobretudo, dos intelectuais e dos expoentes do novo sindicalismo que eclodira nas greves do ABC, em São Paulo. Nesta matéria, do Correio do Povo, Lula - então com pouco mais de 30 anos - dizia não à Brizola e afirmava preferir outro partido.
Caminhando e Cantando continua sob censura
Espécie de hino contra a ditadura brasileira, a música Caminhando e Cantando,ou Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, do paraibano Geraldo Vandré, foi vítima da censura por muitas vezes. Mesmo em 1979, quando estava em pleno curso o processo de redemocratização anunciado pelo presidente Figueiredo, ela continuava maldita, como se vê nesta notícia do Correio do Povo de novembro daquele ano. Note-se que Vandré - que está aí, até hoje - levou a fama de ter sido barbaramente torturado, embora, depois, tenha se sabido que nada disso aconteceu com ele - nem mesmo a célebre "castração" que muito disseram ter ocorrido. Não que eles não tivessem vontade de fazer tal maldade. Eram os tempos.
sábado, abril 12, 2014
Teixeirinha e Mary Terezinha sofrem grave acidente
Eles já foram o símbolo do Rio Grande - e estavam longe de ser "cult", como hoje. Eram simplesmente bregas, ou cafonas. Teixeirinha e Mary Terezinha formaram uma dupla que se incorporou à história do rádio gaúcho, sobretudo por seu programa Teixeirinha Amanhece Cantando, na rádio Farroupilha, que fez história. Teixeirinha, o Rei do Disco, ficou milionário, falou muita besteira, (e pagou por isso) mas divulgou o Rio Grande como poucos o fizeram (foi hostilizado pelo movimento tradicionalista). Morreu em dezembro de 1985, de ataque cardíaco, amargurado, aos 59 anos de idade, em Porto Alegre, onde morava. Mary Teresinha é hoje uma mulher evangélica, que não gosta muito de falar do seu passado. Em 1972, no entanto, eles estavam no auge, percorrendo o Estado e muitos outros rincões do Brasil e sofrendo também acidentes no percurso, como noticia o Correio do Povo nesta edição do mês de março, parte pertencente ao Arquivo Histórico de Porto Alegre. O Rei do Disco acabava de lançar o filme Ela Tornou-se Freira e voltava de Passo Fundo, quando aconteceu o incidente com o automóvel Opala.
sexta-feira, abril 11, 2014
Estado de Sítio, finalmente o filme é liderado pela censura do governo federal
Em novembro de 1979 os filmes Z e Estado de Sítio, do diretor Costa Gravas, finalmente eram liberados para exibição no Brasil, onde estiveram proibidos pelo governo da ditadura durante muitos anos. 1979 foi o ano do fim do ato institucional número 5, das greves em todo o Brasil e da volta dos exilados políticos, reativando a vida política e cultural da nação. O presidente que assumiu naquele ano, o general João Batista Figueiredo, jurou fazer do Brasil um democracia, caso contrário "eu prendo e arrebento", como ele próprio disse. Justiça seja feita à memória do homem que dizia preferir o cheiro de cavalo ao cheiro do povo: ele cumpriu a promessa, mesmo de forma indireta. A reprodução acima é do Correio do Povo, coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre.
quarta-feira, abril 09, 2014
Tarso Fernando Genro: advogado, crítico e poeta...
Advogado, crítico e poeta (!...). Era assim que o Correio do Povo, em sua página cultural, chamava o hoje governador gaúcho Tarso Fernando Genro, que, aos 32 anos, estava lançando um novo livro e preparando mais um outro. Foi em novembro de 1979, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, e Tarso certamente não imaginava que, anos depois, se tornaria governador do Rio Grande do Sul - isso depois de ser prefeito da Capital e várias vezes Ministro, em Brasília. Com barba e bem mais cabelos, um certo ar desleixado de intelectual, ele logo passaria a integrar o nascente Partido dos Trabalhadores que surgia em São Paulo. Velhos tempos do "advogado dos trabalhadores".
O Último Tango em Paris enfim é liberado "sem cortes" pela censura federal
Continuando no agitado e inesquecível ano de 79: depois de sete anos do seu lançamento, em 1972, o filme O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider e a clássica cena da manteiga, era enfim liberado "sem cortes" para a exibição nas telas brasileiras. Vivia-se um momento fascinante da história brasileira: a volta dos exilados, a tênue redemocratização, o pipocar das greves e a volta de Brizola. Assisti a O Último Tango com alguns companheiros da Casa de Estudante JUC-7, que ficava em um velho casarão, depois demolido, na Rua da República - uma tranquila via da Cidade Baixa, muito diferente da agitação noturna dos dias de hoje. Tínhamos quase todos menos de 20 anos, e o mundo era bem diferente - tão diferente que a nossa Casa não admitia mulheres como moradoras... Mesmo sem dinheiro, procurávamos assistir aos filmes que, aos poucos, estavam sendo liberados. Na época, o Último Tango não me emocionou - e nem poderia, pois contava a história de um homem de 50 anos. Mal sabia eu que um dia também teria esta idade. O filme, justiça se faça, não havia sido proibido somente no Brasil e sim em muitos outros países ditos civilizados - na Itália os atores, inclusive o diretor, tinham sido processados e condenados à prisão - que obviamente não cumpriram. (V.M.)
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